auraetheral aura etheral

Todas as pessoas têm sua alma gêmea. Elas podem se esbarrar dobrando a esquina ou em uma fila de supermercado e, quando se encontram, um círculo vermelho envolve o dedo mindinho esquerdo dos indivíduos sinalizando que estão destinados. Taehyung encontrou sua metade, contudo, não sabe quem é. Jimin, então, decidiu procura-la, mesmo recebendo a recusa do outro. O estranho de tudo é o empenho de seu melhor amigo, mais que a do próprio incompleto.



Fanfiction Bandas/Cantores Impróprio para crianças menores de 13 anos.

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Prólogo


Foi no aniversário do Jimin que a minha vida mudou. Era para ser mais um dia fazendo o que sempre fizemos nos anos anteriores. A data comemorativa mais importante para ele, que o deixava extremamente feliz e ansioso para celebrar, não foi tão boa assim por um instante.

Eu o aguardava, como de costume, na praça observando a fonte de concreto naquela tarde fria de outono. Senti braços me envolverem na cintura, um rosto se esfregar em minhas costas com carinho e um manhoso “Taehyungie~”. Seu típico cumprimento que jamais me cansei.

– Feliz aniversário, Jiminnie – afaguei sua mão.

– Feliz aniversário para mim! – me soltou, sorrindo largo e erguendo os braços feito uma criança. Nem parecia estar completando vinte anos – a maior idade e a abertura da temporada de “encontrar sua alma gêmea”. O cabelo redondo não lhe dava ar de maturidade, mas eu não ligava, ainda era lindo aos meus olhos. – ‘Tô doido pra tomar um sorvete e dos grandes, cada bola de um sabor diferente – gesticulou exagerado. – Ah, e calda. Talvez chantili, raspas de chocolate...

– Desculpe quebrar seu sonho, mas não pode comer tudo isso – ele me encarou feio.

– Posso sim e você vai pagar – balançou meu braço.

– Eu sempre pago no seu aniversário – enfatizei.

– Eu sei, mas gosto de te lembrar disso – sorriu travesso.

Quando Jimin desceu a mão para entrelaçá-la com a minha canhota, muita coisa aconteceu ao mesmo tempo. Naquele horário, o fluxo de pessoas aumenta consideravelmente, então, um amontoado surgiu e esbarrou em nós dois. Um calor dominou meu coração, me deixando tonto. Jimin parecia assustado comigo, seu rosto brilhava. Minha visão embaçou, a quentura se estendeu para meu braço, cambaleei quando parou em meu dedo menor que queimava junto com meu músculo bombeador de sangue, que começou a doer. Caí no chão ofegando, meu melhor amigo até tentou me segurar, porém fui brusco demais e o levei comigo.

– Tae, o que foi? – perguntou cansado.

– Alguma coisa ‘tá me machucando – me apoiei nas mãos. – Eu não sei o que é... – parei, fitando a linha vermelha que circulava meu dedo. – O quê...? Mas... Mas como?!

Lembro bem do pânico que entrei na hora, afinal, havia encontrado minha alma gêmea sem saber e a perdido sem notar. Levantei-me rápido olhando para todos os lados procurando se mais alguém estava tão abatido quanto eu. Ninguém, além de Jimin, se encontrava no concreto respirando pesado. Será que a correria do dia-a-dia não fez a pessoa sentir certo incômodo?

Ajudei o moreno mais baixo que eu a se levantar, estava com as irises muito escuras. Puxei sua mão esquerda, o dedo mindinho não tinha a marca rubra.

– Pensou que fosse eu? – indagou, mirando-me receoso.

– Sim, era uma possibilidade – respondi de imediato. Ele riu sem graça.

– Pois não sou – desviou do contato, as bochechas fofas corando. – Acho que é um daqueles que passaram apressados.

– E se deu por si agora e está tão confuso quanto eu? – Poderia ser isto, não é? – Vamos antes que seja tarde! – comecei a correr.

Certamente, um esforço inútil. Alcançar a multidão foi impossível, os indivíduos na praça já eram outros e ninguém parecia abalado. O local ficou ainda mais cheio, me perdi e perdi Jimin. Tentei refazer os passos, pensando na idiotice que fiz. É aniversário dele, seu dia especial. Sempre dizia que era ótimo completar mais um ano de vida, que estava feliz em comemorar ao meu lado e eu o abandonei por egoísmo.

Avistei um buraco no meio de pessoas que pouco se importavam, marchei até lá preocupado e com razão. Jimin estava abaixado tossindo, os cabelos bagunçados e os braços trêmulos.

– Jiminnie, me desculpe. Você ‘tá bem? – agachei para ajudá-lo novamente a se levantar. Sua face estava muito vermelha e os lábios mais inchados que o normal. – Me desculpa, de verdade. Fui um babaca, você merece mais...

– Eu ‘tô bem – abanou a cabeça, fazendo pouco caso. – Eu é que sinto muito pelo que aconteceu. Você vai encontrar o seu alguém, TaeTae, e será feliz – seus olhos sumiam à medida que o belo sorriso aumentava. – Talvez se formos... – olhou mais a frente com dificuldade.

– Não – o interrompi. – É seu aniversário. Vamos celebrá-lo – passei o braço por seus ombros.

– Mas, Tae...

– Só vamos – sorri. – Eu e minha alma gêmea nos esbarraremos outro dia.

Seguimos para a sorveteria e eu me esqueci totalmente do ocorrido. Jimin sempre foi alguém que me fazia sorrir quando tudo me afligia. E tem sido assim durante esses quase quatro anos, eu escondo o círculo escarlate com um anel e vivo tranquilamente até o momento do reencontro.

Vivemos em uma sociedade calculada há séculos. Conflitos passados exigiram dos grandes estudiosos formas de melhorar o convívio, então, investiram em manipulação genética em humanos. Depois de múltiplas tentativas e erros, chegaram a cura de doenças e deficiências. Conseguiram prevenções para vírus e bactérias, no entanto, há aqueles que sofrem mutações e resfriado é um deles.

Outra descoberta deu-se por um geneticista cético extremista. Quis provar a um amigo que destino e sobrenatural são baboseiras e desenvolveu um estudo de combinação de genes entre indivíduos distintos que interagem de forma independente. Levou vinte anos para mostrar resultados concretos: um simples contato entre uma das células alerta as demais sinergicamente de sua outra sequência de DNA. Depois, ele adicionou a atração entre ambas, a ativação somente quando atingido determinado tempo dos corpos, os sinais físicos e sensações ao se conectarem. Os sentimentos mútuos fluíram naturalmente, tendo em vista que a combinação foi perfeita tanto física quanto emocionalmente. Assim surgiu o que temos hoje, a Matriz de Concepção e suas sedes que aconselham geneticamente as gestações. Houve evoluções e acréscimos, mas nada demasiado.

Ou seja, um dia encontrarei minha metade. Não há com o que me preocupar. Jimin que ficou obcecado, até me assusta o modo em que está sempre correndo de um lado para o outro buscando informações. Nos últimos dois meses nem tenho o visto como antes, só muitas comunicações por mensagens. Hoje que ele me convidou para passarmos a noite juntos, vendo filmes e comendo besteiras. É domingo, um dia especial para nós, entretanto, ao chegar no apartamento me deparo com um baixinho mergulhado em papeis, ajeitando os óculos redondos nervosamente.

– Ah! Já chegou? – disse me notando. – Deixei a porta aberta? Nossa... – passou os dedos gordinhos pelos cabelos.

– Não me diga que o filme que veremos é de investigação policial – cruzei os braços na entrada da sala de estar bagunçada.

– Não, não, não – foi se levantando e derrubando alguns livros. – Droga, estavam em ordem cronológica – resmungou, tentando ajeitar.

– Eu te ajudo – me ofereci, adentando naquela zona.

– Não, ‘tá tudo bem – abanou os braços me repelindo. – Vou tirar tudo daqui em poucos segundos – sorriu confiante, mas logo abaixou o olhar meio perdido.

– É para levar ao seu quarto? – peguei uma pilha perto de mim.

– Meu quarto está pior, esqueça – seus ombros caíram e um bico se formou em seus lábios bonitos. Tinha olheiras e alguns riscos de caneta no rosto.

– Jiminnie, vai tomar um banho, comer um pouco, okay? Eu guardo tudo enquanto isso.

Ele me encarou em dúvida, porém aceitou. Mais coisas caíram conforme andava entre, reclamou indo ao banheiro.

Levei a primeira remessa, abri com dificuldade a porta e me assustei, estava mesmo pior que a sala. Um painel enorme estava disposto na parede ligando lugares em um mapa e fotos. Jimin está enlouquecendo diante dos meus olhos e o estou negligenciando. Não só passarei a noite aqui como ficarem por uma semana o afastando dessa loucura. Ele pode ser jornalista investigativo, mas seus atos já estão doentios.

Voltei para pegar mais coisas. Em uma das vezes, tropecei numa pasta de metal perto do pé da cama amarrotada, espalhando o que tinha em mãos com o que estava no chão. Xinguei-me internamente pela burrice e temendo o que Jimin fará ao ver, só que as escritas da pasta me chamaram a atenção:


Registro de Vítimas


“Vítimas”? Como assim? No que aquele nanico se meteu agora?

Segurei-a sentando-me na cama, é pesada. Abri receoso de ver fotos de pessoas mortas como nos filmes, mas eram só recortes de jornais velhos, fichas hospitalares e artigos – impressos e escritos a mão. Comecei a ler por cima para saber do que se tratavam.


“Prefeito da Cidade P e sua esposa são|é encontrados mortos de mãos dadas na sala da casa onde moravam.”

OBS.: A Senhora Kang foi, depois, avistada viva algumas vezes por jornalistas sensacionalistas da Deep Web.


Como assim “viva”? Almas gêmeas morrem juntas. O organismo fica tão dependente que acompanha o desfalecer do outro. Não faz sentido. E tem mais notícias parecidas com anotações de Jimin. Também tem uma ficha médica comprovando tais fatos e outra mostrando pessoas que só encontraram seus prometidos a beira da morte, além de artigos falando sobre... O quê?


“[...] após se encontrar com a ‘alma gêmea’ uma vez, o reencontro e união devem ser feitos em até cinco anos ou a atração cessará e nunca se encontrarão novamente.”


Fiquei totalmente sem reação. Cinco anos. Meu prazo está acabando. Será que não nos encontramos porque está acamado? Morrendo? Isso explicaria as dores no peito que tenho sentido de vez em quando esses anos todos. Meu coração deu uma pontada violenta quando vi uma foto caseira de uma pessoa lamentando sobre o corpo de outra. Meus olhos umedeceram ao pensar na possibilidade de que pode ser eu a qualquer momento com a minha metade. Como algo assim pode acontecer?

– Não era para você ver isso – a voz de Jimin irrompeu atrás de mim.

– E planejava esconder, me mantendo na ignorância – esbravejei, virando a cabeça em sua direção.

– Eu só não queria te ver assim como agora – sussurrou, nitidamente entristecido.

Ele se aproximou com seus cabelos castanhos molhados e sem os óculos, de camisa e calça largas, as faces limpas das machas azuis de outrora e uma expressão de arrependimento. Está tão vulnerável ao me fitar de cima, encolhia a cada segundo que mantínhamos contato visual. Impossível sentir raiva dele.

– Você tem que parar de achar que pode me proteger do mundo – eu disse calmo e tentando não deixar as lágrimas rolarem de meus olhos.

– Mas se eu posso, então, por que não fazer? – soou com tanta inocência que tive vontade de o abraçar por ser tão fofo.

– Você não pode, Jiminnie. Não há escapatória para a verdade – ele pareceu estremecer.

– Isso não vai me impedir de continuar.

– Talvez, mas eu vou – falei firme. – Não sou criança, Jimin. Posso lidar com notícias ruins.

– Mas eu não posso lidar com a sua tristeza ao recebê-las – se sentou ao meu lado e segurou minha mão com carinho. – Só quero ver um sorriso estampado na sua cara e dizeres do quão feliz está.

Aquilo me quebrou, como todas as vezes em que diz coisas desse tipo.

Somos amigos desde a infância. Estive ao seu lado quando adoeceu bem novinho por conta de um resfriado estranho, estive com ele quando decidiu ser jornalista e eu artista, estive com ele quando seus pais não apoiaram seu sonho e saiu de casa para viver a sua maneira, estive com ele quando ganhou o Prêmio Universitário de Melhor Reportagem Investigativa do Distrito, tenho estado com ele mesmo que distante esses meses, tenho torcido para que ele esteja bem acima de tudo e todos, contudo, ele só quer saber dessa idiotice por minha causa.

– Então, seja sincero comigo. Confie em mim, não fique dedicando tanto tempo a essa pesquisa e passe o tempo comigo – coloquei o braço por seus ombros. – Se me quer feliz, viva a felicidade comigo. Não importa se futuramente encontrarei minha alma gêmea definhando ou nem a encontre. Você é a pessoa mais importante da minha vida no agora, vamos viver o presente. Deixe as preocupações do amanhã para amanhã.

Seus olhos castanhos enigmáticos me analisaram enquanto eu falava, sua mandíbula estava tensa, os dedos tamborilavam sobre a coxa. Umedeceu os lábios juntando as sobrancelhas e sorriu tímido, como se tivesse se lembrado de algo. Me abraçou pela cintura e afundou o rosto em meu peito. Retribui o gesto, encostando em seu ombro. É sempre gostoso estar assim com Jimin, meu coração agradece todas as vezes.

– Você também é a pessoa mais importante da minha vida, Tae. E eu vou fazer de tudo para que você seja feliz de verdade.

Meu coração doeu mais uma vez, porém não liguei. Jimin faz qualquer coisa parecer insignificante quando está comigo.

26 de Março de 2019 às 00:00 0 Denunciar Insira Seguir história
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