soojung danielle

Bonnibel já havia se tornado uma necessidade insaciável para Marceline, mas mesmo que pudesse escolher, ela sempre iria preferir sucumbir a esse desejo do que deixar de desejá-la de qualquer modo. [Bubbline | Oneshot]


Fanfiction Desenhos animados Todo o público.

#oneshot #femmeslash #bubbline #adventure-time #hora-de-aventura #marceline #princess-bubblegum
Conto
9
5.2mil VISUALIZAÇÕES
Completa
tempo de leitura
AA Compartilhar

Capítulo Único

Eu não conseguia prestar atenção em uma palavra sequer de todo aquele blah blah blah sobre ciência que vinha dela, e para ser honesta, eu só sabia que ela estava falando porque seus lábios não paravam de se mexer – e por Deus, que lábios! O leve tom de rosa casava com absolutamente todo o resto, desde seus cabelos e sua pele até o modo singelo como ela os movimentava quando ia pronunciar algum nome complicado ou abri-los num sorriso, daqueles que eu tanto amava e não importava quantas vezes ela me desse, sempre me derretia por completo.

Enquanto eu compilava sobre o quanto eu queria que ela simplesmente fechasse a boca e a usasse para algo que eu iria tirar um melhor proveito, ela continuava falando sobre seja lá o que fosse que me soava tão incompreensível, mas que saía de forma tão simples e clara de seus lábios, com uma naturalidade tão grande como se estivesse em uma conversa despreocupada apenas narrando o que fez no dia anterior, algo que me fazia imaginar se ela sequer precisava pensar antes de falar (e que depois de muito deliberar, eu cheguei a conclusão que não, ela provavelmente não precisava pensar).

– Marceline, você está ao menos me ouvindo? – Ela sabia que nada daquilo me importava, mas como toda boa namorada, o mínimo que eu deveria fazer é ouvir.

– Claro, Bonnie, claro. Continue.

Ela comprimiu os lábios e ergueu uma das sobrancelhas num gesto adorável que quase fez com que todos os meus esforços para não agarrá-la ali mesmo fossem pelos ares, mas tive que me conter, afinal, ela sempre deixou claro o quanto seu momento de trabalho era sagrado, e como eu sabia que não iria conseguir nada, o máximo que eu poderia ter era o prazer de pensar nela com a melhor das trilhas sonoras ao fundo: o som da sua voz.

Ela me sorriu de canto antes de retomar o que dizia, e a primeira palavra que proferiu já foi o suficiente para me fazer dar conta de o quanto sua fala era uma viagem, literalmente. Os lábios se abriam, a língua subia para o céu o dá boca, batia nos dentes, descia, e por fim os lábios se fechavam, exatamente como acontecia na pronuncia de seu nome. Bon-ni-bel.

E tudo se repetia, de novo e de novo. Aquela simples sequencia de movimentos era extremamente banal, mas ela conseguia de alguma forma fazer com que fosse extremamente preciosa para mim, inclusive, imagino que esse seja o X da questão: ela faz com que tudo se torne tão precioso para mim simplesmente por ser ela, e absolutamente tudo que vinha de Bonnibel, por mais amargo que fosse, me tinha o mais puro gosto doce, sempre.

Desde seus sermões desnecessários alertando mil vezes como deveríamos ser cuidadosas sobre nós, até o modo indignado como pronunciava meu nome quando eu fazia algo que não devia, tudo – sem exagero algum – me deixava encantada e cada vez mais presa nessa teia que é a Bubblegum – e que, por mais incapacitada que me deixasse, ainda sim não fazia com que eu sentisse a menor vontade de me soltar dela.

Talvez fosse o fato de que ela completava minha polaridade e fazia com que tudo ficasse no seu devido lugar, exatamente do jeito que já era para estar sem mesmo precisar dela para isso, mas, eu devo admitir: prefiro sucumbir completamente a minha necessidade dela do que sequer ter essa necessidade, e se eu realmente pudesse escolher entre essas duas opções, nem mesmo pararia para pensar na existência da segunda; até porque, quem precisa estar totalmente livre de vícios quando o seu já lhe traz a sensação de liberdade?

Poderia parecer equivocado, clichê, baboseira de gente cujo coração está batendo alto demais para que se possa escutar a voz da razão que vem da cabeça, mas era verdade. Estar presa nos braços de Bonnibel era a maior liberdade que eu já tive e poderia ter durante toda a minha medíocre existência. Era como se por ao menos um segundo, ela não tivesse suas obrigações, responsabilidades e consequentemente, que fazer sacrifícios pelas mesmas, e se como eu não tivesse que aceitá-los. No universo perfeito que era o calor do seu abraço e a sua respiração contra o meu pescoço, bastava-nos querer, e poderíamos estar juntas. Sem reino, súditos, regras e um time de pessoas por trás decidindo o que ela deveria ou não fazer, apenas a incerteza do amanhã, mas que não seria problema algum desde que estivéssemos juntas. Não seria problema algum o caos que o mundo se tornou depois das bombas ou a possibilidade de uma anarquia geral, porque em meio a todo o caos, ela me submete a paz. Apenas observá-la parada na minha frente é capaz de fazer com que eu me de conta da melhor coisa que já me aconteceu durante todos os meus mil anos: mesmo que momentaneamente, ela é minha – e isso anula qualquer outro fato devastador. Anula as memórias do passado, meus machucados internos e até a imutável verdade da qual nós tanto tentamos fugir: que um dia terá que acabar.

Isso provavelmente vai se tornar uma mentira, mas tento pensar nos tempos seguintes como algo qual eu não deveria temer; mesmo que não fiquemos juntas para sempre, ainda vou ter memórias as quais me agarrar quando a abstinência vier, porque de uma maneira ou outra, eu transbordo-a. Nas minhas ações, pensamentos, no meu humor. Em cada mínima coisa, lugar e momento, eu a ponho lá, em excesso, e talvez, mas só talvez, esse seja o motivo pelo qual eu sobrevivo aos pontos da minha rotina quando não estou ao seu lado, porque ela está lá, e não existe nada além disso que torne ao menos suportáveis os dias em que estou de fato longe dela.

Pode parecer que não, mas eu tenho total consciência do quão irônico tudo isto soa, afinal, até mesmo o mais tolo dos seres saberia dizer o que é considerado uma verdade universal incontestável: depois do fim, as rosas murcham e apenas os espinhos permanecem. Todos os motivos que hoje me fazem seguir em frente, serão os mesmos que irão me tentar a desistir de tudo. E ambas sabemos que não existe outra opção além do fim para nós duas, seria nos dar ao luxo até mesmo decidir quando isso deve acontecer.

Contudo, caso permaneça nesse vale de tristeza, poderei ter a certeza de que o amor sentido foi verdadeiro. Porque a única confiança que obtemos é que só sentimos a ausência de algo quando ele não está mais ao nosso alcance. Só precisamos do calor quando sentimos o frio, só precisamos a luz quando a escuridão surge e só carecemos do amor quando ele já se foi perdido.

Talvez, mas só talvez, também, eu venha me arrepender de cada palavra. Venha a odiar cada pedaço dela que insiste em ficar jogado em absolutamente todo canto, e que por mais que eu tente recolher, só faz se espalhar mais. Quem sabe um dia eu prefira o esquecimento à dor das lembranças, independente de qualquer certeza que elas me tragam. Mas essas são apenas teorias, e honestamente, o modo como seus olhos se estreitam quando sorri faz com que eu duvide da veracidade de cada uma. Sua voz é tão doce que me machuca, e eu quero ouvi-la até morrer. O som da sua risada banaliza qualquer dor, e se eu tenho certeza de algo, é que ele não perderia sua função mesmo nas minhas memórias borradas. E por mais sofrimento que me traga, eu não consigo imaginar nada que não seja querer Bonnibel.

15 de Dezembro de 2018 às 23:56 5 Denunciar Insira Seguir história
7
Fim

Conheça o autor

danielle taurina, intj e paulista.

Comente algo

Publique!
Eduardo Miranda Eduardo Miranda
Olá Danielle, tudo bem com você? Faço parte do sistema de verificação e venho lhe parabenizar pela verificação da sua história. Iniciei a leitura imaginando ser uma história de amor, e me deparei com uma declaração de amor, é a mesma coisa? Não, a história se prolongo por páginas e páginas que tentam formar uma situação e justificar os fatos. A declaração de amor é intensa sem a preocupação do entendimento de quem está lendo, apenas as emoções importam. É quando o escritor coloca sua emoção mais pura na ponta do lápis, ou da caneta ou dos dedos...rsrs enfim, é muito mais intenso e envolve completamente o leitor, no caso eu. O incrível é que começou morno e a medida que Marceline vai admirando sua amada e descrevendo-a a emoção vai se intensificando e consequentemente fui me prendendo na leitura sem perceber quando já estava na última linha. Seu texto me hipnotizou literalmente. Muito bem escrito, não encontrei nenhuma falha gramatical ou de concordância, isso valoriza muito seu texto e o torna agradável. Danielle, você é muito talentosa e está pronta para alçar altos voos, parabéns.
October 21, 2020, 06:15
Saah AG Saah AG
Own, ficou muito bonitinho! Obrigada por me alimentar com esse shipp <3
December 16, 2018, 14:52

  • danielle danielle
    Eu que agradeço pelo comentário e pelo carinho! ♡ December 16, 2018, 21:13
Alice Alamo Alice Alamo
Olá! Venho pelo sistema de Verificação do Inkspired. Sua história foi colocada como Verificada, mas há alguns apontamentos: 1) falta acentuação em palavras como "saia", "agarra-la"; 2) erros de palavras como "se quer" ou uso do "cujo" no lugar do "que" em "cujo eu iria"; 3) mudança de foco leitor. A narrativa começa com a personagem narrando para um leitor desconhecido, mas no final vira uma "carta" para a Boonibel. Ademais, parabéns pela história!
December 16, 2018, 10:28

  • danielle danielle
    Olá! Obrigada pela verificação da história e pelos alertas quanto à escrita. Já corrigi todos os apontados e também ajustei o final para manter o foco leitor. Novamente, obrigada. ♡ December 16, 2018, 21:18
~