meriam-goncalves1565547535 Meriam Goncalves

Camila traz com ela a dor e o arrependimento de ter abandonado seu grande amor! Agora mãe solteira será ela feliz novamente? João Vitor que teve seu coração apunhalado pela mulher que amava! Agora traz com ele a dor de ter amado alguém! Será ele capaz de amar novamente?


Romance Erótico Para maiores de 18 apenas.

#hot #DESENCOTROS #amor #paixao #filhos #eterno #sempre #saudades #segredo
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PARA SEMPRE


“O início


Camila

Já aconteceram muitas coisas em minha infância, e a maioria delas me fizeram aprender a amadurecer muito cedo. Tive que aprender a lidar com a perda muito jovem, perdi meus pais quando ainda era muito pequena, e precisei cuidar de meu avô, que já está com uma idade muito avançada. Confesso que estes momentos de minha vida foram muito difíceis, e eles deixaram feridas, que são impossíveis de cicatrizarem. Mas, por outro lado, tem momentos de minha infância que foi totalmente o contrário, momentos alegres, que sempre me fazem sorrir, cada vez que me lembro deles.
Preciso confessar que Vitor sempre está incluso nesses momentos bons. Quem é Vitor? Bom, simplesmente ele é a parte mais bonita e especial de toda minha vida, foi aquele que conseguiu preencher um pouco o vazio que essas perdas deixaram, e que faz os meus dias sempre serem mais coloridos.

— Socorro... Para com isso, Alice! Vítor, me ajuda, por favor. – eu o chamo, mas ele está distraído deitado na areia.
Estamos em um pequeno rio. O Vitor que já é meu namorado, a sua irmã Alice, que também é a minha melhor amiga e eu. Como onde vivemos não tem muitas opções de lazer, nós fazemos o que podemos com o pouco que temos, embora não fosse muito, ainda é o suficiente para nós nos divertirmos.

Nós moramos na zona rural do Paraná, longe de qualquer cidade grande. Ainda assim, tenho muitos sonhos, um deles é me casar e me mudar para Porto Alegre. E lá eu desejo fazer a minha almejada faculdade de arquitetura.
No auge dos meus catorze anos, eu sou uma garota magrinha. Mas minha pele clara e meus olhos verdes se destacam por causa do contraste que faz com os meus cabelos escuros. Já Vítor, está prestes a fazer dezoito anos. Sua pele branca é queimada de sol, os cabelos e os olhos negros são como a noite. Alice, irmã de Vitor, tem doze anos e é a mais agitada com seu jeito de menina. Sua pele clara combina com os seus olhos e cabelos castanhos. Ela também é a minha única amiga...

— Para de drama, Cam! – diz Alice, rindo.
— Você diz isso porque não é o seu cabelo que está cheio de areia! – falo, e em seguida vou em direção de Vitor para pedir ajuda, ele está deitado na areia ouvindo música no seu MP3, parece distraído e inerte a nossa discussão. Quando eu estou chegando perto dele, a Alice me acerta outro punhado de areia.
— Ah não, agora eu te pego! – falo, fazendo menção de sair correndo atrás dela, porém, antes disso ser possível, sou puxada para baixo e então caio sentada no colo de Vitor. Que rapidamente se aproveita da situação para me agarrar e me dar um beijo bem gostoso, um beijo que só sentindo para saber.

— Você não vai a lugar nenhum... – ele sussurra, entre o beijo. Suas mãos grandes na minha cintura me fazem sentir pequena e protegida.
— Mas olha o que a Alice fez comigo! – eu respondo, fazendo beicinho.
— Isso não é problema, posso resolver para você, vem cá meu anjo, deixa que eu limpo! — ele então começa a alisar o meu cabelo na tentativa de tirar a areia, para mim não parece ter ficado muito bom, mas para ele parece já ser o suficiente. — Pronto tá limpinho... – diz ele passando agora a mão no meu rosto e me beijando, terminando o beijo com vários selinhos.
Sem sombra de dúvidas eu amo os beijos do Vitor, só de estarmos próximos um do outro, sinto um imenso clima entre a gente, o suficiente para eu pensar com frequência em nossa primeira vez. Mas Vitor já deixou bem claro que vai me respeitar até o dia de nosso casamento.

— Eca, que nojo, parem com isso! – grita minha amiga de dentro da água, olho para ela e vejo que ela está fazendo uma careta, enquanto chuta a água em nossa direção, mas por sorte, não nos alcançou. — Em vez de ficarem aí se agarrando, venham tomar um banho! A água está deliciosa!
— Vamos amor? – eu o chamo, vejo que ele olha a hora no relógio e logo depois diz que não poderíamos demorar muito, pois já está ficando tarde.
Concordo com ele e então, decidimos não perder tempo, entramos na água e nadamos um pouco até nos assustarmos com a hora.

Pois sempre é assim, quando nós três estamos juntos, o tempo passa sem ao menos nos darmos conta, eles sempre são o meu motivo para sorrir, e mesmo eu sendo tão nova, eu já tenho a certeza, de que amo Vitor para sempre e que nada vai tirar esse amor de mim, e isso é o suficiente para eu ter a certeza que é com ele que quero passar resto de minha vida.

Quando me dou conta do horário, saio rapidamente da água, preocupada com meu avô, ele e eu vivemos sozinhos, numa casa simples, próximo do rio. Então por sorte não é muito longe de onde estou, mas acredito que ele deva estar preocupado, pois já havia passado duas horas do horário que ele pediu para que eu chegasse em casa, e já até imagino que quando eu chegar, ele irá reclamar da minha distração. A noite já está próximo pois só dá para ver o final vermelho do sol que se esconde no horizonte dando espaço para outros brilhos.
Meu avô Pedro é a única família que me restou, meus pais morreram num acidente de carro quando eu tinha apenas quatro anos de idade, por sorte nesse dia eu estava com meus avôs, pois meus pais foram fazer compras na cidade grande, e então me deixaram com eles. Se não fosse por isso, pelo estado que meus avôs disseram que ficou o carro, com certeza hoje eu também não estaria viva.
Minha avó Maria morreu há dois anos, eu já estava mais velha, então senti muito a morte dela, nós éramos muito apegadas, pois ela cuidou de mim desde que meus pais morreram. Confesso que todas essas perdas são dores que embora o tempo passe, sempre permanece dentro de nós, adormecidas, porém, nunca nos deixam, o meu avô nunca mais foi o mesmo depois da morte da minha avó eu sei que ele mais do que ninguém sente a falta dela, ela era a sua companhia de toda a vida e ele se sente sozinho, as vezes o pego chorando sentado em sua poltrona segurando o lenço branco bordado com as iniciais dos dois, a minha avó sempre levava aquele lenço por todo lugar onde ia. Para minha sorte, eu tenho o Vitor, que é meu amigo desde infância, ele me consola junto com a Alice, praticamente crescemos juntos, devido ao fato de morarmos próximos um do outro, desde muito pequenos nós vivíamos correndo pela areia do rio brincando nas árvores, sempre tentamos estar juntos, pois uma coisa é certa, nos distraiamos sempre quando estamos uns com os outros.

Devido ele estar sempre ao meu lado, nos apegamos tanto, que quando me dei conta, já não conseguia ficar um dia sem vê-lo ou pelo menos sem saber como ele está. Foi então que me dei conta de que me apaixonei por ele. E apesar de ainda ser muito nova, sabia que dentro de mim não seria capaz de sentir o mesmo por outra pessoa, então acabamos deixando fluir.
Toda vez que eu o olho, e o vejo sorrir para mim, sinto que é ele a pessoa ideal para construir a minha família, a família que tanto desejo. Quando penso nele, já fico fazendo planos, como ter muitos filhos e uma família unida onde todos fazem companhia um ao outro e sempre eles terem alguém com quem contar, quero uma família grande, uma família unida, para assim nunca, nunca mais me sentir sozinha.
Porém, eu ainda tive que esperar dois anos, para que finalmente eu pudesse ver esse sonho começar a se tornar mais possível de acontecer, e que a expectativa de chamar Vitor de “meu marido” começasse a aumentar.

Com dezesseis anos de idade já tínhamos um relacionamento sólido, nos víamos quase todos os dias, e ele sempre frequenta minha casa, e quando não estamos na minha, nós estamos na dele. Ele se dá muito bem com meu avô, assim como eu me dou muito bem com os pais dele.
Alice, agora com catorze anos, continua sendo minha melhor amiga, disse que não imagina outra mulher como cunhada. Então para mim uma coisa é certa, nosso casamento é só questão de tempo.
Hoje faz dois anos que o Vitor pediu a minha mão em namoro pro meu avô, Vitor está voltando de viagem com o seu pai, faz uma semana que não nos vemos, eles foram resolver alguma sobre documentos com o seu pai. Eu já estou aflita, essa coisa de ir para cidade grande me dá certo receio, pois sempre me lembro do acidente de carro dos meus pais. Tenho muito medo de perder Vitor, a família dele e o meu avô é tudo que tenho. Eu sonho em morar lá mas mesmo assim tenho medo!

Eu estou na casa de Vitor desde cedo, estou esperando ele voltar de viagem, sua casa assim como a minha é bem simples, porém tem um numero maior de cômodos, eu estou na sala de estar, nela tem um sofá que já cheira a mofo, uma televisão velha que não pega muito bem se antes não levar umas batidas do lado, uma mesa no canto redonda, de madeira, na qual dona Lucia está sentada, a mãe de Vitor diferente de mim está calma, na verdade essa é a sua maior qualidade, paciência, serenidade, é incrível, nunca a vejo preocupada.
Eu a olho e vejo que está distraída tentando colocar a linha na agulha para costurar uma blusa, ela então ajeita os seus óculos redondos, solta um suspiro e novamente, volta a tentar, até que consegue e sorri satisfeita.
Dona Lucia está na meia idade, tem a pele morena, estatura mediana e é bem esbelta, seus cabelos pretos já tem alguns fios grisalhos e seus olhos são tão escuros quanto de Vitor, ela é costureira, ensina todo seu oficio para Alice, que graças a ela já sonha em cursar moda.

— O Vitor chegou, Cam! – Alice me chama, me fazendo acordar para realidade. Ela entrou pela porta da sala, e me olha, com um sorriso no rosto.
Eu me levanto do sofá, até agora eu estava só trocando de canal sem me concentrar em nada, quando ela aparece para me avisar que Vitor havia chegado de viagem, no mesmo instante eu já senti o meu coração disparar, e já estou explodindo com um friozinho na barriga e um sorriso enorme cobrindo o meu rosto.
— Aonde ele está? – perguntei ansiosa, pois percebi que ele não entrou em casa.
—Tá lá no quintal te esperando. – Ela me responde.
Dou um beijo no rosto da minha amiga e sai correndo, em direção ao quintal. Na casa dos pais do Vitor, tem um quintal nos fundos com um grande banco de balanço pendurado com correntes embaixo de um pé de jaca. O cheiro da fruta se faz presente em tempos de fruto.
— Vitor! - eu gritei e pulei em seus braços, dando um beijo no canto da sua boca. Eu não consigo conter a felicidade por vê-lo e pulo feito criança, tudo bem que nos vemos com frequência, porém como cada dia estamos mais próximos, mais rápido eu sinto saudades dele. É como se já não o visse a semanas, mas na verdade ele só ficou fora apenas por uns quatro dias, mas para quem se vê todo dia, acaba até sendo muito.
— Acredita, que eu já estava com saudades? — falei, sentindo meu rosto corar levemente, por admitir isso a ele.
— Eu também meu anjo, pensei em você por toda a viagem, como você está? – ele me pergunta.
— Estou bem, eu estava aqui na sua casa te esperando! E com você? Como foi a viagem? — perguntei, curiosa para saber como havia sido esses dias.
Ele foi à cidade com seu Pai José para comprar materiais para plantação de soja, que eles iriam realizar nas próximas semanas e também mexer com alguns documentos.
Vitor ficou em silêncio por um tempo, o que pra mim, pareceu ser uma eternidade, até mesmo fiquei preocupada com esse silencio todo já imaginando que algo havia acontecido na cidade, algo não muito bom.

— Vitor... Aconteceu alguma coisa? — pergunto, a voz quase não sai, de tamanho receio do que ele pode me responder.
Ele volta a me olhar, e então sorri, o que me faz suspirar aliviada, afinal, se ele sorriu não aconteceu nada de grave.
— Sim aconteceu, aconteceu que eu trouxe algo para você... — ele responde, segurando as minhas mãos, fico confusa naquele instante, enquanto sinto ele beijar cada uma de minhas mãos, e depois me olha nos olhos. Não consigo parar de pensar no que ele poderia ter trazido para mim. Seria um presente?

Até que então, de repente ele tira do bolso da calça um colar lindo de nota musical. Assim que eu o olho, entreabro meus lábios, eu sei o quanto aquilo significa no nosso relacionamento. Tanto que no momento já me lembro, de nós dois sentados perto da beira do rio, onde passamos horas escutando música. Sem sombra de dúvidas é o nosso passatempo preferido.
— Camila você aceita se casar comigo? Quero dizer... – ele fala de repente, parece estar nervoso, até mesmo puxa a gola de sua camisa, parecendo que assim iria conseguir respirar melhor. — Quer ser a minha noiva?
Franzo as sobrancelhas surpresa com aquele pedido repentino, por um instante até penso que é uma brincadeira.
— Você está falando sério? — pergunto, ainda custando a acreditar. Como eu sou boba...
— Sim... Eu sei que somos muito novos ainda, mas quando vi esse colar lá na cidade logo me lembrei de toda nossa história juntos e eu sei que só você e a pessoa capaz de me completar, Camila, de verdade mesmo, eu não consigo pensar em uma vida ao lado de outra pessoa que não seja você, eu não conseguiria viver sem você, você e a minha metade e só ao seu lado eu me sinto completo... — ele admite, percebo que no mesmo instante ele fica vermelho. E naquele instante, os meus lábios se entreabrem.

Demora ainda para eu me dar conta de que aquilo é verdade e que realmente está acontecendo fora dos meus sonhos. eu me questionei se ele me pediu em casamento ou se ainda estou em casa sonhando acordada.
Sem sombra de dúvidas este é o dia mais feliz de todos. Penso com os olhos cheio de lágrimas. Ele continua falando, e eu, nem consigo mais escutá-lo, ainda sem reação não sei o que fazer ou dizer.

Vou me recordando de cada momento que vivi ao lado de Vitor, de como vivemos uma vida difícil, mais ao mesmo tempo feliz, apenas por termos a companhia um do outro.
E a cada minuto que eu passo ao lado dele, me faz querê-lo ainda mais e com mais intensidade, e saber que agora estamos prestes a dar um passo tão grande no nosso namoro me deixa em estado de choque. É uma felicidade, que não tem nem como descrever...

— E eu prometo Camila te amar e te fazer a mulher mais feliz do mundo! Para sempre, até o infinito... – eu finalmente volto a escutá-lo, balanço levanto a cabeça e então sorrio. Sei que perdi algumas palavras dele, mas naquele momento não me importa, pois o mais importante eu escutei, que foi o seu pedido de casamento.
— Eu… Eu... – eu começo a gaguejar, não consigo falar e pensar muito bem de tão emocionada que estou.
O que eu mais quero, tudo o que mais amo é estar perto dele. As melhores horas do dia são aquelas que eu passo ao seu lado. Estar com ele e despertar sensações que eu nem sei de onde sai... Tantas vezes já sonhei com o nosso casamento, em poder construir minha família com ele, eu quero muito uma família grande, já que até o momento eu não tive isso, nos últimos anos sou só eu e meu avô nas datas comemorativas e eu quero muito ver diferente com o Vitor, e entre tudo também quero realizar o meu sonho de ser uma grade arquiteta.

— Apenas diz que me ama! – ele pede.
— Para sempre, eu te amo, muito, muito mesmo até o infinito! – me declaro, o abraçando. Para sempre até o infinito!
Sinto as lágrimas escorrerem dos meus olhos. A emoção é tanta que eu o agarro e não solto por um bom tempo. E então nos próximos minutos nós ficamos ali, namorando até tarde e quando voltamos para casa dele, contamos a todos a novidade. Apesar de que todos já sabiam da surpresa para mim.
Até mesmo Alice já sabia que ele ia me pedir em casamento, o pai de Vitor fez questão de ir contando a novidade, antes de nós.
Logo depois Vitor me levou até em casa, para falar com o meu avô, que me abraça e chora de emoção junto comigo logo quando fica sabendo da notícia.
Eu consigo entender toda a emoção dele. Sei que para ele é um alivio saber que tenho Vitor ao meu lado, ele sempre diz que eu sou muito sozinha e que isso o preocupa, e ele pensa que o Vitor pode cuidar de mim e estar ao meu lado em todos os momentos. E claro que eu confirmo, pois o Vitor e a pessoa na qual eu mais confio no mundo todo.

— Então quer dizer que a minha princesa vai se casar! – Meu avô fala, fazendo um carinho no meu ombro, suas mãos enrugadas pelo efeito da idade e do esforço de toda uma vida e é o que eu mais gosto de segurar quando estou triste e sem o alento da minha avó.
— Sim, e eu estou tão feliz vovô! Olha o colar que o Vitor me deu! Ele disse que a nossa aliança está quase pronta! — falo mostrando a ele o colar que tanto amei, que faz parte da nossa história e que nos define tão bem, assim e o nosso relacionamento, como começamos tão jovens, porem maduros o suficiente para assumirmos um relacionamento, que permanece até hoje e que vai nos levar ao altar.
— Meus parabéns minha filha! Tenho certeza que escolheu muito bem, sei que você Vitor é um ótimo garoto e em breve se tornara um homem com uma falia junto com a minha neta, eu quero ver netinhos correndo por essa casa quando vocês vierem me visitar! — meu avô fala bastante feliz, um dos sonhos dele e de minha avó é de me verem entrando toda de branco na igreja e que meu avô pudesse me levar até o altar, assim como fez um dia com minha mãe.
— Muito obrigado pela confiança senhor, farei o possível para fazer sua neta feliz, pois e junto com ela a minha felicidade! — Vitor fala, e sinceramente acredito que ele não precisará fazer muito, sempre conseguíamos ser feliz com coisas pequenas, só o fato de ouvirmos musica juntos, de ficarmos algumas horas no rio ou um tempo jogando conversa fora, já é o suficiente para ganharmos o dia.
— Obrigada vovô! — falo e o abraço novamente.
— Eu sei que você fará ela feliz, e eu quero te pedir Vitor que você sempre cuide dela, pois sei que já estou velho e não vou durar muito, sempre fiquei preocupado com o fato de que ela só tenha a mim, agora que sei que em breve ela será uma mulher casada, fico um pouco mais aliviado, pois sei que ela terá alguém que possa estar com ela, quando ela precisar... essa minha menina vale ouro e uma sonhadora e eu quero que realize todos os sonhos dela, ela vai se casar e estudar muito, para se tornar uma arquiteta e construir prédios grandes e lindas mansões para que todos vejam como e preciosa essa minha menina, e acredite que de onde eu estiver minha querida, eu vou estar ao seu lada te aplaudindo por cada vitória e se você chorar o Vitor estará ao seu lado para te consolar e te fazer sorrir novamente... — Ele fala, Vitor então se aproxima, e dá um tapinha de leve no ombro dele, o Vitor também me parece emocionado com as palavras do meu avô.
— Pode ficar sossegado, eu nunca vou deixa-la sozinha! — ele garante, e aquilo só me fez mais feliz por ter alguém como Vitor ao meu lado para me proteger sempre.
—Eu a amo mais que tudo nesta vida! E sempre vou cuidar dela, minha família também gosta muito dela, o senhor não tem com o que se preocupar...
— E não fale assim vovô, eu sei que o senhor vai estar aqui por muito tempo ainda, e vai me levar até o altar, como sempre sonhamos quando a vovó era viva, e tem mais quando eu me formar como arquiteta eu quero o senhor ao meu lado para o meu discurso! – eu afirmo, sem sequer imaginar que realmente não daria tempo disso tudo acontecer. Pelo contrário!


*******

Um ano e onze meses depois...

Meus olhos não param de arder, eu os sinto inchados e tenho dificuldade até mesmo de mantê-los aberto, enquanto sinto uma raiva imensa dentro de mim, que está misturada com tristeza, descrença e uma imensa vontade apenas de sumir.
Jogo a rosa vermelha que estou segurando em cima do caixão, as lágrimas voltam a cair dos meus olhos de forma descontrolada e compulsiva, enquanto fico observando o caixão descer para depois começar a sumir á medida que a terra ia sendo jogada em cima dele... E essa e a última lembrança que eu vou ter do meu avô?

— Não... Não pode ser! Eu não posso aceitar isso, não de novo não! —Eu grito já sem voz ao passar pela porta da minha casa que agora já não tem mais vida, mais uma vez eu sinto a vida ser injusta comigo. Eu sou tão nova pra ter perdido todos da minha família eu se quer lembro direito do rosto dos meus pais, depois minha avó e agora meu avô. Não pode ser, ele era tudo o que restava e agora eu estou totalmente sozinha sem ninguém no mundo. Por que eu meu Deus, por que? Eu conheço gente com três vezes mais a minha idade e que tem os seus pais junto todos os dias, só eu não posso ter uma família? O que eu fiz de errado meu Deus?

Sinto a mão de Vitor sendo colocada em meu ombro, novamente ele estava ali, em um momento difícil de minha vida, a forma que meu avô morreu foi muito injusta, ele estava doente, levávamos ele para o hospital, mas sempre o mandavam para casa, não cuidavam dele, e só depois que ele morreu vieram dizer que ele estava com pneumonia, eu não acreditei em tamanha desigualdade por sermos pobres. Eu xinguei a todos no hospital sem me importar com nada, eu já tinha perdido o meu avô, o que de pior poderia acontecer? Nada!
Aquilo me revoltou, eu queria ter tido condição de ter pagado médicos, exames, de ter cuidado melhor dele, se pelo menos eu soubesse que era pneumonia eu teria tentado fazer alguma coisa, qualquer coisa para que ele não morresse. Para que ele pudesse entrar comigo na igreja, falta tão pouco, apenas dois meses para o casamento, agora eu sequer sei quem vai me acompanhar até o altar. Será que é o pai do Vitor? Não eu não quero ninguém pra substituir o lugar do meu avô!

Quando tudo termina, Vitor me leva para casa e eu peso que ele me deixe sozinha. Ao entrar ali dentro, e não ver meu o avô, um desespero sem medida me invade. Vovô era a única pessoa da minha família. Agora só me resta o Vitor. Ele é tudo o que eu tenho agora.
— O que tem de errado comigo? Por que todo mundo que eu amo morre? — pergunto, deixando o meu corpo cair no sofá e olho ao meu redor, parando meus olhos sobre a poltrona do meu avô. E nessa poltrona, que meu avô estava sentado a tão pouco tempo, eu posso imaginá-lo ali agora, e mais lágrimas descem de meus olhos eu me encolho em posição fetal e fico ali sem me move por não sei quantas horas, apenas lágrimas não param de sair, a minha cabeça parece inchada e dolorido, em meio a exaustão eu acabo adormecendo.
Sou acordada pelo Vitor que está com a minha cabeça em seu colo, suas mãos deslizam pelo meu rosto e lentamente eu abro os meus olhos capturando o seu rosto que traz um olhar solidário e complacente. em sua testa uma pequena mecha do seu cabelo preto me traz um pequeno sorriso aos lábios, pois o Vitor sempre tem os cabelos bem penteados para trás e hoje parece meio bagunçado e solto.

— Como você está se sentindo meu anjo? Vamos comigo para minha casa, minha mãe disse que não é bom que você fique sozinha agora.
Todas as lembranças dos últimos dias voltam como uma porrada no estômago e eu sou trazida de volta a realidade. Sinto como se uma terrível e implacável maldição me acompanhasse, como se o meu destino seja viver sozinha! Não e isso que eu quero para mim eu não quero perder mais alguém por falta de condições financeiras para pagar médicos como aconteceu com o meu avô, ou por falta de recursos por estarmos presos no interior de uma cidade que também e pequena. Eu não quero passar por isso de novo, nem mesmo quero que Vitor chegue um dia a perder quem ama pelo mesmo motivo que o meu, eu já estou cansada dessa vidinha fadada a perdas e sofrimentos, eu quero mais para o meu futuro e para os meus filhos.
— Vitor, vamos começar nossa vida em outra cidade! — sugiro me ajeitando ao seu lado, ele coloca o braço em volta de meu ombro e me olha com as sobrancelhas franzidas.
— Como? — ele pergunta, como se não tivesse escutado direito.
— Eu não quero mais continuar aqui... — suplico a ele com dor no coração, e uma angústia que não cabe em meu peito.
— Não tenho mais esperanças nesse lugar, pelo contrário, isso aqui só tirou as pessoas que eu amo...
— Calma meu amor, não foi o lugar que vivemos, isso não tem nada haver. A morte e uma coisa natural, eu sei que não e fácil, longe disso, mas ir embora daqui não vai mudar nada! E você não tem culpa pelo que aconteceu, ninguém tem culpa! — ele tenta defender esse lugar.
—Olha para mim! Eu estou e sempre vou estar do seu lado! — Ele segura o meu rosto para que eu veja que ele também está sofrendo por mim. Mais uma lagrima solitária rasga o meu rosto enquanto no meu coração uma certeza nasce. O silencio grita entre nós e eu vejo uma lagrima escorre dos olhos do Vitor enquanto ele seca o meu rosto com as suas mãos.
— Como eles não tem culpa? — Falo com a voz alterada e me levantando do sofá.
— Eles não deram a mínima para meu avô, ele podia estar aqui com a gente, realizar o sonho de me levar até o altar, me ver entrar para a faculdade, tudo se esse lugar não tivesse o deixado morrer... — ponho a mão no rosto, enquanto mais lágrimas caem dos meus olhos como uma cachoeira sem fim e repleta de solidão e regrando todo o meu ser com novas prioridades.

A sensação de perca por mais que eu deseje não sai de dentro de mim. Meu avozinho, o pai que eu não tive agora está morto e não poderá mais estar em meu casamento, não poderá conhecer os meus filhos, e muito menos estar ao meu lado em cada conquista minha. Mas ainda assim, eu quero ir longe por mim e principalmente por ele.
E então o meu sonho começou a crescer com mais intensidade dentro de mim. Eu sinto que devo isso a ele, ao meu avô que teve tão pouco dessa vida, mas que ainda assim depositava as suas esperanças e seus sonhos em mim, naquele instante todas as lembranças de nos dois sorrindo e conversando na sala e no terreiro de casa me veem a mente de uma só vez. Todas as vezes que ele disse que eu poderia ir longe, que eu poderia conquistar muitas coisas além do meu casamento, este também era seu sonho e eu quero realiza-lo. O meu avô que também foi meu pai me ensinou a sonhar, e eu vou realizar o nosso sonho e tudo que sonhamos juntos!

— Meu anjo, você está nervosa, não está raciocinando direito, mas sabe que vai superar, aqui é o nosso mundo… — Ele se levanta vindo em minha direção e fala com orgulho da vida que leva.
Vitor sempre foi assim, nunca desejou mais do que tem, ele não tem o mesmo sonho que o meu de ir para cidade grande, ele prefere continuar vivendo das plantações, da vida sossegada e pacata que temos aqui, mas isso aqui só vai me trazer lembranças do que não vai voltar. O Vitor sempre disse que não se deslumbra com o que ver nas novelas sobre como é morar na cidade grande, e nem sobre as oportunidades que tínhamos se vivêssemos lá com uma vida mais prática.
— Mas eu sempre quis ir para lá e você sabe, eu quero estudar, viver o meu sonho, meu vô sempre disse que eu posso ir longe... Eu tenho que acreditar nisso, eu preciso acreditar nesse sonho! esse é o nosso momento, logo seremos só nós dois, unidos para sempre... — falo esperançosa pela sua compreensão e total apoio.
— Após o casamento a gente vai!
— Meu anjo, o que faríamos lá? Longe de minha família, a única coisa que conheço é a terra, isso e o que fiz até hoje, também tem meus pais a Alice, eu não posso sair por ai e deixá-los, eu sou o único filho homem e eu tenho que cuidar deles... E o meu dever como filho! — ele tenta argumentar deixando bem claro a sua decisão. Suas mãos me acalentam como um balsamo, eu fecho os meus olhos e debruço a minha cabeça no seu ombro e me aconchegando no seu corpo e absorvendo o cheiro do seu perfume que me inunda e me acalma.
— Você poderia aprender outras coisas... — insisto uma última vez.
Ele solta um longo suspiro.
— Olha, meu anjo, o meu pai chegou a me contar uma vez que minha mãe antes de se casar também queria fazer outras coisas, mas ela veio para cá com ele e eu sempre a vejo com um grande sorriso, ela tá feliz com o que tem, vivemos de forma simples, mais feliz, não precisamos de mais nada... — ele insiste em me convencer com suas promessas, porém não consegue convencer o meu coração do contrário. Eu também tenho um dever como filha e neta...
Olho para baixo meio contrariada, ainda pensando nas possibilidades que poderíamos ter na cidade grande.
— Acho que o que eu preciso é descansar, enterrar meu avô não foi nada fácil! —falo, querendo acabar com esse assunto, pois sei que não vou convencê-lo de imediato, mas a certeza de que quero mudar de vida, não saia mais de minha mente.
— Isso é verdade, você não quer ir comigo?
— Não, eu prefiro ficar sozinha para digerir tudo isso. — Falo ainda em seus braços.
— Amanhã eu venho ver como você está! Não se esqueça que eu te amo... — ele fala, e embora eu estivesse contrariada a sua declaração de amor conforta o meu coração angustiado. A melhor coisa do mudo e saber que você e amada...
— Até o infinito? — pergunto, num tom choroso.

— Para sempre, até o infinito! — ele responde, me dando um leve beijo nos lábios de despedida. Assim que nossas bocas se separam, caem novas lágrimas de meus olhos, por constatar que assim que ele passasse por aquela porta eu ficarei sozinha, apenas a dor da perda será a minha eterna companhia. E com os meus pensamentos que me torturam e me enchem de dúvidas e esperança ao mesmo tempo.

Eu o puxo pelo braço quando ele está saindo e novamente lhe dou um beijo, só que dessa vez de forma mais intensa, como num ato desesperado para provar a mim mesma que não estou sozinha e que ainda tenho Vitor o do meu lado.
Ele parece ter ficado surpreso com meu ato, porém, após alguns segundos corresponde o meu beijo, na mesma intensidade. Perdemos o fôlego em meio aos nossos lábios que dançam num ritmo que arrepia todo o meu corpo, assim que nos distanciamos encerrando o beijo, ele permanece com suas mãos ainda em meu corpo, a respiração que vagamente volta ao normal e ele com os seus olhos examinando os meus que só tem incertezas neste momento, enquanto os deles parece tentar me confortar de alguma forma e me passar alguma segurança. De que escutá-lo, é o caminho certo pelo simples fato de que só ao seu lado eu serei feliz.
— Uau! Este beijo com certeza vai me tirar o sono esta noite... — ele brinca, e sorri, talvez para tentar me animar um pouco, mas continuo triste.
—Meu anjo, daqui dois meses estaremos casados, e nunca mais você vai se sentir sozinha... Falta muito pouca para que seja minha mulher!

Ele parece ter notado minha carência, eu apenas o respondo com um sorriso fraco, enquanto meus pensamentos fervilham em um milhão de possibilidades.
Quando Vitor vai embora, começo a andar pela minha casa, silenciosa, vazia e humilde, paro na janela de minha casa e olho para o lado de fora vendo as estrelas brilharem cada uma no seu pequeno espaço, penso no meu avô, ainda descrente de que ali tenha alguma chance de que eu seja feliz eu caminho para o meu quarto que fica ao lado do que pertencia ao meu avô.
Agora sem meu avô, não sinto mais que pertenço a este lugar. Vitor diz que me ama, e eu o amo profundamente também, mas o meu coração dói, cada vez que penso que ele pode não me amar o suficiente para acreditar nos meus sonhos, para seguir comigo em busca de uma vida melhor para o nosso futuro, para tentar comigo e juntos buscarmos o melhor para os nossos filhos, para nunca mais, nunca, termos que passar por essa dor novamente.

Lágrimas descem dos meus olhos, enquanto me sinto perdida, sem saber ao certo o que fazer. Sei que ainda está cedo para pensar nesse assunto, já que acabei de perder meu avô, e minhas emoções estão fora de controle, porém eu sinto que essa dor continuará me acompanhando de qualquer forma, estou sozinha e o único som que eu ouço e o do meu próprio choro e lamento.

Espero que tenham gostado!
Pessoinhas, cadê vocês?
Comentem o capítulo para mim ficar sabendo o que estão achando! Está é a minha primeira história, e tenho muitas dúvidas, se eu realmente levo jeito para autora…

11 de Agosto de 2019 às 19:23 0 Denunciar Insira Seguir história
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