lara-one Lara One

Scully recebe uma festa surpresa de sua família. Mas não esperava o convidado trapalhão que poderia entrar por aquela porta, acabando com a harmonia entre a família Scully.


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S01#10 - FELIZ ANIVERSÁRIO, SCULLY!


INTRODUÇÃO AO EPISÓDIO:

Fade in.

Residência dos Scully - Base Naval San Diego – Califórnia - 6:12 P.M.

Bill Scully abre a porta de casa. Meg e Scully estão ali.

BILL: - (SORRI) Dana!

Bill abraça-se nela. Scully sorri.

MARGARET: - Foi difícil convencê-la a vir.

SCULLY: - Eu não abandonaria você, Bill. O que aconteceu? Por que precisa de minha ajuda?

BILL: - Porque amanhã é seu aniversário!

SCULLY: - (SURPRESA) Ah, não! Mãe, por que não me contou que...

MARGARET: - Se contasse, você não viria.

SCULLY: - Tá bom. Me tiraram de Washington pra comemorar meu aniversário. Onde estão Tara e Matthew?

BILL: - Estão na casa dos pais dela. Mas chegarão a tempo de abrir o champanhe. Me dê sua mala. Vou colocar no seu quarto.

SCULLY: - Hum... É bom sentir-se em casa!

VINHETA DE ABERTURA: A VERDADE ESTÁ... NA CASA DO BILL!!!!


BLOCO 1:

Bill sobe as escadas. Meg e Scully sentam-se no sofá.

SCULLY: - Mãe... Quantas vezes eu disse que já não faço mais aniversários? Não gosto mais de festas, de um monte de gente pela casa...

MARGARET: - Dana, eu e o Bill achamos que você está precisando de uma festa. O Bill convidou alguns amigos interessantes...

SCULLY: - Mãe, concordo que estou precisando me divertir. Mas eu não estou procurando um marido, tá legal?

MARGARET: - Eu não disse isso. Só achei que tirar você da rotina...

SCULLY: - Mãe, rotina é uma palavra que eu não conheço, desde que entrei para o FBI!

Bill desce as escadas.

BILL: - Dana, faça o que quiser, a casa é sua. (SENTA-SE) ... Como está o trabalho?

SCULLY: - Está bem. Gostaria de um mês de férias, mas...

BILL: - E o lunático?

MARGARET: - Bill!

SCULLY: - O Mulder está bem. Está na Pensilvânia, investigando um caso.

BILL: - (DEBOCHADO) Extraterrestres na Pensilvânia? Quem diria!

SCULLY: - (IRRITADA) Bill, eu não gosto que debochem do Mulder, está bem? Ele é uma ótima pessoa, um ótimo amigo. Deveria conhecê-lo melhor.

BILL: - Já conheço o suficiente para não gostar dele.

Meg olha pra Scully.

MARGARET: - Não ligue pro Bill, Dana. Ele acha que o Fox atrapalha sua vida... Preocupação de irmão.

SCULLY: - (IRRITADA) Não preciso desse tipo de preocupação, mãe. Sei me cuidar sozinha. Meu caminho eu faço, e só eu sei o porquê das minhas escolhas. Não preciso que o Bill fique culpando o Mulder pelas minhas atitudes. Não sou nenhuma criança que precisa de mitos para se espelhar. Tenho minhas próprias idéias e opiniões!

BILL: - Dana...

SCULLY: - Entrei para o FBI por decisão minha, Bill. Eu nem conhecia o Mulder naquela época. Fui designada para trabalhar com ele. Mas ao contrário do que pensam, sei pensar por mim mesma. Não preciso das idéias do Mulder e nem das idéias de ninguém!

Scully levanta-se. Sobe as escadas. Meg olha pra Bill, censurando-o.

MARGARET: - Por favor, Bill, é aniversário da Dana. Evite esses comentários sobre o amigo dela.

BILL: - Mãe, estou preocupado com a Dana, só isso. Desde que entrou pra esses Arquivos X, ela nunca mais foi a mesma. Toda vez que a vejo, é uma pessoa diferente. Esqueceu que tem uma família, vive alheia por aí, fora da realidade...

MARGARET: - Bill, talvez a realidade de Dana não seja igual a sua. Já pensou nisso?


6:47 P.M.

Eles estão jantando. O telefone toca. Bill levanta-se e atende.

BILL: - Residência dos Scully? ... Ah, é você. Espera aí.

Bill larga o telefone sobre a mesinha. Assovia uma canção e escora-se na porta. Fica por segundos, ali, parado, de braços cruzados. Então vai até a sala de jantar.

BILL: - Dana, o Lunático está no telefone.

Scully levanta-se, olhando para Bill com irritação. Pega o telefone. Bill está parado ali.

SCULLY: - Com licença? É particular.

Bill sai. Scully atende.

SCULLY: - Fala, Mulder.

MULDER (OFF): - (IRRITADO) O “Lunático” está com saudades. O que o seu irmão tem contra mim, pra me deixar pendurado na linha?

SCULLY: - (SORRI) Ciúmes...

MULDER (OFF): - O telefone daí está grampeado?

SCULLY: - (SORRI) Acredito que não, embora estejamos numa base militar...

MULDER (OFF): - Então acha que posso falar tudo o que quiser?

SCULLY: - (SORRI) Depende, Mulder. Depende do que vai falar.

MULDER (OFF): - Não se preocupe. (IRÔNICO, FAZENDO UM VOZEIRÃO SEXY) Por apenas cinco dólares o minuto, você vai realizar todas as suas fantasias sexuais pelo telefone. Ligue para O Estranho, e deixe ele fazer você sentir coisas “estranhas”...

SCULLY: - (RINDO) Hum... Aceita cartão de crédito?

MULDER (OFF): - Cartão de crédito, cheques, dinheiro vivo. Mas pra você, é de graça. Cliente preferencial.

Scully olha pra sala. Bill está sentado na poltrona, olhando pra ela. Scully disfarça.

MULDER (OFF): - Está aí?

SCULLY: - Sim, Mulder. Fale.

Corta para Mulder, que está numa cabine telefônica. Chove muito. Ele está de sobretudo, todo molhado. O carro está parado, com os faróis acessos.

MULDER: - Estou aqui, todo molhado, peguei uma chuva desgraçada, lama... Só liguei porque... Estou com saudades.

SCULLY (OFF): - Eu também.

MULDER: - Queria estar com você. Queria comemorar seu aniversário. Queria que estivéssemos juntos... Scully, não dá pra ficar longe de você, sabia?

SCULLY (OFF): - É recíproco, Mulder.

MULDER: - Sinto seu perfume na minha roupa e isso me perturba. Em cada outdoor na estrada, vejo o seu rosto... É de enlouquecer!

SCULLY (OFF): - Sei... Mulder, diga ao Xerife que deveria ir ao local do crime. É uma prioridade, na minha opinião.

MULDER: - Ah, entendi. Tem “Bill” na linha. Scully, acho que não seria uma boa ideia. Não vou me sentir bem invadindo sua privacidade familiar. Comemoro com você outro dia. Só nós dois... (DEBOCHADO) Ainda é cedo para apresentarmos as famílias...

SCULLY (OFF): - Mulder, eu gostaria muito que fosse até o local citado e tentasse salvar a testemunha dos assassinos que a rodeiam.

MULDER: - (SURPRESO) Uau! Tá tão ruim assim?

SCULLY (OFF): - Poderia fazer esse favor pra sua parceira?

MULDER: - (SORRINDO) O que o “mala” aprontou dessa vez?

SCULLY (OFF): - Estou bem. Estou com meu irmão, ele quer dar uma festa e arranjar um bom marido pra mim.

MULDER: - O quê? Que desgraçado! Pergunta pra ele se eu posso me candidatar.

SCULLY (OFF): - Tenho certeza absoluta de que não. Bom, vou desligar, tenho uma festa amanhã, homens interessantes por aqui... Talvez eu me case na festa.

MULDER: - (PREOCUPADO) Tá brincando não é?

SCULLY (OFF): - Mulder, aproveite o final de semana com a sua namorada. Nos falamos na segunda. Boa viagem!

Scully desliga. Mulder sai da cabine telefônica, debaixo da chuva. Entra no carro. Um delegado está com ele.

MULDER: - Vou deixá-lo na delegacia. Tenho outro caso pra resolver, é prioridade federal. Preciso ir pra San Diego.

DELEGADO: - Um Arquivo X?

MULDER: - Não, esse é um Arquivo “S”.


Residência dos Scully - Base Naval San Diego – Califórnia - 2:46 A.M.

[Som: Forever by your side – The Manhattans]

Scully está sentada na poltrona, olhando pela janela. Sua mãe desce as escadas, enrolada num robe.

MARGARET: - Não vai dormir?

SCULLY: - Estou tão cansada que não tenho sono.

Meg senta-se.

MARGARET: - Algum problema, Dana?

SCULLY: - Não, mãe, só estou cansada.

MARGARET: - Dana... Conheço você.

SCULLY: - Mãe, por favor! São problemas no trabalho. Nos últimos tempos, algumas coisas mudaram repentinamente e eu... Eu às vezes sinto medo dessa mudança.

MARGARET: - Dana, quando as mudanças são ruins, enfrenta-se de cabeça erguida.

SCULLY: - Não são ruins, mãe. Mas são difíceis de serem assimiladas.

MARGARET: - Então as encare como um presente. Cuide para que permaneçam sempre boas... Vá pra cama, Dana. Precisa descansar.

SCULLY: - Vou ficar só mais um pouco por aqui.

Meg levanta-se. Sobe as escadas. Scully olha pro relógio na parede.

SCULLY: - (SUSPIRA) Deus! Isso não pode ser normal, é um vício, Mulder! Ai, já tô com saudade...


3:07 A.M.

Scully dorme debruçada sobre a mesa de jantar. Batidas na porta. Ela se acorda, sonolenta e vai atender. Abre a porta. Mulder está ali, parado, todo molhado, olhando debochado pra ela.

MULDER: - Imaginei que luzes acesas à essa hora, na casa dos Scully, seriam um indício de que a Dana estivesse por aqui. Quer comprar guarda-chuvas?

SCULLY: - (SURPRESA) Mulder, o que faz aqui? Entra.

Mulder entra, sacudindo o sobretudo encharcado.

MULDER: - Estava na Pensilvânia indo para Washington, e como San Diego “fica no caminho”...

SCULLY: - Mulder, você é um péssimo aluno de geografia.

MULDER: - Pra dizer a verdade, fiquei preocupado com o bolo.

SCULLY: - (ERGUE AS SOBRANCELHAS) Ah, o bolo! Mulder, você não veio até aqui pra estragar a minha chance de conhecer um bom partido?

MULDER: - Que é isso, Scully! Eu não faria uma coisa dessas. Sei que você quer achar um “farda engomadinha” por aí... Torço pela sua felicidade.

SCULLY: - Mulder, como você é cínico!... Está ensopado! Pode pegar um resfriado.

Scully ajuda Mulder a tirar o sobretudo. Bill e Meg descem as escadas. Bill de pijamas, Meg num robe. Ao ver Mulder, Meg abre um sorriso de felicidade.

MARGARET: - Fox! Eu sabia que você viria!!!

Scully olha incrédula pra Meg. Mulder não entende nada. Bill leva a mão na cara, como quem se dá um tapa, em auto-punição.

MULDER: - Desculpe chegar numa hora dessas...

MARGARET: - Meu Deus, Fox, precisa tomar um banho quente e trocar de roupa! Pode pegar um resfriado! Dana me disse que você estava na Pensilvânia, mas eu sabia que viria!

MULDER: - Bem, eu estava de passagem e resolvi dar um abraço na Dana...

BILL: - (SECO) Se não percebeu, as pessoas normais dormem durante a noite.

MULDER: - Foi bom me dizer isso. Por que está acordado então? Não é uma pessoa normal?

BILL: - Olha aqui, engraçadinho, você não está na lista de convidados. Portanto, dê o fora.

MARGARET: - (INDIGNADA) Bill! Você não convidou o Fox?

Bill abaixa a cabeça, num suspiro, balançando a cabeça negativamente, indignado.

MARGARET: - Eu não acredito! Eu falei pra você convidá-lo, era uma surpresa pra Dana!

BILL: - Eu esqueci, mãe.

MARGARET: - (INCRÉDULA) Do Fox? Você poderia esquecer até da sua mulher, mas não dele!

Scully ri. Mulder fica assustado.

BILL: - Mãe, está tirando a minha razão na frente desse cara?

MARGARET: - Fox, peço desculpas por esse equívoco e por presenciar essa cena desagradável.

MULDER: - Tudo bem, senhora Scully...

MARGARET: - Trouxe roupas?

MULDER: - Trouxe, mas eu só passei aqui pra dizer oi. Não vou ficar.

MARGARET: - (OLHA PRA BILL) Seja educado e vá até o carro buscar a bagagem do Fox. Agora!

BILL: - (INDIGNADO) O quê?

MULDER: - Não, eu não vou ficar. Agradeço muito mas...

MARGARET: - Bill!

Bill sai na chuva. Scully segura o riso.

MARGARET: - Dana, mostre ao Fox onde é o banheiro. Ele precisa de um banho quente. Vou fazer um chá pra esse menino, antes que ele pegue uma gripe.

MULDER: - (CONSTRANGIDO) Senhora Scully, eu agradeço mas não precisa se incomodar. Já estou indo.

MARGARET: - Não vai sair daqui desse jeito. Pode pegar uma pneumonia. E é perigoso dirigir à noite. Pode dormir no volante, colidir com um desses caminhoneiros bêbados...

SCULLY: - Mulder, desista. Você não tem chances de convencê-la.

Meg sorri. Vai pra cozinha.

MULDER: - Scully, já disse que amo a sua mãe? Queria ter tido uma mãe assim.

SCULLY: - Vem, precisa tomar um banho.

MULDER: - Scully, eu não posso ficar. Seu irmão vai me matar quando eu fechar os olhos! Estou abalando o clima por aqui.

SCULLY: - Cala a boca, Mulder. Acho que esse vai ser o melhor aniversário que já tive. Pelo menos, a situação promete muita emoção!

Bill entra, o pijama todo molhado, cabelos escorridos. Atira a mochila de Mulder no chão. Sobe as escadas, furioso.


3:23 A.M.

Mulder desce as escadas, já de roupa trocada. Meg entrega uma xícara pra ele.

MARGARET: - Beba isso. Tome essas aspirinas.

Bill olha irritado pra Mulder, enquanto fica escorado na parede.

BILL: - Então vai ficar pro aniversário da Dana?

MULDER: - Não, eu preciso voltar.

BILL: - Isso é ótimo!

MULDER: - Se ficar aqui posso acordar morto.

BILL: - Raposas não costumam morrer facilmente.

MULDER: - ...

BILL: - Olha aqui, Lunático, se causar confusão por aqui, vou transformá-lo em casaco de pele. Me entendeu?

Mulder olha pra ele.

MARGARET: - Fox, vou arrumar o sofá pra você dormir. Infelizmente o Bill não tem outro quarto...

BILL: - Ele já está de saída, não é, Lunático?

MARGARET: - Ele não vai a lugar nenhum a essa hora. Bill, pegue alguns lençóis e um travesseiro pro Fox.

Bill sobe as escadas indignado. Mulder está deslocado. Scully começa a rir.

SCULLY: - Acostume-se, Mulder. A família Scully é assim, meio doida.

MARGARET: - Fox, não o vejo há tento tempo! Me parece melhor, sabia? Está mais gordinho, mais corado...

Scully começa a rir. Mulder está sem jeito.

MULDER: - É, acho que tenho mudado meus hábitos ultimamente...

MARGARET: - Me parece até mais tranqüilo, mais feliz. Isso é bom, Fox.

Bill desce as escadas. Atira travesseiros e lençóis em cima de Mulder. Meg os pega.

MARGARET: - Vou arrumar isso aqui pra você.

Meg arruma o sofá.

MARGARET: - Pronto, pode dormir um pouco. Deite-se.

Mulder deita-se no sofá. Meg o cobre e dá um beijo na testa dele. A fisionomia de Mulder é de quem estranha a situação, porque nunca tivera a atenção de uma mãe na vida.

MARGARET: - Boa noite, filho. Preciso ir dormir, amanhã conversamos mais. Tenho que acordar cedo para preparar a festa.

Meg beija Scully.

MARGARET: - Boa noite, filha. E não fique a noite toda falando de trabalho com o Fox. Precisam estar inteiros amanhã.

SCULLY: - (RINDO) Boa noite, mãe.

BILL: - Não vai subir, Dana?

SCULLY: - Já estou subindo.

Meg sobe as escadas, Bill fica ali esperando Scully.

SCULLY: - Mulder, nos falamos amanhã. Boa noite.

MULDER: - Boa noite, Scully!

BILL: - O toque de despertar é às seis, soldado.

Mulder faz continência pra ele. Bill e Scully sobem as escadas. Ela olhando pra Mulder. Bill encarando Mulder. Mulder encarando Bill.


BLOCO 2:

3:43 A.M.

Mulder sobe as escadas lentamente. Caminha até o quarto de hóspedes, sem fazer barulho. Abre a porta. Scully está deitada. Bill aproxima-se por trás dele, esquivamente.

BILL: - O que está fazendo?

Mulder vira-se rapidamente, levando um susto. Fica sem graça.

MULDER: - Estava procurando o banheiro...

BILL: - É na outra porta.

Mulder dá um sorriso amarelado e entra no banheiro. Bill fecha a porta do quarto de Scully e faz uma cara de poucos amigos.


4:06 A.M.

Scully desce as escadas, silenciosamente, num robe de seda preto. Mulder está deitado no sofá.

SCULLY: - (COCHICHA) Mulder, está acordado?

Mulder senta-se. Os dois cochicham.

MULDER: - Quem consegue dormir tranqüilo por aqui?

SCULLY: - Não consigo dormir. Fico deitada na cama, pensando que você está aqui embaixo... Mulder, não dá.

Scully puxa-o pela mão.

SCULLY: - Vem aqui!

MULDER: - Onde vamos?

SCULLY: - Não faz barulho, não quero acordar o Bill!

Scully o leva pra cozinha. Abre a porta do porão.

MULDER: - O que pensa que está fazendo? Tá maluca, é?

SCULLY: - Sei que você gosta de lugares escuros e “úmidos”...

MULDER: - Scully, você pirou? Estamos na casa do seu irmão! Ele vai me matar!

SCULLY: - Mulder, gosto de desafios...

Os dois entram no porão. Scully fecha a porta sem fazer barulho. Eles descem as escadas.

MULDER: - Acho isso muito perigoso... Sua família está lá em cima. Não quero problemas com a sua mãe, muito menos com o “Billdog”.

SCULLY: - Mulder, é só você não gritar.

MULDER: - (INDIGNADO) Gritar? Eu não faço barulho! Você é que grita como uma doida, bate nas paredes, implora ajuda divina, perturba os meus vizinhos... Parece até que está sofrendo um ritual de exorcismo!

SCULLY: - Vou ficar quietinha, eu prometo. Sem barulhos...


6:00 A.M.

Mulder acorda num sobressalto. Bill está de pé, ao lado do sofá, com as mãos na boca imitando uma corneta.

BILL: - Hora de acordar, recruta! Acabou a moleza! Levante esse seu traseiro daí, o sol já vai nascer!

Mulder, meio dormindo, olha indignado pra ele, com o braço sobre a testa.

BILL: - Tem uma malha, soldado?

MULDER: - Tenho. Mas por que...

BILL: - Ótimo. Vista-a! Temos exercícios a fazer.

MULDER: - (INDIGNADO) Que tipo de pessoa é você que acorda às 6 horas em pleno Domingo? Depois eu é que sou o lunático!

BILL: - Atividades físicas são importantes quando se tem mais de 40! Deve manter a disciplina todos os dias.

MULDER: - Eu não tenho mais de 40!

BILL: - Tá, eu acredito em Papai Noel também. Vá trocar de roupa, vamos correr.

MULDER: - (INDIGNADO) Eu não quero correr, quero dormir!

BILL: - Não vai dormir. Vai correr. A casa é minha e eu mando por aqui. Se vai ficar, precisamos pelo menos conversar pra se conhecer melhor.

MULDER: - Não me venha com esse papo de ‘se conhecer melhor’. Se pegar na minha mão, tá ferrado!

Mulder levanta-se irritado.


8:04 A.M.

Scully e Meg preparam o café.

SCULLY: - Mãe, onde está o Mulder? Foi embora?

MARGARET: - Acordou cedo. Foi fazer exercícios com o Bill.

SCULLY: - (RINDO) Com o Bill? O Mulder e o Bill juntos? Mãe, estamos falando da mesma pessoa?

Meg serve a mesa.

MARGARET: - Dana, o Fox é um bom amigo pra você. Acho que às vezes é ríspida demais com ele.

SCULLY: - Eu? Ríspida?

MARGARET: - Se tivesse visto a fisionomia dele quando pensamos que você tinha morrido... Ele foi o apoio que tive naquele momento.

Bill e Mulder entram. Mulder está esbaforido, suado, cansado, acabado. Respira com dificuldades. Bill está inteiro.

BILL: - Eu e Mulder fizemos alguns exercícios. O café está pronto?

MULDER: - (INDIGNADO) Alguns exercícios??? Corremos por quilômetros! Pulamos obstáculos! Nadamos como se fugíssemos do naufrágio do Titanic! Atravessei poças de lodo me arrastando por baixo de cercas de arame farpado! Perdi a conta na abdominal 93! Aquilo não eram exercícios! Estou pronto para lutar numa guerra!

Scully ri.

MULDER: - Estou prestes a atar uma faixa na cabeça, colocar uma faca na cintura e fazer uma emboscada contra essa cidade no alto da floresta! Cadê minha escopeta? Quero matar, quero matar! Quero sangue! Meu número de série é 666!

Scully tem um acesso de riso.

BILL: - Relaxe, Lunático. O FBI não mantém um programa de disciplina física?

MULDER: - Sim, mas não ensina em duas horas a criar um assassino psicopata!

BILL: - Deveria se alistar.

MULDER: - Alistar? Cara, você é louco! Eu assisti Hair, tá me entendendo? Só loucos como você se matam em guerras que não são suas, enquanto os generais assistem pelos telões bebendo cafezinho com o inimigo!

BILL: - Agora compreendo porque você é louco desse jeito e frouxo! Deveria ter servido sua Pátria. As Forças Armadas transformam merdas como você em homens de verdade!

MULDER: - Por respeito às mulheres aqui, eu não vou te dar a resposta devida, a respeito da minha masculinidade.

Mulder sai da cozinha. Meg olha pra Bill. Scully serve a mesa, observando os dois.

MARGARET: - (INDIGNADA) Eu gosto dele. O considero um amigo da família. Ele é amigo da sua irmã. Portanto, aja como um ser humano normal e faça-o sentir-se em casa.

BILL: - Eu estou fazendo isso! O levei até pra passear! Vem, Fox, Fox... Aqui, pega!

MARGARET: - (FURIOSA) Bill, o Fox não é um de seus recrutas, está bem?

Bill sai cabisbaixo.

SCULLY: - Mãe...

MARGARET: - (INDIGNADA) E você, vá servir café pro seu amigo! Vocês não puxaram a mim! Não sabem receber as pessoas!


10:10 A.M.

Mulder está com a mochila pendurada no ombro.

MULDER: - Scully, estou voltando pra Washington.

SCULLY: - Entendo, Mulder. Te vejo na segunda então.

MARGARET: - Não mesmo! Fox, você fica.

MULDER: - Eu acho melhor ir embora, estou criando confusão por aqui...

MARGARET: - (FURIOSA) Fox, eu quero que fique. É aniversário da Dana. Se vai fazer essa desfeita pra ela, não a faça pra mim.

MULDER: - Mas, senhora Scully...

MARGARET: - Largue já essa mochila! Dana, seja gentil e vá dar um passeio com o Fox.

SCULLY: - Preciso ajudar você com o almoço...

MARGARET: - Eu faço o almoço. Agora saiam os dois daqui! Vão tomar um sol! Não gosto de crianças na cozinha. Estejam aqui pro almoço, ou não ganham a sobremesa!

Mulder olha rindo pra Scully.


12:11 P.M.

Na sala de jantar, Bill e Mulder se encaram. Scully está quieta.

MARGARET: - Como está o almoço, Fox?

MULDER: - Muito bom, senhora Scully.

MARGARET: - O que tem feito ultimamente? Algum caso interessante?

SCULLY: - (INDIGNADA) Mãe, você nunca perguntou isso pra mim!

MARGARET: - Estou falando com o Fox. Então, Fox?

MULDER: - Nada que esteja dentro da normalidade das coisas.

Bill sorri debochado.

BILL: - Estão vendo? Percebem onde vão parar os nossos impostos? Nas mãos de um maluco, que passa o tempo todo caçando discos voadores enquanto os criminosos estão matando por aí! Isso é a liberdade do partido democrata!

Meg encara Bill.

MARGARET: - Sua irmã também faz esse serviço. E eu sou democrata!

BILL: - A Dana faz porque quer! Poderia morar numa casa decente, ter seu consultório, usar roupas melhores...

Scully olha pra sua roupa.

BILL: - Viajar pela Europa, casar com um bom partido, construir um lar, como toda a nossa família. Mas não, prefere ficar na companhia desse doente, ganhando pouco, perseguindo coisas irreais ou malucos armados. Sendo motivo de chacota pras pessoas.

SCULLY: - Bill, estou feliz com o que faço! Pode ao menos tentar entender isso, se não for esforço demais para os seus neurônios?

BILL: - Feliz? Você não sabe o que é felicidade! Eu sempre disse que a Melissa era a maluca da família. Mas você se superou, Dana. Pode não viajar pelo mundo com cristais pendurados no pescoço, mas anda por aí com esse lunático de arrasto!

SCULLY: - (GRITA) Não admito que ofenda o Mulder! Você não tem o direito de ofender as pessoas que amo! Ele não é culpado pelas minhas decisões!

Mulder abaixa a cabeça, constrangido. Scully segura a mão dele, tentando fazê-lo sentir-se melhor. Meg observa os dois, num sorriso. Eles não percebem.

SCULLY: - O Mulder sempre esteve do meu lado. Sempre! Enquanto você estava por aí, num navio, treinando pessoas para serem máquinas de matar, eu estava sofrendo! Me sequestraram, implantaram um chip no meu pescoço! Quando tive câncer, se não fosse pelo Mulder eu morreria. Porque você foi contra o implante!

BILL: - Ora, Dana, você está ficando igual a ele. Poderia ter ido pra Marinha...

SCULLY: - E poderia não ter aceitado o convite e vindo para cá! Não entende que eu gosto do meu trabalho no FBI? Me sinto em casa, coisa que não sinto aqui!

Scully levanta-se furiosa. Mulder vai atrás dela. Meg encara Bill.

MARGARET: - Feliz?

BILL: - Mãe, eu me preocupo com ela...

MARGARET: - Bill, hoje é o aniversário da Dana. Pelo menos tente ser um pouco mais agradável!

BILL: - Tudo estaria perfeito se esse Lunático não estivesse aqui.

MARGARET: - É por causa desse “lunático” que temos a Dana aqui hoje, comemorando mais um aniversário.

Meg joga o guardanapo na mesa e levanta-se. Começa a tirar as coisas da mesa.

MARGARET: - (IRRITADA) E ligue pro Charles. Diga a ele que não precisa vir nem para o natal. Porque desde que sua irmã e seu pai morreram, não temos mais uma família.

[Corte]

[Som: Forever by your side – The Manhattans]

Scully está sentada num balanço, no jardim. Cabisbaixa, triste. Mulder aproxima-se. Senta ao lado dela.

MULDER: - É seu irmão. Apenas tenta protegê-la, quer o melhor pra você.

SCULLY: - Você faria isso com a Samantha?

MULDER: - Se a visse na companhia de um sujeito como eu... Com certeza, me preocuparia.

SCULLY: - (SORRI) Mulder, eu não admito intromissões na minha vida. Ele não percebe, mas me magoa muito. Parece que estou vendo meu pai, ali, cobrando as decisões que tomei na vida!

MULDER: - Se arrepende disso?

SCULLY: - Nunca, Mulder. Você me mostrou coisas que eu jamais teria percebido. Você deu luz à minha cegueira. Trabalhar com você foi um presente. Foi ressuscitar coisas em mim que eu achava que já tinham morrido. Ter você é outro presente. Nós nunca paramos pra conversar sobre isso, mas... Mulder, cada vez percebo mais, que mesmo dentro das nossas diferenças, você é tão igual à mim!

MULDER: - É. Se não fosse você ir parar naquele porão... Pelo menos o Fumacinha fez alguma coisa boa. O pior é que nem imagina!

Meg lava os pratos e observa os dois pela janela da cozinha. Dá um sorriso.

MULDER: - Sabe, Scully... Gosto da sua família.

SCULLY: - (RINDO) Você tá brincando!

MULDER: - É sério. Vocês brigam, mas é pela felicidade de cada um. Pela preocupação que tem uns com os outros. Vocês se importam, se amam...

Scully suspira. Olha pra ele. Mulder está triste.

MULDER: - Minha família sempre brigou também. Mas pelos interesses de cada um. Quando meu pai foi embora é que percebi o quanto precisava dele. Achei que ele fosse culpado de tudo, mas cada vez mais, percebo que minha mãe sabe mais coisas do que diz. Quando descobri que ela e o Fumacinha... (RESPIRA FUNDO)... Me perguntei que tipo de mulher andaria com um sujeito daqueles... Tento não pensar nas respostas pra não me magoar mais.

Scully olha com ternura pra Mulder. O abraça. Mulder está quase chorando. Os dois ficam abraçados ali. Meg os observa, curiosa.

MULDER: - Invejo você, Scully. Deveria aproveitar mais a família que tem. Natais juntos, Páscoa, Ação de Graças, aniversários... Aposto que minha mãe não se lembra nem do dia em que nasci!... Ignore o Bill em respeito a ela. Meg não merece isso, é uma boa pessoa.

SCULLY: - ...

MULDER: - Você não sabe o que é se trancar no quarto, nas noites de natal, pra não ouvir mais as discussões que vêm da cozinha. Você nem imagina o que é se apegar à sua irmã porque vocês dois são vítimas de um casamento falido. Vocês só têm um ao outro, e tentam fazer coisas juntos pra fugir daquele inferno. Seus pais pouco se importam se vocês escutam coisas que não tem idade pra compreenderem. Sua casa parece mais um covil de reuniões com pessoas estranhas que fumam por todos os cantos. Sua irmã, o tudo que você tem, é tirada de você e você não pode fazer nada... Nada.

Scully olha nos olhos dele. Mulder está chorando.

MULDER: - E-eu era só uma criança, só queria ser uma criança. Não queria amadurecer tão cedo! Não queria me transformar no monstro que me transformei. Perdi a confiança em todos, tive que me virar por mim mesmo, nunca recebi nada de ninguém... Quando meu pai se foi, fiquei sozinho com a minha mãe, me culpando por ele ter ido embora, pela Samantha ter sido levada... Culpas que eu não tinha, mas acreditei serem minhas, Scully. Quando as pessoas falam sempre a mesma coisa, você um dia acaba acreditando. Se hoje estou aqui, transformado nisso, buscando uma verdade, que às vezes até duvido que exista, é por culpa. Só por culpa, tentando corrigir erros que não cometi. Se vivi com a Diana, foi porque achei que tinha direito de viver como as outras pessoas... Acreditei na primeira pessoa que me sorriu e disse “eu te amo”. Imagine-se no meu lugar, Scully. Eu nunca tive alguém que me dissesse isso, nem minha mãe! Por que não haveria de acreditar?

Mulder tenta se controlar.

MULDER: - Desculpe, Scully. Nem meus amigos sabem dessas coisas, porque não costumo chatear as pessoas com meus problemas. Ninguém tem tempo pra ouvir os outros...

SCULLY: - Mulder, eu quero ouvir você... Sempre fico esperando que o Mulder, escondido aí dentro apareça... Gosto desse Mulder. Amo esse Mulder...

MULDER: - ...

SCULLY: - Mulder, como disse Sartre: “Não importa o que fizeram de mim. Importa o que eu faço com o que fizeram de mim.”

Scully o abraça. Beija-o na testa. Mulder encosta a cabeça no peito dela. Ela afaga-lhe os cabelos.

Meg abre um sorriso, olhando pra cima, com as mãos em prece.

MARGARET: - Ai, Deus me ouviu! Deus me ouviu!!!!!!


BLOCO 3:

2:22 P.M.

Scully e Meg estão na cozinha, preparando salgadinhos pro coquetel. Mulder está sentado no sofá, assistindo TV. Bill também. Bill pega o controle remoto e coloca no canal de esportes.

BILL: - Vai começar o campeonato do PGA. Vou buscar umas cervejas.

Bill levanta-se. Mulder põe as mãos no rosto.

MULDER: - Eu não acredito! Não, isso é um sonho! Vou acordar no meu sofá, rindo disso tudo...

Bill entrega uma cerveja pra Mulder. Senta-se, olhando pra TV.

BILL: - Gosta de golfe?

MULDER: - Tanto quanto de sorvete com picles!

BILL: - É um esporte fascinante! Exige cálculos matemáticos precisos, física...

MULDER: - (CORTANDO) E paciência pra ficar vendo por horas, um bando de ricos senis mirando uma bolinha branca estúpida num buraco estúpido!

BILL: - Ora, o golfe é mais do que isso!

MULDER: - É, aposto que é. A bolinha é um símbolo fálico daquilo que eles não conseguem mais mirar...

BILL: - Tá certo, espertalhão. Qual seu esporte preferido?

MULDER: - Qualquer coisa que envolva mais de dois jogadores e que tenha ação. Muita ação!

BILL: - Beisebol, por exemplo?

MULDER: - Gosto. Mas prefiro basquete.

BILL: - Isso é coisa pra povão! É como o futebol na América Latina! Uma perda de tempo, não acrescenta nada à massa cerebral...

MULDER: - Não preciso acrescentar nada à massa cerebral. Preciso de diversão! Pura e simplesmente!

BILL: - Isso sim é jogo! Tá vendo ali? Que tacada! Certinha. Calculada com precisão pra não cair no banco de areia...

MULDER: - Céus, isso é um estupro! Pra evitar mais violência é melhor relaxar e gozar!

BILL: - Você não sabe o que é diversão!

Os dois se encaram. Se analisam com os olhos, doidos pra se pegarem aos socos.

MULDER: - Ah, e você sabe?

BILL: - Aposto que assiste novelas à noite.

MULDER: - Aposto que é fã de Geraldo!

BILL: - Não, você tem cara de quem adora passar a noite assistindo documentários sobre alienígenas no Discovery Channel!

MULDER: - Deixa eu olhar pra você... Hum... Aposto que sua série preferida deve ser Pensacola!

BILL: - Ei, eu gosto de Pensacola! É legal!

MULDER: - É... “É legal”. Tão legal quanto um tiro na cabeça. Emoção pura!

Mulder bebe a cerveja, emburrado no sofá. Bill assiste o jogo empolgado. Comenta as jogadas.


Corta pra cozinha, Scully está toda suja de farinha.

SCULLY: - Mãe, é assim? Já me esqueci como se faz massa...

MARGARET: - Sove bem isso, Dana.

Mulder entra.

MULDER: - Scully, me diga que preciso descascar cebolas, por favor! Vou chorar menos, pode crer!

Meg sorri.

SCULLY: - Tá, Mulder. Me alcança a farinha... O Bill está tentando te agradar.

MULDER: - Não confio em pessoas que jogam golfe!

MARGARET: - Dana, acho que isso está pronto. Lave suas mãos e vá conversar um pouco com o seu irmão. Eu termino aqui.

Scully lava as mãos e as seca. Vai pra sala. Mulder ameaça ir atrás dela.

MARGARET: - Você fica.

Meg fecha a porta da cozinha. Mulder fica apreensivo.

MARGARET: - Fox, pode me alcançar as passas?

Mulder procura no armário.

MARGARET: - Na porta da esquerda.

MULDER: - Isso?

MARGARET: - É. Traga aqui.

Mulder entrega pra ela, que está fazendo alguns docinhos, sentada à mesa.

MARGARET: - Sente-se, Fox. Não vai ficar de pé aí, olhando pra minha cara.

MULDER: - Quer que eu faça alguma coisa?

MARGARET: - Pode servir dois cafés pra tomarmos enquanto conversamos.

Mulder fica em “pânico”. Serve duas xícaras. Meg o observa, séria, enrolando os docinhos nas mãos. Mulder senta-se.

MULDER: - Algum problema, senhora Scully?

MARGARET: - Se vai ficar por aqui é melhor me chamar de Meg.

MULDER: - Tá, Meg. Algum problema? Se é por causa do Bill... Me desculpe, estou me sentindo um estranho que não deveria estar aqui e...

MARGARET: - Mais do que ninguém você deveria estar aqui. Você é como um filho pra mim, Fox. Tenho você em alta consideração.

MULDER: - ... (EMBARAÇADO) Posso ajudar em alguma coisa?

MARGARET: - Pode. Me ajude a enfeitar os docinhos.

MULDER: - Devo avisar que não sou um bom chef... Assim?

MARGARET: - Ora, você tem futuro quando se aposentar do FBI!

Mulder sorri. Meg também.

MARGARET: - Sabe que você é muito importante pra Dana?

MULDER: - (ENGASGA)... Ela é importante pra mim.

MARGARET: - Já percebi isso, Fox. Desde o dia em que me entregou a corrente dela, pensando que a Dana estivesse morta. Por isso, não quis ficar com a gargantilha. Achei que deveria ser sua.

MULDER: - (RELUTANTE) Meg, eu não estou entendendo aonde quer chegar...

MARGARET: - Sei pouco sobre sua família, Fox. Conheci sua mãe, no seu enterro, naquela história de zumbis... E posso dizer que não gostei dela. Pode achar que é intromissão minha, mas quero saber quem é o amigo da minha filha.

MULDER: - Não se preocupe, Meg. Sou um bom rapaz. Mas não jogo golfe.

MARGARET: - (SORRI) ... Fox, o que me preocupa é a maneira como você e Dana se ligaram um ao outro.

Mulder fica tenso.

MULDER: - Ela é a única amiga que tenho, a única pessoa em quem posso confiar, Meg.

MARGARET: - Meu marido também era meu amigo e a única pessoa em quem podia confiar.

MULDER: - (NERVOSO) Meg, não está sugerindo que...

MARGARET: - Fox, ao contrário da crença popular, os grandes amores não começam numa cama. Começam no respeito, na solidariedade, no “eu me importo”.

MULDER: - Meg, aonde quer chegar com essa conversa?

MARGARET: - Eu percebo a maneira como minha filha olha pra você. E como você olha pra minha filha. Sempre percebi.

MULDER: - E-e-eu olho pra ela como minha melhor amiga...

MARGARET: - (RINDO) Ora, Fox...

MULDER: - (NERVOSO) E-ela...

MARGARET: - Fox, seus olhos brilham cada vez que ela chega perto de você! Existe uma tensão de ambas as partes. Isso é visível.

Mulder fica em pânico. Não sabe o que falar.

MULDER: - Meg, não misture as coisas...

MARGARET: - Não tente disfarçar, Fox. Ela disfarça, mas eu sou mãe, conheço bem a minha filha. Natal passado, chegou aqui quando todos já estavam dormindo. Largou os presentes, pediu desculpas, mas disse que estava envolvida numa investigação. Ela passou o natal com você, não?

MULDER: - ... Na verdade... Foi. É que eu não estava me sentindo bem, sabe? Foi uma coisa de amigo...

MARGARET: - Tudo bem, Fox. Não fiquei aborrecida com isso. Na verdade fiquei feliz. Há anos eu não via brilho no olhar da minha filha. E agora, até o sorriso dela está iluminado.

MULDER: - Meg, eu não posso mentir pra você, porque eu gosto de você como uma mãe. Mas não me peça pra falar o que está querendo ouvir.

MARGARET: - Não preciso que me fale, Fox. Está escrito na sua testa! Nem a Dana admite. Mas quando ela estiver pronta para admitir, com certeza vai me falar. Mas acho que estão perdendo tempo demais.

MULDER: - ...

MARGARET: - Se abra com ela, Fox. Eu a conheço, ela não vai falar nada. Você tem que tomar a iniciativa. Ela tem medo de se envolver, e te respeita muito. A Dana é muito forte, ela não quer alguém que a fique protegendo. Ela quer alguém pra proteger... E você me parece ser o tipo certo pra ela.

MULDER: - Meg, não quero ser rude, mas não há nada entre nós...

MARGARET: - Vi vocês dois no jardim.

MULDER: - ...

MARGARET: - É lindo o que sentem um pelo outro. Acho que fazem um casal bonito. Fox, a família Scully tem muitos problemas. Mas você seria bem vindo. Gostaria de contar com sua ajuda na cozinha em todas as reuniões de família.

Mulder levanta-se. Meg limpa as mãos num pano. Levanta-se também.

MULDER: - (EMBARAÇADO) Meg, eu...

Meg o abraça. Mulder retribui o abraço. Bill entra na cozinha. Fica encarando os dois. Meg solta Mulder e seca uma lágrima com a mão.

MARGARET: - Bom, Fox, a “receita dos doces” é segredo nosso.

Bill fica olhando.

BILL: - Está acontecendo alguma coisa que eu deva saber?

MARGARET: - Bill, ponha o lixo pra fora. E vá buscar sua mulher e seu filho. Já está na hora.

Meg tira o avental.

MARGARET: - Eu vou com você.

Meg olha pra Mulder. Pega Bill pelo braço e saem da cozinha. Mulder respira aliviado.


3:16 P.M.

Meg e Bill saem. Scully fecha a porta. Olha pra Mulder, erguendo as sobrancelhas.

SCULLY: - Agente Mulder, tem exatamente... (OLHA NO RELÓGIO) ... Duas horas pra fazer uma investigação completa em mim. E quero um relatório.

Mulder está sentado no sofá, pensamento ao longe.

SCULLY: - Mulder, está me ouvindo?

MULDER: - ...

SCULLY: - (GRITA) Mulder!

MULDER: - Ahn?

SCULLY: - Onde estava?

MULDER: - Sei lá, pensando...

SCULLY: - Pois pare de pensar. Você tem a semana toda pra pensar. E hoje é Domingo. É dia de... não pensar.

MULDER: - Scully, sua mãe sabe de nós.

SCULLY: - (ESPANTADA) O quê?

MULDER: - Quer dizer, ela não sabe que estamos juntos. Mas sabe o que sentimos um pelo outro. Pediu que eu me abrisse com você, porque ela nos apóia e ...

SCULLY: - (ABRE UM SORRISO ENORME) Mentira! Bem que eu desconfiei de tanta atenção e tanta insistência pra você ficar aqui!

MULDER: - Não consegui contar pra ela, embora tivesse vontade. Não tenho esse direito, você deveria falar pra ela.

SCULLY: - Mulder, não é dela que quero esconder. Mas conheço a minha mãe, ela vai sair gritando pra todo mundo sobre esse acontecimento “estranho” na minha vida, pressionar para nos casarmos e aí...

Scully assopra como se estivesse assoprando fumaça de cigarro.

MULDER: - É. Entendi. Não podemos correr esse risco.

SCULLY: - Por enquanto, Mulder, é melhor escondermos isso deles. Deixa como está. Já tem gente demais sabendo. O Skinner, por exemplo.

MULDER: - O Frohike.

SCULLY: - (INDIGNADA) O Frohike??? Mulder!!!!

MULDER: - O que eu podia fazer? Precisei da ajuda dele. Não entrei em detalhes, mas ele sentiu o seu perfume no meu apartamento.

SCULLY: - Vou parar de usar perfume!

MULDER: - ... Minha mãe...

SCULLY: - (PREOCUPADA) Sua mãe? Mulder, você nos entregou!

Mulder sorri.

MULDER: - Peguei você! ... Minha mãe não precisa saber nada da minha vida, exceto minha data de nascimento, pra não esquecer o dia em que mais se arrependeu na vida!

SCULLY: - Mulder, coitadinha. Ela é sua mãe, imagina as coisas que passou...

MULDER: - Scully, você olha como mulher. Eu sou filho, sei do que estou falando.

SCULLY: - Tá, sua mãe não vai atrapalhar de novo, como na primeira vez...

Mulder olha pra ela. Sorri malicioso. Scully fica encabulada. Desvia o olhar.

SCULLY: - Mulder, e-eu estava bêbada! N-não tive a intenção de fazer aquelas coisas com você, ali de pé, no telefone...

MULDER: - (DEBOCHADO) Intenção você tinha. Só precisou de coragem.

SCULLY: - Mulder, não fala assim! E-eu não quero que pense que sou vulgar e que...

MULDER: - Scully, eu não penso nada. Só reajo ao que você me faz sentir. E no momento, estou reagindo...

SCULLY: - Mulder!

Scully sobe as escadas correndo e rindo. Mulder corre atrás dela.

MULDER: - Scully, hora do ritual de exorcismo!

SCULLY: - (GRITA) Não! Mulder, não!


4:16 P.M.

[Som: Forever by your side – The Manhattans]

Mulder e Scully estão na cama. Scully solta as mãos da cabeceira. Mulder escorrega seu corpo, tirando-o de cima do dela.

MULDER: - ... Pobre Frohike... Ele tinha razão!

SCULLY: - ???

Mulder abraça Scully. Ela deita a cabeça no peito dele.

MULDER: - Me sinto como se traísse a confiança da Meg.

SCULLY: - Meg? Nossa, estão íntimos, não? Mulder, você está fazendo o que ela quer, “amando” a filha dela.

MULDER: - Scully, acho que ela não estava se referindo a amar desse jeito...

SCULLY: - A que jeito ela se referia?

Scully senta sobre Mulder.

SCULLY: - A esse jeito?

MULDER: - Scully, há alguns anos atrás, quando vi você entrar na minha sala, parecia estar vendo a Jodie Foster no estilo “inocente silenciosa”. Agora, parece que estou “na cama com Madonna”. Eu imagino, com toda a certeza que... (ASSUSTADO) O que está fazendo?

SCULLY: - (MALICIOSA) Coisinhas...

MULDER: - Ah, Scully... Gosto dessas “coisinhas”... Gosto de ter uma mulher em cima de mim... Ai, Scully!

Scully move seu corpo lentamente. Mulder fecha os olhos. Segura a cabeceira da cama com as mãos. Ela sorri.

SCULLY: - Quem vai gritar agora, hein?

MULDER: - Ahh, Scully...

Scully inclina-se sobre ele e beija seu corpo. Mulder envolve suas mãos nos cabelos dela. Ela enlouquece. Mulder fecha os olhos, deslizando suas mãos pelas pernas de Scully. Ela ergue o corpo novamente, mexendo-o com mais força. Desliza suas mãos pelo peito dele até seu abdômen, arranhando-o. Mulder solta um gemido. Scully perde o controle. Revira seus cabelos com as mãos. Murmura. Mulder ergue-se e segura o rosto dela com as mãos. Trocam um olhar e um beijo, bem quentes. Scully desliza suas mãos pelas costas dele. Mulder beija os seios dela. Scully agarra-o pelos cabelos, enlouquecida. Mulder beija o pescoço de Scully e ela solta um gemido. Empurra-o. Ele cai na cama. Scully fecha seus olhos e mexe seu corpo mais rapidamente. Entra em êxtase, ofegante. Ele também. Mulder agarra-se no colchão. Scully murmura coisas inaudíveis por segundos. Ergue seu corpo, delicadamente, tirando-o de cima do corpo dele. Cansada, deita-se sobre ele. Coração pulsando, respiração ofegante, pequeno tremor. Mulder a envolve nos braços, nas mesmas condições que ela.

SCULLY: - (TREMENDO) ... Mulder... tem algum jeito de levantar daqui agora?... Não consigo me mexer...

MULDER: - ... Meu deus, Scully!... O que foi isso?

Scully inclina a cabeça, aninhando-se no pescoço dele. Mulder treme. Afaga os cabelos dela.

SCULLY: - ... Estou em estado de choque!... Não consigo parar de tremer...

MULDER: - Preciso respirar... Não consigo.

SCULLY: - Mulder, isso foi muito... bom.

MULDER: - Bom? Isso foi demais!

Scully desliza pelo corpo dele e deita-se na cama. Mulder deita sua cabeça no peito dela. Scully o abraça.

SCULLY: - Mulder... Como posso dizer isso... Hum...

MULDER: - Dizer o quê?

Scully brinca com os dedos nos pelos do braço dele.

SCULLY: - É que... Mulder, por que sempre eu tenho que tomar a iniciativa das coisas?

Mulder ergue a cabeça e olha pra ela.

MULDER: - Como assim?

SCULLY: - É que... Mulder, você é meio tímido, sabia?

MULDER: - Scully, está tentando me dizer que eu não sou nenhum pouquinho criativo?

SCULLY: - Mulder, esperava mais, pra quem tinha hábitos depravados de revistas e fitas...

MULDER: - (ASSUSTADO) Parece que eu não era o único, não?

Scully ri.

MULDER: - Scully, eu ainda tenho medo de você!

SCULLY: - Medo de mim?

MULDER: - (NERVOSO) É... E-eu... Eu tenho medo de fazer a coisa errada, de...

Scully começa a rir dele. Mulder fica embaraçado.

SCULLY: - Mulder, você é um cretino, sabia? E não adianta fazer essa carinha!

MULDER: - Mas, Scully...

SCULLY: - E acha que eu não tenho medo? Mulder, fique sabendo que você foi o único homem, e eu não deveria dizer isso, porque seu ego já é enorme... Mas você foi o único homem que correspondeu às minhas expectativas.

MULDER: - E isso é bom?

SCULLY: - ... Você foi o único que voltou no dia seguinte.

Mulder sai dos braços dela. Apóia seu braço na cama e sua cabeça sobre a mão.

SCULLY: - Quero falar de novo sobre isso. Eu parei de me relacionar porque estava cansada de “eu te amo”, “não faça nada, porque eu sou o homem, quem faz sou eu”, “agora vou dormir”...

Mulder começa a rir. Scully se irrita.

SCULLY: - Do que está rindo?

MULDER: - Desculpe, Scully. Mas ainda não dá pra imaginar que existam tipos assim no final do século 20...

SCULLY: - Se eu tentasse ser ousada, eles não voltavam no outro dia. Acho tão engraçado vocês homens! Querem, conseguem e depois vão dormir, e a gente fica atirada ali como se fosse um objeto usado! Se faz um carinho, já se preocupam achando que a gente quer mais, e pedem um tempo pra relaxar.

Mulder começa a rir.

SCULLY: - Acham que só queremos sexo, sexo, sexo. Ora bolas, eu gosto de carinho... de uma atenção especial depois disso. Vocês falam que gostam de mulheres ousadas, mas sempre acabam com as certinhas. Vocês têm medo de que as ousadas sejam ousadas com os outros também, que são espertas demais. Então ficam com as certinhas, que geram uma imagem de “fidelidade”.

Mulder recua a cabeça para trás, fazendo uma cara debochada de espanto.

MULDER: - Uau, Scully! Isso é profundo!

SCULLY: - Então não me diga que tem medo. Eu tenho medo!

MULDER: - Tá certo, Scully. Não precisa ter medo. Eu amo você do jeitinho que é. Amo seu espírito também, tá certo? Não amo só seu corpo. Vivi muito tempo longe dele. Aliás, achava que nunca o teria. Eu comecei amando sua pessoa, seu interior, sua alma. O que estamos fazendo aqui foi conseqüência... Gosto da sua ousadia. Acredito e confio em você. Não tenho ciúmes. Confio em nós. Só gosto de fazer ceninhas de ciúme, porque acho que isso eleva a auto-estima do outro.

SCULLY: - ...

MULDER: - Scully, alguma vez eu já dormi, deixando você atirada como um objeto?

SCULLY: - Não.

MULDER: - Eu não sou esse tipo de cara com quem você costumava sair e fazer tatuagens por aí ou sei lá o quê. Eu gosto de você assim, Scully. No trabalho você é uma coisa, na intimidade é outra bem diferente. Entenda que eu sou assim também. Faço aquela pose de conquistador, de “eu sou o máximo”. Mas não sou assim. Scully, eu posso ser bem ousado com você. Talvez só estivesse esperando você me dizer isso.

SCULLY: - ... Vou tomar um banho, eles já estão chegando.

MULDER: - Ah, não vai não. Vai ficar aqui.

SCULLY: - Mulder, eu...

MULDER: - Temos meia hora.

SCULLY: - Mulder, você praticamente não dormiu direito, ainda vai passar a noite na festa, precisa descansar...

MULDER: - Eu não descanso, Scully. Sou tarado por você.

Ela fica mais tranquila.

SCULLY: - (RINDO) Mulder, pára com isso.

MULDER: - Tá certo. Quer ir pro chuveiro, por mim tudo bem. Vamos pro chuveiro.

SCULLY: - (MALICIOSA) Vamos?

MULDER: - É.

SCULLY: - Mulder, tive uma amiga que não teve uma experiência muito romântica no chuveiro. Ela e o namorado escorregaram e tiveram fraturas graves. Tiveram que ser removidos do jeito que caíram.

MULDER: - Tudo bem, você é baixinha. Eu te seguro.

SCULLY: - (RINDO) Mulder, você...

MULDER: - Cala a boca, mulher! Vá já pro chuveiro!


BLOCO 4:

6:15 P.M.

Scully abre a porta. Bill entra, trazendo uma sacola de bebê. Tara entra com Matthew no colo. Meg fecha a porta. Olha pra Mulder. Ele dá um sorrisinho. Meg sorri também.

TARA: - Dana! Como vai? Feliz aniversário!

SCULLY: - Olha como ele está enorme!

Scully pega na mãozinha do bebê. Tara olha pra Mulder.

TARA: - Como está?

MULDER: - Tudo bem.

Tara entrega o bebê pra Mulder.

TARA: - Segura ele um pouquinho, eu quero abraçar a Dana.

Mulder pega a criança, meio desajeitado. Tara e Scully se abraçam. Bill vai pra cozinha.

TARA: - Você está tão bonita, Dana! Está diferente, sei lá.

SCULLY: - E você está em plena forma!

TARA: - Academia. Depois que o Matthew nasceu, tive de entrar em forma!

Scully olha pra Mulder. Ele está brincando com o bebê, fazendo caretas e o erguendo pra cima. O bebê sorri sem parar. Scully fecha os olhos, abaixa a cabeça. Meg percebe e tira o neto dos braços de Mulder.

MARGARET: - Me dá ele aqui, você não tem jeito com crianças.

Scully olha para Tara.

SCULLY: - Bem, eu... Preciso me arrumar.

Scully sobe as escadas. Meg a observa com tristeza.


9:10 P.M.

A sala está repleta de amigos da família, colegas de Bill e até um ex-namorado de Scully, convidado por Bill. Tara conversa com uma amiga. Scully desce as escadas num vestido deslumbrante. Bill vai a seu encontro.

BILL: - Olha quem está aqui! A aniversariante!

Scully dá um sorriso meio amarelado, de quem preferia estar em outro lugar. Bill a leva pelo braço até o ex-namorado dela.

BILL: - Se lembra do Robin?

ROBIN: - Dana, como você está linda! Há quanto tempo não te vejo!

SCULLY: - Robin, é você? Meu Deus, eu não acredito!

Os dois se abraçam. Mulder, percebe a conversa animada dos dois e disfarça.

SCULLY: - Entrou pra Marinha? Quem diria! Ah, quero te apresentar um amigo. Mulder!

Mulder aproxima-se, já com a fisionomia de poucos amigos.

SCULLY: - Mulder, este é Robin.

ROBIN: - Legal te conhecer.

SCULLY: - Mulder, o Robin é colega do Bill.

MULDER: - Ah, está explicado!

Scully olha pra ele, censurando-o.

MULDER: - (REMENDA) A farda. Está explicado porque está usando farda.

ROBIN: - O que você faz, Mulder?

Bill se intromete.

BILL: - Você não iria acreditar! O Mulder é agente do FBI.

ROBIN: - Então é colega de Dana. Trabalho perigoso...

BILL: - (RINDO) Muito. O Mulder passa 24 horas do dia tentando revelar uma suposta conspiração do governo americano para encobrir a existência de alienígenas. Aliás, se você tiver problemas com fantasmas na sua casa, o Mulder é perito nessas coisas.

ROBIN: - ...

MULDER: - É verdade. E você passa 24 horas por dia em sua alienação militar, ajudando nas mentiras deles.

Scully dá uma canelada em Mulder. Mulder olha pra ela com cara de cachorrinho pidão. Scully dá um sorrisinho.

ROBIN: - Você também caça alienígenas, Dana?

BILL: - Não. A Dana trabalha com um.

Scully dá uma canelada em Bill. Esse olha invocado pra ela.

SCULLY: - Nos dá licença, Robin?

Scully puxa Bill e Mulder pelo braço.

SCULLY: - Se não pararem com essa guerrinha infantil de vocês, eu juro que enfio o bolo na cara dos dois!

Scully puxa-os e volta pra perto de Robin.

SCULLY: - Desculpe...

ROBIN: - Então, já casou, Dana? Ou ainda tenho alguma chance?

BILL: - (INTROMETIDO) Claro que tem. Ela está solteira ainda. Está completando 35 ou 36?

Scully olha furiosa pra Bill. Mulder olha espantado pra Scully. Scully encara Bill.

SCULLY: - Bill, é indelicado falar sobre a idade das mulheres...

BILL: - Indelicado? Não, Dana. Estou preocupado. Robin, sempre gostei de você. Gostaria de tê-lo na família. Você não caça alienígenas, não?

ROBIN: - Eles existem?

Os dois começam a rir. Mulder já está fechando os punhos. Scully ergue as sobrancelhas, não gostando da atitude deles. Envolve seu braço no braço de Mulder.

SCULLY: - Bom, se nos dão licença...

Scully tira Mulder dali. Passa sorrindo pelas pessoas enquanto conversa com ele. Meg conversa com uma amiga.

AMIGA: - Quem é o elegantérrimo bonitão que está com a sua filha?

MARGARET: - (ABRE UM SORRISO ENORME) Meu genro.

AMIGA: - Nossa, a Dana agarrou um bom partido!

MARGARET: - (CONVENCIDA) Com certeza. Ele é um cavalheiro.

AMIGA: - E o casamento?

MARGARET: - Estão indo devagar. Eles não têm pressa.

AMIGA: - Ele é muito bonito, tem presença. Parece ator de televisão.

MARGARET: - Ele é um doce! Até me ajuda na cozinha.

AMIGA: - Onde a Dana arranjou esse homem? Queria um desses pra minha filha!

MARGARET: - Acho que ele não é desse planeta.

Mulder e Scully conversam.

SCULLY: - Não diga nada, Mulder. Ele vai se entender comigo.

MULDER: - (DEBOCHADO) 35 ou 36?

SCULLY: - Não me teste, Mulder. O bolo está há alguns centímetros de mim.

MULDER: - Devia ter me deixado ali. Eu estava com duas dúzias de palavrões saindo pela garganta.

SCULLY: - Mulder, prepare-se. O Bill vai fazer de tudo pra te irritar essa noite.

MULDER: - Ele era seu ex? O tal de Robin?

SCULLY: - E daí? Qual é o problema?

MULDER: - Scully, eu conheço muitos defeitos seus. Mas namorar um cara chamado “Robin”?

SCULLY: - (SURPRESA) Mulder, você está com ciúmes?

MULDER: - Ah, pára com isso!

SCULLY: - (RINDO) Tá sim. Mulder, eu nunca vi você desse jeito! É tão engraçado!

MULDER: - Engraçado pra você. Aquele bastardo engomadinho estava devorando você com os olhos!

SCULLY: - Mulder?

MULDER: - Não tirava os olhos do seu decote, Scully. Robin... Mais parecia o Superman com sua visão de raios X!

SCULLY: - Mulder!

MULDER: - Tá eu tô com ciúmes sim, e daí?

SCULLY: - Ele foi um namorado de adolescência. Era só flerte, Mulder.

MULDER: - Robin... E o Batman? Você deixou pra outro dia?

SCULLY: - O Batman, Mulder, ficou na bat-caverna. Estava com dor de cabeça.

MULDER: - Eu me sinto constrangido aqui, Scully.

SCULLY: - Mulder, me promete que na primeira badalada da meia-noite, vai me tirar daqui, nem que eu perca o sapatinho de cristal na corrida?

MULDER: - Não quer ficar pra conquistar o príncipe Robin?

SCULLY: - Já tenho o meu príncipe, Mulder. É engomadinho também, mas não usa fardas.

MULDER: - Eu não sou engomadinho! Preciso me vestir assim por causa do trabalho. Por mim andaria por aí igual ao Langly!

SCULLY: - Mulder, acredito que as mulheres olham pra você, quando está com aquela camiseta cinza, colada no corpo, e ficam completamente malucas. Mas eu tenho de ser sincera: Prefiro você assim, com aquele sobretudo, de terno e gravata, cara de enigmático... (MALICIOSA) Calças sociais realçam seu bumbum. Ternos me deixam imaginando o que se esconde por baixo deles. Gravatas te deixam sexy. E você sabe o quanto adoro puxar você pela gravata, de encontro ao meu corpo...

MULDER: - Scully, pára com isso. Ou vou ter de ir pra geladeira.

Robin aproxima-se. Convida Scully para dançar. Scully vai. Mulder olha pros lados. A amiga de Meg cochicha com outra. Elas olham pra Mulder. Meg aproxima-se de Mulder, com uma bandeja de salgadinhos.

MULDER: - Meg, por que tenho a sensação estranha de que suas amigas estão olhando pra mim?

MARGARET: - Estão invejando o meu genro. Deixa elas.

Mulder olha pasmo pra Meg.

MARGARET: - Quer um salgadinho?

MULDER: - Não. Quero o pescoço desse tal Robin.

MARGARET: - (SORRI) Fox, comporte-se como um bom garoto.

MULDER: - Tá, mamãe, eu vou tentar. Vou ser um bom menino.

Meg sai. Bill aproxima-se.

BILL: - Então, Mulder, como é participar dos eventos normais do Planeta Terra?

MULDER: - É uma forma de vida interessante. Meio à toa, mas interessante.

BILL: - (OLHANDO PRA ROBIN E SCULLY) Quero que ela se case com ele. Não formam um belo casal?

MULDER: - Ele é baixinho demais pra ela.

BILL: - Olha, Lunático, posso parecer um bobalhão, mas eu não sou otário. Tente encostar um só dedo na minha irmã e vai se arrepender pro resto da sua miserável vida.

MULDER: - Tá maluco, é? Scully é minha parceira. Me preocupo com a saúde mental dela. Pra ficar com um cara como aquele ela precisaria tomar muito Prozac!

BILL: - Vou dizer uma coisa à você, Lunático. Preocupe-se com a sua saúde mental. Conheço bem o seu tipo. É um tarado, aproveitador de garotas inocentes. Você é depravado, minha irmã é uma santa. Vai arranjar problemas se tocar nela. Se pensar nela. Tenho homens que sabem fazer um ótimo serviço.

Bill afasta-se. Meg aproxima-se.

MARGARET: - Sobre o que falavam?

MULDER: - (DEBOCHADO) O Bill estava me falando dos “homens dele”.

MARGARET: - Fox, sei que o meu filho é uma pessoa geniosa. Tente não se aborrecer. O prazer dele é irritar você.

Meg sai. Mulder vai até Scully que ainda dança com Robin.

MULDER: - Ô “menino prodígio”, o Bat-Bill está chamando por você na cozinha. Parece que o Comissário Gordon está com problemas.

Mulder tira Scully dos braços dele. Dança com ela. Scully ri.

SCULLY: - Mulder, você não sabe dançar.

MULDER: - Mas pelo menos eu tento. Não falei pra você da fita que comprei pelos correios “Aprenda a dançar como Michael Jackson em apenas duas horas”?

SCULLY: - Mulder, quero ir embora.

MULDER: - Me dá uns minutinhos.

Mulder solta Scully. Vai pro jardim. Scully vai até Tara. As duas ficam conversando. O telefone toca. Tara vai atender. Scully está deslocada, olha pras pessoas. Tara aproxima-se.

TARA: - Dana, era o seu superior, o diretor Skinner. Pediu que você e o Mulder voltem imediatamente.

SCULLY: - (INCRÉDULA) O Skinner?

Mulder entra na sala, com uma cara deslavada. Scully olha pra ele e entende.

TARA: - Mulder, ligaram pra vocês voltarem imediatamente. Parecia importante.

MULDER: - Que chato, Scully. Não respeitam nem o seu aniversário. Mas o que vamos fazer? O trabalho nos espera.

SCULLY: - (SORRI) Seu cachorro!

Robin aproxima-se. Mulder faz uma cara de irritação.

ROBIN: - Dana, vou deixar meu telefone. Gostaria de levá-la pra jantar...

SCULLY: - Desista, Robin. Não podemos ter um encontro.

ROBIN: - Mas por quê?

SCULLY: - Não é nada com você, Robin. É comigo.

ROBIN: - Não estou entendendo.

SCULLY: - (DEBOCHADA) Não gosto mais de homens, Robin. Entendeu agora? Por que acha que ainda estou sozinha?

Robin arregala os olhos e sai de fininho. Mulder começa a rir.

MULDER: - Ele foi um dos que dormiram?

SCULLY: - E ainda por cima roncou! Estou vingada!

MULDER: - Me lembre de nunca, mas nunca fechar os olhos depois de transarmos...


11:04 P.M.

Na frente da casa, Scully se despede de todos. Mulder põe as malas no carro.

SCULLY: - Mãe, desculpe... Adorei o que fizeram por mim.

MARGARET: - Tudo bem, filha. É seu trabalho.

Scully abraça sua mãe. Beija Tara e Matthew. Abraça Bill.

BILL: - O que disse para o Robin que ele saiu estranho daqui?

SCULLY: - Nada. Acho que ele é gay, Bill.

Bill coça a cabeça. Scully olha pra Tara, com Matthew nos braços.

TARA: - Dana, venha mais vezes pra gente poder conversar. Às vezes o Bill fica fora tanto tempo!

Mulder aproxima-se.

MULDER: - Adorei o final de semana, Meg.

MARGARET: - Venha mais vezes, Fox. A casa é sua.

Bill olha atravessado para Meg.

MARGARET: - E pense naquilo que falei.

Mulder sorri. Aproxima-se de Bill. Eles apertam as mãos.

BILL: - Dirija com cuidado. E cuide da minha irmã. Se algo acontecer a ela, você tá ferrado Lunático! E lembre-se do que eu falei.

MULDER: - Ô, Rabugento, pare de buscar medalhas e mude seus hábitos esportivos. Talvez devesse praticar “corrida maluca junto com o Robin Vigarista”. Vocês fazem um belo casal.

Mulder beija Tara na testa.

MULDER: - Não sei o que a Penélope Charmosa viu nesse psicopata.

Tara sorri. Mulder beija Matthew.

MULDER: - E você, rapazinho, tem sorte por ser parecido com sua mãe. Titio Mulder vai te mandar um bonequinho do Marvin e um lindo taco de beisebol. Pra você ser um menino normal, independente do pai que tem.

Scully segura um sorriso. Mulder abre a porta do carro pra ela. Scully entra. Mulder dá a volta no carro e abre a porta.

MULDER: - Ei, Bill! Tenho entradas para os Knicks X 76ers, da Filadélfia. Nossa dor de cabeça vai ser o Hughes! O cara tem só 20 anos mas enterra todas. Se estiver interessado...

BILL: - Tá. Eu pago a pipoca, Lunático.

Mulder entra no carro. Scully acena pra eles. Vão embora.

SCULLY: - Você se comportou como se fosse da família.

MULDER: - Estou tentando me acostumar com a ideia. Scully, você tá linda, sabia? Nunca vi você vestida desse jeito. Está sexy.

SCULLY: - Mulder, você também está lindo.

MULDER: - (DEBOCHADO) Eu sou lindo. Pelo menos foi o que uma amiga da sua mãe me disse.

SCULLY: - Seu ego me enoja! Mulder, você ligou pra mentir daquele jeito?

MULDER: - Você disse que queria ir embora.

SCULLY: - Mulder, seu maluco! Se passar pelo Skinner...

MULDER: - Feliz aniversário, Scully! Tem um presente pra você atrás do banco.

SCULLY: - Presente?

Scully puxa um embrulho enorme.

SCULLY: - Mulder, o que é isso?

MULDER: - Não é um chaveiro.

SCULLY: - Um alienígena morto? Um pedaço da nave que caiu em Roswell? Uma maquete da Enterprise?

MULDER: - Abre.

SCULLY: - Mulder, sou curiosa...

MULDER: - Abre. Scully, não sou bom pra escolher presentes, mas estava na Pensilvânia, passei na frente de uma loja e vi isso daí. Bateu: É coisa de Scully. Mulheres gostam dessas coisas. E além do mais, é uma forma de você lembrar de mim.

SCULLY: - Hum, Mulder... Não é um saco gigante de sementes de girassol?

MULDER: - Não. É um pouco mais egocêntrico.

Scully desembrulha, curiosa. É uma enorme raposa de pelúcia.

SCULLY: - (RINDO) Mulder! É adorável! Eu nunca tive um bichinho de pelúcia tão grande!

MULDER: - Se quiser colocar uma gravata nele e um sobretudo...

SCULLY: - (RINDO) Mulder, ele é lindo! Foi a coisa mais gentil que você já me deu. Vou dormir abraçada no Fox a noite toda.

MULDER: - Prefiro que durma abraçada nesse Fox aqui, a noite toda...

Mulder pára num cruzamento. Olha pra placa.

[Som: Forever by your side – The Manhattans]

MULDER: - Scully, estamos na Califórnia, certo? Washington é do outro lado do país.

Scully abraçada na raposinha olha pra ele.

SCULLY: - Mulder, está ficando bom em geografia!

MULDER: - Quer chegar atrasada no trabalho, amanhã de manhã?

SCULLY: - Por quê?

MULDER: - Já fez amor na beira da praia, sob as estrelas?

SCULLY: - Mulder...

MULDER: - Tô sendo criativo, Scully.

Mulder vira o carro rapidamente, na direção oposta à Washington.

Fade out.


15/11/1999

17 de Novembro de 2018 às 10:12 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

Conheça o autor

Lara One As fanfics da L. One são escritas em forma de roteiro adaptado, em episódios e dispostas por temporadas, como uma série de verdade. Uma alternativa shipper à mitologia da série de televisão Arquivo X.

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