lara-one Lara One

Nossos agentes estão angustiados, tristes, cansados e sem ânimo algum. O que poderia estar acontecendo com eles? Pra entenderem basta sentirem a angústia deles. Se o coração de vocês ficar pesado, descompassado de amor, e o mundo parar lá fora, eu consegui minha intenção...


Fanfiction Seriados/Doramas/Novelas Para maiores de 21 anos apenas (adultos).

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S04#09 - TODAS AS COISAS (COM PERDÃO DAS QUE NÃO FALTAM) ... - PARTE I

INTRODUÇÃO AO EPISÓDIO:

Arquivos X – 7:22 A.M.

Scully entra na sala. Mulder está observando uma foto que segura nas mãos. Scully senta-se em sua cadeira. Mulder olha pra ela. Ela olha pra ele.

MULDER: - ... (ANGUSTIADO) Perdi o sono. Vim pra cá. Não quis acordar você.

SCULLY: - ... (ANGUSTIADA)

MULDER: - ... Recebi essa foto. Um fotógrafo amador conseguiu captar o exato momento em que luzes misteriosas brincavam nos céus de Ottawa.

SCULLY: - (CONTINUA OLHANDO PRA ELE)

MULDER: - Tenho duas passagens para o Canadá. Talvez nós dois descobriremos mais alguma resposta.

SCULLY: - ...

MULDER: - Mas precisamos ir depois da reunião, Skinner quer falar conosco. Temos de preparar o relatório do caso Godmann, pegar as análises no laboratório de balística e eu realmente preciso ir ao banco. Acho que extrapolei demais esse mês. Frohike precisa falar comigo, Chuck precisa da sua ajuda, sua mãe ligou e pediu que você retornasse a ligação e explicasse porquê não atende mais o telefone em seu apartamento. Juro que não falei que você tá morando comigo... Parece que o dia realmente está cheio por aqui. O que esperar de uma quarta-feira?

Os dois olhando um para o outro. Silêncio que se estabelece. Angústia.

MULDER: - ...

SCULLY: - ...

MULDER: - ...

SCULLY: - Estive pensando... Sobre o que você me falou ontem à noite e... (TENSA) ... Mulder, e-eu... E-eu sinto, mas... Eu... Eu não posso fazer isso. Não é da minha índole, eu...

Ela levanta-se. Aproxima-se dele. Mulder olha pra ela. Ela envolve os braços na cintura de Mulder e recosta-se nele. Fecha os olhos, como se pedisse carinho e atenção. Cansada. Mulder solta a foto no chão e envolve os braços nela, fechando os olhos. Nenhuma palavra. Apenas o som da respiração descompassada deles e da angústia mútua.

VINHETA DE ABERTURA: A VERDADE ESTÁ AQUI.


BLOCO 1:

10:22 A.M.

[Som: Moby - The Sky is Broken]

Os dois sentados em suas cadeiras. Pensamentos distantes. Silêncio. Mulder faz uma corrente de clipes. Algumas vezes olha pra ela. Mas desvia o olhar, tentando conter-se. Ela finge que lê alguns papéis, mas está fora da realidade. Olha algumas vezes pra ele, mas disfarça. Até que os olhares se cruzam, flagrando um ao outro.

Mulder levanta-se. Angustiado. Pega as passagens de cima da mesa. Rasga-as, sem titubear, e joga no lixo. Respira fundo, como se jogasse fora um peso que não queria carregar. Ela olha pra ele, incrédula. Mulder veste o paletó. Aproxima-se dela e lhe estende a mão. Ela olha pra ele e entende. Segura em sua mão.


11:12 A.M.

[Som: Moby - The Sky is Broken]

Geral da sala do apartamento de Mulder. Vazia. Câmera de aproximação até o quarto. Mulder e Scully, ainda vestidos, deitados. Ele recostado nos travesseiros, com a camisa semi-aberta, a gravata ao redor do pescoço. Ela deitada, com a cabeça por sobre o peito dele, acariciando seus pelos suavemente. A perna por sobre as pernas dele. Mulder afaga os cabelos dela com os dedos, suavemente.

[Silêncio. Angústia. Olhares distantes. Pensativos.]


12:11 P.M.

[Som: Moby - The Sky is Broken]

Close do telefone sobre a cômoda, que toca sem parar.

Corta para a cama. Eles continuam do mesmo jeito. Indiferentes ao som do telefone.

O telefone toca até parar.

O silêncio ainda permanece. Scully fecha os olhos, se abraçando em Mulder. Ajeita-se, aconchegando-se nele. Mulder a envolve nos braços. Fecha os olhos.


1:02 P.M.

Close da secretária eletrônica.

SKINNER (OFF): - Mulder, preciso que entre em contato comigo. Estou tentando seu celular e está desligado. Há uma reunião urgente para definir metas e quero que você e Scully estejam lá.

Som do telefone que desliga.

[Som: Moby - The Sky is Broken]

Corta para a cama.

Mulder deitado, olhando para o teto, angustiado. Scully, atravessada na cama, com a cabeça sobre o corpo dele, olhando para o nada, com as mãos enlaçadas por sobre sua barriga.


2:07 P.M.

[Som: Moby - The Sky is Broken]

Close da janela.

Som da secretária eletrônica.

SKINNER (OFF): - Mulder, vai me deixar em maus lençóis. A reunião é às quatro. Preciso de vocês aqui.

Corta para os dois na cama. Eles continuam imóveis. Distantes. Em silêncio.


3:27 P.M.

[Som: Moby - The Sky is Broken]

Batidas na porta. Mulder deitado na cama, apoiando o cotovelo no travesseiro e a cabeça na mão. Scully deitada de costas, pra ele. Ele desliza seus dedos pelo braço dela, acariciando-a, percebendo a pele dela arrepiar-se. Ela fecha os olhos.

[Silêncio. Olhares distantes. Tempo que pára. Corações que se fazem ouvir.]


4:12 P.M.

[Som: Moby - The Sky is Broken]

Os dois nus, debaixo dos lençóis. Scully de costas pra ele. Distante. Ele a admira, como quem idolatra alguma coisa, fazendo carinhos nela. Ela vira-se pra ele. Ele olha nos olhos dela. Sérios. Mulder passa os dedos por sobre o rosto dela. Ela fecha os olhos. Ele aproxima os lábios do rosto de Scully. Beija ternamente cada ponto do rosto dela, como se a reverenciasse. Ela, de olhos fechados, respiração descompassada, como quem luta com o sentimento, que quer explodir do peito pra fora. Coloca seu braço ao redor do corpo dele.

Mulder desliza os lábios pelo rosto de Scully, procurando os lábios dela. Trocam um beijo suave, longo. Ela deixa o braço cair de cima dele, como que entorpecida. Repousa as costas no colchão. Ele vira-se mais pra ela, deixando seu corpo quase por cima do de Scully, afagando-lhe o ombro com os lábios semi-abertos e o corpo com seus dedos, em toques suaves. Ela dobra o joelho, afastando sua perna.

Scully, de olhos ainda fechados, envolve os dedos nos cabelos dele, sentindo os lábios de Mulder em seu pescoço. Escorrega uma das mãos para as costas dele. Desliza as pontas dos dedos, subindo e descendo em carícias pelas costas de Mulder.

[Silêncio total. O mundo parou.]


5:27 P.M.

[Som: Moby - The Sky is Broken]

Scully deitada, olhos fechados, com um lado do rosto no travesseiro, agarrando-se nos lençóis da cama, com as pernas erguidas para cima. Mulder, apoiado contra o corpo dela, segura as pernas de Scully pra cima, deslizando seus lábios, sugando, entre beijos e língua, os calcanhares e as canelas de Scully.


6:12 P.M.

Mulder entra na sala, cabisbaixo, vestido num robe. Pega o telefone. Senta-se no sofá. Observa o telefone em suas mãos. Fecha os olhos, angustiado e tenso. Suspira. Olha pro telefone. Disca.

MULDER: - ... (ANGUSTIADO) Preciso falar com você... Sei... E-eu peço desculpas, Skinner... Não, está tudo bem... Eu... Eu só estou me sentindo angustiado... Preciso de um tempo... Não, não é nada com os Arquivos X, é que... Eu... Eu agora tenho outra coisa importante na minha vida... E deixá-la pra depois, me deixa angustiado.

Scully passa por Mulder, vestindo um robe longo de seda preta. Vai para a cozinha. Mulder a acompanha com os olhos.

MULDER: - (ANGUSTIADO) Sei... Skinner, eu... Não sei se vai entender o que estou passando, mas... Preciso falar com um amigo agora. Se quiser me dar bronca como chefe, faça isso depois... Eu sei fiz por merecer, te deixei na pior...

Mulder abaixa a cabeça, tenso.


6:22 P.M.

Scully preparando jantar. Séria. Distante. Ela observa os legumes que corta, como se não os visse ali. Mulder aproxima-se dela, envolvendo seus braços em sua cintura e colocando o queixo por sobre seu ombro.

MULDER: - Tenho um mês de licença médica que não cumpri. Você tem três meses de... (RELUTA) licença maternidade, não cumprida.

SCULLY: - (ANGUSTIADA) O que ele disse?

MULDER: - Que podemos ficar fora. Se precisar de nós, ele nos chama.

SCULLY: - ...

Ela continua picando os legumes. Ele agarrado nela.

MULDER: - (ANGUSTIADO) Esquece isso. Eu não tô com fome. Eu não tenho mais fome, não tenho mais sono, não tenho mais vontade de fazer nada. Não sei que horas são, que dia é e... Sinceramente, pouco me importo com isso.

SCULLY: - (SORRI) Nem eu... Este é um daqueles dias em que tudo pára e... (ANGUSTIADA) E-eu me sinto deprimida porque tudo que mais quero é ficar com você, quietinha num canto, mesmo que seja pra ficarmos calados, mas só pra estar do teu lado... (SUSPIRA) Hoje me sinto cansada. Angustiada. Não quero lutar. Eu só quero deixar vazar as coisas que sinto em meu coração. Se não fizer isso, vou continuar nessa angústia que me deixa deprimida.

MULDER: - (SUSPIRA) Essa angústia é recíproca, Scully.

SCULLY: - ...

MULDER: - ... (SÉRIO) Pra onde?

SCULLY: - (SÉRIA) Pra bem longe daqui.

MULDER: - Sugestões aceitas.

SCULLY: - (SORRI) Adoro o mar. Ellen tem uma casa, numa praia bem deserta e ela nunca me diz não...

Mulder vira o rosto, ainda recostado no ombro de Scully e olha pra ela. Ela ainda picando legumes, sem prestar atenção alguma neles, automaticamente.

MULDER: - (SORRI) Sério?

SCULLY: - (ANGUSTIADA) Precisamos de espaço, Mulder. Preciso ficar só com você e Deus sabe o quanto eu preciso disso.

MULDER: - ... (SUSPIRA)

SCULLY: - ...

MULDER: - (PENSATIVO) Poderíamos ter levado uma suspensão pelo que fizemos hoje. Mas eu não pensei em nada. Eu precisava ficar sozinho com você. Longe de tudo. Isto era a única coisa importante.

SCULLY: - Ottawa e as luzes misteriosas também. O FBI...

Mulder desliza as mãos pela cintura dela e a vira para si. Olha em seus olhos.

MULDER: - Não, Scully. O mundo que espere. (SUSPIRA/ OLHANDO PRA ELA COM TERNURA)... Eu estou apaixonado... E penso que tenho o direito de viver esse sentimento. Acho que estou morrendo por isso. (ANGUSTIADO) Preciso fugir do mundo Scully... Eu preciso do nosso mundo, entende? O mundo particular que criamos, só nosso. Sem mais ninguém. Sem mentiras, sem conspirações...

Mulder coloca os cabelos dela pra trás das orelhas. Ela olha pra ele angustiada, com o coração apertado, os olhos enchendo-se de lágrimas. Mulder olha pra ela com ternura. Segura o rosto dela em suas mãos e a beija. Ela escorrega os braços, deixando a faca cair no chão. Eles afastam os lábios. Mulder a envolve nos braços. Scully joga o corpo pra trás, se entregando. Mulder abre o robe dela e começa a beijar seus seios. Scully envolve as mãos nos cabelos dele, ofegante. Levanta a perna e a enlaça no corpo de Mulder, deslizando-a pra cima e pra baixo, pressionando-a contra a perna dele. Mulder a ergue subitamente. Respiração tensa dos dois. Ela envolve as pernas ao redor do corpo dele. Desce suas mãos e desata o robe que ele veste. Afasta o robe de Mulder dos ombros, beijando-lhe os lábios com desejo. Mulder a encosta na pia. Ela se agarra em seus cabelos, percorrendo os lábios por seus ombros e pescoço, num desejo incontido. Mulder a agarra com mais força.

MULDER: - (MURMURA, ENQUANTO ROÇAM SUAS BOCAS) Eu te quero...

SCULLY: - ... Aqui não... Eu quero espaço... (OFEGANTE) Me leva pra cama...

Mulder a leva pro quarto. Vão se beijando pelo caminho, ela com as pernas ao redor do corpo dele. Mulder chuta a porta do quarto, e entra. Scully enlouquecida, beijando seu pescoço, derrubando lágrimas, numa explosão total de sentimentos.

SCULLY: - (MURMURA) Me põe na cama, Mulder...

Ele a coloca na cama. Ela estende os braços, o chamando. Mulder deita sobre o corpo dela. Ela afasta as pernas, tenta tirar o robe dele, com pressa. Mulder ergue-se e tira o robe. Deita-se sobre ela novamente. Scully comprime suas coxas contra o corpo dele. Mulder a beija numa ânsia incontrolável. Suas línguas se tocam, suas mãos procuram umas as outras. Mulder solta as mãos dela e agarra-se em seus cabelos, descendo seus lábios pelo queixo e pescoço dela.

SCULLY: - (MURMURANDO/ SEGURANDO AS LÁGRIMAS) Deus, como eu te amo... Isso é angustiante...

Scully fecha os olhos, estendendo os braços na cama. Mulder desce sua língua para os seios dela. Ela sente sua pele arrepiar-se aos toques dele. Ele desce, beijando e mordiscando o corpo dela. Scully grita de prazer. Envolve suas pernas em Mulder, agarrando seus cabelos, o guiando por seu corpo, soltando gemidos. Mulder desliza a mão procurando o seio dela. Agarra-o, enquanto beija as coxas dela. Scully agarra-se mais nos cabelos dele, o puxando pra cima. Mulder obedece. Mal respira. Os dois trocam um beijo, mordendo os lábios um do outro.

MULDER: - Scully... Eu não consigo me conter... Me perdoa, mas hoje não tá dando...

Ela grita, sentindo-o entrar em seu corpo. Agarra-se nele, com as unhas em suas costas. Mulder beija-lhe o pescoço.

MULDER: - Te machuquei...

SCULLY: - Não...

MULDER: - ... (OFEGANTE)

SCULLY: - (GEMENDO BAIXINHO)

Mulder move seu corpo contra o dela, suavemente, também gemendo baixinho. Aconchega sua cabeça no ombro dela. Ela desliza uma das mãos para os cabelos dele e a outra pelas costas dele, gemendo também. Abraça-o com força, com emoção, com um carinho e lágrimas incontidos. Mulder aproxima os lábios da orelha de Scully. Murmura emocionado.

MULDER: - Muito mais do que prazer... Do que corpo... Isso é alma... Energia... Só queria ter o dom de ver a luz que exala de nossas almas... Num momento como esse... Tão verdadeiro... Tão puro...

Mulder procura as mãos dela. Move seu corpo contra o dela, em ritmos suaves. Os dois enlaçam as mãos com força. Scully sente as lágrimas dele, rolando por seu ombro.

[Som: Moby - The Sky is Broken]

[Afastamento de câmera. Movimento de recuo lento, da cama para fora do quarto, focalizando apenas a luz violeta brilhante e intensa da aura deles que sai pela porta, tomando conta do ambiente.]


11:29 P.M.

Mulder sentado dentro do carro, ouvindo Sarah Brightman. O carro estacionado. Scully entra.

SCULLY: - Ela te mandou um beijo. Disse que vai tomar conta do Cookie. Dei suas chaves pra ela alimentar os peixes.

Mulder liga o carro. Sorri.

MULDER: - Sua mãe é uma das poucas criaturas que conheço que tem o céu garantido.

SCULLY: - Ela disse que só vai fazer isso porque está adorando a ideia da gente morar juntos. Disse que vai fazer uma faxina naquele apartamento e que vai cuidar direitinho do genrinho dela. Acho que ela está apaixonada por você.

MULDER: - (SORRI)

SCULLY: - Ela... Ela disse que sabe o que sentimos, Mulder. E que vê em nós o mesmo tipo de relacionamento que ela tinha com papai. Por isso ela se emociona e nos quer ver tão felizes.

Scully abaixa cabeça. Ele dirige.

SCULLY: - ... Mulder.

MULDER: - Fala.

SCULLY: - ... Quando eu quase te perdi... Foi que me dei conta... De que eu sou a sua família. Que se você morresse ali, sem eu saber, ninguém saberia, porque você não tem ninguém... Que a minha família é a única família que você conhece. E eu tenho medo disso.

MULDER: - Medo?

SCULLY: - É, sim... Eu... Eu não sei até que ponto você estava preparado pra entrar em algo tão complexo...

MULDER: - Lembra-se do seu aniversário em San Diego? Quando eu te disse que eu nunca tive uma família de verdade?

SCULLY: - ...

MULDER: - Agora eu tenho.

Mulder olha pra ela e sorri. Scully olha pra ele sorrindo também. Mulder segura sua mão.

MULDER: - Eu estou gostando de brincar de casinha, Scully. Achava que isto era a coisa mais chata do mundo. Mas não me culpe, tive uma ‘escola’ ruim, que me fez pensar que casamentos eram acordos, que filhos eram vítimas de um erro e família... Uma palavra derivada do conceito de ficção.

SCULLY: - ...

MULDER: - (RELUTANTE) ... Scully... Eu tenho que te falar isso.

Ela olha pra ele.

MULDER: - Sei que prometemos nunca mais tocar no assunto... Mas isto é importante pra mim.

SCULLY: - ...

MULDER: - ... Talvez não seja a hora, nem o momento... Nossa perda ainda é recente. A dor ainda é visível, embora a gente minta muito bem um para o outro. Mas eu preciso te dizer isso.

SCULLY: - Sei o que vai dizer, Mulder. Mas eu não posso. Eu não quero mais. Eu tenho medo.

MULDER: - Existem outras formas. Existem crianças por aí esperando pra ter uma família. E eu agora me sinto pronto pra isso. Acredito em nós, Scully. Acho que nós dois teríamos uma família bonita.

Ela está tensa. Mulder aperta a mão dela.

MULDER: - Mesmo sendo dois malucos, eu acho que saberíamos como criar nossos filhos...

SCULLY: - (PENSATIVA) Nossos filhos...

MULDER: - ... (TRISTE)

SCULLY: - (SÉRIA) Nossos... Filhos... (SORRI) Filhos... (OLHA PRA ELE) Isso tem um significado completo pra mim, Mulder. E se tinha antes, agora tem mais ainda. Porque é ‘nosso’, entende? Nosso. Meu e seu. Do Mulder e da Scully. Não é mais algo que eu queira só por mim... É algo que eu quero com você... Coisas de mulher, Mulder. Jamais entenderia...

MULDER: - ...

SCULLY: - Mas são coisas que descartei. Nunca poderei ter um filho seu. E isso me desconsola. Como eu disse, coisas de mulher. Você não poderia entender o que é o significado de se ter um filho do homem que a gente ama. Gerá-lo dentro de si e sentir a grandiosidade da palavra vida. É diferente do que pegar um filho dos outros, pronto... Sei que podemos ter o nosso, você me entregou a chance, mas...

MULDER: - ... (TRISTE) Acha que eu não entendo essa diferença?

SCULLY: - Eu tenho medo disso. E sei que você tem tanto medo quanto eu. Perdemos um. Perderemos todos. Eu não vou arriscar. Podemos adotar um bebê, pelo menos não correria riscos, porque não seria nosso. Mas mesmo assim, não é hora.

MULDER: - ... Eu sei. Mas eu não quero que você perca sua esperança. Nem quero perder a minha.

SCULLY: - ...

MULDER: - Sei que ainda não paramos para conversar sobre as coisas que nos aconteceram... Até porque relembrar é sofrer de novo. Mas eu quero te pedir desculpas pelas tantas vezes que te neguei um filho por causa do meu medo. Quero te dizer que agora, eu entendo o significado disso. Eu senti a emoção. Eu senti o quanto isto mudaria a minha vida. O quanto de beleza existe nas coisas normais. O quanto eu ainda posso ser o Mulder, chegar naquele apartamento exausto, me atirar naquele sofá e ouvir uma vozinha me pedindo por um pouquinho de atenção. Então eu me levantaria da minha angústia, do meu cansaço, da minha falta de esperança e do meu medo e mergulharia no mundo da inocência, do Pokemón, do que a professora falou na escola, sei lá... A palavra pai não afetaria o Mulder. Pai acrescentaria algo na vida desse Mulder, que está cansado de perder sempre. Pelo menos, ele chegaria em casa, depois de um dia cheio de visões aterradoras e sombrias, e teria um conforto. Uma visão da beleza do mundo, da esperança... Da inocência. Eu veria ali, um elo concreto e perfeito entre eu e você.

SCULLY: -... Não tem mais medo disso? Dessa responsabilidade? Dos seus genes?

MULDER: - Não. Meus medos foram embora. Junto com o Fumacinha. Meu único medo é que meus genes implicam em desgraça física pra essa criança.

SCULLY: - ...

MULDER: - ...

SCULLY: - Mulder, não precisa me falar nada. Mas eu sei o quanto o ama.

MULDER: - ... (ABAIXA A CABEÇA)

Ela percebe que ele sente-se culpado por isso. Olha pra ele, carinhosamente.

SCULLY: - Tudo bem, Mulder. Perdoar não significa aceitar de volta... O que sente é natural. Ele é seu pai. Por pior que seja, por mais erros que tenha cometido, ele é o seu pai. Ele te deu a vida. Pouco importa como, se foi um erro, se foi planejado... A ligação de vocês é muito grande. É sangue, Mulder, e sangue é uma coisa muito séria. Não há como fugir disso. Nem lutar contra isso. O melhor é perdoar e seguir adiante. Se você foi uma experiência, não pode condená-lo. Se algum dia tivermos um filho, ele virá de um laboratório também! Entende o que eu digo? Mudam os objetivos, Mulder, mas nunca o sentimento.

MULDER: - Não tem raiva de mim por perdoar um canalha que te fez sofrer?

SCULLY: - Se você pode perdoá-lo, eu posso perdoá-lo. Jesus foi crucificado, humilhado, açoitado, cuspido. Estava morrendo, pediu por um pouco de água e lhe deram vinagre. E ele ainda pediu que Deus os perdoasse e os perdoou. Quer maior exemplo do que isso? Quem somos nós para segurar raiva e ódio, que só acumulam dor e sofrimento? Não se sentiu mais leve quando parou de lutar contra seus sentimentos?

MULDER: - Eu tirei uma cruz dos meus ombros, Scully. Fiquei leve. Por um instante, eu me senti como renascido das cinzas... E eu só entendi isso quando deixei de ser filho e fui pai. Essa foi a mais dolorida das verdades, Scully. E se agora eu sei a verdade, eu não quero nunca mais mexer com ela. Algumas coisas não estão ao alcance de entendimento. Agora eu aprendi que posso buscar qualquer verdade. Mas que não devo tocá-la.

Os dois ficam em silêncio. Mulder pára o carro repentinamente. Dá marcha ré. Estaciona.

SCULLY: - O que foi?

Ele sorri.

SCULLY: - (RINDO) Mulder, o que foi?

MULDER: - Quer casar comigo, Scully?

SCULLY: - De novo?

MULDER: - Eu já te disse, Scully. Um casamento com você é pouco.

Scully olha pela janela. Sorri.

SCULLY: - Mas Mulder, não podemos ter registro disso.

MULDER: - Ah, Scully, são cerimônias rápidas e o registro só fica com a gente. Escondemos o registro. Pelo menos, até descobrirem, já será tarde.

SCULLY: - ... Hum...

MULDER: - (EMPOLGADO) Aceita, vai.

SCULLY: - ... Não sei, Mulder. (DEBOCHADA) É muito cedo pra gente tomar uma decisão dessas. Ficamos 7 anos no flerte, são 3 de namoro... Eu posso me arrepender depois...

MULDER: - Que tal, por uma única vez, seguir seus impulsos e esquecer do destino? Hum?

Ela sorri.

SCULLY: - Tá certo. Quer dizer que hoje eu serei a senhora Mulder diante da justiça.

MULDER: - Errado.

SCULLY: - Ahn?

MULDER: - Eu serei o senhor Scully.

SCULLY: - (RI) Tá brincando comigo, não é mesmo?

MULDER: - Não.

SCULLY: - (RINDO) Mulder!

MULDER: - Pelo menos eu serei alguém que existe! Já que não sou um Mulder mesmo... Nem um Spender... Nem sei quem é essa gente!

SCULLY: - Mas meu sobrenome não combina com o seu!

MULDER: - Nem o meu combina com o seu.

SCULLY: - Mas Fox Willian Mulder Scully é muito horrível!

MULDER: - Dana Katherine Scully Mulder também.

SCULLY: - É, você tem razão. Não sei qual a pior alternativa.

MULDER: - Vai, me deixa ser um Scully. Eu tiro o Mulder fora.

Ela olha pra ele rindo.

SCULLY: - Mas daí você não será mais um Mulder e eu não posso mais te chamar de Mulder! Aí terei de chamá-lo de Fox, que é terrível, ou pior, de Scully, e isso vai me deixar confusa!

MULDER: - Mas se você tirar o Scully, eu é que não vou te chamar de Mulder. Daí você não será mais uma Scully, e eu não sou um Mulder, e daí você não será nada...

SCULLY: - (PENSATIVA) ... Não me confunda!

MULDER: - (PIDÃO) Ah, vai, deixa, vai. Ô Scullyzinha, tão fofinha, tão bonitinha, a minha ruivinha... Eu quero... Eu tô sofrendo...

SCULLY: - (RINDO) Não sei, Mulder...

MULDER: - Eu vou continuar sendo o seu Mulder. Bem mais seu.

SCULLY: - Hum... Tá bom, eu deixo. Pelo menos teremos um motivo pra viajar: Lua de mel. Mas acho que Scully-Mulder combina mais.

Os dois saem do carro, rindo, apressados. Dão as mãos e correm até a igreja. Scully pára. Ele olha pra ela.

MULDER: - O que foi?

SCULLY: - Não trouxemos o arroz.

MULDER: - Ah, eu tenho sementes de girassol.

SCULLY: - Mas não estamos apropriados para a ocasião...

MULDER: - Tudo bem que estou de jeans e camiseta, mas tô com o paletó por cima.

SCULLY: - Mas eu estou de tailleur! E preto, ainda por cima!

MULDER: - Preto dá sorte, assim usará branco no meu enterro, Scully. E você não é tão pura assim pra entrar aí num vestido branco. O que restava de puro em você, eu já tirei.

SCULLY: - (RINDO) Cafajeste! E as testemunhas?

MULDER: - O padre que arranje. Se isto funciona 24 horas por dia, devem ter testemunhas de plantão. Vem, vamos, antes que você se arrependa de fazer essa besteira outra vez.

SCULLY: - E as alianças?

MULDER: - Eu troco minha aliança por seu anel.

SCULLY: - Mas ele não cabe nem no seu dedo mindinho!

MULDER: - (DEBOCHADO) Tudo bem. Você me dá esse crucifixo. Eu te dou a minha aliança e você a coloca no dedão do pé. Depois nós trocamos de novo.

Eles riem. Os dois correm até a igreja, apressados.


BLOCO 2:

Local desconhecido (por via das dúvidas) - 4:32 P.M.

Trovoadas. A chuva cai forte. Mulder entra na casa, segurando Scully no colo. Ela com os braços ao redor do pescoço dele, segurando um buquê de flores do campo. Está com um véu branco curto e grinalda na cabeça. Os dois completamente encharcados. Mulder a coloca no chão. Sacode o paletó molhado, com flores do campo na lapela. Scully tira o véu. Tira o casaco. Coloca as flores sobre o sofá. Mulder volta pro carro. Scully olha pra sala. Ambiente chiquérrimo. Janelas de vidro panorâmicas, a visão da praia. Scully passa as mãos empurrando os cabelos molhados para trás. Mulder volta trazendo as malas. Fecha a porta. Scully esfrega as mãos.

SCULLY: - Frio...

MULDER: - Devemos ser loucos, eu sei. Poderíamos estar nus na Califórnia... Só porque resolvemos ficar a sós, o tempo fica feio e emburra desse jeito.

Os dois ficam parados, olhando pro ambiente. Sérios.

MULDER: - Uau. Ellen é milionária?

SCULLY: - Não. Isso é ‘herança de marido vivo’.

MULDER: - (DEBOCHADO) Puxa, até eu queria um marido assim...

Os dois se olham. Riem.

MULDER: - Isso aqui tá muito chique pro meu gosto... Janelas panorâmicas, varanda, tapetes pra afundar os pés... Móveis de mogno... Hum... Viu, Scully? Algo assim eu não posso te deixar como ‘herança’.

Ela sorri.

MULDER: - (DEBOCHADO) Se tivesse aceitado a lanterna do diretor assistente... Poderia ter uma casa assim.

SCULLY: - (DEBOCHADA) Prefiro morar num barraco, mas ter você do meu lado. E além do mais, Mulder, eu não conheço a lanterna do diretor assistente, mas aposto que a sua é bem maior. Com toda a certeza.

MULDER: - Minha tia Ann Victory dizia: quando a fome entra pela porta, o amor sai pela janela.

SCULLY: - Bom... Tem um dinheiro num envelope, no seu apartamento. Presente do seu pai.

MULDER: - Entregue aquilo pra caridade. Não quero aquele dinheiro sujo, maldito. Eu sou orgulhoso.

SCULLY: - (INCRÉDULA) Vai doar 500 mil dólares?

Mulder passa a mão nos cabelos molhados.

MULDER: - (NERVOSO)... Scully, não me lembra disso, tá? Ou eu vou deixar meu orgulho pra trás.

SCULLY: - Bem, tem piscina, banheira de hidromassagem, sala de jogos...

MULDER: - (RINDO) Pára. Quer me humilhar?

SCULLY: - ... Vamos fazer uma coisa?

MULDER: - Tá.

SCULLY: - Que tal aproveitar esse friozinho? Mas primeiro tire essa roupa molhada. Vou acender a lareira pra nós.

Scully agacha-se perto da lareira. Mulder tira as flores da lapela. Guarda-as no bolso. Tira o paletó e o pendura no cabide. Está com a camiseta cinza.

MULDER: - Tá com medo?

SCULLY: - Do quê?

MULDER: - (TENSO) Sei lá. Acho que acabamos de nos casar, de confirmar um juramento... Isso envolveu seu Deus...

SCULLY: - Meu Deus?

MULDER: - (SORRI) Tá... Nosso Deus.

Ela sorri.

SCULLY: - Pegue um vinho, Mulder. Podemos beber e se quiser, cortaremos nossos dedos e selaremos isto com sangue.

MULDER: - Uau, Scully!

SCULLY: - Nunca fez esse tipo de coisa quando era criança?

MULDER: - Pra dizer a verdade, fiz com a Samantha.

Mulder caminha até o bar. Procura um vinho.

SCULLY: - ...

MULDER: - Sei... Não, Scully, nada de problemas agora. Quero só pensar em ficar enroladinho numa cama com você, vendo TV, falando besteiras e tomando vinho.

SCULLY: - E se eu ficar tontinha?

MULDER: - (DEBOCHADO) Ah, não faz isso não, Scully... Eu sou uma raposa velha.

Mulder pega uma garrafa. Ergue-a, mostrando pra ela.

MULDER: - Ahá, achei. E é chileno. Hum... Acho que poderia me acostumar com essa vida...

SCULLY: - Não se preocupe com isso. Ellen liberou o que quiséssemos.

MULDER: - Tem uma grande amiga, Scully.

SCULLY: - É você quem tem uma grande amiga e nem sabe. Eu disse que precisava de um local solitário para descansar. A primeira coisa que ela perguntou, abrindo um sorriso, foi: vai com o Mulder?

MULDER: - Mas ela nem me conhece!

Scully sorri enigmática, ajeitando as lenhas na lareira. Mulder serve o vinho. Olha pra ela, com o rabo dos olhos.

MULDER: - Mulheres. Nem quero imaginar o que você falou de mim pra ela. Mulheres juntas são um perigo. Falam pelos cotovelos!

SCULLY: - Não falei nada demais.

MULDER: - ...

SCULLY: - ... Eu só disse que você era bem dotado...

Mulder faz cara de pânico. Ela abaixa a cabeça, rindo.

MULDER: - Nem quero mais conhecer a Ellen. Ou vou morrer de vergonha de olhar pra ela e lembrar que você falou isso.

SCULLY: - (RINDO) ...

MULDER: - (DEBOCHADO) Imagina... Oi, Ellen. Eu sou o ‘bem dotado’, muito prazer... Que chato, Scully!

Scully ri. Termina de acender a lareira. Levanta-se. Aproxima-se dele. Desliza as mãos por seu peito.

SCULLY: - Acho melhor tirar essa camiseta molhada Mulder. Porque quando isto aqui ficar quentinho, eu não me responsabilizo por agressões físicas...

Ele entrega a taça de vinho pra ela.

MULDER: - Um brinde. Que a nossa felicidade seja eterna. Que se eu morrer hoje, volte pra você em todas as vidas que eu tiver.

SCULLY: - Assim seja. Que eu volte pra você também.

Os dois brindam.

MULDER: - Hum, Scully? Acreditando em reencarnação?

SCULLY: - Quando o assunto se refere a ter você, melhor não arriscar.

MULDER: - Acho que isso aqui já tá bem quentinho...

SCULLY: - Se não estiver, a gente esquenta...

Os dois se abraçam. Embalam-se. Trocam um beijo apaixonado.


6:27 P.M.

Close em Mulder, nu, deitado de bruços na cama. Olhos fechados. Scully entra no foco da câmera, nua, deslizando seus lábios, subindo pelo corpo dele. Mulder agarra-se ao travesseiro, sentindo os lábios dela a brincarem em suas costas. Scully procura os lábios dele com os seus.

MULDER: - (SORRI) Esse é um tipo de massagem bem alternativo...

SCULLY: - Esse é meu tipo de massagem preferido.

MULDER: - (DEBOCHADO) Posso massagear você?

SCULLY: - Não. Você vai ficar quietinho aí. Eu dou as ordens por aqui hoje.

MULDER: - Uau, Scully! Sem problemas. Sou todinho seu.

SCULLY: - Acho bom, Mulder. Estou ‘muito nervosa’ hoje.

MULDER: - Tudo bem, estou imóvel por enquanto. Mas não pode me pedir pra ficar quietinho... É uma reação involuntária ao meu corpo.

Ela puxa os lençóis pra cima deles.

MULDER: - Posso só pedir um favor?

SCULLY: - Vou pensar. O que quer?

MULDER: - Não deixa marcas de mordidas no meu bumbum...

SCULLY: - Nada feito, Mulder.


7:02 A.M.

[Som: Scéne d’amour – (Instrumental com Sarah Brightman)]

[Luz tênue, vinda pela janela, início da manhã.]

Câmera de aproximação baixa, entrando no quarto, passando pelas roupas de Mulder e Scully espalhadas pelo chão.

O foco ergue-se para a cama, onde os dois fazem amor entre os lençóis.

Dedos enlaçados. Suavemente. Respiração descompassada, em silêncio.

Scully morde os lábios, de olhos fechados, enquanto Mulder move seu corpo contra o de Scully, distribuindo beijos suaves e carregados de emoção no pescoço dela.

O foco dirige-se para a janela aberta, enquanto o sol surge aos poucos no horizonte.


9:23 A.M.

Mulder sentado na areia, com os braços para trás, apoiando-se. De bermuda e uma camiseta, com um ÓVNI estampado. Scully sentada de lado, apoiando-se numa das mãos. Com a outra, pega uma conchinha. Um ao lado do outro. Ela usa um vestido longo, bege claro. Olha pra areia, pensativa. Uma mecha de cabelos caindo pelo rosto. Ele olha pra ela, para seus cabelos que refletem o brilho do sol. Ajeita a mecha para trás de sua orelha. Ela sorri. Ele a admira. Scully, com a conchinha, desenha um coração na areia. Mulder a observa. Ela percebe e sorri, mas sem olhar pra ele. Continua desenhando. Ele fica quieto, olhando pro desenho dela. Ela desenha dentro do coração as iniciais deles. Ele ajeita-se, vira-se pra trás, pega outra conchinha. Acrescenta um M no final das iniciais dela. Ela sorri meiga. Ele, debochado, desenha um bonequinho de palitos, com um cabelo channel, puxa uma seta para o lado e escreve o nome dela. Ela segura o riso. Desenha um boneco idêntico com um nariz enorme. Ele inclina a cabeça pra trás, sorrindo. Ela sorri. Ele desenha um círculo. Ela observa atenta. Ele transforma o círculo numa flor. Puxa uma seta e escreve: for you. Ela sorri, olhando pra ele. Ele olha pra ela, apaixonado.

MULDER: - Adoro você quando sorri. Não sabe o quanto você fica linda.

SCULLY: - ...

MULDER: - Já disse e volto a dizer, Scully: você precisa sorrir mais. A seriedade não combina com você. Sorrir é uma forma de mostrar sua alma. Até os médicos dizem que sorrir faz bem. Por que não faz isso, Dra. Scully?

Ela sorri.

MULDER: - Ótimo! Agora dá aquela sua gargalhada debochada, vai.

SCULLY: - (SORRINDO) Mulder, eu não consigo rir por nada.

MULDER: - (DEBOCHADO) Então eu conto de novo pra você aquela piada da médica ruiva frustrada e indignada por não conseguir nunca fazer uma endoscopia completa...

Ela solta uma gargalhada incontida. Ele olha pra ela, sorrindo.

MULDER: - Realmente... Linda! Ou eu estou ficando um cego, bobo, babão e apaixonado.

Ela fica séria. Olha pra ele.

SCULLY: - Não vai perder o seu senso de humor?

MULDER: - Por quê?

SCULLY: - Homens costumam perder o senso de humor logo depois do início de um relacionamento. Você está demorando muito.

MULDER: - (DEBOCHADO) Não vou perder meu senso de humor. Tenho a sua cara todo o dia do meu lado. Posso rir à vontade.

Ela dá um tapinha nele.

SCULLY: - Mulder!

MULDER: - (MANHOSO) Ai, tô sofrendo!

SCULLY: - Essa sua mania repentina do ‘tô sofrendo’...

MULDER: - Mas eu tô sofrendo.

SCULLY: - Hum, tadinho...

Ela envolve as mãos na cabeça dele e o puxa contra seu peito. Abraça-o.

MULDER: - (FECHA OS OLHOS) Hum...

SCULLY: - Tá sofrendo ainda?

MULDER: - Não, mas eu gosto de sofrer desse jeito...

SCULLY: - (SORRI)...

Ela solta-o. Levanta-se. Sacode a areia do vestido.

SCULLY: - Sabe de uma coisa?

Ele coloca os braços pra trás, apoiando-se neles.

MULDER: - Hum?

SCULLY: - Estou me sentindo uma criança hoje.

MULDER: - Isso é bom. Quer brincar de pegar?

Ela sai correndo. Ele levanta-se. Corre atrás dela. Ela grita.

SCULLY: - Não vale! Tem que me dar distância! Eu tenho pernas curtas!

Ele pára.

MULDER: - Tá bom. Mas vou contar até... Ô, Scully!

Ela já está longe.

MULDER: - Puxa, que dirá se tivesse pernas compridas...

Ele vai atrás dela. Ela corre, olhando pra trás. Ele já a alcançando.

SCULLY: - (GRITA) Não!!!

MULDER: - Eu vou te atirar na água.

SCULLY: - (GRITA) Não!!!

MULDER: - Eu vou te pegar!!! Buuu!

SCULLY: - (RINDO) Não!!!

Ela corre, ele a agarra pela cintura, girando-a no ar. Ela grita, rindo.

SCULLY: - Pára! A água tá fria!

Ele vai com ela pra dentro do mar. A arrastando pela cintura. Ela de costas pra Mulder, segura nos braços dele, tentando se soltar. Dá um grito, rindo.

SCULLY: - (GRITA) Não! Mulder!

MULDER: - Vem cá!

SCULLY: - Não! (RINDO) Pára!

MULDER: - Eu ganhei. Peguei você.

Ela pára de lutar. Inclina a cabeça pra trás. Trocam um beijo. Mulder a solta. Ela vira-se pra ele. Sorri maquiavélica.

MULDER: - Scully...

Ela começa a atirar água nele. Ele se defende com as mãos.

SCULLY: - Toma, seu cachorro!

MULDER: - (RINDO) Pára!!!

Ele revida. Começa a jogar água nela. Nas primeiras gotas ela grita.

SCULLY: - Ai!!! Tá gelada!!! Pára.

Os dois, com os rostos virados, atirando água um no outro, feito duas crianças. Ela aproxima-se dele e o empurra. Ele cai na água. A puxa pela perna, ela cai em cima dele. O sorriso de ambos vai diminuindo, cedendo lugar a seriedade e ao olhar. Mulder envolve sua mão no rosto dela e aproxima seus lábios. Ela fecha os olhos, aproximando seus lábios dos dele. Trocam um longo beijo. Afastam os lábios, ao mesmo tempo em que se olham. Mulder ergue as sobrancelhas, revira os olhos e finge que desmaia, despencando o corpo para trás, afundando na água. Ela ri. Ele emerge, de olhos fechados, empurrando os cabelos molhados para trás. Abre os olhos, olhando pra ela. Ela sorri, num brilho incontido.

SCULLY: - Eu te amo.

MULDER: - Não, eu é que te amo.

SCULLY: - Eu te amei primeiro.

MULDER: - E daí? Me amou primeiro e me esnobou primeiro.

SCULLY: - Não discuta.

MULDER: - Cética.

SCULLY: - Crédulo.

MULDER: - Sem graça.

SCULLY: - Idiota.

MULDER: - Boba.

SCULLY: - Feio.

MULDER: - Chata.

SCULLY: - Devolve a minha bicicleta.

MULDER: - Eu vou te pegar...

Ela solta um grito. Levanta-se, rindo, e sai correndo pra fora da água. O vestido escorrendo água, transparente. Ele se levanta.

MULDER: - (GRITA) Até a primeira duna. Mesmo assim eu te alcanço! E pobrezinha de você!


10:22 A.M.

Os dois caminham na beira da praia, de mãos dadas.

SCULLY: - Nenhuma viva alma por aqui...

MULDER: - Ainda bem...

SCULLY: - Tem certeza de que não nos perdemos?

MULDER: - Se eu me perder, pelo menos será com você.

SCULLY: - ...

MULDER: - O que prova que você se ‘perdeu’ comigo.

Ela ri. Olha pro céu.

SCULLY: - Realmente, eu me perdi. Por que demorei tanto pra me encontrar?

MULDER: - Você podia estar perdida, mas tinha um mapa. Eu nem isso tinha. Um dia, acordei e vi uma bússola ruiva. Estava ali o tempo todo, mas eu não conseguia ver. Então, eu me achei.

SCULLY: - Não quero mais me perder. Só se for com você, por você...

MULDER: - Bom, eu sou um perdido por natureza. Mas se quiser se perder comigo, e vou ficar bem empolgado com a ideia.

Os dois soltam as mãos. Mulder envolve o braço no ombro dela. Continuam caminhando.

MULDER: - Isso é estranho.

SCULLY: - O que é estranho?

MULDER: - Três anos. Há quase três anos estamos juntos. E o que mudou entre nós? Esquecendo que amadurecemos muito um com o outro, o sentimento parece ter crescido. Nunca senti isso antes, Scully. A tendência sempre é descobrir defeitos, é cair numa rotina, num tédio, é desamor. Isso é muito estranho pra mim. Talvez seja porque eu nunca tive um relacionamento tão sério.

SCULLY: - Tive relacionamentos sérios que decresceram com o tempo. Isto é novo pra mim também.

MULDER: - O que há de errado com a gente? Somos alienígenas?

SCULLY: - (SORRI) Acho que os outros é que são alienígenas. Isto deve ser aquilo que inspirava os Irmãos Grinn a escrever fábulas românticas como A Bela Adormecida e Rapunzel.

MULDER: - (SORRI)... Eu me lembro do conto da cozinheira e do frango. Era meu preferido.

SCULLY: - Quando era criança, Mulder, eu lembro que meu pai contava a história da Cinderela. Aquilo não fazia sentido algum pra mim.

MULDER: - Uma mulher que viajava numa carruagem feita de abóbora?

SCULLY: - Não. Uma mulher infeliz, maltratada por sua madrasta e irmãs, vivendo no seu cantinho, sonhando com o amor de um príncipe.

MULDER: - Se eu falar, vai me chamar de gay de novo.

Ela ri.

MULDER: - Eu me achava uma Cinderela de calças. Tinha o sonho de poder achar a minha princesa que me tiraria da minha água-furtada. O lance dos sapatos não ficaria bem.

SCULLY: - (SORRI) Eu me via mais como Alice.

MULDER: - Sabe que poderíamos escrever a nossa história? Daria um belo conto romântico.

SCULLY: - Quem acreditaria que pode haver amor tão grande num mundo tão cansado como esse?

MULDER: - Eu. Você. E muitas pessoas que procurem viver algo intenso como isso. O mundo está cansado de guerras, de desgraças. Acho que as pessoas só querem viver um grande amor. Porque todos os sentimentos vão embora, Scully. Só o amor permanece, e isto é uma verdade.

SCULLY: - ...

MULDER: - O ódio passa. A caridade cansa. O medo vai embora. Todos os sentimentos são momentâneos e desaparecem quando o amor chega e é compreendido. O amor... Ele está sempre ali, nos perseguindo, como um animal sedento por uma presa. Ele pode acabar por uma pessoa, mas ele fica, aguardando outra, nos avisando de que está ali, e que não vai desistir. Nem que seja em forma de amor-próprio, amor de mãe, amor de pai, amor de irmão, amor de amigo. Você o vê todos os dias. As pessoas a sua volta o representam, desde adolescentes apaixonados até velhos casais de mãos dadas. O amor é um exibicionista.

SCULLY: - (SORRI) Concordo com você. Ele causa inveja a quem não o tem, e assim, cria motivos para procurá-lo.

MULDER: - ... Dadãti pratigrhnãti, guhyam ãkhyãti prccati. Bhunkte bhojayate caiva sad-vidham priti-laksanam.

SCULLY: - (OLHA PRA ELE, CURIOSA) O que é isso? Hindú?

MULDER: - ... Algo como ‘se você ama alguém, deve dar-lhe algo, e deve aceitar algo dele. Você deve revelar sua mente a ele, e ele deve revelar sua mente a você. Você deve dar-lhe algum alimento, e qualquer alimento que ele lhe oferece, você aceita. O intercâmbio desenvolve o amor’.

SCULLY: - De onde tirou isso?

MULDER: - Dos ensinamentos de Srila Prabhupãda. Fundador da Sociedade Internacional dos Ensinamentos de Krishna.

SCULLY: - Impressão minha ou tem algum dedo do meu irmão Charles nessa história?

MULDER: - Ah, ele tem bons livros, Scully. Não o culpe por me emprestar. Até ganhei dois convites para um restaurante vegetariano budista. (DEBOCHADO) Mas não tenho roupa para a ocasião.

Ela sorri. Eles continuam caminhando. Abraçados um no outro.


BLOCO 3:

8:22 P.M.

[Som: Hotel California - Eagles]

Os dois jantando, à luz de velas, na varanda de um pequeno restaurante, com decoração estilo ‘havaiano’. Ao fundo, se vê o mar e a lua cheia.

MULDER: - Significa que se isto não der certo, não vai tentar de novo?

SCULLY: - Isto vai dar certo, Mulder. Porque tem tudo pra dar errado.

MULDER: - Interessante pensar nisso, sabia? Eu não consigo imaginar um final entre a gente.

Ela suspira, olhando pra ele como adolescente apaixonada.

MULDER: - ... (MEIGO) Quer me dar a honra de dançar esta música, senhora Mulder?

Os dois levantam-se. Ele a toma pelas mãos. Os dois se abraçam, dançando juntinhos. Ela recosta a cabeça no peito nele. Ele apóia o queixo no ombro dela. Fecha os olhos.

MULDER: - Queria que o tempo parasse.

SCULLY: - Acho que ele parou...

MULDER: - Sabe, eu posso imaginar brigas, situações conflitantes, mas eu não consigo me imaginar sem você. Também já aviso. Tenta me deixar depois de tudo o que vivemos juntos e eu me mato.

Ela ergue a cabeça. Ele também. Olham-se nos olhos, enquanto dançam.

SCULLY: - Não fala sério. Relacionamentos acabam. Sempre tem um que ainda quer continuar e um outro que diz basta. A gente sofre, mas consegue superar com o tempo.

MULDER: - Não com você. Você não é uma das pessoas que a gente consegue esquecer com o tempo. Você marcou a minha vida.

SCULLY: - ... (OLHOS BRILHANDO)

MULDER: - Você me fez alguém, Scully. Você me tirou da lama. Eu nunca poderia esquecer você. E só de pensar num final pro nosso relacionamento, eu chego a sentir dor. Se acabássemos tudo hoje, o que faria?

SCULLY: - Me afogaria no mar.

Ele sorri. Ela está séria.

SCULLY: - Acho que definitivamente eu desistiria de viver com alguém. Porque eu nunca mais teria coisas boas pra viver. Eu tive todas elas com você.

MULDER: - ...

SCULLY: - Todos os desafios, todas as alegrias, tristezas... A cada passo, Mulder, mesmo que em falso, nós dois crescemos como pessoas, um ajudando o outro. E nosso relacionamento amadurece. Se pensar que quando começamos isso já tínhamos um relacionamento maduro, como duas pessoas, dois amigos, dois cúmplices... Imagina agora.

MULDER: - O que lembraria de mim?

SCULLY: - Tantas coisas...

MULDER: - Mas o que mais me caracteriza para ser uma lembrança? Sem piadas sobre o meu nariz e sobre... Você sabe.

SCULLY: - (SORRI) Dizem que esquecemos das coisas boas e só lembramos das ruins. Eu poderia lembrar de você como o frágil Mulder, o atormentado Mulder. Mas não. Eu lembraria de você como o homem que me fazia rir.

MULDER: - (SORRI) Sério?

SCULLY: - E você? Como lembraria de mim?

MULDER: - Como a mulher que me deu uma vida.

Ela abaixa a cabeça, encabulada.

SCULLY: - Você sempre tem as palavras mais bonitas pra dizer... Queria ter esse dom de expressar os meus sentimentos por você.

Mulder ergue o queixo dela. Olha em seus olhos.

MULDER: - Não precisa de palavras, Scully. Elas passam. O teu olhar fala mais alto do que qualquer palavra. E existe tanta verdade nele que eu não poderia traduzi-lo.

Ela sorri. Ele, ergue delicadamente o queixo dela e aproxima seus lábios. Ela fecha os olhos. Trocam um beijo suave.

Ao fundo, a velha lua, testemunha de tantas verdades do coração.


9:02 P.M.

[Som: Tú - Sarah Brightman]

Câmera de aproximação até o banheiro. Luzes tênues. Mulder e Scully dentro da banheira. Velas ao redor. Dois copos de vinho tinto. Pétalas de rosas vermelhas dentro da banheira, flutuam sobre a espuma. Ela, com os cabelos presos no alto da cabeça, sentada no meio das pernas dele, recostada em seu corpo, brincando com uma pétala de rosa na espuma, pensativa. Mulder agarrado na cintura dela. Rosto colado no rosto dela.

SCULLY: - Estive pensando em tantas coisas... no nosso trabalho... nas coisas que falamos.

MULDER: - Sobre?

SCULLY: - Sobre aquilo.

MULDER: - ... O que tem aquilo?

SCULLY: - ... Você está quase obtendo um sim, Mulder. Mas eu preciso de coragem.

Mulder sorri. Beija-lhe o rosto. Ela pega as mãos dele e envolve os braços dele em seu peito. Fica presa entre os braços de Mulder. Fecha os olhos.

SCULLY: - Não quero mais sair daqui.

MULDER: - Não sai.

SCULLY: - Quero morrer agora, aqui, desse jeito. Pouco importa se vão me encontrar morta e nua numa banheira, com o meu parceiro de trabalho.

MULDER: - (DEBOCHADO) Pelo menos não é na banheira de um motel, com champanhe barata e um caminhoneiro barbudo chamado Bob Lee.

Ela sorri. Mexe suas pernas.

SCULLY: - Hum... Isso é gostoso... Eu poderia ficar aqui pra sempre, assim, nos teus braços...

MULDER: - Ei, quem está aí? Dana ou Scully?

SCULLY: - Dana Scully. Scully se converteu. Viu que não tinha chances de vencer a Dana. Agora ela sabe que se entregar e admitir sua feminilidade não significa perder nada.

MULDER: - O que prova que meu talento como psicólogo é nato. ... E só não funciona comigo.

Ela vira-se de frente pra ele. Olha em seus olhos. Ele a abraça.

SCULLY: - Quer tirar todas as minhas neuroses?

MULDER: - Todinhas. Mas não tem um divã aqui.

SCULLY: - (MALICIOSA) Hum, como ele é bobinho e inocente...

MULDER: - (SE FAZENDO DE BOBO) Eu sou. O que está tentando me dizer?

SCULLY: - Sua raposa velha e matreira, não banque o menino ingênuo...

MULDER: - Mas eu sou ingênuo. Você é que ‘esperta’ demais pra mim...

SCULLY: - Hum, pobrezinho... Sabe que Scully está ficando muito, mas muito ‘mázinha’?

MULDER: - E o que a Scully está pretendendo?

SCULLY: - Coisinhas.

MULDER: - Que tipo de coisinhas?

SCULLY: - All things. Todas as coisinhas. Com o perdão das que não faltam.

MULDER: - Por que pede perdão pelas que não faltam?

SCULLY: - Porque tenho medo de que vá se chocar com isso...

MULDER: - Eu não me chocaria com nada que viesse de você...

SCULLY: - Estou com vontade de ser espontânea...

MULDER: - Pois seja espontânea. Qual o problema nisso?

Ela segura-se nos ombros dele e ergue-se. Coloca os seios na frente do rosto dele. Envolve os braços na cabeça dele, o abraçando contra seu peito.

SCULLY: - Hum, te amo tanto.

MULDER: - ...

SCULLY: - Por que o silêncio?

MULDER: - (DEBOCHADO) Por que estou admirando a paisagem, perdido entre dois montes, e não quero achar a saída. Mesmo que morra de asfixia.

SCULLY: - ...

MULDER: - Por que o seu silêncio?

SCULLY: - (DEBOCHADA) Porque estou sentindo alguma coisa estranha se movendo na água...

MULDER: - (DEBOCHADO) Um tubarão?

SCULLY: - (MAROTA) Hum... Acho que não. Acho que é um ‘raposão’. Apesar de que esses bichos não costumam ser aquáticos...

MULDER: - (DEBOCHADO) Tem certeza disso?

SCULLY: - Não. Não sou bióloga.

Os dois começam a rir. Trocam um beijo. Mulder a agarra, a puxando pra cima de si. Ela senta-se sobre ele. Os dois aproximam os lábios. Mulder vai beijá-la, ela recua. Ele olha pra ela, sorrindo. Ela olha pra ele, sedutoramente.

MULDER: - Adoro esse joguinho...

SCULLY: - Eu sei...

Eles ficam se olhando. Ela aproxima os lábios do rosto dele. Ele fecha os olhos. Ela passa a língua pelo rosto dele. Mulder treme. Ela olha-o com curiosidade.

SCULLY: - O que foi?

MULDER: - Não liga pra mim. Continua... É que eu tô ficando mais e mais ‘nervoso’.

SCULLY: - (RINDO) Eu sei, percebi isso...

Ela olha pra ele. Olha pra sua boca. Aproxima seus lábios dos dele. Ele vai beijá-la, ela recua.

SCULLY: - Não... Menino mau.

MULDER: - (SORRI)...

Ela aproxima os lábios dos dele novamente. Mulder fica quieto, sem reagir. Ela coloca a língua dentro de sua boca. Mulder arregala os olhos. Ela afasta-se. Olha pra ele.

SCULLY: - Algum problema?

MULDER: - (DEBOCHADO) Todos que possa imaginar. Não consigo mais comandar o meu corpo.

SCULLY: - (SORRI)

MULDER: - Língua safada essa, né, Scully?

Ela volta os lábios pra perto dos dele. Ele olha pra ela, quase não se contendo. Pele arrepiada. Ela coloca a língua em sua boca, ele parte pro beijo, devorando-a, agarrando-a contra ele. Ela abre os olhos, tenta soltar os lábios e não consegue. Depois de um longo beijo, ela solta-se dele, empolgada.

SCULLY: - Nossa! O que deu em você?

MULDER: - Tesão.

SCULLY: - Ah! Tá explicado.

MULDER: - Scully, não faz assim... Não brinca comigo desse jeito... (OFEGANTE) Você não tem noção do perigo, não é?

Ela levanta-se, puxando a toalha. Ele fica em pânico.

MULDER: - Scully, aonde você vai?

SCULLY: - (DEBOCHADA) Preparar pipocas.

MULDER: - (INCRÉDULO) Agora?

SCULLY: - (SE FAZENDO DE BOBA) Qual o problema?

MULDER: - Ah, entendi... Mais um joguinho... Quer me deixar doido aqui, me provocar, até eu partir pra agressão?

SCULLY: - (BANCANDO A BOBA) Que agressão?

Ela sai do banheiro, enrolada na toalha, rebolando os quadris. Ele abaixa a cabeça.

MULDER: - Essa mulher me enlouquece! Eu nunca sei o que se passa naquela mente pervertida. É muita sacanagem pra alguém tão pequena. (GRITA) Ô, Scully, eu vou me vingar!


9:32 P.M.

Mulder puxa a toalha e sai da banheira, enrolando a toalha nos quadris. Ela entra, enrolada numa toalha, ainda com os cabelos presos no alto da cabeça, segurando um tubo de creme hidratante nas mãos. Indiferente. Ele a observa. Abaixa a cabeça e sorri. Ela fica na frente do espelho. Olha pra ele pelo reflexo do espelho, segurando um sorriso. Ele ergue a cabeça. Ela disfarça, ficando séria e afastando o olhar. Pega o hidratante e coloca um pouco nas mãos. Apoia a perna estendida na pia. Começa a passar hidratante. Ele olha pra ela debochado.

MULDER: - (SORRINDO) Entendi.

SCULLY: - Do que está falando?

MULDER: - Nada. Finja que não estou aqui.

Ela passa o hidratante, deslizando as mãos sensualmente pela perna, se fazendo de ingênua, o provocando. Ele fica olhando. Cruza os braços. Ela desliza as mãos, dos calcanhares até a altura da coxa. Ele olhando.

MULDER: - É justamente isso que eu digo: Vocês mulheres adoram atiçar, e depois que o cara tá ‘empolgado’, vocês pulam fora.

Ela desce a perna. Ergue a outra. Passa o hidratante em movimentos sensuais, fechando os olhos, como se adorasse sentir o toque de suas mãos em sua pele.

MULDER: - Sensualidade. Arma poderosa.

SCULLY: - Ahn???

MULDER: - Nada, Scully. (DEBOCHADO) Passe o seu cremezinho. Não vou atrapalhar.

Ela pára. Coloca a perna no chão. Olha-se no espelho, olhando pra ele com o rabo d

os olhos, segurando o riso. Começa a passar hidratante pelo pescoço. Ele aproxima-se e pega o hidratante das mãos dela.

MULDER: - Não vai conseguir fazer isso em suas costas.

SCULLY: - (DEBOCHADA) Ai, Mulder, como você é bonzinho! Vai me ajudar a cuidar da minha pele!

MULDER: - (RINDO) Adoro quando você faz isso.

SCULLY: - (SORRI)... Você é tão cavalheiro.

MULDER: - É, você vai ver onde está o meu cavalheirismo, não vai demorar muito.

SCULLY: - Tão gentil...

Mulder passa hidratante nos ombros dela, massageando-os. Os dois olham-se pelo espelho. Ela com um sorriso incontido de malandragem no rosto. Ele com um ar de quem matuta alguma coisa.

SCULLY: - (RINDO) O que foi?

MULDER: - Nada. Mas...

Ele puxa a toalha dela.

SCULLY: - Mulder!

MULDER: - Impossível passar creme no seu corpo com isso atrapalhando.

SCULLY: - Ah! Tá explicadinho...

Ele passa as mãos pelas costas dela, descendo até seu bumbum. Volta pra cima. Desce novamente. Desliza as mãos das costas para a barriga de Scully. Ela fecha os olhos. Ele envolve os braços nela. Ela abre os olhos, recostando-se nele. Ele encosta o queixo no ombro dela. Os dois se olham pelo espelho.

MULDER: - Linda. Você é linda.

SCULLY: - ...

Mulder sobe as mãos, suavemente, agarrando-lhe os seios. Ela observa o espelho. Mulder a olha pelo espelho.

MULDER: - Sem medo?

SCULLY: - E sem culpa. (SORRI) Superei isso. Não tenho mais vergonha de mim mesma. Nem de me entregar pra você.

Mulder beija-lhe o pescoço. Ela fecha os olhos.

MULDER: - (MURMURA) Você tá arrepiadinha...

SCULLY: - (DEBOCHADA) É o frio... Hum, Mulder, isso não faz parte da massagem...

Ele desce seus lábios pelas costas dela, enquanto escorrega suas mãos contornando o corpo de Scully, até cair de joelhos. Segura-a pela cintura. Vira-a pra si.

SCULLY: - Mulder, o que pensa que está fazendo?

MULDER: - ... Coisinhas...

SCULLY: - (DEBOCHADA) Tá vendo por que não dá pra te pedir um favor? Você leva tudo pra maldade, Mulder, e sempre termina me agarrando, se aproveitando de mim... Como eu sou tolinha!

Ele coloca a perna dela por sobre seu ombro. Ela segura-se em seus cabelos. Ele beija suas coxas. Ela fecha os olhos.

SCULLY: - Hum, Mulder, isso não vale...

MULDER: - ...

SCULLY: - ... Mulder, não... Mulder, não faz isso... Seu menino malvado! ... Hum, Mulder... Isso não... Depois eu é que tenho uma língua safada... Seu... Hum... Seu monstro malvado... Aproveitador de mulheres indefesas...


BLOCO 4:

11:32 P.M.

Scully sai do banheiro, vestida numa camisola. Ele deitado na cama, olhando TV. Desvia o olhar pra ela.

MULDER: - (DEBOCHADO) Tomou seu banho de novo? Já disse que é perda de tempo.

SCULLY: - Tomei. Mas me recuso a passar hidratante de novo.

Ela senta-se na cama.

SCULLY: - (SE FAZENDO DE VÍTIMA) Odeio você, Mulder. Quando eu falei que queria passar cremezinho no meu corpo, eu estava falando do meu hidratante, não era bem aquele outro cremezinho...

Mulder abaixa a cabeça. Começa a rir. Ela olha pra ele, rindo também.

MULDER: - Me diz que não tem escutas aqui. Me diz que só nós dois sabemos o que acontece nessa casa. Ou vamos ser processados por falta de decoro.

SCULLY: - Ninguém sabe das nossas besteiras, Mulder. Imagine, por um momento que alguém pudesse saber disso.

Os dois se olham, assustados.

SCULLY: - Mulder, garanto que só eu e você sabemos das nossas bobagens. Isto não é uma história que vai pra Internet e várias pessoas ficam lendo. Não se preocupe. Ninguém sabe disso. Só eu e você.

Ela senta-se ao lado dele.

MULDER: - Tem certeza? Certeza absoluta que aqui só há eu e você? Nenhum curioso em relação à nossa intimidade?

SCULLY: - Absoluta.

MULDER: - (RESPIRA ALIVIADO)

SCULLY: - (DEBOCHADA) Ou acha que eu entregaria a minha boa fama? Somos sérios, Mulder. Completamente sérios e sem graça. Nós não dizemos essas besteiras. Não, nunquinha. Somos bem comportadinhos... Mesmo depois de anos de tesão recolhido e uma alta taxa de intimidade tão grande. Mocinhos são sempre comportadinhos.

Os dois começam a rir, olhando um pro outro.


12:24 A.M.

Os dois sentados na cama, recostados no travesseiro. Mulder sem camisa, com o braço em volta do ombro dela. Assistem TV. Ela segura o lençol na frente do peito.

MULDER: - É agora, Scully. Se lembra dessa cena?

SCULLY: - Odeio essa cena. Sei que Jason está ali, escondido, mas não posso evitar de me assustar.

Gritos vindos da TV. Scully encolhe-se contra o peito de Mulder, colocando o lençol sobre o rosto e a perna dobrada por cima dele. Agarra-se nele. Mulder olha pra ela.

MULDER: - (SURPRESO) Scully? Tem certeza de que é você mesma?

SCULLY: - Odeio filmes de terror! Me dão medinho!

MULDER: - Mas e o seu ceticismo?

SCULLY: - Não tem nada a ver com ceticismo. O cara é um maníaco e... Tá bom, é que eu tô gostando de ficar com medinho...

Ele a abraça. Começa a beijá-la.

MULDER: - (MALICIOSO) Hum, tá com medinho é? Tudo bem, Mulder está aqui pra te proteger...

SCULLY: - Hum, acho que deveria estar com medinho do Mulder...

Scully pega o controle. Muda de canal.

SCULLY: - Ótimo. Um romance.

MULDER: - (INCRÉDULO) Vai assistir As Pontes de Madison pela vigésima vez?

SCULLY: - Adoro o Clint Eastwood. Ele tem charme.

MULDER: - E eu? Eu não tenho?

SCULLY: - Tô falando do Clint. Não de você. Mulder quer tirar sua mão daí?

Ele tira a mão de debaixo do lençol.

MULDER: - Desculpe, Scully. Mão boba.

SCULLY: - Completamente boba... Tô com medinho...


2:22 A.M.

Câmera de aproximação. Gemidos altos vindos do quarto.

Foco na cama. Mulder e Scully ainda assistindo TV. Ela come pipocas, sem desgrudar os olhos da tela.

MULDER: - ... Acho melhor trocar o canal...

SCULLY: - Não! Eu quero ver!

Ele olha pra ela, incrédulo.

MULDER: - Você?

SCULLY: - Qual o problema?

MULDER: - Mas você ficava me condenando por ter esses filmes na gaveta...

SCULLY: - Nunca te condenei. Só reclamava que você não admitia que os tinha.

MULDER: - ...

SCULLY: - (EMPOLGADA) Nossa!

Mulder abaixa a cabeça. Segura o riso.

SCULLY: - Não, Mulder... Aquilo não pode ser normal... Nada pode ser tão grande assim!

Ele ri.

SCULLY: - Credo! Isso me deu medinho!

Mulder põe as mãos no rosto, desata a rir. Ela olha pra ele, rindo.

SCULLY: - O que foi? Não posso fazer comentários?

MULDER: - (RINDO) Scully, seus comentários como crítica de cinema pornô são hilariantes.

SCULLY: - Só comentei que aquilo ali é ficção. Embora a ciência constatou que o maior pênis do mundo tem 30 centímetros.

MULDER: - (PÂNICO) Sério?

SCULLY: - Sério. Comprovado cientificamente.

MULDER: - Aposto que o cara não deve ser muito feliz por isso... Ficção é aquele monte de silicone. Aposto que ela caminha curvada pra frente!

SCULLY: - (OLHANDO PRA TV/ COLOCANDO PIPOCAS NA BOCA) Hum... Não... Mulder... Nossa! Ele é bom...

MULDER: - (RINDO)

SCULLY: - ... Muito bom no que faz. O cara tem talento. Um ‘grande’ talento... Impressionante mesmo...

MULDER: - (RINDO)

SCULLY: - (DEBOCHADA) É sério, Mulder, pára de rir.

MULDER: - (RINDO) Pára, Scully!

SCULLY: - Tá, vou me comport... Uau! Isso eu não tentei ainda...

MULDER: - (RINDO)

SCULLY: - Meu Deus! Eu invejo essa mulher... Que garganta!

Mulder se levanta da cama, num acesso de riso e vai pra varanda. Ela escuta as gargalhadas dele.

SCULLY: - (RINDO) Mulder! Ô, Mulder!

MULDER: - ...

SCULLY: - (SÉRIA/ OLHANDO PRA TV. ERGUE AS SOBRANCELHAS) Puxa, vida! Impressionante! Como ela faz isso?... Eu ainda chego lá...

Ele solta outra gargalhada.


3:42 A.M.

[Som: Dennis Edwards - Don't Look Any Further]

Scully sentada no sofá, de camisola. Mulder dançando, apenas de cuecas boxer, trazendo uma garrafa de vinho e dois copos. Ela sorri.

MULDER: - Acredite, este sou eu. Não é Morris Fletcher.

SCULLY: - (SORRI)...

MULDER: - E também não é uma falsificação barata.

Ela abaixa a cabeça. Ele senta-se no sofá. Coloca os copos sobre a mesa de centro.

SCULLY: - Já vi isso.

MULDER: - É, mas eu não vou te agarrar.

SCULLY: - (RINDO) Por que não?

MULDER: - Porque eu não tenho ‘rabinho’ como o Eddie Van Blundht. Ah, como eu fiquei fulo com aquele filho da mãe!

Ela ri. Ele serve o vinho.

MULDER: - Acho que vamos ficar bem louquinhos essa noite...

SCULLY: - (SORRI)

MULDER: - Eu jamais te levaria pra um colchão de água na primeira noite, cheio de espelhos no teto da cama e segurando um par de algemas. Da parte de um homem, isso seria tara e não romantismo. Da parte de uma mulher seria sedução e feminilidade. Imagina se eu tivesse feito isso na nossa primeira noite? Por não conhecer você como mulher, estaria arriscando a ver você sair correndo porta à fora escandalizada. Seria o fim antes do início.

SCULLY: - ... Ainda mais que você conhecia apenas a comportada agente Scully.

MULDER: - Tem outra coisa que nunca te falei...

SCULLY: - Hum, e o que é?

MULDER: - (SÉRIO) Pensei que você não fosse ficar. Que não voltaria.

SCULLY: - (CURIOSA) Por quê?

MULDER: - Nem imagina o porquê?

SCULLY: - Não.

Ele olha pra baixo. Ela olha pra ele. Entende. Começa a rir.

SCULLY: - Sério?

MULDER: - Pode parecer piada pra você, mas eu tinha problemas com as mulheres por causa disso.

SCULLY: - Ora, Mulder, eu brinco com você sobre isso, mas nunca imaginava que era um problema pra você... É sério mesmo?

MULDER: - Ao contrário do que a vã filosofia prega por aí, isto é mais transtorno do que presente da natureza.

SCULLY: - Bom... Eu não me importo. Isso me excita. Claro que no início era um pouco... Um pouco... Desconfortável... Mas sempre me empolgou.

Ele abaixa a cabeça e ri.

SCULLY: - E agora eu me acostumei.

MULDER: - (RINDO) Scully, não dá pra acreditar que estamos falando essas coisas...

SCULLY: - Que mal há nisso? Conversa íntima de casal. E de pensar que você só saía com as altas e maiores do que eu... Covardes! (RINDO) Mulder, sou pequena mas sou bem corajosa.

Ele ri. Ela retribui um sorriso.

MULDER: - (SÉRIO) Sou um cara comportado. Demorei quase dois anos pra conseguir me liberar e te mostrar o quanto eu posso ser ‘criativo’... Acho que insegurança. Eu preciso conhecer o terreno em que estou pisando pra saber até onde posso ir. Isso não se aplica à minha vida, Scully, mas apenas a minha concepção de relacionamento.

SCULLY: - E se eu fosse uma mulher cheia de tabus, Mulder? Se eu me bloqueasse para todo tipo diferente de sexo?

MULDER: - Eu me bloquearia também, contanto que tivesse você... Até porque as coisas que temos um com o outro, eu nunca tive com outra mulher. E acho que nunca teria.

SCULLY: - Mas sabe que prazer faz parte da vida. Negaria isso a si mesmo em nome do amor? Mulder, homens não costumam fazer isso. Eles procuram fora, mas não vivem sem prazer.

MULDER: - Scully, não generaliza. Acho que você só conheceu caras da mesma estirpe. Eu te digo que tenho alma feminina. Você tem uma alma masculina. Somos completamente yin e yang, já percebeu? Ceticismo e força são características de homem, fragilidade e misticismo, coisas de mulher. O normal não se aplica com a gente. Individualmente, já somos opostos por dentro. Juntos, formamos outro oposto.

SCULLY: - Acho que tem razão, Mulder. Mas eu não vou trabalhar fora e deixar você tomando conta da casa. E nem vou ficar usando gravata e você avental.

MULDER: - (RINDO) ... É, acho que vamos ficar bem louquinhos essa noite...

SCULLY: - A que ponto?

MULDER: - De você fazer uma tatuagem pra mim.

SCULLY: - (RINDO) Tirou a noite pra lembrar meus erros do passado? Por que eu faria uma tatuagem?

MULDER: - Ah, pros outros você faz. Pra mim não. Eu não mereço?

Ela abaixa a cabeça, incrédula.

SCULLY: - Tudo bem. Faço uma tatuagem de novo. Desde que você vista um smoking e vá pra uma festa num hotel de luxo comigo, alugue apenas um quarto, cheinho de más intenções e dizendo que só foi a trabalho.

MULDER: - (PÂNICO) Que memória de elefante!

SCULLY: - É. E não viu ainda a minha tromba de elefante, Mulder.

Ela faz beiço. Cruza os braços. Ele olha pra ela.

MULDER: - (DEBOCHADO) Que coisinha mais bonitinha...

SCULLY: - ... (EMBURRADA) Com as outras você ia a locais públicos. Comigo não. Tem vergonha de mim.

MULDER: - Tá zangadinha, tá?

SCULLY: - ... Tô.

Mulder larga o copo sobre a mesa. Olha pra ela. Silêncio. Mulder olha pro nada, passando a língua sobre os lábios molhados de vinho tinto, pensativo. Ela com um beiço enorme. Mulder olha pra ela. Maquiavélico.

SCULLY: - O que foi?

Ele avança nela, a derrubando por cima do sofá, subindo por cima dela, num beijo de devorar os lábios. Ela fecha os punhos e bate nas costas dele, de brincadeira. Ele não cede. Ela continua batendo nele. Tentando fugir do beijo. Aos poucos, lentamente, abre as mãos e o acaricia, entregando-se. Ele afasta os lábios dos dela.

MULDER: - Scully, eu te amo.

SCULLY: - Mulder... Eu acho que quero te bater.

MULDER: - Bate, vai, mas bate pra doer. Me deita no chão de tanto tapa.

Ela ri. Ele faz cara de bobo.

MULDER: - Vai, bate. Bate mais, que eu fico louquinho.

Ela começa a rir. Ele sai de cima dela. Pega a taça de vinho.

MULDER: - Não vai beber?

SCULLY: - Por quê? Quer me deixar tontinha?

MULDER: - Quero. Quero você bem tontinha.

SCULLY: - Mulder, como você é aproveitador!

MULDER: - Ah, sou nada.

Ela pega a taça. Começa a beber.

SCULLY: - ... E o que faria comigo?

MULDER: - Te jogaria nesse tapete e te deixaria louquinha, ‘revirando os olhinhos’...

SCULLY: - (SE ENGASGANDO) Ahn? Revirando os olhinhos?

MULDER: - (SORRI MAQUIAVÉLICO) Scully...

Ela bebe o vinho.

SCULLY: - Hum?

Ele larga sua taça sobre a mesa. Tira a taça das mãos dela e faz o mesmo. Olha pra ela, debochado.

MULDER: - Hora de ‘revirar os olhinhos’...

SCULLY: - (GRITA/ RINDO) Não!

Ela tenta se levantar, ele se atira por cima dela. Ela grita. Os dois caem no tapete, derrubando as almofadas do sofá. Começam se rolar, fingindo que brigam. Ela consegue subir em cima dele. Senta-se sobre seu peito e segura os pulsos dele acima de sua cabeça.

SCULLY: - Olha pra mim, seu cachorro sem vergonha.

MULDER: - Sim, mulher?

SCULLY: - Não me provoque ou terei de aplicar em você os meus golpes mortais de Scully-Fu.

MULDER: - (SORRI DEBOCHADO) Uau! O que eu preciso fazer pra provocar você, hein?

SCULLY: - Essa pergunta já me provocou.

MULDER: - ... (OLHA PRA ELA A ADMIRANDO)

SCULLY: - Método de tortura pra você, Mulder. Não sabe o quanto eu posso ser má.

MULDER: - ... Vê lá o que você vai fazer...

SCULLY: - Ah, tá com medinho, é?

Scully inclina-se. Ele fecha os olhos. Ela morde o queixo dele. Ainda segura-o pelos pulsos. Sobe com a língua até seus lábios e a coloca em sua boca. O beija. Afasta-se. Olha marota pra ele. Abaixa as alças da camisola e as deixa caídas pelos os ombros. Mulder não se aguenta mais. Fecha os olhos.

MULDER: - Não me provoca...

SCULLY: - Quem está provocando? Euzinha?

Ele solta-se dela. Ela grita, rindo. Ele a empurra pro tapete, rasgando as alças da camisola dela, abrindo as pernas dela, como um desesperado. Ela olha pra ele com um ar de surpresa e de quem adorou a ideia.

MULDER: - (OFEGANTE) Eu disse pra você não me provocar...

Ela o puxa pra cima de si, desesperada, quase arrancando os cabelos dele.


TO BE CONTINUED...


17/09/2000

7 de Agosto de 2019 às 02:03 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

Conheça o autor

Lara One As fanfics da L. One são escritas em forma de roteiro adaptado, em episódios e dispostas por temporadas, como uma série de verdade. Uma alternativa shipper à mitologia da série de televisão Arquivo X.

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