luraywriter Luray Armstrong

Porque Naruto precisava desesperadamente de ajuda. Capa: Bárbara Vitória


Fanfiction Anime/Mangá Para maiores de 18 apenas.

#naruto #sasuke #itachi #insinuação-de-estupro #terror
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Capítulo único


















Notas iniciais: Olá, essa história era pra pertencer ao desafio Hallowink (Inkspired), mas eu vacilei (novidade?). Anyway, a fic ta aqui.

Eu não sabia muito bem que avisos colocar nessa fic pq eu a fiz intencionalmente com dupla interpretação. Ela pode estar meio aleatória e sem aprofundamento, mas eu não desenvolvi muito as coisas exatamente para que a dúvida permanecesse. Vocês escolhem o que realmente aconteceu com o Naru, em relação a tudo.

Dependendo de como vão enxergar os acontecimentos aqui, gostaria de avisar que vão se deparar com uma história de terror ou não. Mas vão ficar assustados de qualquer forma.

Se for sensível (se for algum tipo de gatilho ou algo muito forte para você ler sobre) ao tema estupro e abuso infantil, não leia. Não tem nada explícito, prometo.

Betado pela Nonna 💖

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O Senhor Sorriso, a Moça, o Sasuke e a Porta

Naruto estava em seu quarto. Escondido debaixo da coberta, tremendo de medo.

Era sempre agora, era sempre naquela hora, em dias como esse. Naruto odiava a chuva, era em dias chuvosos que ele aparecia.

O Senhor Sorriso.

Ele abria a porta devagar. A porta do novo quarto não rangia, então ele entrava sem fazer barulho. Naruto nunca sabia quando ele estava chegando, mas sabia os dias que ele gostava de vir. Não adiantava trancar a porta ou se esconder embaixo da coberta, não havia barreira que o impedisse.

Era um monstro horrendo, mas Naruto nunca conseguira ver muito mais do que o sorriso dele. Ele sempre sorria enquanto Naruto chorava baixinho, de medo.

E naquela noite não foi diferente.

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De dia, Naruto estava brincando com Sasuke no quintal. O garoto novo ainda era meio estranho e não falava muito, mas Naruto não se importava, gostava de estar com ele.

Ele sabia sobre o Sr. Sorriso, era o único que acreditava. Mas não foi atacado por ele. Sasuke dizia que o Sr. Sorriso tinha medo de Itachi, seu irmão, e eles sempre dormiam juntos. Às vezes, Naruto conseguia escapar para o quarto deles à noite. Mas não conseguiu noite passada.

De repente, Naruto ouviu uma música tocando de longe, muito longe. Era calma e suave, era boa e o fazia sentir bem.

— Sasuke, tá ouvindo?

— Ouvindo o quê?

— A música!

Sasuke o olhou de um jeito estranho.

— Não tá tocando música nenhuma!

— Mas eu tô ouvindo.

— Mas não ta tocando música nenhuma, Naruto!

— Ta sim, ta vindo da floresta.

— Da floresta?

De repente, a face de descrença se iluminou e Sasuke pareceu animado. Ele não sorriu. Ele nunca sorria.

— Meus pais me falaram disso, sabia? Mamãe dizia que quando você escuta uma música que ninguém mais escuta, é uma moça que tá vindo pra te ajudar!

— Me ajudar??

— É! A moça só vem pra quem merece mesmo! Pra quem precisa.

— Sério?

— Sério!

— Jura de dedinho? — Naruto estendeu a mão direita, com o mindinho levantado.

— Juro!

Sasuke ergueu a mão direita e agarrou o mindinho do amigo com o seu, selando o juramento. Ele tinha certeza que era verdade, porque mesmo que o tio que levou mamãe e papai embora dissesse que eles tinham que ficar sozinhos por falar de coisas que não existem, ele sabia que seus pais nunca mentiam.

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E Naruto acreditou piamente na história de Sasuke. Como previsto pelo moço da tv, naquele dia não choveu (assim como não devia ter chovido no anterior, mas um breve temporal caiu à noite. Pela manhã, mal dava para notar que choveu) e ele ficou ainda mais feliz, dormindo sem medo e tranquilo em sua cama. Em paz de verdade.

Alguns dias se passaram e a música ficava cada vez mais alta, como se a tal moça se aproximasse. Pelo jeito, ela impedia a chuva de desabar, já que cada dia era mais quente e nem uma gota de água caia do céu.

A tia do orfanato reclamou que a plantinha dela estava morrendo por isso, mas Naruto não ligava, ele estava muito feliz.

Até  que chegou o inverno.

Onde Naruto morava, o inverno não tinha neve. Sasuke disse que onde ele morava antes tinha, mas Naruto não conhecia nenhum lugar antes do orfanato.

Onde Naruto morava o inverno só tinha chuva. Naruto odiava o inverno.

No primeiro dia, só choveu de manhã. Assim como no segundo e no terceiro. E depois também (Naruto não sabia contar o que vem depois do terceiro).

Mas um dia, choveu o dia todo. Uma chuva pesada castigava as paredes e janelas do lugar. O barulho era alto e Naruto o odiava.

De tarde, conseguiu brincar com Sasuke e Itachi de quebra-cabeças. Era o único jogo que ganhava de Sasuke, mas Itachi era melhor do que os dois em tudo. Exceto quando eles se juntavam, que foi o que fizeram no final. Conseguiram montar a imagem antes do mais velho e ficaram admirando o elefante enorme na tela. Era lindo. Naruto desejou ver um bicho desses um dia. Ele quis muito, muito mesmo.

— Naruto. — Itachi chamou. — Venha dormir no nosso quarto hoje, okay?

Naruto quase se esquecera de que estava chovendo. E o moço da tv disse que não ia parar.

Assentiu, agradecido. Tinha que burlar a tia que os colocava na cama para ir para o quartos dos amigos, mas talvez conseguisse, se Kiba o ajudasse de novo.

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Mas Kiba não conseguiu ajudar. Então, de noite, enquanto o barulho de chuva era tão alto na janela e os trovões faziam o pequeno Naruto quase convulsionar, ele viu olhos claros e dentes brancos num sorriso se aproximarem dele em seu quarto. Depois, só havia dor. Mas a chuva era alta, ninguém o escutava gritar.

O Senhor Sorriso gostava da chuva.

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No dia seguinte, estiou. A chuva parou um pouco e algumas das outras crianças saíram para brincar nas poças de lama sob os gritos das tias enlouquecidas que reclamavam que iam ter que lavar a roupa.

Naruto não queria sair. Não gostava de nada que o lembrasse da chuva. Mas também não queria ficar ali sozinho.

Quando saiu pela porta, ouviu a música. Achava que a moça estava afastando a chuva, mas a chuva veio de qualquer forma, então ela não estava ajudando. Ela devia estar ajudando, porque Sasuke não mentia!

Assim, correu em direção ao som.

Ninguém reparou no borrado loiro que corria, as senhoras preocupadas em arrastar as outras crianças para que tomassem banho novamente depois de se sujar.

Depois de muito correr, quando já achava que estava perdido na floresta, Naruto viu.

Uma moça de vestido e cabelos vermelhos, com um instrumento estranho em mãos. Tinha cordas e coisas assim. Era engraçado.

Ela estava olhando diretamente para si. Era uma moça linda, com um sorriso bom. Naruto não gostava de pessoas que sorriam muito, lembravam o Senhor Sorriso. Mas o sorriso dela era bom.

— Oi, Naruto. Meu nome é Karin.

— Oi, Karin. Como sabe meu nome?

— Faz um tempo que eu sei. Muito tempo.

— Como assim?

— Vem cá.

Naruto correu até ela. Não sabia como, mas sabia que podia confiar na moça Karin.

Ela o pegou nos braços e levantou, fazendo um carinho bom nos seus cabelos.

— Eu conheço seus pais, sabia?

— Conhece?!

— Conheço. Eles me mandaram te buscar, vim te ajudar.

— Sério? E você pode me levar agora?

— Eu…

— Naruto! Naruto! Naruto!

De repente, Naruto abriu os olhos, e não lembrava de tê-los fechado, vendo uma das tias o puxar pela mão.  Foi guiado até a casa e tomou banho e trocou as roupas sujas de lama. Não viu mais nem sombra de Karin e não escutou mais a música.

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— É verdade, Sasuke, é sim!

E, finalmente, percebeu quando ele acreditou. Sasuke não duvidava dele, no geral. Acreditava até no Senhor Sorriso, que nunca o assombrou. Mas desta vez foi um pouco mais difícil convencê-lo. Porque, claro, não havia moças ruivas naquela região. Segundo Sasuke, não existia nem no país, mas Naruto não conseguia abranger tudo isso.

— Tá bom, tá bom. Eu acredito em você. Deve ser mesmo a moça que vem pra ajudar. Só é estranho que ela conheça seus pais.

— Não é estranho!

— Ele só não quer que você vá embora, Naruto. — Itachi interveio, tendo escutado apenas parte da conversa.

Sasuke abaixou a cabeça e Naruto viu algumas lágrimas caírem dos olhos dele. Sasuke nunca havia chorado antes.

— Eu não quero que você me deixe também.

Naruto se sentou no sofá, ao lado do amigo, e o abraçou com carinho. Não gostava de ver ninguém chorar. Ele mesmo não gostava de chorar.

Sasuke parou de chorar quando foi abraçado, mesmo assim o apertou mais.

— Não vou te deixar, eu prometo.

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De noite, Naruto foi ao seu quarto, com raiva. Estava no quarto de Itachi com Sasuke, mas a tia voltou lá porque fizeram um pouco de barulho e teve que voltar ao quarto.

Estava chovendo. Ele entrou triste, já chorando. Sabia que o Senhor Sorriso ia visitá-lo naquele dia. Era uma questão de tempo até ele chegar.  E ele chegou.

A porta abriu devagar e silenciosamente. Naruto tremeu. Mas dessa vez não estava escondido debaixo da coberta.

Ele se aproximou, a chuva batendo forte na janela e o sorriso… o sorriso crescendo. O sorriso feio e deturpado, que assustava Naruto, que o deixava com nojo.

Sem falar nada, ele se aproximou da cama.

Doía.

Naruto só sentia dor.

Tentou desligar sua mente, não pensar em nada. Não conseguiu. Às vezes, simplesmente não conseguia.

Doía tanto.

Então, se afastou. Gritou e se debateu e conseguiu fugir do Senhor Sorriso, pego de surpresa.

Correu rápido pela casa, ouvindo os passos o seguirem. Não gritou mais, corria como se estivesse no automático, sem pensar em nada.

Corria pela floresta no meio da chuva, tropeçando e caindo, se machucando  nos galhos sem sequer sentir nada.

De repente, braços o rodearam e o levantaram do chão. Naruto gritou e se debateu, se acordando de verdade agora.

— Naruto, sou eu, Karin! Sou eu!

Reconhecendo a voz doce, Naruto abriu os olhos e viu a roupa  e os longos cabelos vermelhos, acalmando. Estava molhado, com frio e machucado, as roupas rasgadas. Mas não se importava, só queria ir embora.

Fugir do Senhor Sorriso.

Então, ouviu passos próximos. Alguém corria, ali por perto. Ouviu seu nome, na voz dele. A voz nojenta, monstruosa.

Se agarrou a Karin, com muito medo.

— Me leva pros meus pais, Karin. Me leva, me leva!

Só sentiu-a correr, muito rápido, o levando nos braços. Não sabia para onde ia, mas estava indo, sem pensar muito em nada. Não se importava. Não se importava. Não se importava.

Ouviu vozes o chamando mais vezes, mas sequer se deu ao trabalho de entender quem era. Não queria ouvir.

Karin o soltou de seus braços quando tropeçou e ele recomeçou a correr, de mãos dadas com ela.

— Naruto, seus pais… estamos em outro mundo. Somos de outro lugar. Vamos atravessar o portal, tudo bem? Vai doer um pouquinho, tudo bem? Mas eu prometo que veremos os seus pais.

— Tudo bem.— Ele mal entendera o que ela disse, só queria ir embora. Não pensava em nada, só queria fugir.

Recomeçaram a correr sem olhar para trás, o barulho da chuva não deixava  Naruto escutar mais nada.

De repente, no topo de uma inclinação havia uma porta. Era enorme, de madeira, brilhava. Karin olhou para ele e sorriu, o fazendo se sentir calmo. Naruto relaxou. Estava tudo bem. Ia ficar tudo bem.

Karin abriu a porta e uma luz forte brilhou  no escuro, ela não demorou a entrar pela porta e Naruto a seguiu.

Na sala enorme onde eles estavam agora, havia dois tronos no meio. Um homem loiro alto e uma mulher ruiva estavam sentados neles, lado a lado.

— Bem-vindo de volta, filho. Temos algumas coisas para te explicar. Vem cá, amor. — A mulher disse e Naruto correu aos braços dela.

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Sasuke ainda se lembrava bem daquele dia.

Naruto corria pelo penhasco desesperado, a mão direita erguida no ar como se alguém o guiasse e pulou para o mar. Qualquer criança loira dos olhos azuis o lembrava dele. Qualquer criança o lembrava dele.

A essa altura, ele provavelmente devia ter esquecido sobre Naruto.  Mas não esqueceu.

O corpo dele nunca foi encontrado e Sasuke cresceu com rancor. Aquela foi a única promessa que Naruto quebrou. Foi a pior que ele poderia quebrar.

— Sasuke, vamos almoçar.

Se levantou, deixando as fichas das crianças guardadas. Hoje, ele e o irmão tinham um consultório psicológico e psiquiátrico para crianças. Estavam o tempo todo juntos, como sempre.

De alguma forma estranha, ainda sentia falta de Naruto. Se perguntava o que ele faria agora, que tipo de pessoa seria. Que tipo de traumas o Senhor Sorriso havia deixado nele. Como poderia ajudá-lo com isso. Mentiria se dissesse que não escolheu a profissão pensando nele. E em seus pais.

Entendia melhor a realidade agora. Via as coisas como um adulto, mas lembrava de como era antes, das coisas que disse. Parte sua ainda acreditava. Por isso, além de todas as outras dúvidas, também  se perguntava se a Moça que ajuda realmente havia ajudado Naruto.







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Notas finais:

Primeiramente, faz pouco mais de um ano que eu não me emociono e fico tão mal com meu próprio trabalho, desde Please don't. Eu fiquei muito triste por estar muito envolvido com a história, mesmo assim adorei como escrevi mesmo me sentido culpado pelo que escrevi.k

Bem, essa fic tem dupla interpretação: numa o Naruto era abusado sexualmente  e criou o monstro Senhor Sorriso para lidar com isso e se matou no fim, A Moça sendo apenas fruto de seu delírio.

“amas o sasuke que falou da moça”

Sim, mas quem se ligou aí que os pais do sasuke foram levados para um hospício levanta a mão!

Obg dnd.

Ao ouvir a suposta lenda o Naruto teve esperança e criou a mulher a partir disso e como tudo que ele mais queria era rever seus pais era isso que ele teria.

Ou então ele realmente era assombrado por um monstro e a moça era uma mensageira dos pais de Naruto enviada para traze-lo de volta pra casa. Vocês escolhem.

Por isso tem tanta coisa em aberto ou não tão aprofundada. Nunca citei um homem trabalhando na casa (mas poderia haver). O corpo do Naruto nunca foi achado (mas ele pulou no mar e o mar leva tudo). Sasuke não podia ver a moça (mas ela era de outro mundo, e não era ele quem precisava de ajuda).

E por que o Sr. Sorriso tinha medo do Itachi? Seria por ele ser um adolescente? Mais crescido e maduro, que seria mais difícil de domar e segurar? Porque se ele contasse algo, as pessoas iam acreditar? Ou o monstro assombrava apenas crianças? Ou havia marcado Naruto?

Isso tudo é com vocês.

O personagem Senhor Sorriso é inspirado no caso da série A maldição da Residência Hill, com o mesmo nome e quem viu sabe que ele era só um homem e não um monstro (depende de como vamos interpretar monstro, né?). Ainda assim, as duas interpretações podem ser tomadas, nesta fanfic.  Além disso, essa ideia de deixar o leitor na dúvida sobre o final é inspirada no filme O labirinto do fauno, e A moça é inspirada no fauno também.  

É isto. Triste que não participei do desafio oficialmente, essa fic ficou pronta em 7/11/18, e dava pra participar já que o desafio foi adiado… entretanto… ainda há outra fanfic preparada pro Hallowink e abandonada que postarei em breve (ver no dicionário  a definição de ‘em breve’ do luray) chamada Kurama (SNS).

8 de Janeiro de 2019 às 19:18 0 Denunciar Insira Seguir história
7
Fim

Conheça o autor

Luray Armstrong Oiii Sou não binário e pansexual. Pronomes masculinos: ele/dele. Obrigado! Viciado em: SasuNaru, KiriBaku, WangXian. No meu perfil você encontra fics de Naruto, BNHA, PJO e em breve MDZS. Sejam bem viad0s! arte do perfil: Nathy Maki

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