Minseok respirou fundo a fumaça, enquanto observava o perfil de Kyungsoo. O cigarro estava preso entre os lábios carnudos do rapaz mais jovem, que parecia alheio a escrutinação de seu Hyung enquanto dirigia o carro, absorto no movimento da estrada. Já era tarde, mas havia um movimento razoável de carros na pista. Kyungsoo gostava de se precaver ao máximo, ainda mais quando tinha passageiros no carro.
Suspirou novamente, sem se incomodar com o cheiro de tabaco que vinha de Kyungsoo. Ele era tão lindo que devia ser crime. Sua boca pecaminosa, carnuda, vermelha, parecia clamar para ser mordida. Seus olhos escuros, decididos, profundos, pareciam conter uma galáxia dentro de si. E quando Kyungsoo cantava... Ah, quando ele cantava! Minseok sempre sentia que poderia tocar as estrelas enquanto deixava-se embalar pela voz pura e sedutora do menino ao seu lado.
Não controlando mais o próprio corpo, Minseok deixou que seus dedos tocassem a coxa de Kyungsoo e deslizassem pelo tecido da calça jeans até a virilha do rapaz.
— Hyung, você está bêbado. Se controle aí. - Ele tirou a mão de Minseok dali, voltando os olhos para o percurso. Com o rabo do olho pôde perceber o bico fofo que Minseok fez e balançou a cabeça, tentando dissipar especulações inúteis que surgiram. — Vão ser algumas horas de viagem, Hyung. Tente descansar.
Minseok não respondeu. Apenas encostou a cabeça no vidro, com a mente ainda bagunçada pelo álcool, pelo tabaco e pela boca de Do Kyungsoo. O carro deu um solavanco repentino e girou na pista, assustando Minseok, que gritou por Kyungsoo. Intactos e ofegantes, os dois se entreolharam sem saber o que dizer.
— Foi um caminhão na contramão, Hyung. Ele veio de repente eu...
— Você está bem? - Perguntou com a língua ainda um pouco engrolada. Kyungsoo respondeu com um aceno, com a respiração ainda alterada. Observou Minseok tirar o cinto e sair do carro para examinar melhor o que havia acontecido. O motorista do caminhão estava vindo na direção deles, preocupado. Falou que viajava a vários dias levando a carga de Seul para Busan, e não estava descansando o suficiente, por isso acabou dormindo no volante. Ele se curvou várias vezes pedindo desculpas e Minseok achou melhor não fazer mais alarde.
Não estava tão bêbado assim.
Recomendou que o homem fosse dormir e voltou para o carro no acostamento, onde encontrou Kyungsoo já adormecido. Ele também precisava descansar. Não sabiam para onde estavam indo, só que em frente era a única saída para os dois. Minseok beijou a bochecha de Kyungsoo, desligou os faróis dormiu com a cabeça encostada no ombro de seu Dongsaeng.
Quando Minseok acordou o carro estava andando novamente. Kyungsoo estava com olheiras profundas, mas se recusava a dar o volante para o passageiro. Era capaz dele jogar os dois para fora da estrada na primeira curva. O Kim resmungou alguma coisa inaudível e tateou embaixo do banco, atrás de algo para beber.
Sua garganta estava muito seca e no estomago parecia estar acontecendo alguma briga de tigres. Bebeu a garrafa de água com mau gosto, pelo sabor já envelhecido e quente. Tossiu um pouco e descansou a cabeça no encosto do banco com a vista ainda um pouco embaçada.
— Soo-Yah, vamos parar em algum lugar para você descansar. – Disse e ele apenas confirmou com a cabeça. No posto de gasolina, Min mastigava uma barra de cereal enquanto Kyungsoo dormia no banco do carona.
Repassava as últimas horas.
Ele havia sequestrado um menor de idade.
Bem, tecnicamente Kyungsoo o havia procurado na boate, ainda com o terno da formatura do ensino médio e com o carro que ganhara do pai, dizendo que o amava e que não se importava com o que a família dele diria. Os dois haviam se beijado apaixonadamente e quase transado no capo do carro.
Então Minseok havia tido a brilhante ideia de bêbado para que os dois fugissem para Seul e depois fossem para Vegas, para se casarem em algumas daquelas capelinhas clichês, adotar três cachorros e um menino. Pelo menos esse foi o seu monólogo durante quase todo o caminho, enquanto ainda pensava que aquela ideia era muito brilhante para seu pouco gênio.
Agora sóbrio, ele sabia que em algum momento teria que falar com os pais de Kyungsoo, ou seria preso. Não que ele pensasse em desistir do garoto. Isso nunca. Mas sabia também que por ser mais velho, devia ser o responsável ali. E o senhor responsável fez um adolescente de vinte anos dirigir por horas sem descanso adequado e alimentação. Que merda ele diria para os Do agora?
Estressado, foi até a loja de conveniência, comprou leite de banana, pães e mais alguns condimentos para alimentar Kyungsoo. Pegou umas revistas, pagou contas no caixa e de volta ao estacionamento sacou o celular pronto para ligar para o os sogros.
— Não mamãe, eu tenha certeza que é isso que eu quero. – Ele paralisou ao ouvir Kyungsoo no celular – Sei que devia ter avisado e conversado, mas você sabe como é o papai. Ele... Sim eu vou ficar com o Hyung no apartamento em Seul, já vai ser bom porque vou ter um lugar para morar enquanto estiver estudando e vou ficar perto dele também. – Kyungsoo parou de falar abruptamente – Sim. Eu amo ele. Mais do que tudo. – Mais uma pausa – Obrigada mãe. – Ele notou a voz embargada do formando. Estava provavelmente muito emocionado com o apoio da mãe. Minseok se sentia mais leve com tudo aquilo. Se tinha o apoio da sogrinha, então ele levaria Kyungsoo até a lua se ele quisesse.
Esperou que o menino terminasse a ligação e entrou no carro com um sorriso, oferecendo a comida ao namorado, que lhe deu um beijo de agradecimento e comeu a tudo avidamente.
— Sabe, Soo. Eu estava pensando... – Kyungsoo olhou para ele pelo rabo de olho, enquanto puxava o freio de mão. – O que acha de um dos nossos cachorros se chamar Nini?
Kyungsoo riu e acenou confirmando. Os dois voltaram para a estrada com o coração mais leve e animados para chegar ao seu destino.
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