makitasama Makita Sama

Alunos e professores, dentro da escola meros companheiros de classe, fora dela uma paixão.


LGBT+ Todo o público.

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Os caminhos para o amor correspondido

Começava mais um dia na faculdade, alguns alunos teriam sua primeira aula, outros voltariam com foco, força e fé, pelo menos os sobreviventes dos anos anteriores. E como qualquer professor sabe disso, eles fizeram questão de, além de dar uma aula legal para os iniciantes, dar também boas voltas aos veteranos.

Um desses docentes era Rodrigo, um homem trans que adorava usar lentes de contato castanho-claros, já que odiava sua cor natural dos olhos, o tom vermelho.

— Bem-vindos! Para quem é calouro espero que goste daqui e para aqueles que precisaram fazer de novo essa matéria, não quero ver a cara de vocês de novo, entendidos? — O tom deixava até mesmo os bixos e bixetes assustados, porque parecia mesmo que ele queria ser o professor mais malvado do mundo.

Se bem que ele não acertou no alvo, afinal, os repetentes não estavam nem ai para isso, pois agora eles poderiam passar com maior facilidade ou pelo menos espera-se isso.

— Já aviso que nesse semestre usarei alguns materiais diferentes, então não será igual à primeira tentativa — Eles se olharam e perceberam que a coisa estava séria.

Em outra sala Rosana começava de uma forma completamente diferente, mostrando como a liberdade dos docentes funciona no ensino superior.

— Bem-vindos meus queridos! Espero que essa sala seja muito legal, porque eu não quero assustá-los logo de cara, então tem que ser recíproco, não é mesmo? Enfim, não vejam a faculdade como algo difícil, mas sim como uma oportunidade nova, com menos matérias que vocês odeiam e claro, nossa matéria infelizmente precisa começar hoje ou não darei conta do conteúdo.

Todos ficaram maravilhados com a postura dela e mesmo durante a aula já estavam falando dela no grupo, este formado durante a calourada e que teoricamente seria apenas para falar sobre assuntos importantes sobre a faculdade.

Conforme o conteúdo era passado nos slides, inúmeras canetas eram abertas e usadas para as cópias, alguns usavam até mesmo marca texto para deixar o caderno mais bonito, outros personalizavam com canetas coloridas. Uma pena que isso pode ser abandonado conforme o curso, visto que poucos sobrevivem a esse ponto.

— Não copiem! Eu vou colocar na internet depois, agora só prestem atenção na explicação, a não ser que você seja visual, ou seja, só aprende copiando, ai pode. — Durante essa fala, tal qual durante todas as outras, uma aluna focava em seus lábios com batom rosa, fazendo-os se destacarem na pele negra escura e essa aula ficou sem foco durante todo o momento da aula.

Para ela, os lábios de tonalidade rosa combinando com o cabelo afro também rosa, mas com mechas azuis-claras, colocava-a no céu diante de tanta beleza de Rosana. A única vontade que ela tinha era de sair da cadeira e beijar sua boca, enquanto passa a mão nos cabelos dela.

Ao mesmo tempo em que ocorria toda esse problema, havia alunos criticando as cores, pois de acordo com eles pessoas de pele negra escura não devem usar rosa, nem azul, somente preto e branco, pois apenas brancos devem usar essas cores, já que negros servem apenas para servir. Isso a deixou furiosa, então quando a professora virou de costas, a jovem mandou um bilhete para esse grupo.

Pele negra escura pode sim ter rosa, azul etc, o que não pode é um grupo de alunos ser racista em pleno século XXI, alias, racismo é crime e eu posso denunciar vocês pela fala, pois terei testemunhas.

Os três olharam para a jovem e fizeram gestos obscenos, porém a professora viu e deu um olhar horrível, como se fosse expulsá-los da sala, proibindo-os de entrar lá de novo. Dessa forma eles ficaram quietos e a aula continuou da mesma maneira.

Não demorou muito para todos serem liberados, contudo uma pessoa foi junto com a professora até a outra sala, aquela que a havia ajudado antes.

— Obrigada por me ajudar. Eu ouvi o que eles falaram, mas eu nem me importo mais, porque se eu for me importar com todos os comentários racistas, eu não vivo mais fora de casa. Bem, preciso dar a outra aula, mas se quiser pode me esperar depois, só se quiser. Alias, qual seu nome?

— Não precisa agradecer e eu vou ficar sim. Chamo-me Isadora.

Enquanto tudo isso acontecia, tinham os problemas da aula daquele que parecia querer acabar com tudo e todos. Ele já havia dado toda a matéria, no entanto queria dar o gostinho de como é seu método de avaliação dando uma lista de exercícios para esquentar a mente de todas as pessoas ali.

E para piorar a situação, Rodrigo apagou todo o conteúdo da lousa, além de pegar todo o material dos alunos para impedi-los de se consultarem durante a atividade.

Mesmo assim havia um aluno pouco se importando com o momento em questão, aquele que já conhecia todas as técnicas do professor e que provavelmente foi reprovado por implicância dele, algo comum quando um professor odeia o aluno.

— Guilherme, meu querido Guilherme, ainda aqui? Achei que havia tirado 10 em tudo, logo você jamais deveria ver a minha cara de novo.

— Rodrigo, meu querido Rodrigo, você sabe bem que eu não me importo com isso não é? Já sei todas as respostas e você implica comigo, era para eu estar com outros rumos e felizmente ou infelizmente permaneço aqui. — Nisso o estudante puxou a gravata do docente e o beijou na frente de todos os calouros e veteranos, mostrando a real face daquele que se diz cruel.

Quando o beijo terminou, o jovem disse no ouvido do homem que ele jamais desistiria do seu propósito, principalmente enquanto namorado de um homem bem mais velho e fofo do que ele, pois todos deveriam saber quem de fato é Rodrigo.

— Isso é estúpido, por que faria isso comigo? — A voz saiu mais alta do que ele gostaria, fazendo os outros terem um ouvido para a mente e outro para o ocorrido dos dois.

— Porque eu não posso ser o único a te entender de verdade, por mais que a sua máscara seja boa, usar ela para sempre será ruim e você mesmo sabe disso. Alias, se quiser posso fazer o teste com você me olhando e me corrigindo, afinal, precisamos de um momento a sós hoje.

Vendo a audácia do jovem adulto ele decidiu acatar a ideia e é lógico que os outros pegaram cola nesse instante, já que ninguém queria zerar a primeira avaliação para nota.

A caneta preta de cara era utilizada, demonstrando a segurança na hora de passar as respostas ao papel, tudo isso acontecia com uma velocidade assustadora e ainda sim o homem não tinha dificuldade na correção. Número por número, sinal por sinal, tudo era perfeito e o dez chegou na hora.

Todo mundo ficou surpreso com isso e pelo fato dele resolver dar a mesma nota para todos, o que não é algo bom de verdade, pois ele com certeza pegará pesado depois, logo essa nota poderá não ser suficiente para a sala toda.

Quando eles saíram do local, aproveitaram para agradecer o namorado do mais severo ou ninguém teria passado nesse teste.

— Você tem coragem mesmo em, sabe muito bem que eu poderia ter zerado a sua nota sem pensar duas vezes. — Guilherme riu ao ouvir tais palavras, visto que duvidou dessa possibilidade — Isso é verdadeiro, não fica duvidando de mim na cara dura, porque você ser meu namorado não isenta em nada seus problemas.

— Eu rio sim, você faz questão de mostrar todo esse lado pesado, mas deu a mesma nota para a sala inteira. Ser professor não é ser durão, não é ser aquele cara cruel, mas sim entender que cada pessoa é única e que elas podem precisar de ajuda e acima de tudo, nunca deixar que pessoas te usem por você ser um docente.

— Você tem razão. — Os passos lentos para a próxima aula acabavam, uma vez que eles deveriam se separar ou Guilherme perderia conteúdo. — Até depois, encontre-me no mesmo lugar de sempre.

As outras aulas aconteceram como deveriam, mas não focarei, afinal, ninguém se importa mesmo, ou vai me dizer que você queria saber como foi aula? Aula, justamente algo que você tá correndo.

Os dois casais se encontraram de novo, Rodrigo e Guilherme, Rosana e Isadora, mas por algum motivo foi no mesmo lugar e na mesma hora, algo que de fato só acontece na ficção.

— Rosana? Quanto tempo! Não conseguimos mais nem falar um com o outro por causa do tempo corrido e espera um pouco, quem é a jovem junto com você? Já está namorando de novo?

— Que namorar o que, conheci ela hoje, não tem como ela me amar e eu amar ela, tome vergonha na cara Rodrigo. Enfim, ela é a minha aluna do primeiro semestre, a Isadora. Vejo que ainda está com o Guilherme, isso que eu chamo de evolução.

— Olha quem fala. Prazer, Isadora, sou professor também e dou aula no primeiro semestre, esse é o meu namorado chamado Guilherme. Alias, você pegou todo mundo a todo momento no ensino médio e quer falar de mim, pelo amor em.

— Pelo amor você, pegava tanto quanto eu e até me pegou quando podia. Se eu sou safada, você também é. Enfim, vão para onde? Estamos indo para o Rei do Mate.

— Vamos para lá também. — O grupo foi junto até o local de comida, os docentes foram pedir os salgados e os alunos esperaram na mesa para guardar lugar, deixaram até mesmo as bolsas em cima das cadeiras, impedindo que as pessoas chegassem a perguntar delas.

Tudo ocorreu como o esperado, mas teve beijo, não teve? Teve e eu confesso que não teria tanta coragem quanto ela teve.

Isadora já cansada de olhar naqueles lábios, beijou a mão direita da mulher e pediu permissão para que o ato pudesse ocorrer entre elas, e para que a segurança fosse mantida, os dois homens ficaram na frente delas caso alguém tentasse atacá-las.

Com a permissão dada, selaram-se os lábios e por mais que fosse um momento rápido, era especial para a mais nova, um momento que ela havia guardado para não ter que lembrar dele sendo com uma pessoa ruim.

— Espera ai, como assim é seu primeiro beijo?! Não parece de jeito nenhum!

— Eu escondo bem, não é? Mas sim, eu nunca tinha beijado antes por medo, afinal, como eu posso confiar em alguém se eu nunca tive contato? Se eu não sei seu comportamento? Então eu preferi manter isso até encontrar a pessoa certa. — Os olhos castanho-claros começaram a se encher de lágrimas felizes.

— Eu sou a sua pessoa certa? Tem mesmo certeza disso?

— Sim, você é a minha pessoa certa e não pense que eu te conheço só de hoje, eu vim na calourada também e você estava no dia da confirmação da matrícula. — Após ouvir tais palavras, a mulher linda dos cabelos rosados ficou sem reação, conseguindo apenas abraçá-la com todas as suas forças.

— Quer beijar também? Já que elas estão, por que não?

— Aceito. — Os lábios dos dois se juntaram e foi bem mais intenso que o primeiro, mesmo que não houvesse quaisquer intenções disso, porém não tem como saber se o beijo será fofo ou não.

As duas ao verem tal ato ficaram coradas e totalmente sem jeito, ainda mais a jovem por ter visto como um beijo pode ser muito mais do que um selinho e com amor verdadeiro entre duas pessoas.

— Desculpem por isso, não foi a nossa intenção.

— Tudo bem ou você achava mesmo que uma iniciante no assunto reagiria diferente? Parece que nem teve seu primeiro beijo, foi logo beijando todo mundo.

— Você que o diga. — Os jovens começaram a rir e antes que terminassem a sessão de lazer, tiraram uma foto com os quatro para guardarem de recordação e verem ao final dessa jornada da faculdade.

1 de Março de 2020 às 00:49 0 Denunciar Insira Seguir história
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