Era uma noite fria de inverno, a chuva fraca caia dos céus molhando tudo o que encontrava-se de baixo dela, incluindo prendas, compras e pessoas. Faltavam apenas seis dias para a véspera de natal e todas as famílias já encontrava-se stressadas, eles precisavam de ter tudo pronto e nada poderia faltar, aquele momento era muito importante para todos e tinha que ser perfeito. Camila e Luna mãe e filha, tinham acabado de sair de casa prontas para fazer o mesmo que todos. Estacionaram o seu carro numa rua perto do centro comercial, o local estava tão cheio que nem estacionamento tinham. Assim que Camila e a sua pequena filha de apenas cinco anos de idade, saíram do carro começaram a percorrer a rua na tentativa de chegar o mais rapidamente possível as portas do supermercado, porem algo para Luna.
Luna começou a olhar para uma mulher e uma criança que encontravam-se sentados de baixo de um prédio, eles tinham um pouco de cartão no chão, com algumas moedas, suas caras encontrava-se tristes, notava-se que eles dependiam do que era pousado naquele cartão para sobreviver.
- Filha… - Camila andou de volta até sua filha parando a seu lado. – O que aconteceu?
Luna apontou para a sem abrigo e falou.
- Porque é que eles estão tão tristes?
Sua mãe engoliu seco e baixou-se ao nível de sua filha tentando explicar tudo de uma maneira fácil.
- Eles estão ali para arranjarem maneira de comer…
- E porque é que eles não vão comprar? – Questionou Luna parando o na criança que encontrava-se com roupas sujas e um pouco molhadas.
- Porque para isso é preciso dinheiro, e eles não devem ter… - Camila agarrou sua filha ao colo na tentativa de a tirar de lá.
- E não comem?
Sua mãe não disse nada, deixando apenas a menina na duvida.
Assim que entraram no supermercado começaram a fazer as compras, Luna permanecia pensativa e calada e sua mãe tinha reparado porem apenas deixou andar, foi então que chegaram a secção que Camila sabia que ia deixar sua filha melhor, a secção dos brinquedos.
- Podes escolher um brinquedo... – Disse sua mãe observando-a.
- Tudo o que eu quiser? – Questionou Luna fazendo sua mãe ficar na dúvida do que responder.
- Escolhe que depois eu digo se pode ser ou não…
Luna deu um sorriso e caminhou o corredor dos brinquedos até ao fim, sem levar uma única coisa, Camila estranhou tal ato, mas apenas seguiu-a. A mais nova, parou na secção dos bolos e levou uma embalagem de 4 donuts açucarados, duas barras de chocolates de leite dos mais baratos, levou um saco de pão e queijo embalado, depois ainda foi buscar chupa chupas e umas gomas deixando sua mãe pasma e admirada com tal ato.
- Mas não queres brinquedos? – Questionou Camila e Luna apenas acenou negativamente indo em direcção da caixa para pagar. Luna insistiu a sua mãe que suas compras ficassem apenas num saco e a mulher apenas aceitou pedindo um saco e metendo as coisas da menina no mesmo, dando-lhe de seguida. Assim que Luna agarrou no saco virou costas a sua mãe e andou para fora do supermercado, Camila ao ver isso começou a chama-la entrando em desespero.
- LUNA…
Assim que acabou de pagar correu para fora do supermercado indo ter com sua filha. Foi então que a viu. Luna tinha acabado de chegar perto da sem abrigo e o menino que se encontravam sentados no chão e sorriu para eles.
- Olá, eu sou a Luna a minha mãe disse que vocês não deviam ter muito dinheiro para poder comer…. – Sua mãe tinha chegado ao pé dela, ela não podia acreditar, sua filha estava a fazer aquilo! – E então eu pedi a ela para comprar isto, é para vocês. – Disse a pequena estendendo o saco para a mulher que ao ver o ato da menina também ficou comovida.
Camila começou a sentir suas lágrimas a quererem sair pelos seus olhos.
- Muito obrigada mesmo. – Disse a mulher “sem abrigo” engolindo suas lágrimas na tentativa de não dar a parte fraca.
- Não tem que agradecer, todas as pessoas deviam poder comer… - Deu de ombros levando a mão a cabeça. – Esquecia-me. – Levou a mão ao seu bolso e tirou de lá uma moeda de um euro que sua mãe lhe tinha dado. – Use isto para comprar prendas de natal. – Disse com a sua voz inocente fazendo com que sua mãe chorasse mais e a “Sem abrigo” também começasse.
- Não tem que chorar, tudo vai ficar bem. – Luna abraçou a mulher sendo correspondida ao abraço.
Assim que Luna parou o abraço e viu sua mãe arregalou os olhos com receio.
- Acho que fiz asneira! – Olhou sua mãe. – Olá mãe.
A mesma apenas deu um sorriso começando a rir com atitude medrosa de sua filha.
- Tem uma filha muito preciosa aqui. – Disse a senhora fazendo Camila sorrir de orgulho.
- É, eu sei. -Agarrou a menina ao colo olhando a mulher. – Eu vou tentar falar com uns conhecidos para ver se arranjo-lhe um emprego, se a senhora estiver disposta….
- Claro que sim, eu quero dar-lhe uma vida melhor. – Olhou para o menino que se encontrava-se a olhar, agora, feliz para sua mãe. – Só queria dar-lhe uma vida melhor… - Começou a chorar abraçando o seu filho.
- E vai, eu garanto-lhe, farei de tudo para arranjar-lhe algo… - Disse Chelsea. – E não se preocupe, este natal vai ter comida e sitio para ficar.
A mulher começou a chorar mais, ela não podia acreditar no que estava a ouvir, aquelas palavras era a esperança que lhe faltava todos os dias, a esperança que nunca apareceu durante todos estes longos anos e finalmente estava ali, diante dela.
Impressionante, como apenas um gesto, um único gesto simples e significativo conseguiu mudar a vida de uma família, como costumam dizer, “Um Milagre Natalício”
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