lara-one Lara One

Os agentes Mulder e Scully, os dois ‘desocupados do FBI’, na falta de outros agentes são enviados para investigar uma quadrilha internacional de prostituição infantil.


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S01#21 - SMOKING MAN’S REVENGE


INTRODUÇÃO AO EPISÓDIO:

Fade in.

Mulder fica constrangido na frente da menina. Marie olha pra ele com revolta.

NATASHA: - Escolheu uma delas?

Mulder olha pra Marie.

MULDER: - Quero ela.

NATASHA: - (RINDO) Tem certeza? Essa imprestável?

Mulder puxa a carteira.

NATASHA: - Marie, acompanhe esse senhor até a suíte. E trate de ser boazinha com ele. Sabe o que acontece quando escuto reclamações. Me entendeu?

MARIE: - ... (CHORA) Eu não vou.

NATASHA: - O quê? Como ousa me remedar?

MARIE: - (DESESPERADA) Eu não quero fazer isso!

NATASHA: - Acha que pode querer aqui dentro? Vá logo, ou vai apanhar tanto que vai se arrepender de cada palavra que disse!

Mulder fecha os olhos, mais angustiado ainda.

VINHETA DE ABERTURA: A VERDADE ESTÁ LÁ FORA


BLOCO 1:

Sala de reuniões do FBI – Gabinete do diretor - 5:13 P.M.

Uma sala enorme, com persianas fechadas. Uma mesa oval grande, com a bandeira do FBI e dos Estados Unidos ao fundo. Na parede a foto do diretor do FBI. Skinner, Kersh, e vários outros diretores-assistentes estão sentados à mesa. O diretor está sentado à ponta. O senador de cabelos grisalhos, caminha nervosamente pela sala.

SENADOR: - Não podem simplesmente me dizer não.

DIRETOR: - Senador, isso não é caso prioritário para o FBI sem um mínimo de provas concretas. O senhor pode contar com a ajuda da polícia local.

SENADOR: - Uma denúncia não basta? A polícia local até agora não chegou a lugar nenhum! As eleições estão chegando! Não tenho tempo para perder com burocracias! Esse jogo de empurra-empurra é intolerável!

DIRETOR: - Deve entender, senhor, que casos de prostituição não fazem parte das preocupações do Bureau...

KERSH: - Temos terroristas à solta, tráfico de armas, falsificação de dinheiro. Estamos em pleno andamento nas investigações de contrabando de armas químicas e nucleares para o Iraque!

SENADOR: - (INDIGNADO) Isso é absurdo! Quando aquela estagiária se ajoelhou na frente do Clinton, vocês começaram a colocar escutas na Casa Branca! E ela fez porque quis! E quando essas meninas fazem porque são obrigadas, isso não é crime federal? Prostituição infantil não é prioridade do FBI? Pedófilos não são problema de vocês? Então pra quem vou pedir ajuda? Ao Papa?

Skinner olha pro diretor. O diretor olha pro senador. Batidas na porta. Mulder e Scully entram.

SCULLY: - Desculpem nosso atraso. Estávamos em uma investigação.

DIRETOR: - Sentem-se por favor.

Os dois sentam-se à mesa. Kersh olha atravessado pra eles. Mulder disfarça. Olha pra Scully. Os dois estão surpresos de estarem ali. Skinner olha pra eles, preocupado. Mulder começa a ficar nervoso. O diretor levanta-se. Olha pro senador.

DIRETOR: - Estou de mãos atadas. É apenas uma questão política.

SENADOR: - Acho que não me entendeu! Os Republicanos não gostarão da sua atitude. Porque há um democrata pervertido no poder agora, isso não significa que na próxima eleição haverá outro democrata. Pense nisso, se quer uma nova indicação para seu cargo!

DIRETOR: - (FURIOSO) Senador, ameaças políticas não vão resolver essa questão.

SENADOR: - Quando Kelley estava sentado nessa sua cadeira, nos anos dourados de Nixon, as coisas eram mais ágeis.

DIRETOR: - Quer o quê? Que dispense meus dois melhores agentes pra investigar uma boate de prostituição infantil na Filadélfia porque é a sua cidade natal e isso vai estragar sua imagem diante da imprensa e da opinião pública?

Mulder olha pra Scully, segurando um sorriso de contentamento. Cochicha pra ela.

MULDER: - Melhores agentes? Gostei disso, Scully.

O diretor atira um jornal sobre a mesa.

DIRETOR: - Pois a opinião pública já começou a comentar que se você não consegue conter a lei, a moral e a ordem em sua cidade, não vai conter no resto do país.

SENADOR: - Não posso perder as eleições por causa daquela vadia agenciadora de prostitutas! Preciso de alguns agentes, é só o que peço. Quero escutas, câmeras, tudo o que tiverem. Só quero obter provas concretas para levá-la à justiça. E pode ter certeza, diretor, que seu nome será mencionado. E será lembrado como aquele que atacou a prostituição infantil nos Estados Unidos.

DIRETOR: - Isso está além do meu poder. Por que não recorre à CIA? Quando tiverem as provas, nós entramos.

SENADOR: - A CIA? Isso não é problema da CIA, diretor. Não tente me enrolar, a polícia desse país são vocês!

DIRETOR: - Senador ... O FBI age em casos de pedofilia, abuso sexual e também prostituição infantil. Mas não temos provas, apenas acusações de um senador que será candidato a eleição de governador. Agora eu fui bem claro?

SENADOR: - Por que sou um republicano? O atual governador da Filadélfia é um democrata e está disputando a reeleição. Agora eu fui bem claro pra você? Se eu me fuçar na campanha, seus amigos também estarão fuçados!

Mulder e Scully se entreolham.

SENADOR: - Preciso de seus melhores agentes.

Mulder estufa o peito, orgulhoso. Scully olha pra ele.

DIRETOR: - Meus melhores agentes estão ocupados. Se quiser ajuda, leve esses dois aí. Fadas e ets podem esperar.

Mulder abaixa a cabeça, desconsolado. Skinner olha pra ele com piedade. Scully fica boquiaberta com o que ouviu.

SENADOR: - E quem são esses dois? Eles têm competência pra isso?

Mulder fecha os olhos, indignado, pronto pra discutir. Skinner percebe e se intromete.

SKINNER: - São os agentes Mulder e Scully. Estão sob meu comando. Eles o ajudarão, senador. Pode confiar na competência de ambos.

SENADOR: - Mulder... Mulder, o Estranho? Aquele maluco que fica escondido no porão?

DIRETOR: - (INDIGNADO) E se quiser fique com ele e sua parceira. Se não, bata em outra porta.

O diretor levanta-se e sai da sala. Os outros saem também. Mulder levanta-se, irritado e sai. Scully vai atrás dele.

MULDER: - Encare por esse lado, Scully. Pelo menos o diretor sabe quem eu sou. E nos acha dois desocupados incompetentes!

SCULLY: - Mulder, eu nunca fui tão humilhada!

Skinner passa por eles.

SKINNER: - Preciso conversar com vocês. Estejam no meu gabinete em meia hora.

Skinner sai preocupado. Entra no elevador. Kersh passa por Mulder e dá uma risadinha debochada. Mulder faz uma careta.

MULDER: - Imbecil! Agora entendo porque o Skinner estava com aquela cara de alienígena! Ele é o chefe dos dois birutas do FBI! Devia estar se sentindo ridículo, constrangido, na frente dos outros.

SCULLY: - Mulder, o Skinner sabe quem somos. E isso é o que basta.


Gabinete do diretor-assistente - 5:51 P.M.

Mulder e Scully entram na sala. Skinner levanta-se da cadeira. Entrega uma pasta pra Mulder.

SKINNER: - Quero que se interem da situação. Esqueçam os Arquivos X e façam o melhor que puderem... Por questão da honra de vocês.

Skinner abre a porta. Olha pra secretária.

SKINNER: - Me avise se alguém chegar.

SECRETÁRIA: - Sim, senhor.

Skinner fecha a porta.

SKINNER: - O Senador Alexander Scott só conseguiu essa audiência e um sim porque... ‘Ordens’ acima do diretor chegaram. Me entendem, não?

SCULLY: - Com certeza.

SKINNER: - Não ofereci vocês dois pra esse caso. ‘Alguém’ chiou nos ouvidos do diretor que vocês não fazem nada por aqui e que estavam disponíveis pra missão. Portanto, agentes, tomem cuidado. Pode ser uma cilada pra acabar com a carreira de vocês aqui dentro. O senador é amigo daquele fumante... Agora vão fazer um lanche. Temos uma reunião para esclarecer os planos com vocês. Estejam em sua sala às oito.

MULDER: - Quem vai comandar a operação?

SKINNER: - Eu. E tenho mais uma novidade: Querem que eu faça trabalho de campo com vocês. Isso me preocupa.

MULDER: - Skinner, da última vez que trabalhei com você, peguei carona no meio de galinhas fedorentas!

Skinner sorri.

SKINNER: - Talvez agora pegue carona com galinhas cheirando a perfumes baratos.

Scully olha pra Skinner. Skinner olha pra ela.

SKINNER: - Entendeu por que acho que seja uma armadilha para expor vocês dois?

SCULLY: - Sim, senhor. Mas não se preocupe. Eu e o agente Mulder somos apenas parceiros e isso não nos dá o direito de ter atitudes ciumentas em público.

Skinner sorri. Sai da sala. Scully olha pra Mulder.

SCULLY: - Por que tenho a ligeira sensação de que vou ter muita, mas muita dor de cabeça nesse caso?


Cafeteria George Washington - 6:16 P.M.

Mulder e Scully estão sentados à mesa. Scully come um sanduíche, cheio de maionese. Mulder toma um café, olhando pra ela assustado.

MULDER: - Scully? Maionese, refrigerante que não é light? Sanduíche de atum? Está com algum problema?

SCULLY: - Não. Estou furiosa, Mulder, então meu apetite aumenta.

MULDER: - Teve chance de sair de perto de mim antes. Poderia estar entre os “melhores agentes ocupados”...

Alguns agentes entra na cafeteria.

MULDER: - ... Como esses imbecis aí.

AGENTE 1 : - Ei, olha quem está ali!

Eles se aproximam.

AGENTE 2: - E aí, Estranho? Soubemos que subiu hoje na vida!

AGENTE 1: - É. Como é o ar lá em cima? Fede menos que o porão?

Eles riem. Scully olha pra eles. Mulder os encara.

MULDER: - O diretor, pessoalmente, nos enviou para uma missão.

AGENTE 2: - Uau! Ele anda sendo abduzido durante a noite? Ou está tendo sonhos com vacas e espigas de milho gordas e magras e quer que você os interprete?

AGENTE 1: - Estranho, se interpretar os sonhos do Faraó de maneira errada vai se dar mal!

Scully levanta-se.

SCULLY: - Vamos embora, Mulder.

Mulder levanta-se. Os agentes ficam rindo.

AGENTE 2: - Ô, Mulder, toma cuidado com os alienígenas do faraó!

Eles começam a rir. Mulder não liga. Sai dali com Scully.

MULDER: - Tiraram o dia pra nos folgar hoje?

Os dois atravessam a rua. Mulder abre a porta do carro.

MULDER: - Vamos pro meu apartamento, Scully. Não vou ficar aqui ouvindo risadinhas até às 8 da noite!


Arquivos X – 8:01 P.M.

Mulder está sentado na cadeira. Scully anda de um lado para o outro, nervosa.

MULDER: - Relaxa, Scully. É um caso normal. Você sempre quis resolver casos normais.

SCULLY: - Não gosto disso, Mulder. Não é um caso normal. É um Arquivo X.

MULDER: - Como sabe?

SCULLY: - Se o Fumacinha está por trás disso...

MULDER: - Talvez ele queira apenas trocar favores com outro lacaio da turma dele.

SCULLY: - Há alguma coisa, mas não acho que ele queira expor nossa relação ao Bureau.

MULDER: - Mas ele foi ao alto comando! Não acha suspeito?

SCULLY: - Mulder, precisamos conversar seriamente. Mas sempre alguma coisa atrapalha. Eu preciso te contar uma coisa...

Batidas na porta. Skinner e o senador entram. O senador olha pro local, estarrecido.

SENADOR: - Então aqui funcionam os Arquivos X? Nossa, até que é mais limpinho do que pensei.

Mulder olha pra Scully com um ar de deboche.

SENADOR: - Interessante seu pôster, agente Mulder, o Estranho.

MULDER: - (IRRITADO) Prefiro que se refira a mim apenas como Mulder. O Estranho ficou em casa.

O senador ri.

SENADOR: - Gosto de homens que não temem as palavras, agente Mulder. E esta é sua parceira...

SCULLY: - Agente Dana Scully, senhor.

O senador aproxima-se de Scully. Beija-lhe a mão, suavemente.

SENADOR: - Encantado, senhorita.

MULDER: - (INDIGNADO) Não vou oferecer cadeiras, porque como pôde perceber não tem mais do que duas. O orçamento vem do congresso, depois despenca do último andar e quando cai aqui no porão vem em centavos.

Skinner olha atravessado pra Mulder.

SENADOR: - Não se preocupe, agente Mulder. Quando ele sai da Casa Branca, já sai em apenas três zeros... Me disseram que é médica, senhorita Scully. Seus conhecimentos serão úteis. Não pedirei desculpas pelo diretor, não sou seu relações públicas. Mas em meu nome, quero dizer que já ouvi falar do trabalho de vocês. Se fossem dois desocupados, não teriam chamado tanta atenção nos últimos anos. Embora ache um desperdício de verba pública manter um departamento como este.

MULDER: - (INDIGNADO) Desperdício?

SKINNER: - Mulder, por favor...

MULDER: - Minha parceira trabalha comigo há sete anos e até agora não tem uma mesa! Viajamos de carro, porque é mais barato, passamos a noite na estrada, dormindo em pulgueiros! Às vezes preciso escrever em papel higiênico porque não há folhas sobrando pros Arquivos X! E vem você falar em desperdício de verba? Até essa droga de computador, esse vídeo e essa TV são meus!

SENADOR: - O carro também?

MULDER: - Não, eu me apossei dele. Pra não roubar um na rua! Acha que ganho o suficiente aqui pra ter um Ford Taurus na garagem de um prédio em Alexandria? Só se tivesse “amigos” na minha vizinhança.

Skinner põe a mão na cabeça. Scully está constrangida. Mulder aproxima-se do senador, furioso.

MULDER: - Portanto, não me venha com desperdício de verbas. Preciso gostar muito do que faço pra aguentar esse tipo de humilhação.

SENADOR: - Já se queixou ao diretor?

MULDER: - Estou há anos aqui e hoje foi a primeira vez que vi a sala dele!

Mulder empurra sua cadeira.

MULDER: - Sente-se. E não se preocupe, não há baratas por aqui.

O senador senta-se. Olha pra Skinner.

SENADOR: - É esse o homem. Perfeito pra missão.

O senador puxa dois envelopes de dentro da pasta. Entrega um pra Scully e outro pra Mulder. Olha pra Mulder.

SENADOR: - Seus novos documentos, cartões de crédito e a chave de sua suíte presidencial no Hotel Philadelphia Inn.

MULDER: - ?

SENADOR: - Seu nome agora é Kevin Willians. Você é filho de um magnata do petróleo no Texas. Não tem sotaque texano porque foi educado em Harvard. É um playboy que gasta dinheiro nos cassinos de Las Vegas. Dinheiro pra você é só um papel que pode jogar pela janela.

O senador vira-se pra Scully.

SENADOR: - Tem seus documentos novos aí, senhorita. Terá um apartamento para você. Seu nome é Mary McLowan. Você é médica e trabalha para o Serviço de Apoio aos Adolescentes na Filadélfia. Você tem acesso à menores que procuram a ajuda de assistentes sociais. Você vai propor a troca de adolescentes por dinheiro. A dona da boate, conhecida por Madame Natasha, irá se interessar em uma fornecedora de meninas pra sua casa. Deixe-a pensar que você recomenda a casa dela às garotas.

MULDER: - Afinal, com o quê estamos lidando?

SENADOR: - Essa mulher explora sexualmente garotas menores de idade. E explora também alguns garotos. Ela tem ligação com o tráfico internacional de prostituição de crianças. A fachada é uma boate de strip-tease. Muitas garotas já desapareceram. Acredito que quando fogem, ela as mata. Em resumo: Quero vocês dois lá dentro, juntando todas as provas possíveis. Você, senhorita Scully, como membro da quadrilha. E você, Agente Mulder, como o melhor cliente da casa.

Mulder e Scully se olham.

SENADOR: - O chefe de vocês irá comandar as operações. Agente, Mulder, escolhi você para esse papel porque Madame Natasha tem uma atração por clientes bem apanhados e jovens. Ela os trata muito bem, tenho certeza de que arrancará informações dela.

O senador levanta-se.

SENADOR: - Vocês irão no meu jato particular. Terão todo o dinheiro que precisarem. Não contatem comigo. Seu diretor fará isso.

O senador abre a porta e sai. Skinner olha pra eles.

SKINNER: - Aposto que preferiam estar investigando se Pinóquio existiu ou não.

MULDER: - Eu não acredito no que ouvi! Como vou me passar por cliente? Isso é absurdo!

SKINNER: - Use sua intuição, Mulder. Estou de mãos atadas.

Scully está pensativa.

MULDER: - O que foi, Scully?

SCULLY: - Estou pensando. Por que eu sempre tenho que ser a cafetina? E por que você tem que ser o cliente? Não poderia ser o Skinner? Ele não tem compromisso!

MULDER: - Pra eles eu também não tenho, Scully... Talvez eles saibam das minhas revistas... Pensam que sou um tarado. Ganhei o papel!

Skinner abre a porta.

SKINNER: - Vejo vocês no aeroporto à 10 da manhã. Tenham uma boa noite de descanso. Talvez seja a última, em vários dias.

Skinner sai. Mulder olha pra Scully.

MULDER: - Estamos ferrados, Scully! Nos mandaram pro meio do fogo-cruzado! Que maravilha! Eu adoro esse tipo de serviço. Estou tão feliz que tenho vontade de chutar o traseiro desse sujeito.

SCULLY: - Mulder, vamos pra casa, tomar um banho e depois vamos refletir o que precisamos fazer. Não quero pensar em mais nada agora!


BLOCO 2:

Hotel Philadelphia Inn – 11:34 A.M.

Mulder entra no quarto. Está vestido de terno e sobretudo, impecável. Fica estarrecido diante de tanto luxo. O carregador deixa as malas dele no chão.

CARREGADOR: - Precisa de mais alguma coisa, senhor Willians?

MULDER: - Não, obrigado.

Mulder entrega uma gorjeta ao rapaz. O rapaz sai, fechando a porta. Mulder caminha pelo quarto, vai ao banheiro, olha por tudo. Vê uma piscina dentro do quarto, cercada de folhagens. Mulder corre pro telefone.


Apartamento de Mary ‘Scully’ McLowan – 11:40 A.M.

Scully atende o telefone.

MULDER: - Sou eu. Ia adorar o lugar, Scully. Tenho banheira de hidromassagem, TV à cabo, bar, piscina no quarto e uma cama redonda!

SCULLY: - (IRRITADA) Mulder, ia adorar esse apartamento. É pior do que o seu! Tenho tv convencional, um sofá-cama velho, roupas que parecem saídas do Exército da Salvação e até mesmo um gato preto! Mulder, tenho alergia à gatos! Me colocaram num pulgueiro! Os vizinhos carregam estojos de violinos, tem um casal ao lado que tá sempre brigando e tem uma lésbica que fica olhando de binóculo pra mim e fazendo gestos obscenos, no edifício ao lado! Mulder, eu vou enlouquecer! Isso aqui só tem sala, cozinha e banheiro! Pra escovar os dentes bato com os cotovelos nas paredes!

MULDER: - Relaxa, Scully. Vem pra cá, vem? Afinal eu sou um magnata do petróleo, posso te pagar uma champanhe francesa e caviar! Quer um casaco novo de camurça ou prefere peles importadas?

SCULLY: - Mulder, isso é desumano!

MULDER: - Vem pra cá. Entra disfarçada de camareira... Teremos uma tarde inesquecível...

SCULLY: - Acho que preciso disso... (MALICIOSA) Mulder, você falou em cama redonda?

MULDER: - É. E tem espelhos por todo o quarto, inclusive um jardim de inverno com uma piscina térmica...

SCULLY: - Mulder, que inveja! ... Vou já pra aí, deixa só eu alimentar o gato.


Night Star Club – 10:22 P.M.

Várias mulheres dançando, seminuas. O bar está cheio. Há muito movimento.

Natasha, uma mulher de 50 anos, muito bem arrumada, está sentada à uma mesa ao fundo, num ambiente mais calmo. Há dois seguranças, armados, perto dela. Ela bebe um drinque, enquanto conversa com uma mulher de origem oriental.

Mulder entra no bar, bem vestido, cabelos com gel. Senta-se e pede uma bebida. Natasha imediatamente o percebe.

NATASHA: - Quem é o príncipe?

SAW-WHEN: - Nunca o vi antes por aqui.

NATASHA: - Descubra quem é.

Saw-When levanta-se. Vai de encontro a Mulder. Natasha observa. Saw-When senta-se ao lado dele e puxa conversa. Mulder pede um drinque pra ela e coloca uma nota de cem dólares sobre o balcão. Saw-When olha pra Natasha. Natasha faz uma fisionomia de interessada.

MULDER: - Estou te pagando um drinque e nem sei o seu nome.

SAW-WHEN: - Todos me chamam por aqui de Saw-When.

MULDER: - Apelido interessante. Gostaria de saber por quê?

SAW-WHEN: - Por que sempre espero que alguém como você “Diga Quando”. Se quiser dizer como e onde, eu direi quanto.

MULDER: - (SORRI/ FINGINDO INTERESSE) Proposta tentadora, mas não me leve a mal. Você é velha demais pra mim. Se é que me entende.


11:11 P.M.

Mulder e Saw-When aproximam-se de Natasha.

SAW-WHEN: - Esta é a proprietária do local, Madame Natasha.

Mulder aproxima-se dela e beija-lhe a mão, como um cavalheiro.

MULDER: - Encantado, Madame.

Mulder olha pra ela sedutoramente. Natasha retribui o olhar.

NATASHA: - Sente-se, senhor...

MULDER: - Willians. Kevin Willians.

SAW-WHEN: - O senhor Willians veio do Texas, está passando umas férias por aqui. Está procurando diversão.

NATASHA: - Por que veio até meu bar? Me parece refinado demais para gostar de lugares como esse.

MULDER: - Um amigo me disse que aqui é o cartão-postal da cidade. Que você teria o que eu procuro.

NATASHA: - Amigo?

MULDER: - Vincent Kraemer.

NATASHA: - Não o vejo há muito tempo!

MULDER: - Infelizmente ele sofreu um acidente e... Trágico, muito trágico.

NATASHA: - Sinto muito. Então, senhor Willians...

MULDER: - Me chame de Kevin.

NATASHA: - Kevin... O que faz na vida para sobreviver?

MULDER: - Nada.

Natasha sorri.

MULDER: - Pra que gastar tempo precioso com trabalho? Não acha que a vida é pra ser vivida intensamente pelo prazer?

NATASHA: - Alguém deve pagar esse terno caro...

MULDER: - Esse alguém está no Texas, dirigindo poços petrolíferos. Eu sou o bastardo da família. Não tenho tempo pra isso.

Natasha acende um cigarro.

NATASHA: - Fuma?

MULDER: - Não.

NATASHA: - O que procura aqui, Kevin?

MULDER: - Meu amigo disse que você tem ‘atrações especiais’ por aqui.

NATASHA: - Isso é tudo. É apenas um bar de strip-tease.

MULDER: - Não foi isso que ele me falou. Fiquei sabendo que poderia obter diversão de ‘primeira-mão’.

Natasha se levanta.

NATASHA: - Venha comigo, Kevin.

Mulder levanta-se. A segue. Eles entram por uma porta. Os seguranças ficam do lado de fora. Eles saem num enorme salão, ambiente chique, com lustres e poltronas de veludo. Natasha senta-se. Mulder também. Marie, uma menininha, aproxima-se. Tem uma enorme cicatriz no rosto, resquícios de espancamento.

NATASHA: - Gostaria de beber uma champanhe comigo?

MULDER: - Com certeza.

Natasha olha pra menina. Marie vai buscar. Mulder olha pra Marie, contendo a aflição.

NATASHA: - Ela é apenas a criada. Não tem um corpo bonito, mas fiquei com pena dela. Precisa do quê exatamente?

MULDER: - ...

Mulder começa a detestar estar ali. Olha pra ela. Saw-When entra. Sinaliza pra Natasha. Mulder estremece. Natasha levanta-se e vai até ela.

NATASHA: - O que foi?

SAW-WHEN: - Conferi a história dele e o cartão de crédito. Está limpo. É quem diz ser.

NATASHA: - Por um instante achei que fosse um federal.

SAW-WHEN: - Não, o pai tem poços petrolíferos. Ele é um playboy em busca de aventuras.

NATASHA: - Gosto do tipo. Ele é cliente VIP, avise o pessoal.

Saw-When vai embora. Natasha senta-se.

NATASHA: - Então, Kevin Willians, que tipo de diversão procura?

MULDER: - O que pode me oferecer?

NATASHA: - No momento de 10 à 16. Mas posso conseguir alguma mais nova. Loiras, ruivas, morenas, mulatas, orientais, latinas... Gostaria de ver algumas fotos?

MULDER: - Seria interessante.

Natasha entrega um álbum pra Mulder e levanta-se.

NATASHA: - Fique à vontade. Volto logo.

Mulder abre o álbum e vê uma menina, de uns 12 anos nua. Mulder fecha o álbum, revoltado.


Hotel Philadelphia Inn – 2:17 A.M.

Mulder, deitado na cama, ao lado de Scully. Fisionomia de angústia. Scully olha pra ele.

SCULLY: - Não, eu não posso acreditar! É demais pra mim, Mulder!

MULDER: - Crianças, Scully! Como pode haver gente que sinta prazer com crianças? Poderia ser a minha irmã ali. Poderia até ser minha filha! Deus, eu não vou suportar voltar lá. Estou estressado!

SCULLY: - ...

MULDER: - (INDIGNADO) Ela chegou a falar em meninas com menos de 10 anos! Eu... eu estou... eu estou estarrecido com isso! 

SCULLY: - Mulder, meu dia também não foi agradável. Atendi pacientes adolescentes com problemas emocionais, abandonadas desde pequenas, outras fugiram de maus tratos, outras pra tentarem ser atrizes... Atendi uma menina de 13 anos, grávida de 6 meses! Mulder, ela não tirava os olhos de uma boneca que estava sobre a minha mesa!

Scully começa a derrubar lágrimas. Mulder a abraça.

MULDER: - Às vezes penso que sou fútil, por ficar correndo atrás de aliens, enquanto o mundo se acaba por suas próprias mãos!

SCULLY: - ... Alguém precisa fazer isso, Mulder. Na realidade estamos correndo atrás do outro lado da moeda. Atrás de pessoas poderosas que escondem a verdade. As mesmas que nos entregaram esse caso! Ou acha que o senador está fazendo isso por boa ação? Ele quer votos! Sempre haverá um esperto para submeter os outros!

MULDER: - Scully, a partir de hoje vou começar a rezar. Pra agradecer por trabalhar com as coisas que trabalhamos. Eu não suportaria trabalhar com o que chamam de realidade. Eu vi assassinos, Scully. Vi modos bizarros de matar alguém. Mas eu nunca me choquei tanto como hoje! Eu não teria estômago pra trabalhar com casos assim a vida toda. Eu não posso ser indiferente, entende? Sangue-frio com esse tipo de coisa...

SCULLY: - Mulder, precisamos superar nossa raiva. Temos que colocar essa desgraçada na cadeia!

Scully levanta-se.

SCULLY: - (ÓDIO) Eu quero vê-la torrar na cadeira elétrica, Mulder! Deus que me perdoe!

Scully anda pelo quarto. Mulder olha pra ela.

MULDER: - Scully, tenta dormir um pouco. Você tá precisando.

Scully olha pela janela.

SCULLY: - Como posso dormir, Mulder, sabendo que aquelas meninas estão sendo usadas?

Mulder levanta-se. Vai até ela. Abraça-a por trás. Olha pela janela.

MULDER: - Scully, se pensarmos assim, nunca mais dormiremos. Existe todo o tipo de coisa nesse mundo aí fora. Mas ninguém se importa. Ninguém quer ver. Alienígenas... Os alienígenas somos nós, Scully. Acho que não temos o direito de viver num universo tão complexo e puro como esse. Talvez devamos ser cobaias de civilizações mais evoluídas, porque a raça humana não passa de um bando de animais, predadores de si mesmos.

SCULLY: - (ÓDIO) Ainda por cima uma mulher, Mulder! Uma mulher fazendo isso! Ela não sabe o que é amor materno? Li a ficha dela, ela teve 3 filhas! Deus, eu daria de tudo pra saber o que é ser mãe! E essa cretina...

MULDER: - Scully, às vezes o destino dá a sorte para quem não merece e tira de quem certamente merecia.

Scully vira-se e o abraça fortemente. Mulder beija-a na testa.


Night Star Club – 2:11 P.M.

Scully entra pela porta dos fundos. Natasha vem a seu encontro.

NATASHA: - O que quer falar comigo, doutora McLowan?

SCULLY: - Como sabe meu nome?

NATASHA: - Ninguém entra aqui sem eu ter o conhecimento de quem seja. Sente-se.

Scully tenta ficar calma. Senta-se.

SCULLY: - Então sabe que trabalho com adolescentes abandonadas... Vamos direto ao assunto, eu não tenho tempo pra perder. Quero trabalhar pra você. Sei que mantém um prostíbulo aqui, de menores de idade. Posso indicá-las, enviá-las para cá. Eu sou médica, elas querem uma amiga e eu sou a amiga e o apoio que precisam.

NATASHA: - Tenho um pessoal que faz isso. Não preciso de mais ninguém.

SCULLY: - Por favor, eu preciso fazer isso!

NATASHA: - Mulheres não são comuns nesse tipo de negócio. Você é muito jovem, não me parece que tenha filhos crescidos. Então deve ser estéril.

Scully fecha os olhos.

NATASHA: - Por que quer trabalhar pra mim?

SCULLY: - ...

Scully tenta se recompor.

SCULLY: - Porque preciso de dinheiro. Não consigo viver mais desse jeito, com um salário miserável.

NATASHA: - ... Não quer trabalhar no bar? Você tem peitos bonitos, faria sucesso.

SCULLY: - Não sou atraente.

NATASHA: - Você é sexy, mas é muito baixinha. Vamos fazer um acordo. Quero que trabalhe comigo. Aqui dentro. Preciso de um médico por aqui, você é mulher, as meninas se sentirão mais à vontade.

SCULLY: - E quanto eu vou ganhar com isso?

NATASHA: - O suficiente pra sair do pulgueiro de onde mora. Mas tem um aviso: Se me trair, doutora, vai se arrepender muito. Pode anotar isso no seu receituário. Não sabe com quem está lidando.


Hotel Philadelphia Inn – 9:33 P.M.

Skinner sentado na poltrona. Mulder termina de se vestir. Olha-se no espelho.

MULDER: - Minha única oportunidade de usar roupas importadas. Preciso pensar assim pra não enlouquecer, Skinner.

SKINNER: - A Scully deve estar transtornada.

MULDER: - Ela está em frangalhos! Se queriam acabar com ela, conseguiram acertar seu ponto fraco!

SKINNER: - Se saírem dessa, Mulder, com sanidade, serão condecorados no Bureau.

MULDER: - Que enfiem suas condecorações, Skinner! E esse luxo todo! Eu preferia estar no meu velho sofá, tomando água e engraxando meus sapatos do que neste luxo todo, me fazendo de pervertido e bebendo champanhe importada com uma vagabunda desgraçada! Aposto que quando receber meu miserável contra-cheque no final do mês, vou comemorar!

Skinner levanta-se. Aproxima-se de Mulder. Mulder abre a camisa. Skinner coloca uma escuta, grudada no peito dele.

SKINNER: - Cate tudo o que puder, Mulder. Quanto mais cedo resolver isso, mais rápido volta.

Mulder respira fundo. Fecha a camisa.


Night Star Club – 10:03 P.M.

Saw-When acompanha Mulder, até o salão. Natasha está sentada, fumando um cigarro.

NATASHA: - Ora, quem voltou...

MULDER: - Eu disse que voltaria.

NATASHA: - Conseguiu descansar um pouco?

MULDER: - Viagens me deixam cansado. Mas hoje estou bem.

Mulder senta-se. Saw-When sai. Marie entra, trazendo dois copos e champanhe. A menina tropeça no tapete e derruba tudo no chão. Natasha, irritada levanta-se. A puxa pelos cabelos.

NATASHA: - Sua cadela, o que pensa que está fazendo?

MARIE: - Desculpe...

Natasha mete um tapa em Marie. Mulder levanta-se.

MULDER: - Acalme-se, não precisa fazer isso.

NATASHA: - É uma infeliz desgraçada! Eu devia espancar você, sua imprestável! Não serve pra nada! Você só me traz problemas, sua feiosa! Nem os velhos querem você!

MARIE: - (CHORANDO) Desculpe, senhora...

NATASHA: - Não há desculpas! Eu vou me livrar de você qualquer hora dessas! Sua latina feiosa! Nem pra trepar você serve!

Natasha ergue a mão. A menina fecha os olhos. Mulder segura a mão de Natasha.

MULDER: - Eu preferia um uísque. E preferia você mais calma.

Natasha olha pra Marie. Mulder fica nervoso.

NATASHA: - Sai daqui, sua imprestável! E traga um uísque pra esse senhor. Rápido!

A menina sai correndo. Mulder passa a mão no rosto de Natasha.

MULDER: - Você é muito atraente.

NATASHA: - Não estou incluída no pacote, sr. Willians. Embora a ideia não seja má.

Mulder afasta-se de Natasha. Marie volta, caminhando lentamente com o copo de uísque na bandeja.

NATASHA: - Então, vai ou não se divertir hoje à noite? Mas devo dizer que, na primeira vez, a criança não sai daqui. Depois pode levá-la pra onde quiser...

Mulder fica constrangido na frente da menina. Marie olha pra ele com revolta.

NATASHA: - Escolheu uma delas?

Mulder olha pra Marie.

MULDER: - Quero ela.

NATASHA: - (RINDO) Tem certeza? Essa imprestável?

Mulder puxa a carteira.

NATASHA: - Marie, acompanhe esse senhor até a suíte. E trate de ser boazinha com ele. Sabe o que acontece quando escuto reclamações. Me entendeu?

MARIE: - ... (CHORA) Eu não vou.

NATASHA: - O quê? Como ousa me remedar?

MARIE: - (DESESPERADA) Eu não quero fazer isso!

NATASHA: - Acha que pode querer aqui dentro? Vá logo, ou vai apanhar tanto que vai se arrepender de cada palavra que disse!

Mulder fecha os olhos, mais angustiado ainda.

MARIE: - (CHORANDO) Sim, senhora.

NATASHA: - Por que essa imprestável feiosa?

MULDER: - Gosto não se discute.

NATASHA: - Ela não tem experiência. É por isso?

MULDER: - ... É.

Mulder assina um cheque. Entrega pra Natasha, que abre um sorriso. Scully entra na sala. Olha pra Mulder. Natasha olha pra ela.

NATASHA: - Algum problema, doutora?

SCULLY: - Preciso retirar a Jennifer daqui.

NATASHA: - Ela está tão mal assim?

SCULLY: - (IRRITADA) O que acha? Depois de um aborto clandestino, o que esperava? Se não levá-la ao hospital, ela morrerá!

NATASHA: - Pois que morra. Não pensa que vou dar explicações na portaria de um hospital. Ela não sai daqui.

SCULLY: - Ela vai morrer!

NATASHA: - Doutora, se não percebeu, esse assunto não é pra ser discutido na frente de clientes.

Scully cumprimenta Mulder.

SCULLY: - Muito prazer, sou a Doutora McLowan.

MULDER: - Willians. Kevin Willians.

SCULLY: - Preciso levá-la daqui!

NATASHA: - Faça o que puder, mas ela não sai. Entendeu?

SCULLY: - Tenho contatos dentro do hospital. Garanto sigilo absoluto. Confie em mim.

NATASHA: - Eu não confio em você.

SCULLY: - Preciso retirá-la daqui. Acredite, não quero causar nenhum problema. Só quero salvá-la, é o meu trabalho. O diretor do hospital é meu namorado. Vai ficar em silêncio.

NATASHA: - ... Leve-a. Mas se algo acontecer e a polícia aparecer, eu não sei de nada. Você é quem vai se ferrar, doutora!

Scully olha pra Mulder. Natasha olha pra Marie.

NATASHA: - Mexa-se, cretina! Acompanhe o senhor Willians. E seja boazinha com ele. Faça o que ele mandar.

Marie olha assustada pra Mulder. Sobe as escadas. Mulder vai atrás dela. Scully olha pra Mulder.


BLOCO 3:

[Som: Nika Costa – I Believe in Love]

Marie abre a porta do quarto. Mulder entra. Tranca a porta. Marie olha assustada pra ele. Mulder aproxima-se dela.

MULDER: - Marie? Esse é o seu nome?

A menina mexe a cabeça confirmando.

MULDER: - Marie, eu não vou te fazer mal algum. Quero que confie em mim, está bem?

MARIE: - Não vai me bater, né?

MULDER: - Por que eu bateria em você?

MARIE: - Eu vejo o que fazem com minhas amigas.

Marie senta na cama, nervosa e assustada. Mulder olha pelo quarto. Fala baixinho.

MULDER: - Preciso que me diga uma coisa. Há escutas nesse quarto?

MARIE: - Não.

MULDER: - Ótimo.

Mulder vai até a janela, nervoso. Fica espiando lá pra baixo. Vê um homem colocando uma garota dentro do carro de Scully. Scully e o homem entram no carro e partem. Mulder fecha os olhos. Vira-se pra menina.

MULDER: - Que idade você tem?

MARIE: - Onze.

Mulder senta-se ao lado dela.

MULDER: - Marie, posso confiar em você?

MARIE: - ... Pode.

MULDER: - Posso tirá-la daqui, mas precisa me ajudar.

MARIE: - Eu não quero ir com você! A Ann foi embora com um cara e nunca mais voltou! Ele matou ela! Se quer fazer aquelas coisas sujas comigo pode fazer, mas não me bate, por favor!

Marie começa a chorar.

MULDER: - Eu não quero fazer nada com você. Eu te escolhi porque preciso de informações. Eu sou policial, está certo?

MARIE: - Cadê sua carteira?

MULDER: - Eu não posso andar com ela no bolso por aqui...

MARIE: - Você tá mentindo!

Marie levanta-se da cama e se encosta assustada na parede. Mulder vai até ela. Ela se encolhe no chão. Mulder afasta-se.

MULDER: - Marie, não fica com medo, eu não quero te machucar. Precisa confiar em mim. Olha, vou provar que estou falando a verdade, tá legal?

Marie olha assustada pra ele. Mulder abre um botão da camisa e mostra a escuta grudada em seu peito.

MULDER: - Sabe o que é isso? Um microfone. Tem um outro policial lá fora, gravando tudo o que estamos falando. Marie, me escute. Preciso que me diga as coisas que vê e ouve aqui dentro.

MARIE: - E se ela descobrir? Vai me matar e vai matar você!

MULDER: - Ela não vai descobrir, só se você contar.

MARIE: - Eu não vou contar.

MULDER: - De onde você é? Tem mãe, família?

MARIE: - Sou do México. Minha mãe me vendeu pra um homem. Ele me trouxe pra cá. Eu tinha 9 anos. Eu tentei fugir, ela descobriu e me espancou. Porque fiquei feia, ela me deixou como empregada.

MULDER: - Você não é feia. É o que ela quer que pense. Você é uma garota bonita, Marie. Não merece estar num lugar como esse, fora da escola...

MARIE: - Se você é policial, eu posso contar muitas coisas. Mas eu quero uma coisa em troca.

MULDER: - O que quer?

MARIE: - Uma Barbie. Bem bonita, com cabelos loiros.

Mulder fecha os olhos, segura as lágrimas.

MULDER: - Eu trago a Barbie pra você.

MARIE: - Eu queria uma bicicleta, mas ela não deixa que a gente brinque. Pelo menos a Barbie eu posso esconder.

Mulder levanta-se. Vai até a janela.

MULDER: - Vem aqui.

A menina vai até ele.

MULDER: - Tá vendo aquele prédio abandonado ali? Tem um tio que está escutando tudo o que você vai dizer.

MARIE: - Onde ele está?

MULDER: - Ô tio, vem pra janela!

Marie procura com os olhos, curiosa. Vê Skinner na janela do prédio, com fones no ouvido. Skinner acena pra eles. A menina sorri.


3:42 A.M.

Mulder, sentado na cama, chora. Marie olha pra ele.

MARIE: - Tio, por que está chorando?

MULDER: - Pelas coisas que me falou, Marie.

MARIE: - Tio, você vai me tirar daqui?

A menina abraça Mulder. Mulder a abraça, chorando.

MULDER: - Marie, precisa mentir pra ela. Sei que é uma criança, como posso dizer isso pra você, eu...

MARIE: - Tio, eu sei o que os adultos fazem, eu já tive que assistir essas coisas...

Mulder levanta-se, nervoso.

MARIE: - Tio, é melhor parar de chorar ou ela vai descobrir.

Mulder sorri. Vai até o banheiro e lava o rosto. Marie ajoelha-se e pega uma latinha debaixo da cama. Mulder entra no quarto. Vê ela passando graxa de sapato num olho.

MULDER: - O que está fazendo?

MARIE: - Eu escondo isso aqui pras minhas amigas. Sabe, às vezes eles são bonzinhos e não machucam elas. Mas aquela velha não gosta quando isso acontece. Então elas passam isso no olho pra fazer de conta que apanharam.

MULDER: - Marie, quando você crescer pode trabalhar como policial. Será uma ótima agente. Olha, você vai ser a minha parceira nesse caso, tá legal? Silêncio é a regra. Ninguém pode saber da nossa missão, agente Marie.

Marie esconde a latinha. Sorri pra ele. Mulder abre a porta. Desce as escadas. Marie atrás dele. Natasha vem ao encontro deles. Olha pra Marie.

NATASHA: - Então, ela se comportou direitinho?

MARIE: - Ele bateu em mim!

NATASHA: - E deveria ter batido mais. Pelo menos serve pra alguma coisa, essa vagabunda. Agora vai pro seu quarto.

Marie olha pra ela com raiva. Sai.

NATASHA: - Então, ela foi uma boa menina?

MULDER: - Foi, com certeza.

NATASHA: - Que tipo de tarado é você? Gosta apenas de meninas virgens?

MULDER: - Digamos que sim. E que tipo de diversão você pode me oferecer? Não tem nada mais excitante?

NATASHA: - Sua conta bancária é excitante. Me diga o que tem em mente.

MULDER: - Quero uma mais nova.

NATASHA: - (RINDO) Isso custa caro.

MULDER: - Eu pago. Desde que possa fazer o que quiser com ela.

NATASHA: - Sr. Willians, eu tive um cliente como você, há alguns anos atrás. Ele sentia prazer com asfixia. É isso que está tentando me dizer?

MULDER: - ...

NATASHA: - Com morte fica mais caro. Cinco mil. Só que fará isso fora daqui. O problema é seu. Consigo a menina, mas vai ter que se livrar das provas.

Corta para Skinner gravando tudo, com um sorriso nos lábios.

SKINNER: - Pegamos você, sua cretina... Vai tomar uma dose letal na veia e asfixiar até a morte!

Corta pra Mulder que entrega um cartão pra Natasha.

MULDER: - Entregue a mercadoria amanhã, nesse hotel. Cinco mil em dinheiro vivo quando ela chegar.

NATASHA: - Alguma preferência por cor?

MULDER: - Não.

NATASHA: - O que vai fazer com ela?

MULDER: - Isso é um assunto particular.

NATASHA: - Gosto de saber sobre meus clientes. Isso me excita. Se estiver interessado, posso arranjar alguém que grave isso em vídeo.

MULDER: - Não, obrigado.

Mulder abre a porta e sai.


Hotel Philadelphia Inn – 4:21 A.M.

Skinner desliga o gravador. Scully está com os olhos cheios de lágrimas. Mulder caminha de um lado para outro.

MULDER: - Eu disse que havia algo nessa história. E tem gente grande por trás, Skinner! Gente que finge não saber! Scully e eu vimos o tamanho daquele lugar, a estrutura toda... Impossível que o FBI não tenha recebido denúncias antes!

SKINNER: - Mas de onde vêm essas garotinhas?

MULDER: - Não sei, Skinner. Mas ouviu o que Marie disse.

SCULLY: - Eu posso descobrir. Estou conquistando a confiança das meninas.

SKINNER: - (IRRITADO) Deus! Temos um caso complicado nas mãos. Eu estou enojado de tanta podridão! Em anos dentro do bureau nunca havia escutado algo tão... tão nojento!

MULDER: - Tem uma coisa que não estou entendendo. Se as meninas trazem dinheiro pra ela, por que ela pega algumas, aleatoriamente, e desaparece com elas? O que faz com as garotas?

SKINNER: - Talvez as venda para taras bizarras envolvendo morte.

MULDER: - Não, Skinner, não faz sentido. Teria algo a ver com o governo?

SKINNER: - Mulder, está insinuado que o governo sabe disso?

MULDER: - E se ela vende crianças para experiências? É uma hipótese. Por isso o silêncio sobre a existência dessa rede de pedofilia.

SKINNER: - Mulder, se o governo estivesse metido, essa investigação não seria solicitada por um senador!

MULDER: - Tem algo atrás disso, Skinner. Eu sinto o cheiro de ‘fumaça’.

SKINNER: - Vou falar com o senador.

Skinner pega o telefone. Scully está calada. Mulder senta-se ao lado dela.

MULDER: - Vamos pegá-la, Scully.

SCULLY: - Mulder, este foi o pior caso que já enfrentei na vida. Está abalando com a minha estrutura emocional.

MULDER: - Precisa se controlar, Scully. Pelo bem daquelas meninas.

Skinner desliga o telefone. Aproxima-se deles.

SKINNER: - Mulder, acho que você tem razão. Há algo maior por trás disso. O senador foi achado morto em sua casa. Foi assassinado. Serviço de profissional.


5:18 A.M.

[Som: Nika Costa – I Believe in Love]

Scully está nua na piscina dentro do quarto. Parada, olhando pro nada. Mulder senta-se na beira da piscina, vestido num roupão.

MULDER: - Isso relaxa, Scully. Vai se sentir melhor.

SCULLY: - Pelo menos não preciso ir pra aquele pulgueiro. Ela me ofereceu moradia.

Mulder entra na piscina. Senta-se ao lado dela.

MULDER: - Queria que visse o medo nos olhos daquela criança.

SCULLY: - Comprou a boneca que Marie queria?

MULDER: - Comprei.

Scully fica em silêncio, séria. Mulder põe o braço por trás dela. Abraça-a. Os dois ficam olhando pro nada, transtornados.

MULDER: - Se um desgraçado fizesse isso com uma filha minha, eu o mataria lentamente.

SCULLY: - ...

MULDER: - Muito lentamente... Pra ele sentir muita, mais muita dor. Ainda assim seria pouco, a vista da dor e dos transtornos psicológicos que causou a uma criança.

Scully sai da piscina. Veste um roupão.

MULDER: - Onde vai?

SCULLY: - Voltar pra lá. Pelo menos posso tomar conta delas.

MULDER: - Scully, você vai se machucar mais!

SCULLY: - Vi homens a noite toda, arrastando meninas para os quartos. Acha que posso sentir mais dor?

MULDER: - ...

SCULLY: - A Jeniffer morreu, Mulder. Teve hemorragia interna. Eu tentei de tudo, mas não consegui... Ela tinha 12 anos, Mulder... Me pediu pra conseguir um pôster do Brad Pitt. Tinha o sonho de estudar, de crescer e arranjar um bom rapaz, que cuidasse dela. Ela só queria esquecer o que passou. Esquecer que teve um filho de um tarado, que foi estuprada, espancada, que foi forçada a usar drogas pra suportar a dor... que foi um objeto nas mãos de um pervertido... Irônico, não? Ela não poderia ter aquela criança. Ainda não tinha peitos para amamentá-la.

Scully fecha os olhos. Respira fundo. Vai pro banheiro. Mulder sai da piscina. Serve um copo de uísque e começa a beber.


Night Star Club – 9:11 P.M.

Mulder entra no bar, com uma fisionomia de revolta. Música alta. Mulheres dançando nuas. Mulder pede um uísque ao barman, um negro bem alto. O Barman serve. Olha pra Mulder, com indignação. Joga o copo sobre o balcão, com raiva.

BARMAN: - Esse é por conta da casa, sr. Willians. Madame Natasha quer que sejamos corteses com você. Mas eu não o serei.

MULDER: - ...

BARMAN: - Olha, eu sou apenas um barman da boate, tá legal? Mas eu não sou burro! Eu sei o que acontece aí atrás. E já estou cansado de ver homens como você por aqui. Tarados hipócritas que não conseguem ter uma ereção com mulheres de verdade, então ficam se esfregando e estuprando crianças! Você me dá nojo! Nem todo o seu dinheiro pode limpar a sua alma! Homens como você deveriam estar na cadeia!

MULDER: - Então por que trabalha aqui se não gosta do que vê?

BARMAN: - Porque eu preciso sobreviver! Papai não me dá nada de graça. Se tivesse o seu dinheiro, usaria-o com crianças sim. Mas dando abrigo pra elas e educação! Dando o amor que elas não tiveram. E não o ‘amor’ do jeito que você dá! São crianças, cara! Como pode sentir desejo por coisinhas tão indefesas e inocentes? Olhe à sua volta. Tá cheio de putas por aqui que estão disponíveis!

Mulder percebe que ele é um sujeito honesto.

BARMAN: - E de pensar que as pessoas me tratam com outros olhos por que sou gay. Pelo menos eu não fico estuprando crianças!

MULDER: - ... Você é gay?

BARMAN: - Você não faz o meu tipo. Sou casado. Meu parceiro e eu vivemos muito bem, obrigado. Só nos falta um filho, o que não podemos ter. Sabe por quê? Porque as leis americanas preferem que as crianças sejam torturadas e submetidas a essa podridão do que deixar que casais gays as adotem!

MULDER: - ...

BARMAN: - Beba seu uísque. Talvez se sinta melhor, bastardo! Madame Natasha pediu que fosse até seu escritório. Fale com aquele brucutu ali na porta. Ele vai te levar lá.

Mulder levanta-se. Vai até o segurança. O barman olha pra ele com desprezo. Passa um pano sobre o balcão.

[Corte]

Mulder entra no escritório de Natasha. Há alguns homens ali, bem arrumados, de terno e gravata.

NATASHA: - Querido, você chegou! Quero te apresentar alguns amigos. Este é Kevin Willians, de quem lhes falei.

HARVEY: - Sente-se, senhor Willians.

Mulder senta-se. Natasha coloca um saquinho de cocaína sobre a mesa.

NATASHA: - Esse é pra você. Cortesia da casa.

MULDER: - Por que tenho a sensação de que estão me tratando muito bem?

HARVEY: - Porque gostamos de você. E você gosta daqui.

MULDER: - Claro que gosto. Aonde poderia ter tanta atração como aqui?

Saw-When entra. Senta-se no colo de Mulder.

SAW-WHEN: - Estamos pensando... Já que se sente em casa, que tal fazer parte da família?

MULDER: - O que eu ganharia com isso?

Eles se entreolham. Riem.

HARVEY: - Um parque de diversão grátis.

MULDER: - É, é tentador. Mas onde eu entro?


Prédio Abandonado – 9:21 P.M.

Skinner escuta a conversa, enquanto o gravador está gravando.

HARVEY (OFF): - Precisamos de dinheiro para tocar o negócio, sabe?

MULDER (OFF): - Sei... Drogas?

HARVEY (OFF): - Drogas? Não, não sabe do que estamos falando? Não lidamos com drogas. Lidamos com tráfico de crianças.

MULDER (OFF): - Vi poucos clientes aqui. Quer que eu acredite que vou ter retorno do investimento?

NATASHA (OFF): - Poucos, sr. Willians, mas gente que pode sustentar um prazer muito caro. Senadores, deputados, banqueiros, artistas... Nosso maior cliente é o governo.

MULDER (OFF): - Vão me dizer que a Mônica só fez aquilo com o Clinton por que ela era velha demais pra ele?

HARVEY (OFF): - (RINDO) Nada disso, Kevin. O governo precisa de nós. Fornecemos crianças para eles.

Skinner fecha os olhos. Corta para Mulder na boate.

MULDER: - E depois são os russos que comem criancinhas...

Eles riem.

HARVEY: - Você é engraçado, Kevin... Gosto de você.

NATASHA: - Não sabemos o que fazem com elas. Mas só querem meninas. E que não sejam virgens.

MULDER: - Isso é lucrativo. As virgens são mais caras. Quem está envolvido?

HARVEY: - Tem um sujeito que é nosso contato. Ele paga a mercadoria. O que fazem não nos interessa. Interessa é o lucro.

MULDER: - E posso ter acesso às meninas?

HARVEY: - Divirta-se!

MULDER: - Posso participar das negociações?

NATASHA: - Com certeza.

MULDER: - Preciso pensar. Darei uma resposta mais tarde.

Eles levantam-se. Natasha os acompanha e eles saem da sala. Saw-When olha pra Mulder e esfrega-se em seu colo.

SAW-WHEN: - Tenho um show daqui à 10 minutos... Gostaria que assistisse.

Ela começa a beijar o pescoço dele. Mulder a afasta.

MULDER: - O que pretende?

SAW-WHEN: - Preciso de um homem de verdade.

Mulder a empurra. Ela sai do colo dele.

Corta para Skinner, que arregala os olhos, segurando os fones contra os ouvidos.

Corta para Mulder.

MULDER: - Desculpe, Saw-When. Você é velha demais pra mim.

SAW-WHEN: - Mas tenho coisas que aquelas garotinhas não têm...

Ela tira o sutiã. Mulder levanta-se. Saw-When o segura pelo braço. Mulder olha pra ela. Ela esfrega seu corpo no corpo dele, enquanto dança. Mulder fecha os olhos. Ela ameaça tirar a camisa dele. Mulder segura sua mão. No prédio em frente, Skinner estranha o silêncio.

SKINNER: - Mulder, o que está havendo aí?

Saw-When aproxima seus lábios dos dele. O beija. Desce sua mão por entre as pernas dele. Beija-o. Mulder retribui o beijo, furiosamente. Ela o puxa encostando-se contra a mesa.

SAW-WHEN: - Vem, vem...

Mulder sai de cima dela. Olhar assustado.

SAW-WHEN: - O que foi? Acho que você também gosta de garotinhas mais velhas. Pelo menos seu corpo demonstra isso.

Corta para Skinner que arregala os olhos. Desliga o gravador.

SKINNER: - Mulder, seu idiota! Solta essa piranha, é um teste!


10:12 P.M.

Mulder, sentado na poltrona. Natasha, olha pra ele.

NATASHA: - Sinto muito, mas preciso de mais um dia. Não consegui a menina.

MULDER: - Eu espero.

NATASHA: - Pra me desculpar com você, vou lhe dar um presente. Sophie!

Uma menina de uns 14 anos entra na sala. Mulder levanta-se.

MULDER: - Hoje não, Natasha.

NATASHA: - Por que não?

MULDER: - Preciso pensar nos negócios. Não estou com cabeça pra isso. Me consiga logo o que pedi, tá legal?

Mulder abre a porta.

NATASHA: - Por que deu uma boneca à Marie? Elas não podem ganhar nada!

MULDER: - Ela fez tudo o que eu queria. Achei que devia recompensá-la por seus serviços. Afinal, é um presente barato.

NATASHA: - ...

Mulder fecha os olhos. Respira fundo. Sai.


Hotel Philadelphia Inn – 1:23 P.M.

Scully está no banho. Skinner olha pra Mulder.

SKINNER: - (RINDO) Se aquela fita caísse nas mãos da Scully, você estaria encrencado.

MULDER: - Não vou mentir, fiquei... empolgado.

Scully entra no quarto, num robe, em silêncio. Cara abatida, triste. Mulder olha pra ela.

MULDER: - Preciso te falar uma coisa.

Scully olha pra ele. Skinner levanta-se. Sai do quarto.

MULDER: - (NERVOSO) Eu... Eu traí você.

Scully olha pra ele, numa fisionomia de quem está entrando em choque.

MULDER: - Eu... Eu sou um canalha, você tem razão.

SCULLY: - (ANGUSTIADA) O que fez, Mulder?

MULDER: - Sabe aquela tal de Saw-When?

Scully fecha os olhos. Começa a rir. Mulder olha pra ela.

MULDER: - O que foi?

SCULLY: - Nada, Mulder.

MULDER: - (INSIGHT) Você pensou que... (FURIOSO) Eu não acredito que pensou isso, Scully!

SCULLY: - Mulder, me desculpe. Mas esse caso está mexendo com meus nervos.

MULDER: - (INDIGNADO) Pensa que eu sou um tarado? Eu até sou tarado, mas sei o meu lugar!

SCULLY: - Desculpe, Mulder...

MULDER: - ...

SCULLY: - Você transou com a Saw-When?

MULDER: - ... Não. Mas quase.

SCULLY: - ...

MULDER: - (CULPADO) ... Scully, fala comigo, por favor.

SCULLY: - (DIPLOMÁTICA) ... Tudo bem, Mulder. Faça o que quiser. Contanto que volte no outro dia.

Mulder levanta-se. Vai até ela.

MULDER: - (ARREPENDIDO) Eu amo você. Agi sem pensar. Se tivesse feito alguma coisa, estaria me remoendo de culpa.

SCULLY: - Tudo bem, pelo menos você é sincero, está me contando isso.

MULDER: - Isso nunca mais vai acontecer.

SCULLY: - Nunca diga nunca, Mulder... Não sabe o dia de amanhã.

Mulder vai até a cama. Pega o travesseiro.

SCULLY: - Onde vai?

MULDER: - Dormir no sofá.

SCULLY: - Por quê?

MULDER: - Como assim por quê? Eu traí você!

SCULLY: - Mulder, você não me traiu. Quase traiu.

MULDER: - Dá no mesmo! Intenção já é traição!

SCULLY: - (CALMA) Mulder, eu não quero brigar com você. Estamos perturbados demais. Posso entender.

MULDER: - ...

SCULLY: - Vem pra cama, Mulder. Preciso de você. Preciso de um abraço, de um beijo... Preciso de um amante, mas preciso também de um amigo.

Mulder a abraça. Beija-a na testa. Beija-lhe na boca. Scully abraça-o, fortemente. Mulder a pega nos braços e a coloca na cama. Scully olha pra ele. Abre o roupão de banho. Mulder olha pra ela. Scully sorri. Olha-o com ternura. Mulder tira a roupa. Deita-se sobre o corpo dela. Enlaça seus dedos nos dedos dela. Scully fecha os olhos.


BLOCO 4:

10:31 A.M.

Mulder assiste desenhos na TV, laptop sobre a cama. Skinner anda pelo quarto, celular ao ouvido. Scully dorme de pijamas, recostada no peito de Mulder. Mulder a abraça. Afaga seus cabelos. Skinner aproxima-se da cama. Senta-se.

SKINNER: - Nada, nenhum registro da arma que matou o senador... Ela está dormindo?

MULDER: - Tá.

SKINNER: - Mulder, vou te dizer uma coisa. O Canceroso pediu que você entrasse nesse caso. Ele queria que revelasse isso. Só não sei porquê. Por que ele colocaria você num caso desses?

MULDER: - Porque ele sabe que eu tenho faro aguçado.

SKINNER: - Exatamente. Então por que exporia seus próprios planos?

MULDER: - Skinner, eu acho que...

Scully vira-se. Continua dormindo.

MULDER: - Eu acho que está havendo uma dissidência entre eles. Talvez ele queira ferrar com alguém do grupo dele. Assim como fez naquele dia, naquela base, entregando todos para os alienígenas.

SKINNER: - Bem pensado, Mulder. Se estivéssemos atrapalhando algo, com certeza o bureau já nos teria mandado de volta. Mas no entanto, estamos prosseguindo.

MULDER: - (INTRIGADO) Ele deve estar querendo vingança de alguém. Mas por que se vingaria? O que esse contato fez pra ele? Quem é esse contato?

SKINNER: - Tenho até medo de saber. Vou deixar vocês dois. Preciso dormir um pouco. Essa troca de horários está me deixando abatido.

Skinner levanta-se. Sai do quarto. Mulder abraça Scully por trás. Beija o ombro dela. Sorri. A abraça com mais força.

MULDER: - Meu porto seguro... eu te amo.


2:44 P.M.

Mulder e Scully dormem. A TV ligada nos desenhos. O telefone toca. Mulder acorda. Scully também. Mulder atende.

MULDER: - Alô?... Tá... Mande-a subir.

Mulder desliga. Levanta-se da cama. Está de bermuda e camiseta. Olha pra Scully.

MULDER: - Natasha está lá embaixo, com a criança.

Scully pula da cama. Troca de roupa. Mulder pega o telefone.

MULDER: - Skinner, ligue as escutas do meu quarto.

SKINNER (OFF): - (RINDO) E sabe se elas já não estão ligadas?

MULDER: - (PÂNICO) Skinner, você não faria isso...

SKINNER (OFF): - Brincadeira Mulder. Tem tarados demais nessa história. O que aconteceu?

MULDER: - Pegamos a desgraçada. Ela está subindo com uma criança.

Mulder desliga. Scully calça os sapatos. Entra no banheiro. Fecha a porta.

Batidas na porta.

Mulder abre a porta do quarto. Vê Natasha. Ao lado, uma menina de uns 6 anos. As duas entram.

NATASHA: - Serve ou é velha demais pra você?

MULDER: - Serve.

NATASHA: - Bonito quarto, Kevin...

Mulder caminha até a cômoda. Pega um envelope. Entrega pra ela.

MULDER: - Aqui estão os 5 mil pela menina. Posso fazer o que quiser?

NATASHA: - Ela é toda sua, não me importa o que vai fazer. 

Natasha abaixa-se. Olha pra menina.

NATASHA: - Você vai ficar com o titio aqui, tá certo?

VANESSA: - Não, eu quero a minha mãe!

NATASHA: - Sua mãe já está chegando.

VANESSA: - (CHORANDO) Quero voltar pra mamãe!

NATASHA: - Ela virá logo. Fica aqui com o titio. Você vão ‘brincar’ um pouquinho.

Natasha olha pra Mulder.

NATASHA: - Vejo você hoje à noite?

MULDER: - Com certeza. Mas quero participar das negociações com o contato do governo.

NATASHA: - Tudo bem.

Natasha sai. Mulder fecha a porta. Põe as mãos no rosto. Scully sai do banheiro. Mulder olha pra menina, com pena. Ajoelha-se.

MULDER: - Qual é o seu nome?

VANESSA: - ...

MULDER: - Shiii, o gato comeu a sua língua?

VANESSA: - (SORRINDO) Não...

MULDER: - Ah, você fala! Então pode me dizer o seu nome.

VANESSA: - Vanessa.

MULDER: - Vanessa? E quantos aninhos essa princesinha tem?

Vanessa conta os dedos meio atrapalhada e sinaliza com as mãozinhas.

MULDER: - Seis?

Vanessa corre pra frente da TV. Mulder levanta-se. Olha pra menina. Sorri. Então percebe que Scully o observa, com os olhos cheios de lágrimas, transtornada.

SCULLY: - Que pai maravilhoso você seria...

MULDER: - Scully, não...

Scully seca as lágrimas. Olha pra menina.

SCULLY: - Quer um sorvete?

VANESSA: - Quero.

Scully senta-se ao lado dela.

SCULLY: - Está vendo o Popeye, é?

Ela balança a cabeça afirmativamente. Mulder olha pras duas.

SCULLY: - De quem mais gosta? Do Popeye ou do Brutus?

VANESSA: - Da Olívia.

MULDER: - (SORRI) Scully, vou buscar sorvete pra vocês duas. Ah, desculpe. Você prefere um gelado...

SCULLY: - Quero sorvete, Mulder.

Mulder abre a porta e sai.


6:21 P.M.

Skinner anda no quarto de um lado para outro, no celular. Scully brinca de boneca com a menina, as duas sobre a cama. Mulder olha pela janela.

SKINNER: - ... Eu aguardo... Cortez? Anita Cortez? ...

Skinner tapa o fone com as mãos. Olha pra eles, sorrindo.

SKINNER: - Acharam a mãe da menina. É Anita Cortez, mora no Novo México.

Mulder faz um gesto de vitória com os braços.

SKINNER: - Certo, eu quero que a tragam pra cá, imediatamente. Estamos com a filha dela.

Skinner desliga.

SKINNER: - A garota desapareceu há dois dias do jardim da casa onde mora.

Skinner olha pra Scully, que continua rindo e brincando com a menina. Olha pra Mulder. Mulder olha pra ele. Skinner vai até Mulder. Abre a porta. Cochicha com ele.

SKINNER: - Por que não a convence a adotar uma criança?

MULDER: - Ela precisa ser casada.

SKINNER: - ...

MULDER: - Acredita que até nisso eu atrapalho a vida dela?

SKINNER: - Não sinta-se culpado. Pegue os canalhas que fizeram isso.

Skinner sai.

MULDER: - Scully, preciso sair com o Skinner. Vamos montar o esquema pra hoje.

SCULLY: - Tá.

Mulder sai. Scully continua brincando com a menina. O telefone toca. Scully observa, mas não atende.


11:19 P.M.

Mulder entra no quarto. O abajur está aceso. Scully está dormindo, abraçada na menina. A menina dorme abraçada nela. Mulder senta-se na cama. Fica observando Scully por minutos. Levanta-se e tira o paletó. Ajeita-se no sofá.


2:11 A.M.

O telefone toca. Mulder pula do sofá e atende. Scully acorda-se.

MULDER: - Sou eu... Foi, foi muito bom... Tudo bem, já me livrei do corpo. Tá, estou indo pra aí.

Mulder desliga.

MULDER: - Scully, preciso que me ajude com as escutas.

Scully levanta-se devagarzinho da cama pra não acordar a menina. Mulder troca de roupa.

SCULLY: - Ela me lembra da Emily...

Mulder olha pra Scully.

MULDER: - Scully, eu sei que está perturbada. Quando tudo isso acabar, precisamos conversar seriamente, tá legal?

SCULLY: - Tá.

MULDER: - Me ajude com isso. Só não grude nos meus pelos!

Scully sorri, um pouco mais calma com a piada dele.


Night Star Club - 12:03 A.M.

Mulder entra pela porta dos fundos. Os seguranças o deixam passar. Mulder entra no salão. Marie vem a seu encontro.

MARIE: - Ela precisou sair. Vem comigo, preciso te contar uma coisa.

Mulder a acompanha. Eles vão até uma cozinha, bem organizada.

MARIE: - Eu ouvi eles dizerem que 3 meninas vão ser vendidas hoje. O homem do governo virá buscá-las.

MULDER: - Onde eles costumam se encontrar?

MARIE: - ... No prédio em frente. Está abandonado. Vai ter que avisar o tio que está lá.

Mulder pega o celular. Fica parado na porta, cuidando com os olhos.

MULDER: - Sai já daí, Skinner. Pode ser uma armadilha.

SKINNER (OFF): - Do que está falando?

MULDER: - Você está no ponto da troca!

SKINNER (OFF): - Droga!

MULDER: - Estou indo pra aí.

SKINNER (OFF): - Não, Mulder, você vai estragar tudo.

MULDER: - Ela não chegou ainda.

Mulder desliga.

MULDER: - Marie, se alguém perguntar, eu fui jantar fora. Volto depois. Diga a Madame Natasha que eu só passei aqui para convidá-la. Toca aqui, parceira.

Eles batem as mãos.

MARIE: - Valeu, parceiro!

Mulder sai rapidamente pela porta da cozinha.


Prédio Abandonado – 12:14 A.M.

Mulder entra no prédio. Sobe as escadas. Skinner vem descendo, com os aparelhos de escuta.

SKINNER: - Vou ficar dentro do carro.

Mulder começa a subir as escadas.

SKINNER: - O que vai fazer?

MULDER: - Vou olhar por aí. Caso precise contar com uma saída.

SKINNER: - A mãe da garota esteve no hotel. Levou a menina. A agente Scully está vindo pra cá. O pessoal todo já está posicionado. Mulder, me escute. Quando a troca for feita, vamos invadir. Pegaremos ela em flagrante. Não terão como safá-la.

Mulder sobe as escadas. Skinner sai.


12:26 A.M.

Mulder desce as escadas do prédio abandonado. O celular toca. Ele atende.

MULDER: - Mulder.

CANCEROSO (OFF): - Obrigado por fazer esse trabalho por mim. 

MULDER: - Não estou fazendo nada por você. O que querem com as crianças?

CANCEROSO (OFF): - Está no lugar errado. A troca será feita na boate. Haverá um homem que levará o dinheiro.

MULDER: - Por que está me dando essa informação?

O Canceroso desliga. Mulder sai pela porta da frente. Vai até o carro de Skinner.

MULDER: - A troca será feita na boate.

SKINNER: - Como sabe?

MULDER: - Confie em mim.

Mulder atravessa a rua e entra na boate.

Ao mesmo tempo uma limusine estaciona na frente da boate. Krycek desce. Entra na boate.

Mulder o vê. Disfarça e começa a falar com o microfone escondido em seu peito.

MULDER: - Droga! Skinner, é uma cilada. Krycek está aqui. Planos alterados, não posso me expor ou isso aqui vai virar um queijo suíço!

Mulder entra rapidamente pela porta que dá acesso ao salão. Natasha está ali.

NATASHA: - Então?

MULDER: - Eu não quero fazer parte na negociação.

NATASHA: - Como não?

Mulder aproxima-se dela.

MULDER: - Deixe que seus amigos façam isso, enquanto eu e você ficamos aqui.

NATASHA: - ... (SORRINDO) Você é estranho, sr. Willians.

MULDER: - Quero você.

Natasha pega o telefone.

NATASHA: - Não vamos participar da troca... Ele já está no escritório? (OLHA PRA MULDER) ... Negociem com ele.

Natasha desliga. Mulder a abraça por trás.

NATASHA: - Acho que isso não vai dar certo. Eu sou bem mais velha que você...

Mulder abraça-a mais forte.

NATASHA: - (MALICIOSA) Hum... Você tem uma arma bem grande, sr. Willians. Não quer usá-la?

Mulder, disfarçadamente puxa a arma da cintura e encosta no quadril dela.

MULDER: - Confesso, vagabunda, que estou louco pra usar minha arma, mas esta daqui.

Mulder a empurra.

NATASHA: - (MALICIOSA) Hum, você é daqueles que gosta de ação?

MULDER: - Tá achando que isso é besteira?

Mulder puxa a identificação.

MULDER: - Agente Mulder, FBI e você está presa por aliciamento de menores.

Natasha encosta-se na parede, assustada.

Corta para a portaria, Scully aproxima-se do segurança, que está armado.

SCULLY: - Ei, grandão...

SEGURANÇA: - O que foi, doutora?

Scully se insinua pra ele.

SCULLY: - Tem cinco minutinhos pra mim?

SEGURANÇA: - (SORRI MALICIOSO)

SCULLY: - Tenho uma coisa pra te mostrar.

O segurança aproxima-se dela. Scully se afasta.

SCULLY: - Não vai precisar dessa arma. Gosto de carinho.

O segurança tira a arma. A empurra pra um canto.

SEGURANÇA: - O que quer me mostrar?

Scully puxa sua arma e mete na cabeça dele.

SCULLY: - Isso. Encoste-se na parede, desgraçado. FBI!

Scully aproxima-se da porta. Sinaliza pra Skinner. Skinner e vários agentes entram armados.

SKINNER: - FBI, todo mundo no chão!

A gritaria é geral. Os seguranças puxam as armas, mas os agentes miram neles. Eles soltam as armas.

Mulder entra na boate, segurando Natasha.

MULDER: - Levem essa vagabunda daqui!... Estão no escritório, Skinner.

Eles invadem o escritório. Os homens puxam as armas e o tiroteio começa. Krycek pula a janela. Mulder sai pela boate, passa correndo por Scully.

MULDER: - O Krycek fugiu!

Scully e Mulder correm pra rua. Vêem um carro sair em disparada. Mulder atira, mas Krycek foge.


Dois dias depois...

FBI – Gabinete do diretor assistente - 11:21 A.M.

Skinner olha pra Mulder.

SKINNER: - A quadrilha foi desbaratada. As meninas foram enviadas a entidades de apoio. Outras voltaram pras famílias. Marie foi adotada por um casal que não pode ter filhos. Ela ganhou uma bicicleta. Vai começar a estudar. Madame Natasha pegou perpétua, junto com seus capangas. O promotor diz que vai colocá-los no corredor da morte.

Scully sorri.

SKINNER: - Bom trabalho, agentes. O diretor ficou... (SORRI) feliz. E eu também, é claro. (SÉRIO) Quem não gostou muito foi o Kersh. Problema dele.

Mulder e Scully riem.

SKINNER: - Na reunião hoje cedo, ouvi elogios como ‘parabéns, Walter. Não acreditava em seus subordinados’. Confesso que passo pelos corredores com o nariz empinado... Eu precisava disso.

Mulder levanta-se.

MULDER: - Vamos, Scully. Precisamos empinar o nariz também.

SKINNER: - Ah, esqueci do mais importante.

Os dois viram-se pra ele.

SKINNER: - Terão uma surpresa no contracheque.

MULDER: - Vão descontar da gente as diárias do hotel? Droga, Skinner, vou ficar devendo!

SKINNER: - Não. Vão receber um bônus por dedicação.


Rua 46 Este – Nova Iorque - 11:53 A.M.

[Som: Nika Costa – I Believe in Love]

O Canceroso, sentado no sofá, segura a foto de Teena e Mulder, ainda quando era bebê. Fuma um cigarro, descansadamente. Olha pra foto emocionado. Passa a mão sobre o rosto de Teena. Sopra a fumaça.

CANCEROSO: - Falhei, mas na próxima, eu mesmo mato você, Krycek. A vingança é minha.

Fade out.


06/01/2000


NOTA: Dedicado às pessoas que lutam contra a exploração da infância e da adolescência, e aos que trabalham para recuperar essas crianças. Dedicado à todas as crianças que foram privadas de sua infância.

22 de Novembro de 2018 às 06:24 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

Conheça o autor

Lara One As fanfics da L. One são escritas em forma de roteiro adaptado, em episódios e dispostas por temporadas, como uma série de verdade. Uma alternativa shipper à mitologia da série de televisão Arquivo X.

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