jpsantsil Jp Santsil

Cesto de Maçã Envenenada retrata a realidade dos jovens nas favelas de Salvador, em particular no Nordeste de Amaralina, na década de 90. Essa letra expressa fielmente a realidade da favela, e do regime ditador do coronel Antônio Carlos Magalhães, o ACM, ou Cabeça Branca, como era apelidado na Bahia. Letra com o linguajar chulo da favela, mas que retrata a realidade das minorias sociais, e da opressão por parte dos políticos e da sua milícia armada, a policia militar. Quase 30 anos se passaram quando eu, e, o meu parceiro de rap Carlinhos Mutante fizemos essa música, e a realidade nas favelas ainda é a mesma. O que mudou? Nada mudou… só piorou!


Poesia Sátira Todo o público.

#rap #hip-hop
Conto
0
4.2mil VISUALIZAÇÕES
Completa
tempo de leitura
AA Compartilhar

Cesto de Maçã Envenenada (poesia cantada)

A política é um cesto de maçã envenenada

A pura que entrar apodrece na parada

Se liga sangue-bom Ação Contra Minoria (ACM)

Vão roubando o que é seu e dando a sua cria

Sou um guerreiro negro, veneno 100%

Sou morador do gueto, minha política é de preto

Vitória conquistada, liberdade na parada

Quilombola é o som, Hip-Hop minha jornada



Aí parceiro tô ligado, tá ligado na colé

Sou esperto, fique esperto, não, não sou zé mané

Parceiro, mano-velho tô ligado no esquema

A parada aqui é loca, vixe, aqui é só problema

Brigas de mãe e pai, harmonia não tem mais

A falta de dinheiro traz revolta pra carai

Olha só, irmão meu, várias tretas na parada

É dia e noite rincha, vários tiros na quebrada

Irmão matando irmão, pobre matando pobre

Do Areal a 11, morre quem não se envolve

Inocente ou bandido tá difícil de viver

A polícia quando chega, não, não quer nem saber

Só querem só bater, humilhar e espancar

Pedem o fragrante se não tem vai forjar

E tiram uma onda vestido de amendoim

Seus rebanhos de macacos sei o que é bom pra mim

O gostinho do poder, fez vocês se perder

Vestem uma farda e manda o outro se foder

Irmão te digo mais, não vou te deixar em paz

Cê é macaco do governo, não passa de capataz

Otário, vacilão, traidor do povo

Perdeu a identidade do governo virou jogo

Aí parceiro meu, tô ligado no esquema

A guerra na favela quem criou foi o sistema

Quem trouxe o armamento e deu o segmento

Menino de fuzil, veneno 100%

Só somos funcionários do sistema empregador

Carteira de ladrão, profissão do terror

Eu sei distinguir, sei diferenciar

O funcionário do patrão, quem cumpre e quem manda

O sistema traz a droga, traz a arma para o gueto

Ele é o patrão, o funcionário é o povo preto

E paga as consequências da pesada profissão

Cadeia ou caixão é a indenização



A política é um cesto de maçã envenenada

A pura que entrar apodrece na parada

Se liga sangue-bom Ação Contra Minoria (ACM)

Vão roubando o que é seu e dando a sua cria

Sou um guerreiro negro, veneno 100%

Sou morador do gueto, minha política é de preto

Vitória conquistada, liberdade na parada

Quilombola é o som, Hip-Hop minha jornada



Sou Mutante vacinado, também vim pra relatar

Há muito tempo é só lamento e eu não vejo nada mudar

O desemprego predomina, cadê a educação?

Escola paralisada, professores em manifestação

Tá difícil, mano eu te digo:

Vivemos esquecidos, submetidos a vários riscos

Pare e raciocine, quem causa tudo isso?

Não sou eu, não é você, são os próprios políticos

No mar de corrupção sua profissão é exercida

Renuncia seu mandato, depois volta de cara limpa

Querendo iludir o povo com falsos discursos e propagandas

Tô ligado! Sua borra de asfalto não me engana

Tudo errado! Em todo canto é só maldade

Quando diminui o respeito aumenta mais a impunidade

Se ando pelas ruas o clima é tenso na esquina

O mano da rua de baixo trocando tiro com a de cima

O mal vive por perto, mas eu não vou desistir

Na resistência vamos seguindo, descendente de Zumbi

Passando para o povo o que a televisão não passa

Falando a verdade desmascarando essa farsa

Não sei como essa gente consegue ser assim

Tem o poder nas mãos para enriquecer até o fim

Bando de corrupto, engravatado disfarçado

Suas leis, suas ordens não vão me deixar calado

Já cansei disso tudo! Chegou a hora de mudar!

Quilombolas é o nome e você pode confiar!



A política é um cesto de maçã envenenada

A pura que entrar apodrece na parada

Se liga sangue-bom Ação Contra Minoria (ACM)

Vão roubando o que é seu e dando a sua cria

Sou um guerreiro negro, veneno 100%

Sou morador do gueto, minha política é de preto

Vitória conquistada, liberdade na parada

Quilombola é o som, Hip-Hop minha jornada



Tô por dentro, tô ligado, zé mané como é que é

A miséria e a guerra traz riqueza pra mingué

Quem ganha é os ricos, artistas e políticos

Fazendo da pobreza seu próprio artificio

Projetos sociais só para roubarem mais

Investindo na miséria, aqui o lucro rende mais

E o safado do político no palco aliena

Aí parceiro meu, tô ligado no esquema

Vão botando uns pagodes pras meninas requebrar

E depois joga uns frevos pros parceiros se matar

E o sacana do político sobe no palanque

E depois que ele desce, meu cumpadi é choro e sangue

Veja só agora! Veja a sua cara!

Veja a consequência! É só facada, sangue e bala

Ainda rola mais! O sangue não acaba mais...

Depois dos tiroteios, hei, vem os capataz

Parceiro não aquento, vou te ser sincero

O poder pertence ao povo, é isso o que eu quero

É governo, é senado, estamos acomodados

Morre filho, entra neto, tá tudo dominado

Vejam só a sigla: (ACM) Ação Contra a Minoria

Ele tem todo o poder, e quem herda é sua cria

É nome de avenida, patrimônio e escola

Mudou o Aeroporto! Cadê a nossa História?

Senhor-de-engenho, coronel, feudalista, czarista

Aqui chegou seu fim! É de preto a minha política!



A política é um cesto de maçã envenenada

A pura que entrar apodrece na parada

Se liga sangue-bom Ação Contra Minoria (ACM)

Vão roubando o que é seu e dando a sua cria

Sou um guerreiro negro, veneno 100%

Sou morador do gueto, minha política é de preto

Vitória conquistada, liberdade na parada

Quilombola é o som, Hip-Hop minha jornada

(ouça essa poesia cantada clicando aqui)

7 de Novembro de 2019 às 06:58 0 Denunciar Insira Seguir história
1
Fim

Conheça o autor

Jp Santsil Nasceu em Salvador, capital do Estado da Bahia, tendo se dedicado mais da metade de sua vida a projetos de ativismo social, educacional, cultural e ecológico com crianças e jovens em estado de risco e extrema pobreza nas favelas e comunidades carentes do Brasil e Ecuador. Atualmente vive e é cidadão do Estado de Israel, oriente médio asiático, onde se dedica a projetos ecologicamente sustentáveis. ​

Comente algo

Publique!
Nenhum comentário ainda. Seja o primeiro a dizer alguma coisa!
~