thaiseramos Thaíse Ramos

Kate é uma menina que perde os pais em um grave acidente de carro e vai morar com o irmão mais novo em um orfanato. John é adotado primeiro e Katy não vai junto com ele. Logo depois, ela é adotada também, mas nunca se esqueceu do irmão. Aos 15 anos, com a ajuda do melhor amigo Kaio, segue em busca de John, pois considera essa ser a sua maior missão de vida,


Conto Todo o público.

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Nunca perca a esperança!


Katy era uma menina feliz, mas não tão feliz quanto sua família imaginava.

Apesar de ter conseguido realizar um grande sonho, ela guardava a sete chaves uma tristeza profunda em seu coração.

Aos três anos de idade, Katy perdeu seus pais biológicos em um grave acidente de carro. Ela e o irmãozinho John, de apenas um ano na época, sobreviveram e foram abrigados em um orfanato, pois as crianças não tinham familiares que pudessem assumir a guarda delas.

Os irmãos sempre foram muito unidos, o amor entre eles só crescia ano após ano. E o companheirismo também.

Porém, há pouco menos de um ano, Kate, já com 10 anos, e John, com 8, sofreram mais um golpe da vida. Mais uma vez, o destino resolveu ser muito cruel com as crianças.

John foi adotado por um casal e levado para fora da Itália. Esse casal não tinha a mínima intenção de levar Katy com eles também. A dor foi enorme para a menina, muito maior do que aquela que sentiu quando soube que seus pais nunca mais voltariam para tirá-la daquele novo lugar; estranho, desconhecido e frio, o orfanato em que os irmãos tinham sido abandonados.

Três meses depois, foi a vez de Katy ganhar uma nova família. Ela foi adotada por um casal muito amoroso, que se encantou por aquela menina ruivinha, cheia de sardas, com um olhar distante mas que mostrava o quanto desejava dar e receber amor.

O que ela não contava é que seria adotada por um casal de negros. Katy temia ser rejeitada e vista com maus olhos pela sociedade, por ser uma menina branca com pais negros. Mas aconteceu justamente o contrário.

Katy foi muito bem recebida no bairro onde foi morar, no sul da França. E viveu dias maravilhosos, repletos de amor, carinho e respeito.

Mas ela nunca se esqueceu do irmão John, só que nunca falava sobre ele.

Seus pais adotivos, Suzan e Max, não imaginavam o quanto a menina sofria por não saber nada sobre a nova vida do irmão.

- Como ele está? Será que está bem, feliz? Será que é tão amado e bem tratado quanto eu? Será que ele se lembra de mim? - Essas eram as perguntas que martelavam à cabeça de Katy todos os dias. Era um tormento.

Um dia, Katy resolveu que não queria mais sofrer tanto. Ela precisava dar um basta naquilo. Então, decidiu ir à procura de John.

Já com 15 anos, ela era uma pessoa muito determinada e destemida.

Pediu a ajuda do melhor amigo Kaio para procurar o irmão, e ele aceitou. Era o único que sabia do sofrimento da amiga.

Em seis meses, os dois amigos juntaram suas mesadas e todo o dinheiro extra que entrava para gastarem com a viagem que fariam em breve. Katy precisava voltar à Itália.

Finalmente, conseguiram juntar a quantia que tinham planejado e, durante a madrugada, pegaram a estrada num velho ônibus, pois as passagens eram bem mais baratas.

Katy não contou aos pais. Apenas deixou um bilhete na cabeceira de sua cama avisando que voltaria em breve, para que não se preocupassem com ela, pois estaria bem, cumprindo uma missão muito importante.

Na política do orfanato em que passou uma parte de sua vida, Katy sabia que era proibido fornecer qualquer tipo de informação sobre as crianças que já passaram por lá e que foram adotadas. Mas ela não se deu por vencida.

No primeiro dia, Katy e Kaio não conseguiram nenhuma pista sobre John. Passaram a noite em um albergue e voltaram no dia seguinte ao orfanato. Katy implorou, mas a diretora Hanna se recusava a passar o mínimo de informação para a menina, mesmo vendo todo o seu sofrimento.

Escondida atrás da porta da sala da diretora, uma funcionária da direção ouvia tudo. Assim que a dupla de amigos saiu do cômodo e seguiu em direção à porta de saída do orfanato, a moça os chamou. Marta pediu para que eles esperassem um pouco e, assim, eles fizeram. Estranharam o pedido, mas permaneceram na recepção do local.

Alguns minutos depois, Marta voltou e colocou na mão de Katy um bilhete, mas pediu para que ela o abrisse só do lado de fora da instituição. Ainda sem entender, a menina agradeceu e se retirou do local com pressa, na companhia de Kaio.

Quando abriu o bilhete, Katy suspirou e deixou cair uma lágrima de seu olho direito. Ela mostrou para o amigo e ele viu que no papelzinho, escrito a mão, constavam o nome de John e o endereço completo de onde ele morava atualmente.

- Meu irmão está em Paris, Kaio! Em Paris! Não estava tão longe de mim! - disse Katy, emocionada e surpresa.

Os amigos tinham pouco dinheiro para seguir viagem, mas não pensaram em desistir.

Pegaram caronas pelas estradas, dormiram em bancos de rodoviárias e, com o pouco dinheiro que tinham, conseguiam se alimentar. Pouco e com intervalos grandes.

A esperança de Katy era o que a alimentava. E a amizade e a admiração de Kaio pela amiga eram os principais combustíveis que o faziam segui-la. Ele não podia deixá-la sozinha.

Assim que chegaram ao endereço indicado, Katy sentiu uma pontada no peito. Encontrou a casa vazia, sem sinal de John e sua família. Reparou que na porta de entrada da casa havia apenas uma placa velha escrito "vende-se".

Ela se dirigiu a casa ao lado e perguntou a moradora que os atenderam sobre o paradeiro da família que morava naquela residência. Katy descobriu que o casal tinha sido assassinado há dois anos, dentro de casa, por bandidos que queriam roubar seus pertences. Eles haviam reagido.

A vizinha contou que apenas John tinha sobrevivido, pois não estava com os pais no momento do crime. Mas ela não sabia por onde ele andava. A senhora contou ainda que ninguém, até então, tinha se interessado em comprar a casa, por isso estava abandonada.

Katy ficou desesperada, sentou-se na calçada, em frente a antiga casa do irmão, e começou a chorar, com o rosto coberto pelas mãos.

Um minuto depois, sentiu uma mão afagar seu ombro esquerdo. Por um momento achou que era Kaio, mas quando levantou o rosto para ver quem era, seus olhos se cruzaram com aqueles olhos que ela nunca poderia esquecer.

Era John. Ele estava sujo, usava roupas velhas e rasgadas, tinha cabelos desgrenhados, olhos assustados e tristes.

Após tanto tempo, os irmãos finalmente se abraçaram novamente. O tão aguardado abraço durou cerca de três minutos. Não falaram uma só palavra até então.

Quatro dias se passaram, desde sua partida, e Katy estava de volta ao lar.

Abraçou carinhosamente seus queridos pais, ainda na porta de entrada de sua casa. Suzan e Max estavam muito preocupados, mas felizes pelo retorno da filha amada.

Atrás dela, surgiu um menino acuado. John olhava espantado para aquele casal desconhecido, do lado de fora da residência.

Katy segurou a mão do irmão, o puxou para dentro de casa e os quatro se sentaram no sofá da sala, pois a menina tinha uma história longa para contar.

Ela revelou que aquele menino era seu irmão e que tinha a missão de reencontrá-lo. Seu coração nunca a deixou se esquecer disso.

Há dois anos, naquele crime bárbaro, John tinha perdido seus pais adotivos. Ele dormia todas as noites na casa em que morou com a família, mas os vizinhos não sabiam disso. Ele queria manter essa informação em sigilo. Só passava à noite no local. Durante o dia, caminhava e comia através de doações.

Ele contou que nunca quis sair do local e da redondeza porque seu coração sempre dizia que sua amada irmã voltaria um dia para buscá-lo.

John foi convidado a morar com Katy, Suzan e Max, que, anos depois, também conseguiram adotá-lo legalmente.


14 de Novembro de 2019 às 19:31 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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