Minha vida era perfeita, pelo menos para mim era perfeita, eu adorava aquele amanhecer frio do Canadá, e seu dia que corria preguiçoso, o sol fraco apenas dava um ar de graça para mostrar que ele ainda estava ali, mesmo que às manhãs de inverno impedissem ele de brilhar com toda sua intensidade.
Eu morava em uma cidade pacata, essas que parecem vilas, onde todo mundo se conhece, onde tem apenas um padeiro, um florista, uma costureira, uma escola simples em madeira velha polida, nada na minha cidade era incrível, eram sempre às mesmas pessoas, eram sempre os mesmos lugares. Pelo menos era até depois daquele dia!
De alguma forma eu gostava disso, como cresci próxima a uma floresta e vivi vendo essas mesmas pessoas todos os dias, eu me acostumei a essa condição, porém o destino gosta de acabar com a mesmice de nossas vidas, fazendo o mundo virar de cabeça para baixo, e te por bem ali no meio do caos...
Minha mãe, por outro lado na época, e até hoje ainda, não via as coisas desse modo, ela vislumbrava um mundo fora da pequena cidade desconhecida pelo mapa do Canadá.
Sim éramos um local tão pequeno que nem éramos colocados no mapa, nossa pequena cidade ao extremo leste do Canadá se chama Green Ville se buscar nos mapas não vão encontrar pois ela não existe, éramos quase uma cidade fantasma. Onde coisas estranhas de fato aconteciam.
E sim exatamente assim como no joguinho de celular, nossa cidade se chamava vila verde na tradução literal. Era como disse, pequena no máximo uns 809 não 810, na época já que a senhora Pitter acabara de dar a luz a mais um filho. Se não me engano já era o quinto, e ela e o marido queriam mais, segundo ele um time de hockey.
Às pessoas aqui são simples, são todos agricultores e pequenos comerciantes tiramos da terra o que precisamos, e o que a terra não pode nos dar compramos no único mercado da cidade, que aliás pertence ao meu pai.
Nossa família, os Hunters são uma das famílias mais “ricas” da cidade, exatamente pelo fato do meu pai o belo Sr Jacob Hunter, ter o único mercado da cidade, que literalmente movimenta 60% da economia desse vilarejo.
Meu pai é um homem de natureza calma sossegado, com seus 1,89 os cabelos em um tom de grisalhos devido a chegada da idade, a barba milimetricamente feita e bem aparada o corpo alto não musculoso mas bem definido, os olhos escuros e a pele bem branquinha, já que naquele lugar o sol como disse, só dava o ar da graça, meu pai era bonito, havia algumas adolescentes que suspiravam por ele pelos cantos, mas sabiam que ele jamais olharia para elas, pois infelizmente ou felizmente, ele era totalmente cego de amores por minha mãe, Rebecca Hunter, a dondoca de Green Ville.
Minha mãe era uma ótima pessoa, uma mãe dedicada afetuosa, porém ela queria que saíssemos daquele “cubinho de porcos”, como ela se referia a cidade por conta de seu tamanho, e o fato de não ser tão desenvolvida como ela queria que fosse.
Minha mãe uma mulher linda de cabelos dourados olhos verdes, parou em Green Ville por acidente, ela uma americana, passeava em turismo e se perdeu, indo parar em Green Ville. Bom o resto da história já devem imaginar, meu pai e ela se viram se apaixonaram e blá blá blá, porém ela era acostumada a toda a vida fácil dos aparelhos eletrônicos, de resolver tudo pelo celular, de ter ar condicionado, tv a cabo, computadores potentes, e todas as frescuras da cidade grande. Então viver em Green Ville era um terror para a dondoca. Mas ela preferia aquela vida no mato, a cogitar a ideia de viver longe de seu homem perfeito, como ela mesma gritava ao vento.
Meu irmão mais novo Richard Hunter, o nerd sobrenatural de 20 anos, como Green Ville vivia rodeada de histórias estranhas, meu irmão cresceu tentando descobrir o que existia ali, Richie tem cerca de 1,70 olhos verdes como esmeralda, cabelos lisos em um tom de castanhos, em um corte rasteiro que o deixava com uma franja é um certo volume que ele costumava afastar com as mãos, era bonito chamava a atenção, mas por sua personalidade, ele sempre afastava ás pessoas. E ele parecia preferir assim .
Nossa vida era tranquila, tranquila demais, até eu trazer comigo todo o caos.
Tudo mudou depois que minha mãe por conta de achar Green Ville lerda demais, decidiu que eu tinha que conhecer o mundo, pois já havia chegado aos 21, era adulta havia terminado o colegial, e tudo que eu fazia era trabalhar no negócio da família, segundo ela, eu tinha que ficar viva, viver a vida e não me tornar uma árvore, e por isso no meu aniversário de 22 anos, ela me deu uma viajem de férias de presente, o problema é que minha mãe acha que sou algum tipo de nerd da roça como Richie, pois ela comprou passagem para Grécia...segundo ela eu estaria no centro da mitologia e seria ótimo para meu “desenvolvimento mental”. Mal sabia ela que essa viagem mudaria de fato minha vida, e toda a vida de Green Ville!.
O problema é que eu não estou nem aí para o meu desenvolvimento mental. Eu gosto de ficar sentada embaixo das enormes árvores da entrada da floresta, ouvindo o som calmo do rio que corta a nossa cidade, ouvir o som dos pássaros, e no máximo às baboseiras eloquentes que minha melhor amiga Tate Oliver tem a contar.
Normalmente às baboseiras de Tate são todas sobre o seu romance platônico com Jackson Lars o cara mais convencido de Green Ville, filho do prefeito, ele sempre foi um tremendo de um babaca, mas é bonito, alto musculoso, de olhos azuis, cabelos castanhos, pele morena, líder do time de hockey. Ele se acha o homem mais lindo do mundo...o intocável o intransponível o único senhor do mundo. Ou seja um completo idiota.
Porém quando ele e seus amigos apareceram, isso também mudou...Tudo em Green Ville mudou quando eles chegaram…principalmente eu.
Mas o caso na época foi que minha mãe inventou essa bendita viagem a Grécia, e eu como não iria sozinha, recorri ao banqueiro da cidade vulgo pai da minha melhor amiga.
-Por favor Tio Ian, não me faça ir até lá sozinha, enfrentar aquele monte de turista sem ter ninguém para me socorrer, sabe que odeio isso, só estou indo por culpa da minha mãe, por favor deixe a Tate ir comigo por favor. Por favor Tio Ian.
-Nao sei Kaylle, Tate não anda merecendo nada. -Ele me olhava sério. Seus olhos azuis eram lindos, seu rosto aparentava uns 30 e ele já passava dos 45 anos, ele era sério, sem muitos sorrisos, mas muito bonito, com os cabelos escuros penteados para traz e a barba feita. Um verdadeiro dono de banco.
-Olha só tio, eu me responsabilizo pela loucura desvairada de sua filha.
-Você tem ideia do que está falando? -Ele me encara por alguns momentos ponderando minha proposta. O Senhor Ian Oliver, era um homem pulso firme com a filha. Pois era pai solteiro e nunca mais se casou ou se interessou por alguém depois que sua esposa faleceu. E ele unicamente se dedicou a criar Tate, porém a menina tinha alguns parafusos a menos.
Tate era inconsequente, queria viver a vida ao máximo aproveitar tudo que podia, não queria ter regras. No fundo eu sabia que ela tinha medo de morrer como a mãe, e queria aproveitar o máximo que podia, por isso acabava deixando o Sr Oliver de cabelos em pé.
Mas Tate e eu éramos amigas, desde o jardim de infância, eu era dois anos mais velha, crescemos juntas brincando no lago, subindo em árvores. Irritando os animais das fazendas, correndo livres. Infernizando meu irmão. Quando completamos 14 anos a mãe dela faleceu, e Tate mudou.
A senhora Oliver foi afligida de uma doença rara, por mais que o pai de Tate, tenha feito o que pode, mandando a esposa para os melhores hospitais da capital ela não resistiu.
Eu me lembro como Tate ficou depois da morte da mãe, por meses ela se fechou para o mundo, não falava com ninguém não olhava para ninguém, porém repentinamente, ela reapareceu como se nada tivesse acontecido, agindo como se o mundo fosse acabar no dia seguinte.
Ela se tornou rebelde, fazia tudo que queria, seu pai até tentava, mas não conseguiu mais parar Tate que agora vivia intensamente.
-Tudo bem Kaylle, mas por favor não deixe ela voltar grávida de um desconhecido, de um grego qualquer não deixe ela sozinha.
-Não se preocupe, Tate pode ser meio doidinha, mas ela não chega a esse nível tio Ian. -Falei vendo ele se jogar para trás da cadeira levando os dedos às têmporas.
-Eu juro a você tio, não tirarei os olhos dela…-Eu não sabia que aquela viagem ia tornar a vida da Tate e a minha um completo caos, pois se eu soubesse das consequências, jamais a teria levado comigo, jamais teria convencido tio Ian. Eu mesma jamais teria saído de Green Ville se eu soubesse das consequências daquela viagem a Grécia, e de todo o caos que viria comigo na bagagem…
Dois dias depois dessa conversa com Tio Ian estávamos descendo na Grécia. Eu não deixei de sorrir, ao ver o sol quente banhar minha pele pálida, meus cabelos castanhos estavam presos em um coque, e contrastavam com meus olhos cor de mel, enquanto eu já buscava o mapa que fiz, dos principais pontos, para visitar tudo que tinha que visitar.
-Não! meus Deus! que lugar incrível, será que essa roupa está boa ? Não estou muito gorda nela ? Estou com cara de turista? Pois a pior coisa é você ser turista com cara de turista. - Tate vinha atrás de mim observando sua roupa, um shorts jeans uma regata e um colete jeans rasgado. Seus cabelos longos e negros como a noite, estavam presos como o meu, seus olhos azuis cintilavam contra a luz do sol, seus lábios grossos e vermelhos se destacavam em sua pele branca, Tate não era gorda como ela se via, pelo contrário era cheia de curvas lindas, enquanto eu me sentia um esqueleto sem graça ao lado dela, Tate tinha seios fartos cintura curta coxas e quadris largos.
Já eu era magra, tudo mediano nada grande porém nada pequeno, como meu pai diria, uma potranquinha com carne para apalpar.
-Você é uma turista Tate, e sim está com cara de turista, e não você não está gorda, e sim a roupa está ótima, agora vamos atrás de um táxi, a mamãe falou que o hotel era próximo ao aeroporto.
-Então vamos andando, assim eu avalio todo o menu grego. -Ela disse mandando uma piscadela a um rapaz que sorriu para ela.
-Não comece com isso Tate, eu prometi ao tio Ian que você ia se comportar.
-Então pare de fazer promessas que não pode cumprir. -Ela disse sorrindo pra mim.
-Vamos de táxi, não quero carregar às suas 40 malas sozinha.
-São apenas 6 malas, iremos ficar duas semanas aqui, tinha que estar preparada, uma mulher despreparada fica a mercê do destino, e eu não sou esse tipo. -Tate gesticulava enquanto varria o aeroporto com os olhos vendo todos os homens disponíveis, que ela conseguia captar.
-Eu trouxe apenas uma, que sei que será o suficiente. -Disse passando por ela, indo a saída dando sinal a um táxi.
-Você é estranha Kaylle, você não é um ser humano, acho que é uma árvore. -Ela riu ao falar como minha mãe, porém ao contrário das dondocas, eu era simples demais, não precisava de grandes coisas para ficar bem. Desde que eu estivesse calma tudo corria sempre bem.
Dei o endereço ao motorista, e minutos depois estávamos em um enorme hotel, em um dos lugares mais caros do mundo, meu pai teria problemas com a conta que minha mãe ia arrumar, Tate estava saltitando de felicidade, e eu achando aquilo tudo um exagero.
-Mais que tudo, não acredito que sua mãe reservou um hotel desses.
-Nem eu acredito, minha mãe exagera sempre -Falei levando minha mala, passando pela enorme porta de vidro, ficando diante de um saguão chique todo em vermelho e dourado, o chão era uma especie de mármore trabalhado.
Tate estava igual criança no parque de diversões, afinal, nada disso existia em Green Ville, o máximo que tinha no hotel da cidade, era um sofá reclinável, que o Sr James comprou , mas que estava juntando poeira, já que ninguém ia para Green Ville.
-Amiga, não quero mais ir embora, vou morar para sempre na Grécia. -Tate falou ao entrarmos no quarto gigante, com duas camas de solteiro um grande guarda roupa, uma geladeira minúscula que Tate disse ser um frigobar, e que tudo que tinha la dentro era para ser consumido.
Eu estava exausta, a viagem não era tão longa mais ainda assim era cansativa.
-Nem pense em dormir agora Kaylle, vamos dar uma volta, conhecer as redondezas, não vou deixar você gastar duas semanas maravilhosas, apodrecendo na cama sua árvore ambulante.
Fui tirada do hotel literalmente a força por Tate, que pegou um mapa no aeroporto com os pontos turísticos mais badalados.
-Tate eu já fiz um mapa de locais com menor movimentação sem tanta bagunça.
-Para de ser chata Kaylle, vamos socializar vamos nos misturar vamos curtir. Estamos na Grécia -Tate ergue os braços para cima chamando a atenção de um grupo de pessoas que acaba rindo da empolgação dela.
-Tate se controla por favor.
-Então anda logo! -Ela me puxa com ela e vamos conhecer pontos turísticos próximos. Minha mãe nos hospedou na cidade de Santorine, conhecida por suas casinhas brancas com tetos azuis. Era um lugar lindo, era uma vila em cima de um penhasco, abaixo uma praia de água cristalina, próximo a onde estávamos ficava a ilha de Oia, onde estava o ponto mais almejado por Tate a praia vermelha, ou Red Beach, era um lugar caríssimo, mas que foi incluso no pacote completamente exagerado da minha mãe, era um lugar romântico, onde casais passavam suas luas de mel.
Tate estava ansiosa para ir até lá, segundo ela encontraria o amor de sua vida ali. Ou pelo menos um pobre coitado que ela iria deixar iludido, Tate tinha esse problema, ela vivia apaixonada pelo Jack idiota, que nem ao menos percebia o que fazia com todos a sua volta. Tate era tão cega de amores que não via como era bonita, e como atraia às pessoas, pelo contrário ela sempre se achava feia, gorda que estava fora de padrão.
Mas naquela hora Tate estava empolgada demais com tudo que estava vendo na Grécia, era bom ver ela sorrir assim, e esquecer um pouco aquele garoto e todos os problemas que ela própria criava para si..
Porém o que nós encontramos naquela praia aquela noite… não estava nem próximo ao que queríamos foi ali o início do caos.
-Tate, estamos rodando a horas meus pés estão doendo, minha barriga roncando, vamos voltar.
-Sim vamos voltar, tomar um banho, e ir para Red Beach.
-O que ?
-Kaylle haverá um luau essa noite em red beach, nós estamos de férias, e não vamos perder isso por nada.
-Tate, não acho uma boa ideia, vamos descansar amanhã a gente vai nessa praia.
-Amanhã não terá mais luau. E você disse ao meu pai que ia ficar de olho em mim, se você quiser dormir pode ir, eu vou a essa festa, eu estou na Grécia, vou aproveitar tudo que esse lugar pode me dar de bom .
-Tate, agir assim não vai mudar nada.
-Kaylle, a vida é curta é uma caixinha de surpresas, você está perdendo o melhor da vida. Não seja tola… não seja uma árvore.
-Tola...eu...Tate...às coisas não acontecem…
-Chega Kaylle se você quer voltar e ficar lá pode ficar eu vou a esse luau.
-Tudo bem Tate, eu vou com você. -Ela me abraça rodeando meu pescoço com os braços. Voltamos ao hotel, comemos algo, tomamos um banho e logo depois fomos nos arrumar, eu me vesti rápido, coloquei um vestido soltinho com flores suaves em um tom de branco, e uma bota cano baixo preta, prendi meus cabelos em um coque e pronto, não gostava de maquiagem nem de tanta coisa na cara, passei apenas um gloss suave para dar um brilho.
Já Tate, desmontou duas malas, atrás de um vestido que mostrasse sua beleza e escondesse seus defeitos, ela experimentou uns oito vestidos, antes de escolher um vestido justo azul celeste que caiu como uma luva, deixando ainda mais em evidência seus cabelos negros e seus imensos olhos azuis, ela fez uma maquiagem bem noturna, que destacava seus olhos e sua boca.
-Agora que estou pronta, podemos ir, não quero perder absolutamente nada dessa festa.
Pegamos um táxi, aproveitando para admirar a cidade durante a noite. O lugar de fato era maravilhoso, mas tinha algo no ar, algo que parecia querer me avisar que ir até Red Beach aquela noite não era uma boa ideia. Eu deveria realmente não ter ido lá.
Não demorou muito para chegarmos, assim que descemos podia os ouvir o som alto, às pessoas dançando conversando e bebendo, a praia tinha a água cristalina refletindo a luz da lua, a enorme fogueira central se destacava em meio a tudo, os bares em formas de tendas abertos estavam cheios, todas as pessoas pareciam felizes, casais apaixonados selavam seu amor sobre a luz da lua, enquanto solteiros buscavam ali aquele que talvez seria seu par pela vida toda.
-Olha só isso Kaylle, olha quanto homem bonito em um lugar só, isso aqui realmente é o paraíso.
-Sim é um paraíso mas não por causa dos homens, e sim por essa vista, olha que lindo o brilho da lua refletido no mar! -Falei encantada.
-Sério Kaylle! Com tantos homens em volta, você está prestando atenção na lua, que nós já enjoamos de ver em Green Ville. Por isso que está até hoje sozinha.
-Não estou em busca de ninguém, eu vim em férias comemorar meu aniversário.
-Você tem 22 anos, e o mais próximo de um garoto que você chegou, foi seu namorinho com o Mccoy quando estávamos na segunda série.
-Não enche Tate, vou buscar um suco, você vem ?
-Sim quero um pouco de absinto a bebida dos Deuses, afinal estamos na Grécia, no berço da mitologia.
Fomos a um dos bares, Tate pediu o drink, e eu optei por um suco de fruta, pois tinha certeza que minha amiga acabaria bêbada, e eu a teria que levar para casa.
Estávamos conversando animadas rindo juntas quando Tate me encara e se aproxima.
-Amiga...tem um grupo de Asiáticos ali atrás e um deles não para de olhar pra cá. -Discretamente me virei para trás, buscando o tal grupo de Asiáticos, porém não vi nada.
-Tate não tem nada ali, você já está bêbada.?
-Não, eu não estou bêbada eu juro que vi, eram sete caras. Mas esse lugar está cheio já devem ter saído, bom fique aqui vou no banheiro, retocar minha maquiagem.
-Está bem, não demore vou pegar mais suco!
-Pega mais uma bebida para mim por favor.-Ela disse já distante indo a um dos banheiros.
Caminhei até o balcão do bar pedindo mais bebidas, enquanto aguardava fiquei observando às pessoas em volta da fogueira, quando senti um olhar sobre mim.
Olhei em volta e não vi nada, porém continuava com a sensação de estar sendo observada.
-Aqui sua bebida senhorita -O barman tira minha atenção das pessoas e eu me viro agradecendo pegando as bebidas e voltando a minha mesa, assim que sento, volto a ter a sensação de estar sendo observada, volto a olhar em volta e não vejo nada além das pessoas distraídas, aquela sensação começa a me incomodar, volta e meia olhava para ver se encontrava alguma coisa, mas tudo que sentia eram olhares sobre mim, eram como sombras me rondando, algo ruim uma sensação de ser vigiada, avaliada, era algo que começou a me deixar desconfortável, ansiosa, e assustada…
-Kaylle vem comigo, preciso te apresentar uma pessoa -Tate aparece e segura minha mão me arrastando com ela, fazendo a estranha sensação passar.
Tate me leva até uma mesa onde haviam dois rapazes, rindo e conversando. Tive uma sensação péssima ao me aproximar e uma sensação grande de perigo ao olhar aqueles rapazes.
-Ethan, Erick essa é minha amiga Kaylle, Kaylle esses são Ethan e Erick, eles estão de férias aqui também, são turistas como nós. - Ela sorri enquanto eu tinha vontade de matá-la, eu nunca gostei desse tipo de coisa, e eu sabia que Tate estava fazendo de propósito.
-Ola boa noite Sou Ethan O'conner e esse é meu irmão caçula Erick -O rapaz estica a mão sorrindo pra mim, ele tinha a pele morena os olhos amendoados, o corpo esguio e bem trabalhado, os cabelos encaracolados escuros o deixava muito atraente. Porém novamente tive aquela sensação de estar sendo vigiada.
-Prazer Sou Kaylle Hunter!
-Se sentem conosco por favor. -Ethan falou nos analisando.
-Não acho que seja uma boa idei…
-A nós aceitamos muito obrigado -Tate diz se sentando encarando o tal de Erick, o rapaz diferente do irmão era mais baixo , porém bem musculoso com olhos pequenos e negros os cabelos eram castanhos longos presos em um rabo de cavalo , lábios grandes e a pele bronzeada.
Eu até tentei olhar feio para Tate, mas não havia o que fazer, ela já estava de costas para mim conversando com o tal Erick me ignorando por completo.
-Não se preocupe também não me sinto confortável com aproximações diretas!
-O que ? Aí me desculpe, eu não quis parecer grossa, é que eu não sou acostumada a festas e quase nunca saiu de casa, então não sou tão sociável assim.- Falei ajeitando alguns fios de cabelo que caíram no meu rosto devido a brisa noturna da praia.
-Não se preocupe, eu também não sou o mais social, passo tempo demais estudando, é raro eu sair, não sei como meu irmão me convenceu a fazer essa viagem. -Ethan falava comigo enquanto bebia algo que parecia ser um martini.
-No meu caso, só estou aqui porque foi presente de aniversário exagerado da minha mãe. -Acabei rindo, pensando na carinha de agonia do meu pai, com a conta exorbitante que minha mãe deve ter entregue a ele.
-Devo lhe dar os parabéns atrasado neste caso! -Ele sorriu, seus dentes eram brancos e seu sorriso encantador.
-Não a necessidade, agradeço, afinal já passou. -Enquanto conversávamos, voltei a sentir que era observada, e dessa vez de forma muito intensa, ao ponto de eu ficar incomodada no meu lugar e querer sair
-Ethan me dá um minuto, preciso ir ao toalete. -Falei incomodada, a sensação não passava, porém todas às vezes que tentava achar quem me observava não via ninguém.
Me afastei da mesa indo em direção ao banheiro, quando sinto alguém me seguindo, olho disfarçadamente em volta e não vejo ninguém, continuo a andar agora mais rápido, quando sinto trombar em algo e cair no chão.
-Desculpe foi minha culpa! - Falei ainda um pouco tonta , me ajeitando e levantando devagar, quando ouço uma voz que pareceu sussurrar em meus ouvidos.
-Fique longe daqueles dois, são perigosos! -Ergui meu rosto olhando em volta e não vi ninguém, apenas um senhor que esticou a mão.
-Você está bem mocinha, o movimento está grande e às pessoas ficam um tanto quanto mal educadas.
-Estou sim obrigada. Mas o senhor viu quem esbarrou em mim ?
-Não, apenas um vulto passando, e você no chão em seguida, sinto muito
-Tudo bem ainda assim obrigado.-Levantei um tanto assustada, fui ao banheiro lavei meu rosto, respirei fundo.
-O que aconteceu afinal de contas…Para de paranóia Kaylle, está tudo bem, ninguém está te perseguindo...calma...aquilo já passou...ninguém está te perseguindo, eles desapareceram a anos...já passou… você não é mais uma criança e ,pare com essas paranóias, -Me encarei por alguns instantes no espelho, me acalmando e sai em seguida voltando a mesa vendo que Tate não estava mais ali. Apenas Ethan estava sentado olhando para o nada.
-Onde está a Tate?
-O Erick a levou para dançar , e eu os perdi de vista, mas logo eles voltam..
-A droga, Tate onde ela se enfiou. -Me levanto da mesa indo atrás de minha amiga tendo o homem atrás de mim.
-Tate ...Tate…-Falava enquanto me misturava às pessoas, atrás dela, com Ethan atrás de mim.
-Não tem com o que se preocupar Erick está com ela.
Novamente tive a sensação de estar sendo observada, e aquela voz voltou a rondar minha cabeça.
-Fique longe eles são perigosos. Saia..saia daí.
-Preciso achar a Tate ela está sob minha responsabilidade.
-Já disse, não tem com que se preocupar. -Ignorei ele e pouco a frente vi Tate aos beijos com o tal de Erick.
-Tate o que você está fazendo ! -Falei puxando ela afastando ela do cara.
-Hei para o que você está fazendo! - Ela me olha como se eu tivesse cometido um crime
-Vamos para o hotel agora. -Falei puxando ela enquanto os dois nos encaravam.
-Porque você está fazendo isso ! -Tate puxa o braço e eu encaro ela.
-Como você se agarra um desconhecido, você não pode fazer isso Tate, pare de agir de forma desencadeada.
-Pare de ser chata você não é meu pai!
-Tate esses caras são perigosos -Falei me esquecendo que éramos observadas.
-Porque ?
-Eu, eu, não sei, alguém disse que era para ficarmos longe deles que era perigosos
-Quem falou ?
-Eu...eu não vi.
-Nem desculpas você tem, se você não sabe se divertir, me dá licença que eu sei - Tate virou às costas, para sair porém assim que ela se moveu Erick encostou nela apertando forte sua cintura.
-Ande bem devagar gracinha, vamos dar uma volta fora daqui, iríamos fazer isso do jeito fácil, mas sua amiga tinha que estragar tudo então será do jeito difícil. Se alguém desconfiar de nós , vocês duas irão se dar mal, agora vão.
Os dois se aproximam de nós Erick apertou Tate a seu corpo, de uma forma que ela não tinha como, se mover, porém quem olhasse de fora achava eles apenas um casal fazendo promessas ou passeando de forma apaixonada.
-Andem logo e sorriam como se nada estivesse acontecendo.-Ethan falou e me abraça por traz.
-Turistas sempre trazem bastante dinheiro, então vamos dar uma volta em seu hotel, e nos divertir não é!
Forçamos um sorriso e começamos a caminhar entre às pessoas com eles atrás de nós grudados a nosso corpo nos mantendo rendidas, eu comecei a tremer, flashes do passado me deixavam sem ação,presa sendo perseguida, incapaz de me proteger daquelas coisas, que me machucavam mas que apenas eu via.
Quando estávamos perto da saída da praia uma voz soou atrás de nós, fazendo eles pararem.
-Kaylle, eu estava te procurando, porque você está indo embora? achei que íamos ficar um pouco mais, você me prometeu uma dança perto da fogueira. -Nós quatro nos viramos e encontramos sete rapazes,eu nunca havia visto nenhum deles, como sabiam meu nome?
O que falava comigo tinha cabelos negros, era o menor do grupo, mas um corpo totalmente esculpido denso e forte, seus olhos eram pequenos e puxados representando seus traços asiáticos , os lábios carnudos, os cabelos lisos e divididos, eram incríveis, a postura dele deixava um tom de mistério e sedução no ar. A jaqueta de couro com a camiseta negra lisa colada ao corpo, a calça Jeans rasgada tudo nele era diferente. Exalava perigo e mistério.
-Hei Oli, esse cara está te importunando? -um dos rapazes a seu lado encarou minha amiga dando um sorriso de canto, os cabelos tingidos de cinza o rosto milimétrico totalmente perfeito o olhar intenso e sensual, a postura autoconfiante, a jaqueta jeans preta, com a regata exército por debaixo e o cordão no pescoço o deixava em uma versão de bad boy, muito atraente.
Atrás deles havia ainda mais cinco rapazes todos com um ar de mistério encarando a nós quatro.
-Quem são vocês ? -Ethan falou colocando algo em minhas costas, senti o cano frio deixando claro que aquilo era uma arma.
-Somos amigos delas, estamos viajando juntos, ficamos de encontrar elas aqui, mas pela confusão de pessoas nos perdemos. -O de jaqueta de couro falou.
-Elas virão conosco agora…se não percebeu pintou um clima é queremos privacidade-Ethan diz empurrando mais o cano contra meu corpo me deixando sem ação, travada e assustada..
-Ela não quer ir, está nítido isso, então melhor você ir e a deixar em paz, não vai querer ter problemas.
-Estamos curtindo a noite a dois, e vocês que estão atrapalhando. Acho melhor vocês não atrapalharem -O asiático me encara por um segundo e sinto como se tudo a minha volta se tornasse escuridão, e apenas seus olhos eram o que eu enxergava...que sensação estranha era aquela...o que estava acontecendo.
Ele desvia o olhar do meu e tudo volta ao normal
-Eu tentei do jeito fácil. Sinto por isso meninas, mas não a nada que vocês devam ver aqui!
Depois disso um deles que estava comendo um sanduíche passou a frente e nos olhou, por um segundo vi um brilho vermelho em seus olhos, mas não vi mais nada depois disso, pois meu corpo começa a pesar, minha visão perde a intensidade, e sinto meu corpo pesado e não vejo mais nada ouço apenas aquela voz em minha mente.
-Eu avisei para ficar longe…
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