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Rafael Pereira


Um assassino em série escolhe suas vítimas entre pessoas famosas no mundo digital, o que faz da investigação um verdadeiro caos de imprensa, direito e opinião pública. Tudo fica ainda mais complicado quando uma repórter investigativa com poucos limites morais se envolve na investigação.


Crime Impróprio para crianças menores de 13 anos.
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Prólogo

Quando dona Rute entrou no quarto da filha para acordá-la naquela manhã encontrou-a completamente escondida debaixo do edredom. Estava frio, e fazer os filhos se arrumarem para ir a escola exigiria muita paciência – ela pensou. O quarto era pequeno, mas não apertado, assim como o resto da casa de três andares – o fruto de uma especulação imobiliária absurda que fazia o metro quadrado de terreno valer preço de ouro naquela parte da cidade.

A cama ocupava boa parte do espaço. Havia ainda um armário e uma mesa onde Ana, a caçula da família, estudava e passava horas intermináveis na frente do computador. Dona Rute viva dizendo ao marido, Edgar, que achava que a filha estava passando muito tempo no computador e que aquilo não fazia bem. Mas o marido dizia que era normal. “São coisas de adolescente Rutinha, deixa a menina”.

Dona Rute abriu as cortinas para deixar luz entrar no quarto. A luz suave e difusa que revelou o quarto da menina de 14 anos mostrava também a fase de transição por que ela passava. A decoração, toda em tons pasteis suaves, móveis brancos com adornos delicados, papel de parede com pequenas flores cor de rosa, indicavam o quarto de uma criança, mas as roupas e sapatos jogados, as caixas de maquiagem sobre a mesa, os livros que contavam repetidamente as mesmas histórias de amor impossível entre adolescentes comuns e seres fantásticos não deixavam dúvidas: uma adolescente habitava aquele cômodo.

- Hora de acordar Aninha – disse num tom suave e carinhoso. O dia era sempre melhor quando começava sem nenhuma animosidade entre mãe e filha.

Como não houve nenhuma resposta aparente, Dona Rute resolveu ir até o quarto ao lado testar o mesmo movimento com os filhos mais velhos. Os gêmeos, Pedro e Erick, eram três anos mais velhos que Ana. Voltou depois de alguns instantes, mas a situação parecia ser a mesma. Ela bateu com o nó dos dedos indicador e médio na porta.

- Hora de acordar Ana – dessa vez o tom era mais firme e claro, uma repreenda carinhosa.

Dona Rute considerou o ruído de desaprovação abafado pelo edredom um avanço. Fez uma nova visita ao quarto dos filhos mais velhos. Ali a estratégia precisava ser diferente: depois do primeiro aviso, o segundo passo era puxar bruscamente as cobertas e esperar no quarto até que ambos estivessem de pé – repreensões carinhosas não produziam qualquer efeito nos gêmeos.

Quando voltou ao quarto da filha tinha esperava encontrá-la, senão em pé, ao menos visível na cama, mas suas expectativas foram frustradas: Ana havia se enrolado ainda mais no edredom e migrado para a parte da cama mais distante da porta, um gesto de resistência silenciosa.

- Ana Beatriz, quero você pronta daqui trinta minutos para sair, você me ouviu? Ana?– Toda suavidade havia desaparecido da voz de Dona Rute.

- Huuummmm tá bom, já estou me levantando.

- Estou esperando.

Dona Rute sabia que estava vencendo, mas se deixasse o aposento naquele momento poderia haver algum tipo de retrocesso e, considerando o muito que ela tinha a fazer naquela manhã, não havia tempo para isso.

- Ok, ok. Pronto, viu? Já estou acordada.

De debaixo do edredon florido surgiu uma menina pequena, de traços delicados que bem mesmo os cabelos desgrenhados podiam esconder.

- Bom dia! Você tem meia hora para descer e tomar café.

A sensação de dever cumprido fez surgir nos cantos da boca um sorriso vitorioso. Como a primeira parte da batalha estava vencida e ela podia entreouvir sons de conversa vindo do quarto dos gêmeos, decidiu que podia descer para preparar o café.

- - -

No quarto Ana continuou deitada por algum tempo, tentando achar a coragem necessária para sair do ninho quente e confortável em que estava e enfrentar o ar gelado do quarto.

Com um ar resignado empurrou o edredom macio e saiu da cama. Quando seus pés tocaram no piso gelado ela percebeu, num instante, que as meias que vestira ao se deitar haviam se perdido durante a noite, puxou rapidamente as pernas para cima.

A sensação gelada súbita causou um pequeno calafrio e afastou um pouco da sensação de sonolência. Procurou dentro das cobertas pelas meias perdidas que por serem muito velhas eram muito confortáveis e perfeitas para usar nos dias frios. De meias já calçadas tornou a colocar os pés no chão, então se espreguiçou e junto veio um bocejo involuntário tão forte que lágrimas tímidas escorreram dos cantos dos seus olhos castanhos claros.

Enquanto esfregava os olhos lacrimosos percebeu que na pequena mesa ao lado da cama a luz de notificações do smartphone pulsava num ritmo frenético: quais novidades aquela pequena luz anunciava? Quantas coisas poderiam ter acontecido enquanto Ana dormia? Ela desbloqueou o aparelho digitando a senha de acesso - tão complicada que dava a impressão de que códigos nucleares estavam escondidos no aparelho - e acessou as notificações.

Depois de ler as mensagens - e apagar cuidadosamente os sucessivos desejos de bom dia, boa noite, boa semana, boa vida, bons feriados e feliz dia de “qualquer coisa” que eram compartilhados diariamente por pais, tios e avós nos grupos da família - Ana percebeu que já estava, se atrasando e foi a contragosto ao banheiro, mas não sem antes ligar o notebook em cima da mesa, para assistir, enquanto se aprontava para a escola, os últimos vídeos dos seus canais favoritos no youtube.

Como todas as suas amigas, Ana acompanhava de perto a vida de diversos youtubers. Sabia tudo sobre eles: o que comiam, o que vestiam, quais eram seus passatempos, onde iam nas férias ou nos finais de semana, etc. Muito do que Ana fazia estava relacionado à vida dessas pessoas. Quando ela fazia compras ou escolhia as roupas e maquiagens suas referências eram youtubers. Na escola boa parte das conversas que tinha com as amigas girava dos vídeos que saiam semanalmente nos canais que seguia. Alguns deles ela havia visto tantas vezes que podia recitar de cor.

Entre os muitos canaisque acompanhava o da Tereza Domingues era muito especial para Ana. Ela se identificava muito com a jovem de 19 anos que havia ficado famosa do dia para a noite com seus vídeos sobre diversos assuntos: desde dicas de maquiagem e moda até discussões sobre política e direitos humanos. Ana a conhecera um pouco antes dela explodir na rede e desde o começo achava que tinha os traços parecidos com os da youtuber, além do fato de se sentir representada por suas opiniões e atitudes.Aquele era, Ana sabia, um dos dias da semana em que Tereza lançava novos vídeos.

Quando voltou ao quarto, o computador já estava ligado. Pela barra de favoritos, Ana abriu a página principal do Youtube, onde apareciam os últimos vídeos lançados. No topo da lista estava o novo vídeo de Tereza, e Ana pode perceber, pelo número de visualizações que o vídeo acabara de ser lançado. Todavia, o título do vídeo era muito estranho: “TAG – ÚltimoVídeo”. Por um instante ela pensou: Será que o seu canal favorito iria acabar?

Não podia ser verdade, com certeza era algum tipo de brincadeira com o título, do mesmo tipo de um vlog intitulado “CASEI”, que saiu alguns meses antes. Ana contou para as amigas teve um infarto quando leu o título. Acompanhava de perto a vida de @TeteDomingues e nada poderia levá-la a pensar que um casamento se aproximava. Daquela vez, o vídeo que mostrava a youtuber se arrumando para um casamento: maquiagem, dia da noiva, um lindo vestido de renda na altura do joelho, etc., terminou sendo apenas um casamento de mentira numa festa junina.

Isso só podia ser – Ana disse confiante para si mesma - algum tipo de brincadeira desse tipo. Ela até olhou conferiu a data, para garantir que não era 1 de abril. Clicou no vídeo e mais uma coisa a surpreendeu: os comentários estavam desativados. Aquilo era muito estranho: nunca tinha visto os comentários desativados no canal da @TeteDomingues, nunca. Sentiu a confiança diminuir e sentiu-se um pouco idiota por ficar tão ansiosa por aquilo - provavelmente era apenas algum tipo de falha técnica -, mas não conseguia evitar de se sentir assim. Se o canal realmente estivesse acabando sabia que ficaria arrasada. Respirou fundo e apertou o botão de play.

Enquanto a vinheta de introdução rodava – uma montagens dos vídeos mais famosas de Tete - começou a pensar no quanto sabia da vida da youtuber, no quando se sentia próxima a ela. Tete era como a irmã mais velha que Ana nunca teve. Uma irmã que estava sempre ali quando ela precisava, bastava ligar o computador ou o smartphone. Sua mente vagou pelas diversas vezes em que chorou vendo os vídeos, ou riu até perder o ar e precisar tomar um copo d’água para recuperar a compostura. Ela havia acompanhado cada crise, desabafo e conquista de Tete e só de considerar a possibilidade de não poder mais acompanhar sua amiga de tão perto fazia seus os olhos marejarem.

Ana passou as costas das mãos nos olhos e se forçou a sorrir, estava sendo boba, tanto drama para nada: era só uma TAG, só mais uma TAG. Pelo menos até a vinheta acabar e ela perceber que alguma coisa estava muito errada.

- - -

No andar de baixo dona Rute tinha acabado por a mesa do café. Uma toalha branca perfeitamente passada cobria a pequena mesa da cozinha onde a família se sentava para comer todas as manhãs. Sentada à mesa, ela serviu-se de uma xícara grande de café e começou a repassar a lista de afazeres do dia em sua cabeça. Ouviu o som dos passos do marido, Edgar, descendo as escadas. Ele entrou na cozinha distraído e ela se pegou observando-o pegar uma xícara e servir-se fartamente de café e leite. Adorava observar o marido, achava-o lindo, sempre achara, desde a primeira vez em que se viram. Ele, percebendo que era observado, levantou os olhos:

- O que foi? - Perguntou com um meio sorriso.

- Nada, só olhando. – Ela respondeu com um sorriso que dizia o contrário.

Antes que o momento pudesse se desenvolver para algo mais romântico foi interrompido por sons vindos das escadas. Erick, um dos filhos mais velho do casal entrou na cozinha, cumprimentou os pais e se sentou para comer, dois minutos depois, Pedro, irmão gêmeo de Erick também entrou. Apesar de serem gêmeos era fácil distinguir entre um e outro ultimamente por causa dos cortes de cabelo completamente diferentes. Erick usava o cabelo cortado a máquina, num estilo meio militar, enquanto Pedro preferia usar um estilo de undercut, com a franja mais comprida normalmente fazendo um topete graças a pastas e ceras sem fim.

- Bom dia.

- Bom dia. Você viu se sua irmã já estava descendo?

- Não – respondeu Pedro.

- Ela estava assistindo alguma coisa no computador, vi de relance quando passei pelo quarto. – disse Edgar emendando a resposta do filho – Já deve estar descendo.

- Espero mesmo, se ela não descer logo não vai dar tempo de comer nada antes de sair para a aula. Acho melhor chamá-la novamente.

Dona Rute estava começando a se levantar quando ouviu o grito. Se ela não soubesse que a única pessoa no piso superior da casa era sua filha juraria que o som fora feito por outra pessoa. Nunca tinha ouvido alguma coisa assim. O som, agudo e choroso, fora desesperador, como alguém que tenta pronunciar alguma palavra mas não fosse capaz de articulá-la.

Depois de um instante de choque, a família toda subiu as escadas correndo, os gêmeos na frente, depois Edgar e por último dona Rute. Quando chegou no quarto, alguns instantes depois do marido e dos filhos, encontrou a filha encostada num canto, com os olhos abertos focados no vazio. O pai estava ajoelhado na sua frente, tentando acalmá-la; Erick estava em pé ao lado, parecendo perdido e Pedro pegava algo que estava caído ao lado da mesa, o notebook da filha.

- O que aconteceu?

- Não sei ainda – respondeu Edgar – Ela não está falando coisa com coisa.

Dona Rute percebeu que a filha parecia falar algo bem baixinho, como se repetisse uma reza.

- Ana, Aninha, o que aconteceu? Você está bem? Está machucada?

A menina olhou para o pai, mas não parecia capaz de responder de maneira clara.

Dona Rute querendo aproximar-se da filha, apoiou-se na mesa para agachar-se. Atrás dela Pedro colocou o notebook sobre a mesa e começou a abrí-lo.

- Nãoooooo! – A voz de Ana era um guincho desesperado.

Pedro soltou o aparelho de súbito e no silêncio que se seguiu dona Rute finalmente começou a entender o que Ana repetia incessantemente para si mesma.

- Ele matou ela. Ele matou ela. Ele matou ela.

- Ana, olhe para mim, quem matou quem? Do que você está falando? O que foi que você viu?

A adrenalina liberada pelo susto parecia ter dado à voz de dona Rute capacidades especiais. Ana parou de falar e ficou olhando para a mãe sem reagir por alguns segundos. Depois, como se saísse de um transe olhou ao redor, para o pai e os irmãos, parecendo surpresa por ver todos ali. Seus os olhos se encheram de lágrimas e de súbito, jogando-se sobre o pai, Ana desabou num choro desesperador.

- Ele matou ela, eu vi. Eu... eu achei que era mentira, que era uma pegadinha, mas não era, não era não. Ele... ele matou ela. A gente tem que fazer alguma coisa... ele... ela... – As palavras saíam entrecortadas por soluços.

Edgar pediu para Erick buscar um copo de água com açúcar para a irmã. Quando ele voltou, fizeram Ana se sentar na cama. Depois de algum tempo e alguns goles de água, quando ela pareceu estar mais controlada, Dona Rute considerou que era hora de tentar novamente.

- Ana, eu preciso saber o que aconteceu. Você consegue falar?

Ana respirou fundo, limpou os olhos mais uma vez com as costas das mãos, e assoou o nariz na manga da blusa que vestia. Então, entre soluços, contou para a mãe o que tinha acontecido.

- - -

- Você deve ter confundido as coisas Ana, deve ser só atuação, você viu o vídeo até o fim? – Dona Rute não podia acreditar que o que acabara de ouvir fosse verdade. Provavelmente era só algum tipo de brincadeira que a filha confundiu. Afinal de contas, adolescentes são muito impressionáveis.

Ana, agora sentada na cama, simplesmente apontou para o computador sobre a mesa, indicando que as respostas para as perguntas estavam ali.

- Erick, Pedro, desçam com sua irmã e façam ela comer alguma coisa.

- Mas mãe... – as vozes ecoaram num coro que demonstrava anos de prática.

- Agora! – a voz de Dona Rute não abria espaço para argumentações. E completamente resignados os dois meninos desceram escoltando a irmã.

Sozinhos no quarto os pais de Ana se olharam.

- Eu não te disse que essa menina estava perdendo muito tempo no computador, Edgar? - disse Dona Rute sem poder esconder a preocupação.

- Eu sei meu amor, eu sei. Uma coisa de cada vez. Primeiro vamos ver o que realmente acontece nesse vídeo.

Dona Rute sentou-se na cama. Edgar levantou a tela do notebook. A página do vídeo já estava aberta, pausada numa cena estranha, uma menina e um homem estavam na tela, ela aparentemente amarrada numa cadeira e ele em pé ao lado. A cabeça da menina estava caída e o homem segurava uma arma. Dona Rute olhou para o marido.

- Acho que é melhor vermos isso desde o começo.

Edgar assentiu e depois de voltar a barra para o início e apertar o play, sentou-se na cadeira em frente à mesa.

Na vinheta que começou a passar havia uma menina linda, certamente muito jovem. Dona Rute não pode deixar de pensar que ela lembrava um pouco Ana. Quando a vinheta acabou, a cena mudou para um quarto. Uma parede azul escura emoldurava a cena. Nela uma série de aquarelas estava pendurada, retratos da menina que aparecia na vinheta e que estava sentada numa cadeira em frente à câmera. Ela estava amordaçada e presa à cadeira. Seus olhos e nariz avermelhados. Lágrimas escorriam pela lateral do rosto. Um hematoma arroxeado na têmpora direita.

Ao seu lado havia alguém, muito provavelmente um homem, usando roupas e capuz pretos, nada além dos olhos castanhos estava visível. Dona Rute sentiu um pequeno calafrio percorrer o corpo. Quando a figura encapuzada começou a falar sua voz estava distorcida, com aquele efeito usado em entrevistas na TV, quando a testemunha não quer ser identificada.

Dona Rute não ouviu nada que a figura dizia. Tudo o que sua mente conseguia processar era o olhar da menina. Ela olhava para a câmera e para a figura ao lado, completamente apavorada. Naqueles olhos Dona Rute viu um medo que não podia ser reproduzido nem mesmo pela mais talentosa das atrizes. Quando os olhos da menina se voltaram para as mãos da figura vestida de negro Dona Rute percebeu que ela segurava uma arma. Quando voltou a olhar para menina sua mente lhe pregou uma peça e ela viu, ao invés da youtuber, sua Ana amarrada naquela cadeira, com os olhos assustados pedindo socorro. A pessoa de negro apontou a arma para cabeça da menina e ela começou a tremer, tentando se livrar das amarras, o único som nesse momento era um choro abafado pela mordaça.

Ao lado de Dona Rute, um movimento brusco a fez olhar para o marido. Sua mandíbula estava travada e uma gota de suor escorrida de sua testa. Ele estava com o celular na mão, colado ao rosto e ela viu que ele segurava o aparelho com tanta força que o seus dedos estavam esbranquiçados onde tocavam o aparelho. Ela ainda olhava para ele quando ouviu o estampido seco, vindo do computador. Antes que a esposa pudesse olhar para a tela, Edgar digitou, com a mão que estava livre o comando para fechar o programa. Ele havia visto mais que o suficiente. No celular depois do terceiro toque, uma voz feminina atendeu.

- Sim, eu quero fazer uma denúncia. – Edgar respondeu.

Dona Rute se levantou de súbito, deixando o marido no quarto falando com a polícia. Enquanto descia as escadas lágrimas involuntárias escorreram de seus olhos. Pensava na menina e na família dela. Esperava que eles descobrissem de outra maneira, que não assistindo aquele vídeo. Nenhuma mãe deveria ver um vídeo como aquele. Acelerou o passo. Queria chegar à cozinha, onde estaria sua filha, sua pequena e perfeita filha, e abraça-la.

2 de Julho de 2019 às 23:48 0 Denunciar Insira Seguir história
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