saaimee Ana Carolina

A feiticeira pegou o item sem muito cuidado e o estendeu no ar vendo ser uma jaqueta de pano que parecia larga demais para o seu tamanho. Uma de suas sobrancelhas se ergueu, mas nenhuma palavra saiu de sua boca inquieta. 「Ashley × Sis」 ------------------------------------------------ Os personagens desta estória pertencem a mim e TsukiAkii. Todos os direitos sobre eles são reservados a © Saaimee/TsukiAkii. → Capa feita por mim com itens gratuitos. ✼ Postar esta estória em qualquer página sem a minha autorização é completamente proibido.


Conto Todo o público. © Os personagens desta estória pertencem a mim e TsukiAkii. Todos os direitos sobre eles são reservados a © Saaimee/TsukiAkii.

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Capítulo Único

A caixa era pequena, simples e até fina suficiente para gerar suspeitas, porém a etiqueta com o nome do remetente fez a garota evitar reclamações logo de cara. Claro que isso não iria a impedir de reclamasse depois caso não gostasse do que viu.

Segurando firmemente os lados do quadrado, ela chacoalhou para cima e para baixo ouvindo um som abafado que, apesar de deixa-la curiosa, não diminuiu sua desconfiança.

A outra jovem, dona do presente, estava sentada à sua frente observando os movimentos da menor como se assistisse a um filhote de raposa batendo em uma pedra na tentativa de mostrar quem manda. Era engraçado e até bonitinho que a fazia rir sem deixar o som escapar. Estava achando divertido essa curiosidade boba da garota.

Sem conseguir adivinhar pelo som, Sis resolveu abrir de uma vez e acabar com suas dúvidas. Com puxão a tampa saiu revelando um papel preto fino que foi rasgado logo em seguida deixando exposto o misterioso presente.

Ashley observou de perto a desconfiança desaparecer e a confusão dominar o rosto da pequena. Estava interessada em sua reação, afinal, era a primeira vez que dava um presente a ela.

A feiticeira pegou o item sem muito cuidado e o estendeu no ar vendo ser uma jaqueta de pano que parecia larga demais para o seu tamanho. Uma de suas sobrancelhas se ergueu, mas nenhuma palavra saiu de sua boca inquieta.

A mais velha esperou por reclamações, perguntas e até acusações teimosas como tinha feito ao abrir o presente dos outros rapazes, porém, ao invés disso, ela viu o olhar perdido e o silêncio como resposta.

— E aí? – Perguntou tentando tirar alguma expressão da mais nova.

Sis a olhou por um instante atrás da jaqueta vendo sem querer como aquela roupa encaixava perfeitamente em Ashley e, tentando ignorar a frustração, voltou os olhos fitando as mangas largas penduradas a sua frente.

— Você não gostou? – Resolveu ser direta de uma vez e evitar que a menor sentisse-se mal de alguma forma.

— Eu… Não sei… – encarando a roupa respondeu em um tom inseguro incomum.

Apesar da resposta curta, era exatamente isso que a maior precisava ouvir. Sua voz confusa deixou óbvio que havia algo de errado e não era o presente. Afinal, se não tivesse gostado, já teria dito.

— Então experimenta pra saber. – Alegre, retrucou a relutância vendo o beicinho emburrado da outra não saber como responder. — Você não vai saber só encarando aí.

— Mas eu não uso essas coisas!

— Por que?

— Por que? – Repetiu com a voz abafada como se somente a pergunta pudesse a irritar demais. Não era como se ela tivesse algo contra essas roupas, o problema é que não queria falar de seus motivos e revelar sua insegurança em querer parecer com Ashley. Ela até tentou ignorar a questão como se não tivesse ouvido, mas o olhar desafiador da outra a fez desembuchar envergonhada. — Não serve para mim.

— Quem disse?

— Eu! E... todo mundo… – abaixando os braços, colocou a jaqueta no colo encarando as cores escuras com a expressão raivosa de quem perdeu uma luta. — Esse tipo de coisa não é para mim. Não sou descolada como você. – A última parte saiu como um sussurro, porém não tão baixo que a maior não pudesse ouvir.

Sis não estava mentindo, nem sendo teimosa nesse momento. Era raro ver esses sentimentos e Ashley estava surpresa por ouvir aquelas coisas. Aquela jaqueta era para ser só um presente que a menor talvez nem fosse vestir, mas acabou revelando um segredo que nem sabia que existia.

Sis queria ser como ela? Por que? A garota já era forte por lutar contra qualquer obstáculo que surgia em sua frente, sem falar que conseguia dizer até para a criatura mais perigosa da vila que iria “arranhar a cara dele”.

Ela não conseguia entender, mas também não sabia se era certo se aprofundar ainda mais naquele assunto. Por isso, resolveu se levantar pegando a jaqueta e chamando a pequena para ficar em pé em frente ao espelho.

A feiticeira fez como pedido vendo seu rosto emburrado no reflexo antes da maior colocar a peça sobre seus ombros sem força-la a vestir.

Os olhos irritados da menor brilharam quando notou o encaixe perfeito nos ombros e o charme do volume sobrando em sua cintura. Ela parecia ver outra pessoa ali.

Ashley sorriu. Jamais esperava que uma roupa assim pudesse fazer aquela birrenta mudar tão facilmente. Feliz pela alegria no rosto dela, a maior bagunçou seu cabelo antes de dar um passo para trás.

— Eu te disse. Tem que vestir pra saber se gostou. – Comentou colocando as mãos na cintura enquanto Sis olhava para ela pelo reflexo. — E, olha, pra mim você é muito descolada. – Sua voz despreocupada como sempre recitou as palavras fazendo os olhos da menor se arregalar lentamente em surpresa. — E isso é verdade porque um descolado reconhece o outro. – Terminou com uma piscadela vendo a outra se esforçar para esconder o sorriso contente.

Ashley não podia entender o quanto Sis desejava ser como a criatura confiante e respeitada que era. Nunca ia entender como era difícil para a menor ter que ouvir todos a ignorando por parecer infantil. Mas mesmo assim ela estava ali, como se soubesse disso. A feiticeira não tinha agradecido por nenhum dos presente, pelo menos não usando um “obrigada”. Não levava jeito para essas palavras sensíveis, preferia mostrar que tinha gostado enquanto reclamava de tudo. Porém, naquele momento, ela quis dizer isso.

— E não importa o que eles te falem. Com ou sem essa jaqueta, você é descolada.

As últimas palavras vieram acompanhadas de um sorriso travesso que fez o coração de Sis disparar em alegria. E mesmo que seu “obrigada” tivesse sido engolido no susto, seus olhos deixaram claro que estava contente.

— Tá... Eu vou usar isso. – Disfarçando os sentimentos em seu rosto tentou mudar a direção da conversa. — Mas só quando me der vontade.

— Tá tranquilo.

— É... – olhando uma última vez no espelho ela sorriu esquecendo do olhar contente da outra que a assistia atrás.

15 de Novembro de 2019 às 17:07 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

Conheça o autor

Ana Carolina Mãe de 32 personagens originais e outros 32 adotados com muito carinho, fanfiqueira nas horas vagas e amante das palavras em período integral. Apaixonada demais e, por isso, sou tantas coisas que me perco tentando me explicar. Daí eu escrevo. ICON: TsukiAkii @ DeviantArt

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