urutake Urutake Hime

Na festa de aniversário do Grande Mestre, Miro notou que recebia um brilho diferente do olhar do Cavaleiro de Aquário. Mesmo tentando negar que também sentia algo por ele, isso foi exposto e ambos precisam conversar para deixarem as diferenças de lado e viver esse sentimento. [Camus x Miro do filme Legend of Sanctuary]


Fanfiction Anime/Mangá Para maiores de 18 apenas.

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Capítulo Único

Uma grande festa estava acontecendo no Santuário naquele momento, exatamente no grande pátio onde aconteciam as reuniões e discursos do Grande Mestre para os demais cavaleiros. Se tratava de uma comemoração do aniversário daquele que regia o Santuário junto da deusa Athena e tudo estava organizado de forma muito bela e elegante, como uma festa de gala. Os convidados estavam com trajes a rigor e, pelo menos naquela noite, as amazonas não precisavam usar suas características máscaras, mostrando que além de formidáveis guerreiras também eram puras beldades. Os Cavaleiros de Ouro também se destacavam: nove homens lindos que ficavam ainda melhores de terno, mas chegaram a brincar com Aldebaran ao dizerem que o taurino teve que mandar fazer um traje sob medida, dada a dificuldade de encontrar algo para o tamanho dele.


O 10º Santo de Ouro, que na verdade era uma mulher, não ficava de fora dos destaques da noite. Miro era uma belíssima ruiva de temperamento e força extraordinária e se a subestimassem pelo fato de ser uma mulher com certeza se surpreenderia, pois não perdia em nada para os outros cavaleiros. Estava trajando um belíssimo vestido longo tão vermelho quanto seus cabelos, deixando apenas uma das pernas a mostra por um corte no tecido e uma echarpe de seda lhe cobria o decote, podendo ficar elegante sem ser muito ousada. Por viver no meio de tantos homens, Miro passou a se sentir mais confortável com a proteção da armadura e hoje, vestindo algo mais leve e aberto lhe causava certo receio, apesar de confiar nos companheiros.


Enquanto caminhava pelo pátio a procura do garçom para pegar uma taça de champanhe, a ruiva atraia diversos olhares no local apesar de não retribuir a nenhum deles. Não havia alguém dentro do Santuário que realmente despertasse seu interesse, mesmo tendo muitos candidatos a isso e chegava a flertar com alguns para se divertir, não conseguia levar a sério. Miro era uma guerreira e tinha em mente apenas as batalhas e inimigos que precisava combater, não se dava ao luxo de pensar em algo além disso. Segundo ela, seria perda de tempo desviar seu foco para outra coisa que não fosse sua missão. No entanto, o destino estava disposto a brincar um pouco com ela e, assim que conseguiu sua bebida, a ruiva deu de cara com um dos Cavaleiros de Ouro que menos gostava: Camus de Aquário.


— Ora ora, veja só quem resolveu sair da toca. — o homem comentou com certo divertimento, apesar de manter sua expressão séria.


— Eu poderia expressar a mesma surpresa ao vê-lo fora de seu iglu. — ela rebateu com o mesmo sarcasmo, sorrindo — Pensei que essa festa era de gala, não a fantasia.


— Muito engraçado. — revirou os olhos, sabendo que ela estava comparando-o com um pinguim pelo fato de estar com um terno preto e gravata borboleta. — No meu caso, posso julgar que gosta muito de chamar a atenção, escolhendo vestir algo tão vibrante quanto seus cabelos.


— É minha cor favorita, não posso fazer nada se chamo a atenção com ela. Alias, não acho que seja pela cor que estou recebendo tantos olhares, certo?


— Sua modéstia me abisma, Miro. — contornou a pergunta, balançando a cabeça em negação — Apenas torço para que não acabe caindo com esse salto na frente de tantos admiradores, seria um desastre.


— Algo me diz que você está desejando por isso, na verdade.


— De forma alguma. É uma preocupação sincera já que não aprendeu a abaixar seu ego. — Camus pode notar o belo rosto da escorpiana se fechar numa expressão irritada e se curvou rapidamente, exibindo um raro sorriso sem mostrar os dentes — Aproveite bem a festa, com licença.


Miro teve ímpetos de segurar o Cavaleiro ali e lhe dizer mil coisas, mas se controlou por saber que não iria adiantar de nada. Ele ganhou dessa vez... Era sempre assim quando se encontravam: uma verdadeira sessão de alfinetadas e provocações de ambas as partes. Isso começou desde que a ruiva fora nomeada Amazona de Ouro e acabou entrando em conflito com Camus. Não que o Cavaleiro de Aquário fosse contra sua nomeação, mas a ruiva se sentia extremamente especial por ser a única mulher na hierarquia mais alta dos cavaleiros e passou a ter um comportamento bem narcisista. O francês decidiu intervir e lhe jogou na cara, com palavras bem afiadas, que ela não era melhor nem pior do que os outros só por causa do seu gênero. Isso gerou uma pequena batalha entre os dois que foi amansada graças à intervenção dos outros cavaleiros.


Depois disso, os dois passaram a se evitar e o incidente acabou ajudando Miro a tomar consciência de sua atitude desagradável, finalmente adotando uma postura mais humilde. De fato, não podia se considerar mais ou menos do que seus companheiros, pois todos eram fortes em suas capacidades individuais, incluindo o “pinguim” de Aquário. Por isso se irritava quando o francês falava de seu ego, invocando sua atitude do passado e mesmo sabendo que era apenas provocações, não achava que ele tinha o direito de falar sobre isso já que havia mudado. Por fim, Miro não demorou muito para se acalmar e tirar o outro da cabeça, tomando seu champanhe enquanto caminhava pelo pátio, apreciando a festa e a noite agradável, cheia de estrelas.


O tempo ia passando e a festa se tornava mais animada, com direito a uma apresentação de canto e dança de Máscara da Morte. Sem duvida vê-lo com um terno azul cheio de coqueiros e dançando “tcha tcha tcha” foi a coisa mais engraçada da noite, arrancando até mesmo uma risada do “senhor gelado”. Quando Miro viu o Cavaleiro de Aquário rindo, acabou pensando que ele devia relaxar mais a expressão como estava fazendo naquele momento, pois ficava mais bonito assim. Ela sacudiu a cabeça em seguida, negando-se a acreditar que tinha pensado que Camus era bonito mesmo por um misero instante e deixou até o champanhe de lado, imaginando que já tinha passado da conta.


— A senhorita está sozinha? — uma voz embriagada chamou a atenção da ruiva e ao se virar, viu um homem que deveria ser um Cavaleiro de Prata.


— Estou e pretendo continuar assim. — foi curta e grossa, dando alguns passos para se afastar. No entanto, seu pulso foi segurado e se viu obrigada a voltar atrás.


— Que gatinha arisca... Não se preocupe, não vou fazer nada. Só quero dançar com você.


— Mas eu não quero. Solte-me, por favor. — pediu com educação, embora tivesse vontade de acertar um soco na cara do infeliz.


— Não vou soltar! Estou sendo tão gentil e você vai ficar se fazendo de difícil? — falava com irritação, apertando mais o pulso da ruiva — Está pensando que não sou digno de dançar com você só por ser uma de Ouro?


— Não é nada disso... — aquele julgamento precipitado por sua posição no Santuário novamente a irritava e Miro acabou sendo levada até a pista de dança, mesmo relutando — Vamos, me solte! Eu não quero te machucar...


— O que custa dançar comigo, hein? Não seja tão egoísta e... — o homem parou de falar assim que uma terceira pessoa surgiu, segurando o braço dele. Era justamente o braço que estava segurando o pulso da Amazona — Senhor Camus!


— Acho que ela já deixou bem claro que não quer dançar. — o aquariano falou no mesmo tom calmo e imponente que sempre possuiu, mas seu cosmo congelante estava sendo aplicado no outro — Sugiro que a solte e vá procurar outra companhia.


Mesmo que tentasse se opor, o Cavaleiro não conseguiu suportar o frio que estava tomando seu braço e pressentiu que se insistisse, seria congelado! Enfim soltou Miro, praguejando enquanto se afastava e a ruiva ficou mais aliviada por conseguir se livrar daquele incomodo, mas agora havia outro ao seu lado. Não esperava que o Cavaleiro de Aquário se deslocasse da outra ponta do pátio até onde ela estava, o tinha visto bem longe afinal e não estava com a minima vontade de agradecê-lo, mesmo sendo o certo a fazer. Acabou sendo surpreendida quando Camus segurou sua mão e com a outra enlaçou sua cintura repentinamente, começando a dançar com ela.


— O que pensa que está fazendo?! — apesar da surpresa, Miro não tentou escapar.


— Como você não quer me agradecer verbalmente, acho que uma dança é o suficiente para compensar o que fiz por você, não? — o francês respondeu com tranquilidade e observava atentamente as reações da moça.


— Está sendo muito convencido... Eu poderia ter cuidado dele sozinha. — apesar de rebatê-lo, os dois continuaram girando no salão conforme Camus conduzia.


— Aceite meu gesto cavalheiro e me suporte por uma única música. Prometo deixá-la em paz depois disso.


Miro não conseguiu mais argumentar, deixando apenas um suspiro escapar por seus lábios enquanto dançavam. Era a primeira vez que ficavam tão próximos e sem as armaduras, isso trazia uma sensação estranha para ela. Mesmo sendo um cavaleiro ligado ao frio, a mão dele junto a sua e a outra que segurava sua cintura com firmeza tinham um calor agradável, a guiando com elegância enquanto se surpreendia com a capacidade dele em dançar. Podia até notar que alguns cavaleiros ao redor estavam observando-os com atenção, sentindo-se um pouco inquieta. Tantas coisas passavam pela cabeça de Miro neste momento que só percebeu que a música havia terminado quando ouviu as palmas dos convidados para o grupo que estava tocando os instrumentos. Camus havia soltado sua mão, mas a outra ainda estava sobre sua cintura e a encarava como se esperasse algo.


— Bem... Teve o que queria. — a ruiva não conseguiu dizer mais nada, afastando-se rapidamente — Boa noite, pinguim!


Ouviu claramente um suspiro vindo do francês ao ser chamado daquela forma, mas ele acabou não dizendo nada. A Amazona apressou o passo e foi desviando das pessoas no caminho até conseguir chegar à saída do pátio, agora estando sozinha. Passou a caminhar lentamente enquanto seguia pelo longo caminho de pedra na direção da Casa de Escorpião e tentando se acalmar como queria, pois havia ficado muito agitada com aquela aproximação do Cavaleiro de Aquário. Nem sabia explicar o motivo disso, só não esperava ou simplesmente não queria admitir que viu alguma coisa naqueles olhos frios... Alguma coisa dirigida para si. Miro decidiu esquecer isso ao culpar o álcool e o ambiente festivo, qualquer coisa que a impedisse de ouvir as batidas de seu próprio coração.



Passado algum tempo depois daquela festa, o destino continuava querendo brincar com as emoções daqueles dois quando os colocou juntos em uma missão. Era algo muito importante já que dois Cavaleiros de Ouro foram chamados para fazer o serviço, levando consigo alguns de Prata em quem podiam confiar. O Mestre do Santuário ordenou para que fossem até o templo de Zeus, na Grécia, para investigarem o uso indevido de uma das relíquias do grande deus. Haviam relatos de que algumas pessoas foram mortas e outras tantas estavam sendo feridas pelo representante do templo, que estava com a posse desse artefato. Sendo uma missão de um nível de risco considerável, só poderia confiá-la aos dois no momento.


A viagem foi rápida, ainda mais com o sistema de teletransporte que o Santuário dispunha para chegar de forma prática em vários cantos do mundo. Porém, quando chegaram diante do templo, assistiram a uma cena bem desagradável: uma pessoa foi perfurada por um raio e caiu imediatamente no chão, sem vida. Os cavaleiros se aproximaram e puderam ver o representante do templo segurando um cetro de prata em formato de raio, rindo de forma maligna enquanto seus olhos estavam tomados por uma luz branca muito forte. Não restava dúvidas de que aquele cetro era o famoso “Raio Mestre” de Zeus e que, sendo um objeto tão poderoso, ter caído em mãos humanas foi uma das piores coisas poderia ter acontecido.


Uma batalha começou, era difícil se aproximar sem ser atingido por aqueles raios potentes e mesmo as armaduras sendo tão fortes e resistentes, ainda assim estavam sujeitos a se ferirem com aquele poder. A prova disso foi quando dois Cavaleiros de Prata foram acertados e não puderam continuar a lutar, um deles inclusive perdendo o braço no processo. A situação não estava nada fácil, o humano já não tinha mais consciência e, tomado por aquele grandioso poder, nem conseguia mais distinguir as coisas que fazia. Apesar da situação caótica, ainda tinham sorte de não estarem enfrentando o próprio Zeus ou sua reencarnação, pois isso seria caso para uma grande Guerra Santa. Apesar de tudo, ainda acreditavam que tinham chances de vencer.


Miro estava perdendo a paciência e ao notar que o próprio templo estava frágil depois de tantas perfurações, imaginava que se acertasse uma das pilastras no ponto certo tudo viria abaixo e não teriam que se preocupar em parar o homem, pois as pedras já fariam este trabalho. Ergueu o braço e apontou na direção da pilastra, concentrando sua mira para que acertasse perfeitamente com sua "Agulha Escarlate", mas não pode efetuar seu golpe ao ser empurrada para o lado repentinamente por ninguém menos do que Camus. Quis xingar o francês assim que virou para encará-lo, mas o viu ser acertado por um dos raios e voar alguns metros para longe. Seus olhos se arregalaram e correu na direção dele, até desfazendo a proteção do elmo que protegia sua cabeça para ver como o outro estava. O aquariano não impediu seu ataque à toa, ela teria sido acertada se tivesse continuado naquela posição um segundo a mais e Camus decidiu salvá-la.


— Você ficou louco?! — a ruiva berrou ao se abaixar ao lado dele e notou que havia sido atingido um pouco abaixo do ombro, causando uma abertura feia na armadura, que chegava a faiscar — Se me avisasse, eu...


— Não daria tempo. – ele rebateu e fechou mais a expressão pela dor que sentia, mas mantinha-se firme — Não foi grande coisa, não se preocupe. O estrago seria maior se você tivesse sido acertada.


— Preocupada? Eu não estou preocupada com você! — parecia irritada e nervosa ao mesmo tempo que negava algo que era evidente por sua expressão. Acabou segurando no ombro para ver melhor o ferimento — É um convencido mesmo! Eu poderia me virar sozinha e você faz uma coisa dessas... Eu realmente odeio você!


Camus chegou a abrir a boca para responder, pois não poderiam perder tempo com aquela tola discussão e deixar tudo com os pobres Cavaleiros de Prata que continuavam lutando. No entanto, ele foi impedido de falar assim que os lábios rosados e carnudos de Miro pousaram sobre os seus, fazendo-o arregalar os olhos por alguns instantes. Qual era o sentido disso? Dizer que o odiava e depois o beijar? Não que fosse reclamar disso, pelo contrário... Mas havia hora e lugar para tudo e definitivamente aquele não era um bom momento. Pelo menos aquele contato não durou mais do que alguns segundos e a Amazona se afastou rapidamente, querendo evitar olhar para o rosto dele por enquanto e assim se concentrar no serviço que tinham que concluir.


Apesar do ferimento, o Cavaleiro de Aquário se levantou em seguida e estava pronto para continuar com a luta. A ruiva conseguiu criar uma brecha e distraiu o humano, assim o francês juntou as mãos no alto da cabeça e usou seu “Execução Aurora” antes que ele pudesse revidar com os raios. A estratégia deu certo e o homem foi arremessado contra uma pilastra do templo e um grande choque ocorreu, fazendo um clarão surgir ao mesmo tempo que uma parte do teto se soltou, caindo sobre ele e terminando com todo o problema.


Quando tiveram certeza de que era seguro se aproximar, o grupo se reuniu e conseguiram pegar o cetro, sendo que Miro o observou com atenção e pôde notar que havia restos de selos de Athena pelo objeto. Eles deviam ter se desgastado com o tempo e, ao ser achado pelo representante, seu poder foi completamente liberado através dele. Era um trágico fim para alguém que deveria cuidar do templo e de tudo o que estava nele, mas não tinham como salvá-lo daquele poder. Por fim, levaram o cetro de volta ao Santuário para que fosse selado novamente e ficar em segurança, longe daqueles que não poderiam manipulá-lo.


— Temos que conversar... — Camus ditou para a ruiva assim que terminaram de entregar o cetro para o Grande Mestre.


— Você tem que ver esse ferimento... Depois conversamos. — Miro não deixou que fosse contrariada, apertando o passo e indo rapidamente para a Casa de Escorpião. Não sabia como confrontar o francês depois do que fez, se perguntando a razão de tê-lo beijado, embora soubesse bem qual era a resposta.



Era uma noite particularmente quente no Santuário, tanto que Camus precisava regular a temperatura da Casa de Aquário com seu próprio cosmo. Estava deitado em sua cama e lia um livro, vestindo apenas uma calça azul escura de um tecido bem leve e seu peitoral estava à mostra, com a diferença de ter um curativo onde havia sido ferido. Já estava bem melhor e logo poderia tirá-lo, mas o que lhe incomodava de verdade era não ter conseguido conversar com a Amazona de Escorpião. Dias já haviam se passado desde aquele incidente e Miro parecia estar fugindo dele, isso definitivamente não o agradava.


Queria ouvir da boca dela uma explicação para aquele beijo, embora já tivesse ideia de qual seria e talvez o que estava deixando o francês ansioso era justamente ouvir uma confirmação do que passava por sua cabeça, mas isso apenas a ruiva poderia lhe dar. De repente, como se seus fortes pensamentos tivessem se tornado um chamado, Camus sentiu o cosmo inconfundível dela adentrar em sua casa e deixou o livro de lado, se sentando corretamente na cama e por um momento chegou a pensar que a Amazona só iria pedir permissão para passar e fugir como andava fazendo, porém ela apareceu diante de si trajada de sua armadura e pôde ver que o olhar de Miro estava recaído sobre o curativo em seu corpo.


— A que devo sua visita? — o francês perguntou de uma vez, vendo um suspiro deixar os lábios dela.


— Vim ver como está seu ferimento.


— Está bem melhor, obrigado pela preocupação. Ou vai insistir que não está preocupada comigo?


— Não vou insistir... Você está assim por minha causa, então não tem como não me preocupar. — ela admitiu e se aproximou.


— Oh, estou vendo algum progresso... Será que agora podemos conversar?


— Estou aqui para isso. — olhou para a cama e assim que o francês fez sinal para que se sentasse, Miro o fez — Sabe muito bem que não o suporto desde o dia da minha nomeação.


— Sim, eu sei... Pelo menos eu achava que era assim. Mas depois do que aconteceu nessa última missão, me pergunto se realmente me odeia tanto. — Camus não ia perder a oportunidade de tocar no assunto.


— Sobre isso... Acho que realmente perdi o controle naquele momento. Não sabia o que estava fazendo... Era muita tensão.


— Miro, não tente me convencer que teve um lapso de insanidade e me beijou por conta disso, por favor. Sei que pode ser tudo, menos louca.


— Pensa que me conhece tão bem assim? Eu não tenho tanta presunção de dizer que o conheço dessa maneira... Nem sei o que se passa na sua cabeça em relação a mim, afinal você é uma parede de gelo que não demonstra ter sentimentos.


— É isso mesmo que pensa de mim? Ou só está sendo arisca por estar sendo colocada contra a parede? — não iria desistir de pressioná-la, precisava de respostas.


— Não dá mesmo pra falar com você! — a ruiva se irritou e fez menção de se levantar, mas Camus segurou sua mão e, de alguma forma, isso a acalmou um pouco — O quê?! Vai dizer que estou errada sobre você?


— Está! Apesar de realmente ser muito frio e pouco expressivo com as pessoas, pensei que você tivesse notado alguma coisa diferente.


— Tipo?


— Tipo na festa de aniversário do Grande Mestre. Não notou nada naquele dia?


Miro repassou mais uma vez aquela noite que reviveu várias e várias vezes com uma confusão e deleite sem fim. Havia notado algumas coisas sim, tanto nele quanto em nela mesma e mesmo querendo clarear seus pensamentos, tinha receio em fazer isso. Era como um medo de acreditar que o aquariano tinha um real interesse nela, medo de admitir que o interesse era mútuo, medo de descobrir que antipatia inicial era apenas uma atração repentina que ambos tentaram esconder. Em sua divagação, Camus esperou pacientemente por uma resposta enquanto afagava a mão dela com o polegar.


— Eu notei... Talvez já tivesse notado antes disso e só não queria admitir. — a ruiva finalmente respondeu, erguendo o rosto para encará-lo — É complicado... Afinal sempre pensei que você me odiava também.


— Não, nunca cheguei a odiar... Você podia ser orgulhosa e de nariz em pé, mas você conseguiu corrigir seu caráter e sei que foi por causa do nosso confronto. Tirando isso, nunca desrespeitei sua força ou teu sexo... Para mim, você sempre foi digna de vestir uma Armadura de Ouro.


— Eu não fazia ideia... E apesar da antipatia que senti no inicio, sempre o admirei por ser um Cavaleiro realmente brilhante. Guarde bem essas palavras, pois não vou repetir isso outra vez. — Camus chegou a rir e ela se permitiu dar um sorriso ao relaxar — Apesar de flertar com alguns homens, pela primeira vez me senti tão confusa sobre um que nem sequer pensava em me relacionar. Esse “pinguim” é um cara difícil de lidar sabe? Não sei o que ele está pensando... Nem sei se ele gostou do beijo que lhe dei naquele momento de nervosismo.


— Imagino... Mas saiba que esse “pinguim” apreciou e muito o seu beijo, apesar das circunstâncias do momento. — Camus já estava se acostumando com aquele apelido, apesar de que não toleraria se partisse de qualquer outra pessoa — Aliás, acho que ele iria gostar muito de receber mais e mais beijos.


— Isso quer dizer que me deseja?


— Mais do que isso... Eu amo você, Miro.


O sorriso dela se alargou enquanto o dele surgiu ainda que sem exibir os dentes. A conversa foi mais fluiu fácil e foi muito esclarecedora, mais do que esperavam e agora poderiam se libertar de qualquer receio que os impedisse de viver o que sentiam. Miro se aproximou e seus lábios se encontraram com os dele outra vez, agora podendo desfrutar do contato com calma e total atenção. Passaram a se mover em sincronia para se aprofundarem, as línguas não demoraram a se encontrar e cada um foi gravando na memória o gosto tão sublime que continham. A ruiva chegou a se surpreender com o calor que os lábios do francês lhe transmitiam e Camus tinha certeza que se viciaria facilmente na maciez daquela boca carnuda.


— Hmm... Posso me acostumar com isso. — o aquariano comentou e a ouviu rir — Não está incomodada com a armadura? Está uma noite bem quente afinal.


— Eu me adaptei bem a ela mesmo no calor e sua casa está numa temperatura bem agradável. — Miro sabia que era um pouco desconfortável ficar com a armadura num momento como esse, ainda mais que havia percebido a mão dele deslizando por suas costas e queria ter sentido o toque alheio — Ou está querendo que eu tire para que você tenha mais liberdade?


— Um pouco dos dois, talvez. — o aquariano confessou, arrancando mais uma risada da parte dela — Não irei passar do limite... Sei que posso acabar com uma Agulha Escarlate fincada no peito se isso acontecer.


— Ainda bem que sabe.


Ela mantinha o sorriso e apesar dos receios que sempre teve de andar sem armadura pelo Santuário, sentia confiança no francês. A ruiva se afastou um pouco e elevou seu cosmo, assim não demorou para que sua armadura soltasse de seu corpo e flutuasse para um canto do quarto na forma de uma placa retangular de ouro com o símbolo de Escorpião bem no centro. Agora estava bem mais a vontade, de fato... Vestia uma regata preta de alça fina que emoldurava um belo decote e um short de tecido branco e leve que chegava ao meio das coxas fartas de Miro. O francês analisou aquela visão com toda atenção e assimilava que aquela bela mulher agora era sua.


— Está gostando do que vê? — a Amazona não resistiu em perguntar, mesmo ganhando um leve rubor no rosto pelo olhar que recebia.


— Sim, gosto muito. Agora entendo perfeitamente o motivo de você viver de armadura para cima e para baixo... Melhor continuar assim para evitar alguns congelamentos.


Miro voltou a rir e negou com a cabeça, se aproximando do francês para dividir outro beijo demorado com ele. Sabia bem de sua beleza e de seu poder de atração, mas definitivamente não estava interessada em outro homem que não fosse o aquariano. Por outro lado, Camus se convenceu que havia tirado a sorte grande e toda a ansiedade de ter que esperar por uma explicação foi embora assim que teve certeza de que a ruiva correspondia aos seus sentimentos. Os dois não sabiam que tipos de dificuldades enfrentariam no futuro e nem se ficariam muito tempo juntos, mas com a vida que levavam só podiam agradecer aos deuses pela oportunidade e pelo sentimento tão terno e profundo que sentiam um pelo outro.

24 de Maio de 2019 às 01:24 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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Urutake Hime Uma garota que escreve desde 2009, com diversas temáticas e fandom diferentes. Nyah: https://fanfiction.com.br/u/30892/ Spirit: https://www.spiritfanfiction.com/perfil/urutake-hime Wattpad: https://www.wattpad.com/user/Urutake-Hime

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