loremkmorais Lorem K Morais

Quando Amélie Roux morre aos 97 anos, tranquilamente durante o sono, Saint-Guilhem-le-Désert entrou em luto. Como último membro da famosa família Roux e uma pessoa conhecida na comunidade, sua morte representava não apenas a perda de uma antiga linhagem, mas de um dos membros mais queridos da pequena vila. Apenas os mais velhos sabiam que aquela morte representava mais do que a perda de uma simpática senhora, mas mudanças desastrosas que estavam por vir. Com a respiração presa em suas gargantas, os olhos se direcionaram a estranhamente silenciosa floresta, nos olhares brilhantes das raposas que pareciam à espreita. Quando Amélie Roux morreu, coisas estranhas começaram a acontecer.


Fantasia Impróprio para crianças menores de 13 anos.

#sobrenatural #frança #raposas #misticismo #suspense
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Prólogo

Saint-Guilhem-le-Désert é uma pequena vila localizada em Chemin de St-Jacques, no sul da França. Considerada uma das mais vilas mais bonitas do país, com sua arquitetura medieval é um ponto turístico para quem deseja paz e tranquilidade.

Para os seus 253 habitantes, a cidade é como um marco parado no tempo, com suas paredes de pedra que contam histórias e segredos guardados por gerações. Segredos que, em sua grande maioria, apenas as antigas gerações carregavam em memória, antes do misticismo que envolvia a pequena vila se tornar apenas histórias de dormir.

Os Roux eram um exemplo disso, onde a realidade foi tomada como fantasia com o passar do tempo, na sua tentativa de explicar aquilo que seria, de outra forma, inexplicável.

Poucos lembravam do passado de Grand-mère Amelie, como a doce senhora era conhecida pelas crianças da vila. A última raposa do canal, única herdeira de uma família tão abastada, conhecida por sua beleza que havia atraído tantos pretendentes durante sua juventude. E ainda assim, nunca havia casado, passando a vida inteira em sua pequena casa perto da floresta, isolada e solitária, exceto por suas ocasionais andanças para o monastério de Gellone ou pelo pequeno bosque ao redor da vila.

Grand-mère Amelie era querida pela comunidade e respeitada pelos mais velhos, como uma relíquia de um tempo há muito passado. A última de uma linhagem de onde se contavam histórias inexplicáveis e assombrosas para as novas gerações.

Na realidade, a sobrevivente de uma tragédia nunca totalmente desvendada. Uma tragédia que nunca se comentava, ao qual a vila a todo custo tentou enterrar entre suas paredes de pedra.

Grand-mère Amelie morreu em uma terça-feira fria, a vila coberta de neblina. Quando Madame Agnès foi deixar a encomenda semanal, se deparou por uma casa cercada de raposas, animais que ocasionalmente se aventuraram para fora do bosque, mas não em quantidade tão assombrosa. Os gritos, ela disse, eram tão estridentes que pareciam humanos.

Com receio de entrar em contato com os animais não domesticados, Madame Agnès buscou ajuda para entrar na casa e foi quando a encontraram. Quase se podia pensar que ainda dormia, de tão serena.

Amelie Roux morreu em sua cama confortável ao 97 anos, cercada pelo símbolo do brasão do Roux. A cidade entrou em luto pela perda da querida senhora, que já fazia parte das lendas locais e pontos históricos.

Para a nova geração, era a perda da Grand-mère Amelie.

Para a antiga geração, era a perda da última Roux e isso tinha um significado mais urgente, que fez a respiração daqueles que ainda lembravam segurar em espera. Esperando o quê? Eles não diziam, mas podia se ver por dias os olhos dos mais velhos fitando o bosque e os canais.

Com a morte de Amelie Roux veio a certeza que nenhum passado fica enterrado entre as pedras de Saint-Guilhem-le-Désert para sempre.

Com a morte de Amelie Roux se percebeu que toda história para dormir tem seu fundo de verdade. E a verdade, muitas vezes, pode ser mais mágica do que se poderia imaginar.

2 de Fevereiro de 2020 às 04:28 1 Denunciar Insira Seguir história
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Continua…

Conheça o autor

Lorem K Morais Cosmopolita, cafezeira e ranzinza. Estou sempre de um lado para o outro, sem pouso certo. Uma hora aqui, outra acolá. Cirurgiã-Dentista e escritora por ocasião, porque preciso colocar em palavras tudo o que vi. Entre aqui e acolá. Em comum a vontade de fazer as pessoas sorrirem. Vocês podem me encontrar também no meu blog Anjo Sonhador [loremkrsna.blogspot.com]. Não se acanhe não, se achegue aqui. Deixe te contar uma história.

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Amanda Luna De Carvalho Amanda Luna De Carvalho
Olá, tudo bem? Faço parte do Sistema de Verificação e venho lhe parabenizar pela Verificação da sua história. Primeiro de tudo, adoro histórias que se passem em lugares onde tudo parece ter parado no tempo e as coisas estão bem condizentes com o mistério envolvido na história. A coerência está muito boa, embora o prólogo seja tão curtinho. Mas ainda assim, está ótima realmente. A estrutura está muito boa e não vi nada que estivesse atrapalhando a escrita. Toda construção do texto nos deixa um tanto curiosos pelo fato de parecer ter um segredo encoberto na história. O personagem mencionado na história, nos faz querer descobrir o que aconteceu em sua vida e tudo que ronda aquele local tão pitoresco da França, com tão poucos habitantes. A gramática está ótima e não vi nada que estivesse errado realmente. A história em si é muito atraente e nos chama a atenção pelo tema escolhido. Continue em frente, pois sua história é cativante e tudo que parece encoberto, dá um charme a mais. Até mais!
April 29, 2020, 00:13
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