yiasan Naiana Alves

Para salvar o Imperador do Japão e o mundo que conhecem do caos que aponta no horizonte, bravos espadachins terão que unir forças com improváveis guerreiras para conseguir este objetivo, numa corrida alucinante e perigosa, com vários sentimentos e lutas pelo caminho........ Que segredos se desenrolam na frente e atrás dos bastidores dessa história? Seria você capaz de descobrir o grande enigma que se esconde entre as linhas de minhas palavras?


Fanfiction Anime/Mangá Para maiores de 18 apenas.

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Shadows from the Past


Somente o tempo é o único recurso precioso pelo qual vale a pena matar".






Não há nada mais que fascine o intelecto humano do que as lendas por eles escutados e perpetuados.


Histórias sempre tem povoado a mente dos seres humanos ao longo de suas vidas e em sua permanência nesta terra que tantas gerações se viu ir e florescer em seu lugar, têm sido transmitidos. E diferente do que a maioria possa asseverar quanto a veracidade destas mesmas palavras, uma coisa é fato: toda lenda tem um fundo de verdade.


Afinal, boas narrativas não nascem do nada.


Como qualquer outro conto que se possa ter ouvido, permita-me tal qual contar esta nossa história que começa bem lá no passado: um Imperador muito cruel certa vez governou no Japão feudal - que agora no presente momento, via sinais de uma nova aurora. Seu povo tinha tido muito pouco contato com o Ocidente e, em seu meio, precisava o grande imperador ter que lidar com as sangrentas guerras que quase devastaram o país e que aconteceram de forma sistemática e devastadora. Uma pressão se instalou na corte e isso acabou o levando a abrir as portas para as nações que olhavam com fascínio para sua cultura rica. Sim, o assunto ia com tal força que este se viu forçado a aceitar pessoas muito diferentes no solo de sua nação.


Trabalhando, fazendo negócios, alagando seus comércios com seus produtos e estabelecendo-se como árvores. Embora livre e comandante do negócio de ricas especiarias, aquele homem percebeu que ainda não possuía o poderio bélico de sua anterior metrópole, a China, bem como os novos países que queriam ter laços comerciais e que se mostravam ainda mais poderosos do que ela, Inglaterra, o berço da Europa. O Imperador, bem como seus predecessores haviam garantido sua cultura intacta por séculos - mas negócios... eram negócios.


E dinheiro é a mola do mundo - um caminho bem mais certo para se assegurar o poder. Ele sabia que agora, o sistema da nobreza não funcionava mais - ainda mais quando este era endossado com a reverência pela ciência e a arte que se dizia "renascentista", que remodelou a mente e a sociedade daqueles estrangeiros, que agora estavam ali e traziam consigo essas ideias ridículas. O mérito e riquezas agora eram providos do trabalho árduo e não do nascimento. O capitalismo dava sinais de ser sua vez de dominar o cenário mundial. Um conceito que se perpetua até hoje.


O que poderia conseguir a humanidade nos tempos vindouros?


Era nisso que o velho homem buscava. O que todos da raça humana caçavam, se mutilavam, traíam e enganavam. Ouro... Pedras preciosas... Recursos valiosos. Tudo que garantia seu poder ou lhe permitiria ampliar o que já tinha. E o poder tem sua atração fatal, tal como uma belíssima rainha cujo prazer que proporciona causa a morte de seus amantes: e uma vez que os limites foram quebrados, não podia se voltar atrás.


E havia um poder ainda mais proibido de se buscar - e fora exatamente à busca deste o que causou sua ruína. Independente de quantos bens materiais possam se acumular ao longo da vida terrena, o tempo é o único recurso valioso que vale a pena todo sacrifício empregado. Reuniu um séquito de pensadores que compartilhavam de sua visão e em busca deste recurso ainda até hoje considerado escasso, ele cometera crimes abomináveis ao qual não se podia conceber nem os mais cruéis mercenários ou demônios que habitam as profundezas do Inferno.


E de quem era a culpa? Dele por ter lançado a semente. Plantou e regou... Abundantemente e com muito sangue. Mas não fora ele próprio que colhera os frutos.


A quem cuja toda a culpa cabia de tal "colheita infeliz" era atribuída a um único responsável: Itou Kashitarou.


Neste tempo específico, ele era um general brilhante nascido dos partos que devido a sua astúcia e força, cresceu fazendo fama entre soldados do Imperador... tanto que chegou ao mais alto posto dentro do exército japonês e era temido por muitos por motivos bastante válidos. Cumprira tudo o que o Imperador Sanguinário desejava - pois a seu ver, ele detinha todo o direito de fazer o que bem entendesse para assegurar um bem maior: a grandeza do Japão.


Devido aos seus atributos físicos e façanhas militares dignas de virarem lendas, fora usado como "cobaia" dum remédio experimental secretamente desenvolvido pelo governo japonês a partir do sangue de Onis - impressionantes seres míticos que segundo a crença geral do folclore, eram conhecidos por suas várias habilidades.


No começo, Kashitarou achava que seu senhor era um homem louco, mas ao ver aquele dom em ação, o sangue fez dele um crente... e diga-se de passagem, dos mais fervorosos que poderia ter, visto que para convencê-lo, ele fora mandado para um han sob o poder deles. Kashitarou viu em primeira mão, como estas criaturas eram rápidas, inteligentes e donos de cujas vidas beiravam à imortalidade de tão longas.


Mais um havia se unido à ele, vibrou o monarca.


Itou fizera sua parte com zelo em torturar todos aqueles que possuíam em suas veias as gotas preciosas; caçou, matou, mutilou e devastou linhagens inteiras até o excesso sob a aprovação imperial.


Como seu soberano, Kashitarou ambicionava o poder e a longevidade.


O soberano daquelas terras estava duramente adoentado devido a sua árdua busca e queria esse poder desesperadamente, pois sabia que havia muitas coisas para fazer numa só vida. Visando curar-se para sempre à medida que ia aumentando sua própria força física e do seu exército, melhorando o desempenho dos seus guerreiros nas batalhas e permitindo que estes tivessem alta capacidade de regeneração, deu aval para este programa macabro. As outras nações tinham armas sofisticadas - e ele teria um exército de homens que eram imunes a elas. Imagine quanto dinheiro pagariam aqueles estrangeiros por sua fórmula? Ele sorriu. Crimes inomináveis em nome da ciência foram praticados. Dissecação, tortura, experimentos em cobaias vivas, desmembramento - e os Onis pagaram o mais alto preço pela ganância deste homem. Ninguém era poupado: homens, mulheres e crianças; idosos e jovens; ricos ou pobres eram massacrados por Kashitarou e o doutor Koudou e seus... "renomados cientistas". Os gritos de misericórdia de seres vivos eram sufocados pela ganância do conhecimento buscado pelo homem que era tido como o mais visionário dentre os seguidores do imperador.


Apesar dos contratempos iniciais, a investigação aumentou seus esforços e o Imperador investiu maciçamente no programa, onde estava satisfeito com o trabalho executado, visto que acompanhava cada progresso de perto. Em meses, a formulação ficou pronta e "batizada" pelos seus pesquisadores de Ochimizu - ou "água da vida".


Uma festa fora celebrada no território e Koudou acompanhado por Itou, apresentaram a equipe de elite chamada Rasetsu, considerada a elite seleta do Imperador.


Era composto apenas por Itou e seus guerreiros mais fiéis à causa; para mostrar como o Ochimizu funcionava, uma demonstração assombrosa fora preparada e em reconhecimento deste, Koudou fora elevado a cientista-chefe da corte. Estes eram mandados para a batalha contra os opositores e extremistas que causaram rebuliço no Japão sob a liderança de Itou, onde permitiu que o monarca consolidasse seu poder. O Ochimizu era preparado aos montes apenas para uso imperial e que seria administrado no seu senhor, que no presente momento, se encontrava doente e cujas doses foram administradas pessoalmente por Koudou.


Sim, os primeiros resultados que se viam mostraram-se muito promissores, mas ainda era muito cedo para se comemorar... E infelizmente para o governante daqueles territórios tão vastos não houve tempo suficiente para poder sentir os mais fortes efeitos dele em si, pois, no fim, a morte - implacável e sem aviso - acabou por reclamá-lo.


Eis uma verdade absoluta. A única coisa certa na vida é que ela é imprevisível. O que no começo se mostrava como uma grandiosa promessa de "progresso" e de superioridade diante dos seus adversários que vinham de dentro e fora do país, acabou se mostrando perigosamente desastroso, pois como todo remédio, o Ochimizu trazia suas consequências adversas - isso ficou comprovado com o aparecimento dos seus desagradáveis efeitos colaterais; sendo dentre o mais perigoso deles, uma sede desenfreada por sangue.


Afinal, certas características não podiam ser extirpadas do sangue - que traz em si o material genético dos Onis.


Naquela época, muitas coisas aconteceram. Um novo monarca que desconhecia seus feitos ascendeu ao trono. O programa foi fechado, Koudou foi despojado de sua posição por inépcia em curar o anterior Imperador e Itou com seus homens foram dispensados para seus territórios quando este havia sido ferido numa incursão militar, pois ao ver de Kiomei, aquela unidade era inútil e dispensável.


Este que era o capitão da unidade experimental - que estava sendo atendido numa clínica na província de Edo, ficou atônito com sua dispensa e ficou enfurecido, assim como seus homens. O Ochimizu acabou sendo confiscado e tanto ele como seus guerreiros ficaram sem sua dose costumeira. Sua raiva acabou agindo como um "clique" e acabou sentindo os cruéis resultados do Ochimizu.


Matar, destruir, queimar, mutilar, berrava uma voz insana em sua cabeça.


Tentou inutilmente resistir e após muita luta, por fim, acabou cedendo à pressão da fome; enlouquecido pela sede macabra, acabou matando inúmeras pessoas na clínica onde estava com seus homens igualmente enlouquecidos e logo em seguida, incendiou o local. Finalmente voltando a si após fazer inúmeras vítimas e em meio às chamas que destruíram o local, ele percebeu toda a destruição causada, além de notar que o Ochimizu acabou lhe dando os poderes e força inumana que lhe fora prometida uma vez por seu senhor.


O poder corrompe.


Sim. Ele e seus lutadores sobreviventes fugiram e descobriram tudo o mais que havia acontecido na capital. Aquele que tanto venerava morreu, sendo substituído por seu filho que não tinha o calibre necessário para gerir sua pátria. Porque obedecer a um fedelho se podia ele mesmo levar à cabo os planos de seu antigo senhor? Isso acabou levando a pretensão para o coração do corrompido general, que presunçosamente passou a se rebelar abertamente contra o agora aclamado Imperador Kiomei.


Na companhia de seus homens, o parto deu assim início a uma guerra de conquista sangrenta, com Itou destruindo inúmeras cidades e vilarejos pelo caminho até a capital - bem como se alimentando e alimentando os seus com o sangue fresco e aterrorizado de seus habitantes. A adrenalina adquirida do sangue de suas vítimas amedrontadas era tão viciante como o ópio para os drogados. Ele era o flagelo que, com o poder de um ser mítico, aterrorizava a terra com seu ódio doentio pela humanidade que agora abominava e sua insana visão de poder a todo preço.


Sim, aquele que fora um dia o servo mais leal do Imperador, acabou se revelando o mais mortal dos inimigos e por onde passava, deixava rastro de desgraça e destruição.


A calamidade atingiu a todos naqueles dias e na Cidade Proibida foi ainda pior. As chamas ascendiam ao céu e o barulho das tropas lutando era ouvido a considerável distância. Cadáveres se espalhavam pelas ruas e vielas, o viscoso sangue corria como um rio pelas pedras e os homens de Kashitarou forçaram seu passo. As portas foram derrubadas e a prioridade dos samurais era salvar o governante da nação.


Pobre do jovem Imperador Kiomei, que não fazia ideia do mal que enfrentava e sofreu uma dura batalha às mãos de Kashitarou. Ele queria lutar contra, mas foi arrastado dali por seus homens enquanto os gritos de suas mulheres e crianças sendo assassinadas pelas forças dele ecoavam em seus ouvidos como pano de fundo para sua fuga.


Para ele, ninguém era como Itou - demoníaco e cruel além da medida, que matava sem distinção e era verdadeiramente um assassino em série.

Nada comovia Itou, o poder era seu único propósito.


Escondido pelo clã Aizu, Kiomei não iria aceitar perder sua posição; juntando guerreiros, o regente preparou uma forma de retomar o controle do castelo o quanto antes.


Contudo, uma lição que ninguém deixa de saber é: nada é de graça. Tudo na vida tem seu preço e nem mesmo ele estaria imune a essa regra fundamental: à medida que usava seus poderes, Itou descobriu que sua expectativa de vida diminuía drasticamente; sim, precisava viver muito mais para se tornar não só o líder do Japão, mas também do mundo...


A pergunta que ficava no ar era: como ia conseguir isso?


Com a ajuda de seus novos aliados e dentro da mansão imperial, começou a pesquisar diversas formas para alcançar este objetivo. Não fora por meio de mitos que seu falecido senhor e ele descobriram os Onis e tinha agora a posse de seus poderes? Possivelmente encontraria nelas a resposta para sua salvação - a conquista do palácio era apenas um meio para um fim.


Seu senhor tinha reunido suas pesquisas mais valiosas em um local e por ter sido próximo deste, não demorou para achar sua localização. E foi ali, em meio a uma pequena e poeirenta biblioteca secreta que logo acabou descobrindo dentre as lendas que este investigou em vida sobre uma suposta fonte cuja água dava vida eterna a quem dela ingerisse e que era fortemente protegidas por um poderoso clã de Amazonas, conhecidas não só por serem guerreiras habilidosas e implacáveis com seus inimigos - mas também, mulheres de indescritível beleza.


Lenda ou verdade?


Toda lenda tem um fundo de verdade... E ele iria descobrir se era o caso desta ou não.


Itou foi surpreendido por Kiomei, que atacava o castelo. Indo para fora, sorriu desdenhosamente ante àquela atitude ridícula; o que queria, já conseguiu. Reunindo tudo que podia levar sobre a pesquisa de seu anterior mestre, ateou fogo e saiu dali insuspeito, rumo a descobrir como ser mais que um humano… se tornaria uma criatura de vida eterna.


Ele acabou por comprovar a veracidade dessa história ao encontrar uma das misteriosas guardiãs em suas viagens no interior daquelas vastas terras e até mesmo tentou enganá-la para conseguir a preciosa localização. Antes que conseguisse realizar seu intento, acabou sendo desmascarado por um homem que fora enviado pessoalmente por Kiomei para caçá-lo e fugiu dele e da sua ex-aliada, retornando logo depois com seu exército e claramente furioso por não ter conseguido o que queria.


A rainha regente da época - chamada Mahina - fora avisada por sua guerreira e após debater com o Conselho que fora convocada em emergência, todo o seu clã se preparou para ir à luta.


Em um vale, Kashitarou ficou surpreso em vê-las ali no campo para lutar; como nuvens, elas cobriam a terra onde pisavam. A batalha do Vale de Sangue - como veio a ser conhecida - durou cerca de um dia inteiro e se mostrou extremamente difícil e sangrenta, onde Itou acabou sendo duramente derrotado por elas, visto que as Amazonas demonstraram-lhe claramente a sua superioridade tática e bélica no campo de batalha, provando-se serem oponentes formidáveis e usando armas e equipamentos totalmente desconhecidos para ele.


Aquela luta estava irremediavelmente perdida e para não ser morto, escapa com alguns de seus homens de estrita confiança, jurando vingança.


Os espiões infiltrados do Imperador que acompanhavam os passos dele, logo contaram-lhe a notícia e sem perder tempo, Kiomei partiu para lá, onde viu a inacreditável guerra se desenrolar. Escondido, pôde ver a derrota de Kashitarou e mulheres armadas que andavam entre os cadáveres. Aquele fenômeno atípico lhe chamou a atenção.


Se munindo de coragem e indo contra seus guardas, se apresentou sozinho para a guerreira que estava ali e pediu para falar com a líder. Do nada, Kiomei estava cercado por guerreiras, que estavam banhadas de sangue e com ódio em seus olhos.


- Digam a seu líder que desejo falar com ele.


Um soco repentino o lança no chão, seguido de um chute no estômago. - Quem deseja lhe falar? Declare seu nome, verme.


Kiomei cuspiu sangue e explicou tudo após encontrar fôlego para isso. Elas se mostravam céticas; contudo, ele foi preso e levado para ver a general, que ouviu seu pedido. Ela o amarrou e o pôs sobre a sela de um cavalo onde o mandou embora, sob a garantia que seu pedido seria levado à Imperatriz.


Para sua sorte, Yudi Toshizou e seus guerreiros mantiveram segura distância e não foram encontrados pelas Amazonas, sendo salvo por eles. Yudi segurou o cavalo enquanto outros tiravam Kiomei da sela. Ele estava com as mãos amarradas e os movimentos limitados; esgotado e nauseado, Kiomei tinha vários cortes e hematomas pelo corpo - sinal de que havia sido torturado.


– Como está, meu senhor? - As manchas roxas nos pulsos dele evidenciaram que este havia tentado lutar. - Elas deram um bom nó. Aquelas mulheres são impossíveis.


- Ainda bem que saí vivo. - Remexendo os pulsos queimados pelas cordas, Kiomei acrescenta: - Vamos para Kyoto. Minha resposta virá a mim.


Poucas semanas após isso, a rainha Amazona marcou de se encontrar secretamente com ele em pessoa, onde Kiomei pôde comprovar por si a veracidade do que Kashitarou falava.


O encontro ainda estava fresco na memória.


Passos suaves ecoavam pelo local à medida que esta se aproximava dele. A vestimenta escarlate era incandescente, que cintilava forte com a luz. Os cabelos negros permaneciam adornados com ouro de grande qualidade, com a coroa bem vultuosa e de um trabalho tão delicado como nunca havia presenciado em sua cabeça. A mulher em questão era poderosa, suave e o olhava com uma superioridade invejável.


Não, nem seu pai olhava de tal forma.


Ele estava embasbacado em ver tal governante secreta em suas terras. Usando uma enorme capa vermelha escarlate com bordadura claramente superior às suas e ostentando poder que emanava com a facilidade com que respirava, a Imperatriz Amazona Yukimura Mahina foi ao encontro dele acompanhada por suas guerreiras fiéis que se mantinham vigilantes.


Será uma negociação tensa, pensou.


Duas cadeiras foram colocadas e ambos se sentaram sozinhos, um de frente para o outro. Sem rodeios, ela indaga sobre a grande ameaça que a quase pegou desprevenida e Kiomei iniciou agradecendo sua intervenção contra tal inimigo, contando tudo e deixando a mulher a par do perigo que poderia sempre estar rondando.


Se ele estava tão decidido a obter a eternidade, não desistiria dela facilmente, raciocinou Mahina. O melhor curso de ação seria recuar e se preparar para atacar numa ocasião conveniente. Ela sabia que teria que tomar todas as precauções de manter a vantagem sobre Itou, que certamente passaria algumas décadas se fortalecendo para atacar quando se encontrava em uma posição favorável a este.


Perdida em pensamentos, a senhora nem se dava conta de que Kiomei a olhava com olhos críticos. Ele não conseguia relaxar perto dela. Mahina era impossível de se ler, completamente diferente das damas com quem estava acostumado, com seus sorrisos fáceis e dispostas a tudo para lhe agradar. Com ela, não via possível chance. Um passo errado - uma guerra sangrenta começaria.


- Entendo seu ponto de vista, mas fico aqui me perguntando como alguém que se diz ser o senhor desta nação, desconhecia os feitos de seu antecessor - pergunta ela com o rosto sem qualquer emoção.


Seu comentário soou como uma verdadeira bofetada. - Exato, cara Mahina. E eu pago o preço por minha negligência.


O que poderia dizer se ela tinha razão?


- Se me permite a sinceridade, poderia ter evitado tal ato desastroso que colocou a humanidade em semelhante condição aterradora se tivesse se livrado dele definitivamente - argumenta Yuki, a conselheira da Imperatriz Amazona e célebre lutadora, que estava postada a pouca distância deles. - Sua atitude - certa ou errada, - custaram vidas que não são suas. Nenhuma palavra que possa dizer trará essas pobres almas massacradas e atormentadas de volta. Um conselho? Aja antes de seu adversário... kodomo.


Seu homem de confiança estava com a mão no cabo da espada, mostrando a raiva que sentia com as palavras ditas. Chamar o senhor de um país de criança era um enorme insulto aos seus olhos. Sem aviso, uma faca voou na direção dele, a que este nem tivera tempo de se esquivar. Engoliu em seco; olhando para trás, ela balançava na pilastra. E agora, podia sentir a pele ardendo e um filete de sangue desceu de seu rosto.


- Por Amaterasu, homens são tão previsíveis que chega a ser patético - bufou Katniss, a guarda da sua escolta pessoal. Yuki adorava jogar facas. - Tem que treinar mais; errou por milímetros.


Yuki sorri maldosa. - O treino leva a perfeição.


Tsukihime, a guardiã da fonte, concordava com ela. Sabia que logo mais, iria enfrentar o julgamento de sua senhora. Olhando para Mahina, ela pergunta: - Minha senhora, o que pretende fazer com este fedelho que mal saiu das fraldas?


Os risos delas podiam ser ouvidas e tanto Kiomei como os seus pôde notar que estavam cercados; não podia precisar quantas, mas eram inúmeras. Olhou para seu servo com um olhar mortal, alertando o homem de manter-se quieto. A lembrança da horrenda batalha ainda estava fresca: o cheiro de enxofre no ar, o zumbido de bolas de fogo sendo arremessadas de catapultas bem como o tilintar das espadas eram vívidos em sua cabeça. Elas conseguiram deter seu pior inimigo porque estavam prontas - ele foi atacado de surpresa pelo mesmo e mal podia oferecer uma resistência decente.


Lhe faltava a astúcia e malícia que as Amazonas dominavam com facilidade.


Ela se põe de pé e caminha para a saída. Olhando de esguelha, continuou: - Convocarei meu Conselho e veremos se... esta aliança é vantajosa para nós.


- Eu---


- Não terminei ainda. - Seu corte frio foi abrupto e Kiomei engoliu suas palavras. - Eu definirei as regras, caso aceite sua proposta. Senão, boa sorte com seu Kashitarou.


- Só um milagre para salvá-lo de um monstro como ele sem nossa ajuda, minha imperatriz - fala Yuki com deboche. - Homens! Como sempre, não sabem fazer nada direito nesta vida.


Percebendo o perigo que Kashitarou representava para toda a humanidade, as Amazonas passaram a tomar várias de suas próprias medidas preventivas para impedir sua chegada à fonte, pois se isso acontecesse, ele seria uma ameaça para o Japão e o mundo. Assim, Mahina se foi dali. Seus homens achavam insana a ideia de aliança com tais pessoas desrespeitosas; contudo, o Imperador estava irredutível - ninguém se comparava a elas em poderio militar e bélico, pois havia visto a inacreditável batalha. Kiomei sabia que eram adversárias perigosas demais para serem descartadas tão facilmente e se condenava por ser tão obtuso a tudo o que aconteceu de relevante em seus territórios.


A espera foi angustiante. Três dias depois, a resposta chegou. Ele corre para poder receber a carta escrita em mãos enquanto Hiroito recepcionava o mensageiro a quem conhecia bem e sua pesada escolta. Yuki entrega o envelope; nele, Mahina conta que após uma deliberação acaloradamente prolongada, havia sido decidido por uma secreta aliança com o governante Kiomei, na qual o Imperador se comprometeria em manter sigiloso a existência delas e em troca, elas prometiam ajudá-lo caso fosse novamente atacado por ele - fora outras exigências, que a seu ver, eram vantajosas para ambos os lados. Isso seria importante. Olhando para fora de sua cidadela e vendo a mensageira partir com sua resposta, Kiomei decidiu tomar suas precauções.


Longe de seus inimigos e ainda sedento de vingança, Itou acabou por descobrir tudo que Kiomei fez através de seus próprios espiões, espalhados por todo o Japão. O fedelho maldito havia atrapalhado seus planos novamente - por pouco tempo, garantia a si. Refugiado numa região distante dali, passava boa parte do tempo aprimorando seus poderes bem como preparando um exército mais eficiente para destruir o Imperador e suas aliadas Amazonas, onde tudo finalmente iria ser seu... o país e a vida eterna.


Ninguém estará à salvo de Itou Kashitarou transformado numa besta demoníaca faminta de sangue...

26 de Outubro de 2021 às 23:09 0 Denunciar Insira Seguir história
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