bhpoiano B. H. Poiano

Depois de terminar um serviço, Sir Christofer Gallagher e seu escudeiro, Brian, são convidados para irem a um salão de apostas clandestino em uma cidade religiosa.


Fantasia Medieval Impróprio para crianças menores de 13 anos.

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A Igreja

– Vá a merda! – Gritou o soldado do outro lado da mesa, vermelho de raiva. Brian puxou as moedas para si, gargalhando como um bobo da corte.

Sir Chris observava seu escudeiro ganhando pela terceira vez nas cartas e sentiu uma pontada de orgulho.

– Quem é o próximo?! – Gritou o jovem de cabelos dourados. Nenhum dos soldados se aproximou, muitos já haviam ido embora e os que ficaram já haviam perdido tudo. Na taverna sobrara apenas os fazendeiros e eles não tinham dinheiro para apostar.

Brian guardou todas as moedas de prata e bronze que ganhou em seu saco de moedas e sorrindo foi ao seu mestre, balançou suas moedas e pediu dois copos de cerveja ao taverneiro. No balcão, sentaram e foram servidos um prato de petiscos.

Comeram, beberam, riram e quando o sol poente começara a invadir a janela da taverna, as pessoas começaram a sair, como o cavaleiro não se moveu o taverneiro se aproximou.

– Vão alugar quartos?

– Agora não. – Respondeu Brian. – Estamos bebendo ainda. – O taverneiro fechou a cara.

– Se quiserem podem voltar depois, vou ter de fechar.

– Agora? – Sir Chris ficou surpreso. – Mas a lua ainda nem apareceu.

– Eu vou reabrir depois, mas se eu não fechar agora os soldados virão. – A voz do homem tremia. Sir Chris ouviu sinos badalar, o homem ficara pálido. – Por favor.

Brian pagou o taverneiro e quando pisaram nas ruas de paralelepípedos, o cavaleiro escutou o taverneiro trancar a porta apressadamente. Fora da taverna, sinos badalavam lentamente e de onde estavam ambos viram a imensa igreja que havia no centro da cidade. Curiosos, Brian e Sir Chris andaram na direção do prédio, assim como centenas de cidadãos.

Pararam longe e assistiram homens, com túnicas brancas, parados na porta da igreja cumprimentando a população. Lojas e tavernas foram fechadas, vendedores ambulantes pararam e camelôs fecharam suas bancas, até os soldados se dirigiam a igreja. Praticamente a cidade toda foi em direção ao prédio. Sir Chris observou mulheres com túnicas roxas que andavam entre as pessoas os abraçando.

– Impressionante, não? – Disse um homem parando ao lado deles. – A cidade inteira para nesse horário para ouvir os clérigos.

– Até os soldados foram. – Comentou Brian.

– Os soldados foram os mais difíceis a converter, agora são os mais fiéis. Fazem qualquer coisa que o pastor manda. – Sir Chris encarou o homem surpreso.

– E o capitão da guarda?

– Também está lá dentro.

Continuaram conversando trivialidades por um tempo. Sir Chris não confiara muito naquele homem, a postura dele e o jeito que dizia as palavras, havia algo esquisito naquilo tudo. O cavaleiro não confiaria pedir simples direções para ele, mas Brian não tinha essas preocupações, conversava com ele como se fossem conhecidos. Então Sir Chris entendeu o porquê de tanta conversa.

– Vi como jogava no bar. – Disse para Brian. – Você tem talento.

– Obrigado.

– Já pensou em jogar além de tavernas sujas? – Brian olhou Sir Chris. – Vai ganhar muito mais que moedas de bronze. – O Cavaleiro nada disse e o homem esperou a resposta do escudeiro.

– Estou feliz com o que ganhei. – Disse o jovem de cabelos dourados.

– Certeza? Há poucos com o seu talento, você pode dobrar, até triplicar o que tem dentro desse seu saco de moedas. – Antes que Brian respondesse, ele continuou. – Não precisa responder agora, se quiser participar, vá amanhã pouco antes do pôr do sol até a cartomante e faça uma leitura, no final diga que Vitor os mandou, ela lhe dará direções. Você, grandão, pode ir se quiser. Levem moedas, nada de bronze. Apenas prata e ouro. – Ele começou a sair, mas hesitou. – Só peço cuidado na hora de irem, não deixem os soldados os verem.

Ele apertou a mãos de ambos e saiu rua abaixo. Brian observava o homem ir embora com a mão em seu saco de moedas e o cavaleiro sabia que ele pensava seriamente em ir naquele lugar. Sir Chris colocou a mão no ombro de Brian e o sentiu assustar.

– O que acha?

– Jogos são perigosos. – Respondeu o cavaleiro. – De a oportunidade e eles consumirão você.

– Você é pessimista demais. – Havia desafio em sua voz. – Não é nada demais.

Antes que o cavaleiro pudesse responder, algo chamou sua atenção. Um dos soldados da cidade vinha na direção dos dois com a mão direita descansando no cabo da espada. Sir Chris esperou o homem se aproximar e quando ele chegou sua voz soou autoritária.

– Nossa igreja acolhe qualquer pessoa. Vamos entrar e ouvir nosso pastor?

– Não obrigado. – Respondeu o cavaleiro. – Não somo religiosos.

– Entendo, mas não querem dar nenhuma chance a nossa igreja? Eu era como vocês, mas ouvir o pastor a palavra dos clérigos mudou totalmente a forma como eu vejo o mundo.

– Obrigada pela oferta, mas não podemos. – Sir Chris e Brian começaram a se afastar quando o soldado deu um passo à frente.

– Então peço que fiquem longe de problemas, não queremos que aconteça nenhuma confusão na nossa cidade. – Deu as costas e voltou a igreja a passos largos.

O cavaleiro e escudeiro procuraram uma taverna para ficar, mas todas estavam fechadas, andaram pela cidade e não viram nenhuma alma viva circulando. A cidade parecia abandonada.

– Impossível todos estarem na igreja. – Comentou Brian.

– Os que não estão, estão escondidos.

Juntos, eles voltaram para o centro onde a igreja estava, esperaram algumas horas até a lua chegar a um quarto do céu e os sinos tocaram novamente, só então as pessoas saíram. Homens, mulheres e crianças saiam rindo e conversando pelas grandes portas ao som dos grandes sinos. Homens de túnica abraçavam e conversavam com o povo.

Sir e escudeiro assistiram o povo se dispersar e ficar somente os soldados. Sir Chris viu o capitão da guarda conversar com o pastor e por algum motivo isso lhe deixou com uma sensação ruim na boca do estomago. Deram as costas a igreja e assistiram a cidade recuperar sua energia, os dois se dirigiram as tavernas, que agora estavam abertas e praticamente cheias. Entraram na que parecia menos suja e lá encontraram homens bebendo e cantando canções religiosas.

Sir Chris alugou dois quartos e o taverneiro lhe entregou as chaves, juntos caminharam por um corredor estreito deixando o barulho da taverna para traz. Ali não estava em silencio, mas cansados como estavam dormiriam sem problemas.

– Treinaremos amanhã. – Avisou o cavaleiro. – Depois de todo aquele serviço merecemos dormir sobre um teto. – Sir Chris e Brian foram contratados para procurar e prender ladrões de mercadorias que atacavam os arredores de Fayr.

– Estava pensando no convite de Vitor.

– Quem?

– Aquele homem que nos abordou hoje, o que me convidou para apostar. – O cavaleiro fez o possível para não repreender seu escudeiro. Sir Chris sabia que estava em uma armadilha, ele queria proibir Brian de ir, mas lembrava de quando era jovem, se o cenário fosse invertido, ele iria escondido. Não é esse tipo de relação que quero ter com Brian.

– Melhor conversamos sobre isso amanhã, estamos cansados e com a cabeça cheia, vamos descansar um pouco. – Disse por fim. Ao entrar em seu quarto o cavaleiro suspirou, retirou suas roupas e deitou sem camisa. Dormiu sem nem mesmo perceber.

30 de Janeiro de 2020 às 14:18 2 Denunciar Insira Seguir história
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Rodrigo Borges Rodrigo Borges
Nossa, eu gostei muito do tipo de narração que você aborda; a história não se prende em detalhes irrisórios. Há um suspense em torno da Igreja, e como o trabalho dos cavaleiro e escudeiro vai ser na cidade, fico ansioso em saber que tipo de problema terão, ou que tipo de segredos descobrirão. Até mesmo a sinopse sucinta já dá aquele ar de história com todos seus elementos. Porém, apesar de eu ter comentado sobre os detalhes irrisórios, quando se trata de histórias da época medieval, como parece ser o caso desse capítulo em específico - me desculpe se o contrário demonstrar nos próximos - me fez falta de detalhes como o cheiro da taverna, a luz, a aparência descuidada de pessoas em foco no ambiente/cena. No ponto quando se é mencionado a desconfiança de Sir Chris para com o Vitor, é uma oportunidade de descrever uma postura para Vitor, e não apenas se deixando contentar com uma simples sensação que sentia, depois de anos sendo cavaleiro; uma postura que vem a sua mente, uma que faça você desconfiar da pessoa, mas que nem todo mundo ao seu redor consegue enxergar. Também notei algumas partes que faltam vírgula e crase. Claro, são erros que todos nós cometemos, mas seria bom dar uma revisada nesses erros "mais aparentes", assim você não irá perder muito tempo com a verificação de sua história e alcançará mais pessoas com ela. Bom, mil desculpas se pareci arrogante em alguma parte, eu cometo erros também e é meio difícil criticar sabendo que não se é perfeito. Entretanto, opino com olhar de leitor, não de escritor. Passarei a ler o restante da história e deixar comentários em capítulos que acho precisarem de um. Parabéns pelo trabalho!!
February 05, 2020, 21:31

  • B. H. Poiano B. H. Poiano
    Olá, Rodrigo, fico feliz em saber que você curtiu minha proza e agradeço ter dado o tempo de escrever o que achou, isso é importante para que eu possa crescer como escritor! Sobre os detalhes, é bom saber que preciso adicionar mais. É que esse é o estilo que eu escrevo, mais minimalista, eu tento colocar na história só o que ela precisa e as vezes acabou minimalizando demais AHSAUSH. Sobre os erros, por mais que eu releia e revise alguns acabam passando, acho que a gente acaba acostumando com o texto e os olhos não pegam esses errinhos; também o fato de não ter outra pessoa para ler e criticar antes de publicar, mas revisarei novamente. Obrigado pelas críticas, espero que goste da história, fico aguardando sua crítica final! February 06, 2020, 02:21
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