tiatatu Tatu Albuquerque

Ela era como o sol, radiante, e talvez eu fosse a lua que lhe roubava brilho e eu notei que estava errado quando deixou de me aquecer. Apesar de tudo, Ludmilla, saiba: eu amava você.


LGBT+ Para maiores de 18 apenas.

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I

Os raios de sol da tarde que entravam pela janela refletiam direto em seus olhos, acentuando seu tom caramelo entre o abrir e o fechar vagaroso e incomodado deles.

A pele tom de café combinava com a xícara meia que ainda fumegava e por pouco não derrubamos no pega pega à beira e sobre a pia, aos beijos, enquanto nosso gato miava, passando entre nossas pernas, voltando para o grande sofá de nossa sala e nos deixando à sós, finalmente.

Ludmilla tinha uma ginga sensual e atraente como a Anita do seriado e cheirava à canela, assim como Gabriela de Jorge Amado, e seu gosto era tão quente quanto a erva – tanto a citada quanto a queimada pouco antes, cujo o Beck ainda jazia em seda morna sobre o cinzeiro da sala.

Nem isso me deixava tão alta, com uma brisa tão bom quanto o passear de sua língua em meu pescoço enquanto eu lhe agarrava os cachos, provando do sabor salgado de sua pele suada de verão.

Ataquei sua boca com todo o desejo, estapeando sua bunda grande e macia, enquanto ela me apalpava os seios, por sobre a roupa, puxando seu lábio inferior com os dentes, ainda atraída pelo magnetismo de seus olhos e o feromônio do seu cheiro.

Ela era tão bonita que me doía os olhos, por isso eu costumava chamá-la de sol, o mesmo cujo os raios passaram a incomodar as vistas ao mesmo tempo que lhe davam um charme ainda mais especial.

— Bela. - chamei num tom de elogio e ela negou.

— Fera! - respondeu num bate e volta, imitando um leão por breves segundos, com a mão e os movimentos dos lábios, mostrando-me os dentes.

Ludmilla estava me mostrando como se sentia e como podia ser nos momentos que precisasse, como no instante em que pôs suas garras em mim e me prendeu em seus encantos.

Ela tinha ar de feiticeira, uma magia enquanto andava, falava, respirava e existia, me dominando e, por vezes, tendo meu coração na estante como um enfeite, ao lado de todos os outros que conquistava por aí, mesmo dando ao meu lugar de destaque em sua macabra exposição.

— Bruxa! - acusei e ela riu, balançando os ombros, negando e apontando para seus cabelos mais volumosos que o normal devido a bagunça, fazendo charme e pose.

— Princesa! - rebateu aos risos e eu a puxei pela cintura, a encarando perto o suficiente para ver a maquiagem que escondia as olheiras das noites mal dormidas em que ficava me esperando voltar.

Ela não era mais princesa, já que ela tinha seu porte de rainha, mesmo que não visse isso e não acreditasse nas vezes em que eu tentava lhe fazer enxergar nela a beleza que ela via no mundo.

Botei Ludmilla sobre o aço da pia, com suas pernas me prendendo como um engarrafamento nas marginais paulistas e suas mãos acariciando as dobras de gordura em minhas costas. Fiz carinho em seu rosto com poucas marcas de sol e tempo, me fazendo admirá-la tanto pela sua beleza natural tão atraente quanto pela garra que ela tinha.

— Forte! - falei contemplada, ouvindo dela um breve suspiro.

— Fraca! - ela assumiu em um tom fracassado que eu cortei com um selinho, tentando cortar dela também esse sentimento.

— Não tem nada de fraqueza aí! - retruquei e ela riu, unindo sua testa à minha, mantendo mais ainda o contato visual.

— Você não existe, Nega! - disse ela acanhada, tentando desviar de mim os olhos e eu toquei-lhe o queixo, erguendo mais seu rosto.

— Somos só nós e…

— É nós por nós! - ela completou o grande mantra de nossa relação, segurando minhas bochechas com as duas mãos.

Ela me deu um beijo fazendo sua mágica, já que, após isso, eu esqueci de todo o nosso pouco diálogo da vez, voltando a envolvê-la em meus braços, incapaz de soltá-la.

Se eu era café o dia inteiro, ela era meu adoçante. Ludmilla era doce quando queria, ácida quando precisava e amarga quando estava só e livre para demonstrar todos os medos, receios e mágoas que guardava dentro de si, e, nessas horas, eu que devia ser aquela que lhe servia de açúcar e lhe fazia revigorar pelo dia.


“Somos só nós!” era o que repetíamos sempre, com as mãos unidas como as bocas, os olhares e nossas almas.

Ludmilla e eu tínhamos uma conexão, cultivada ao longo do tempos que tínhamos juntas e compartilhavamos nossos planos, sonhos, lágrimas, risos, contas e até o mesmo gato. Éramos nós e o que era meu era dela, vice e versa, éramos tudo o que tínhamos e simplesmente éramos.

Era sempre assim, mas não ouso dizer que nos completávamos, pois já éramos inteiras. Eu e Ludmilla nos transbordávamos, fazendo correr de nós um rio intenso como nós duas.

Ludmilla… Ah, Ludmilla era assim os mares, ou, melhor ela era uma sereia,bonita e encantadora, escondendo todo o profundo para o qual queria me carregar enquanto me hipnotizava com o doce balanço de seu rabo

Ludmilla tinha mel. Fosse na cor dos olhos que me atiçavam, na boca que me beijava ou que gemia meu nome quando eu tomava o mel entre suas pernas. 

14 de Novembro de 2018 às 19:42 3 Denunciar Insira Seguir história
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blue Means blue Means
Imersivo✨
March 07, 2024, 18:09
Ana Karolina Ana Karolina
Nossa, sua escrita é...Magnífica!!
February 03, 2022, 01:04
Aline Braga Aline Braga
Nossa bicho, devorei. Vc escreve de uma forma muuuito cativante. Adorei as descrições principalmente, falta isso hoje em dia, saber falar sobre a gente como a gente realmente é. Me ganhou. Parabéns!
November 13, 2019, 02:36
~

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