vanychan734 Vany-chan 734

Shisui entrou com um sorriso parcial nos lábios, pronto para começar seu discurso de desculpas, mas assim que seu olhos fitaram o homem à frente, estagnou chocado. Itachi tinha cortado seu cabelo, os longos fios negros que emolduravam o rosto andrógeno agora estavam curtos e repicados, dando-o um ar mais sério e masculino. E a decepção que Shisui sentiu foi tamanha que sequer conseguiu encontrar palavras para se expressar.


Fanfiction Anime/Mangá Para maiores de 18 apenas.

#naruto #un #universo-original #shiita #itashi #romance #drama #término #reconciliação
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Capítulo Único - Fios Negros

NOTAS INICIAIS

Olaar! Feliz aniversário (atrasado) pro meu princeso Shisui! Eu amo muito um 2D e achei que essa fic era muito boa para homenageá-lo! O plot foi me cedido pela Juliana Walker no nosso grupinho de ShiIta do facebook, e eu espero que você goste, nenê! De verdade, a fic foi feita pra você, tá bem grandinha e espero que te surpreenda de um jeito bom. Tem pechos pra ti <3

Capinha feita pela Equinócio/Brandy há muito tempo, mas que sou apaixonada e grata até hoje. As imagens/arte são do SurfaGod, como sempre pros meus plots shiitas <3

A Carol/Flora me ajudou a pensar no enredo e a escrever.

Fic sem betagem, espero que gostem e perdoem os erros. Nos vemos nas notas finais!

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Shisui sentia-se esgotado após aquela longa semana de missões e rondas pela força policial. No entanto, para sua felicidade, aquele era seu último turno e logo poderia correr para os braços de Itachi e descansar onde mais gostava, na cama do gênio Uchiha. Ainda que a sua própria casa o possibilitasse não ter que encontrar o olhar desgostoso de Fugaku no dia seguinte, Shisui sabia que a visão matinal de Itachi dormindo sereno com alguns fios negros espalhados pelos lençóis azuis era um calmante natural para si.

Só de pensar em tal cena um sorriso languido brotava em seus lábios cheios, arrancando-lhe um suspiro apaixonado.

Shisui colocou as mãos nos bolsos da calça negra e andou despreocupado pelas ruas estreitas de Konoha em direção ao distrito Uchiha até que um ruído chamou sua atenção. Parou de caminhar de imediato e se atentou ao redor, percebendo que o barulho vinha de um beco próximo e que não era apenas sua imaginação ou algum animal revirando as latas de lixo. O som dos golpes e gemidos eram abafados, mas ainda assim pôde reconhecer a quem pertencia aquele timbre rouco.  Suspirou resignado e caminhou lentamente para o local, se deparando com uma cena desdenhosa à frente: Sasuke estava por cima de um homem qualquer e desferia socos contra sua face, ao lado deles havia uma bolsa maltrapilha jogada ao chão, provavelmente pertencente ao homem que Shisui inferiu ser um ladrão. Um que infelizmente cruzou o caminho de Sasuke e fora pego em flagrante.

— Você sabe quem eu sou? O que eu posso fazer com você? – outro soco atingiu o rosto do homem, que já se encontrava semi-consciente — Nunca mais ouse me comparar ao Usuratonkachi!*

— Sasuke, chega. Apenas o prenda – Shisui interviu simplório, mas o cunhado o ignorou e se posicionou novamente para agredir o ladrão.

Shisui, por sua vez, semicerrou o olhar e em seguida se aproximou a tempo de segurar o pulso do primo no ar. Sasuke o fitou irritado por sobre o ombro, mas o capitão da polícia continuou com sua expressão desgostosa.

- Eu disse chega!

Sasuke virou-se de forma bruta, aproveitando-se da posição para atingir o outro com seu cotovelo. Shisui esquivou-se com facilidade, mas ficou surpreso com o rancor que encontrou na voz do primo quando ele se dirigiu a si.  

— Não pense que pode mandar em mim porque namora o nii-san!

Os olhos negros de Shisui focaram-se no Sharingan de Sasuke enquanto refletia sobre como agir diante daquela afronta imbecil. Sabia que se batesse nele, Itachi ficaria bravo consigo, mas o primo precisava saber quem de fato estava no controle daquela situação e consequentemente exprimir um pouco mais de respeito por si. Então, utilizando-se do Shunshin, Shisui se moveu contra o mais novo veloz, socando Sasuke e o fazendo cambalear alguns passos para trás.

— Não. Eu mando em você porque sou seu superior na polícia militar – usou o Shunshin de novo, dessa vez para segurar a gola do colete do outro e obrigar a olhar para si — Agora pare com essa demonstração ridícula de poder, o prenda e me siga até a delegacia. Cansei de fingir que não sei que você está abusando do seu cargo¹. Seu otou-san irá saber disso.

— Você... não ousaria – Sasuke abaixou o tom de voz e desviou o olhar envergonhado para fitar o chão.

— Você foi longe demais dessa vez – respondeu cético, o soltando.

Ele não tinha opção, mesmo que quisesse discutir, barganhar ou até mesmo iniciar um confronto ali, sabia que assim que Shisui tivesse oportunidade, o delataria. Então apenas suprimiu seu orgulho ferido e seguiu o primo, que olhou para o homem desmaiado e suspirou cansado para em seguida mover sua cabeça atraindo a atenção de Sasuke.

— Você irá carregá-lo.

O mais novo quis rebater, mas o olhar sério de Shisui deixava claro que não deveria contrariá-lo naquele momento, uma vez que já havia ultrapassado os limites naquela noite. Aproximou-se a contragosto do homem, o levantou com facilidade e juntos caminharam até a delegacia em completo silêncio. Sasuke tentava manter o resto de seu orgulho intacto, enquanto Shisui controlava-se para não agredir o cunhado por ser tão petulante; a própria postura altiva de Sasuke demonstrava que ele não estava nenhum pouco arrependido do que havia feito, e isso o motivava ainda mais a tomar aquela decisão.

Quando chegaram à delegacia, encontraram Fugaku sentado em sua mesa revisando os últimos relatórios recebidos. Todos sabiam que ser o Chefe da Polícia de Konoha era gratificante, entretanto, o cargo também exigia muito de si mesmo e, como reflexo de seu comando duro, Fugaku também exigia a perfeição de seus subordinados. Por isso, quando ele sentiu os dois chakras conhecidos à sua porta, soube que informações importantes seriam repassadas.

 — Entrem – ordenou.

Shisui abriu a porta devagar e entrou no cômodo sendo seguido por Sasuke. Ambos tinham a postura estoica, mas Fugaku reconhecia com facilidade a irritação de Shisui ao passo que Sasuke mantinha a indiferença costumeira, o que o fez cerrar os olhos desconfiado.

— O que aconteceu?

- Você ainda quer ter a dignidade de contar ou eu serei obrigado a te delatar? – Shisui falou mordaz olhando para Sasuke, que tencionou a mandíbula.

- Sasuke? – a voz grave de Fugaku atraiu a atenção dos dois Uchihas mais novos.

- Eu prendi um ladrão – disse dando de ombros.

- Ele espancou o ladrão – Shisui corrigiu – E não é a primeira vez que ele vem abusando de seu poder na força policial, assim como seus subordinados.

Os olhos negros de Fugaku fitaram Sasuke com sobriedade. Saber que seu próprio filho estava agindo daquela forma o deixava deveras desgostoso e não precisou sequer dizer uma palavra para o mais novo notar seu sentimento de repúdio.

- Otou-san...

- Isso é verdade? – a voz do patriarca foi cortante, e Sasuke se limitou a desviar o olhar enquanto anuía cabisbaixo.

Shisui observava atento a interação silenciosa. Ele tinha muito carinho por Sasuke, era seu primo afinal, contudo não via mais como impedir tais comportamentos do menor e por isso tomara a decisão de delatá-lo para o Chefe da Força Policial; ainda que soubesse que era o sogro quem exercia tal patente e que aquilo faria com que Fugaku desaprovasse completamente o filho. Mesmo assim, aquela era a melhor decisão, tanto para Sasuke quanto para a população de Konoha que estava sujeita aos cuidados dos Uchihas.

Sasuke mantinha a cabeça abaixada esperando pela delegação do maior, e Shisui respirou fundo pensando no clima desconfortável que ficaria na casa Uchiha nos próximos dias. Itachi como sempre iria consolar o irmão por suas frustações e ele teria que aguentar o Uchiha-rabugento tendo a completa atenção do amado dali em diante.

Nada de novo sob o Monte Hokage, no entanto.

- Shisui, você está dispensado. Irei ter uma conversa em particular com Sasuke.

O prodígio assentiu depressa, feliz por finalmente estar liberado naquela noite agourenta.

- Hai, Fugaku-san. Tenham uma boa noite – assim que se curvou em despedida, Shisui observou o olhar de Sasuke cravado em si, os olhos negros estavam densos e ele pôde sentir a aura vingativa neles.

Acenou com uma mão, o ignorando, e depois cruzou a porta da sala. Antes de sair da delegacia, conseguiu ver o suposto ladrão preenchendo uma ficha no balcão da frente e suspirou reflexivo. Estava com saudades de Itachi, mas já se sentia cansado pela hipotética discussão que o esperava. O namorado sempre ficava ao lado do irmão, então resolveu que não iria vê-lo naquela noite e, consequentemente, não arruinaria tão cedo o reencontro que estavam planejando. Se Itachi quisesse discutir no dia seguinte, eles discutiriam, mas naquele momento, Shisui só queria uma cama macia – ainda que o corpo do amado fosse um descanso muito melhor. Chegou à sua casa e sequer avisou Itachi, já estavam acostumados com os imprevistos da vida um do outro e por isso simplesmente se jogou na cama, decidindo se justificar no dia seguinte.

Ele só não contava que aquela linda manhã de outono seria o dia em que seu namoro teria fim.

Quando Shisui caminhou até a residência Uchiha e foi recebido por Mikoto cabisbaixa, ficou intrigado. A mulher sempre o atendia com um sorriso acolhedor, mas naquele dia em especifico ela estava indiferente à sua presença.

- Itachi-kun está em seu quarto – avisou, já se distanciado para o interior do gabinete de Fugaku do qual viera.

Shisui a observou se afastar desconfortável, mas não se importou com o comportamento atípico da matriarca. Após se livrar das sandálias ninjas, seguiu pelo corredor à esquerda que levava ao quarto tão conhecido e arrastou a porta sem delongas. Entrou sorridente no cômodo, vendo que o primo estava sentado à escrivaninha sob a janela lendo um pergaminho com seus óculos de leitura. Shisui identificou pela postura enrijecida do menor que algo o incomodava profundamente, e o vinco entre suas sobrancelhas era só uma confirmação disso.

- O que está estudando, Tachi? – perguntou casual, aproximando-se tranquilo.

Contudo, seu sorriso esmoreceu ao notar o olhar gélido que lhe foi direcionado. O mais surpreendente, no entanto, foi Itachi – com o Sharingan brilhando sanguinário – tê-lo imprensado com força contra a parede do quarto.

- Mas que porra...? – Shisui afastou braço e o empurrou para longe de si, assumindo uma postura defensiva e ativando seu próprio Sharingan em resposta.

Aceitava o fato de que o tinha deixado esperando na noite anterior e que possivelmente estivesse ressentido, mas jamais esperaria ser recebido de forma tão arrisca. Itachi não olhava dessa forma para Shisui nem quando estavam treinando e trocavam poderosos chutes e socos.

- O que você fez?!

- O que? – repetiu, sem entender de onde vinha a revolta no olhar do outro.

- O. Que. Você. Fez? – Itachi repetiu pausadamente, respirando fundo e desativando o Sharingan que queimava seus olhos.

- Do que está falando?! – Shisui irritou-se, dando um passo à frente e desativando seu Kekkei Genkai também.

- Sasuke disse que por sua culpa foi expulso da força policial!

Os olhos negros eram acusatórios e Shisui arregalou os seus próprios, desacreditado do que ouvia.

- Minha culpa?!

- Por que você sempre age e nunca pensa nas consequências?! – Itachi grunhiu, dando-lhe às costas.

Shisui semicerrou o olhar.

- Eu? Eu?! O único que não mede consequências aqui é você quando se trata de Sasuke! – o mais novo se virou parcialmente, fulminando-o com o olhar – Está irritado por eu ter delatado seu irmão? Que seja! E quer saber? Eu faria de novo! – Shisui elevou a voz.

Estava farto de Sasuke ser sempre o favorito de Itachi e por consequência um empecilho para seu relacionamento. Diversas brigas entre eles já haviam acontecido quando o menor era um tema em pauta, porque Sasuke tinha a adoração de Itachi como sua principal arma, enquanto que Shisui o via como um cunhado petulante, uma vez que o próprio Itachi era responsável pelos mimos do irmão.

- Você destruiu a imagem do meu otouto para meu otou-san! – Itachi retrucou raivoso – Sabe há quanto tempo ele estava tentando conseguir a atenção dele?

- Oh, eu tenho certeza que ele conseguiu agora, mas não só a dele não é...

- Não brinque comigo, Shisui – Itachi se aproximou novamente, a aura assassina rondando-lhe perigosamente.

Todavia, Shisui não era qualquer um. Ele aguentava a intensidade de Itachi desde o começo daquela amizade e relacionamento, e se existia alguém que podia lidar com o gênio Uchiha assassino e irritado, era ele. Ainda mais quando se sentia injustiçado pelo seu parceiro mais fiel.

- Não é uma brincadeira! Nunca foi! Como pode querer defendê-lo depois do que ele vem fazendo há meses?!

- Poderia ter falado comigo, falado com Kakashi ou com minha okaa-san! – Itachi respondeu enfurecido – Você quis humilhá-lo por causa dessa competição idiota que mantem com Sasuke! Por causa do seu ciúmes descabido.

- Como se eu não tivesse motivos para sentir ciúmes de você! Olhe para isso – Shisui sacudiu as mãos, indicando a situação em que se encontravam – Está novamente o defendendo e lutando contra mim!

- Sasuke é um adolescente, Shisui! – Itachi rosnou revoltado.

- Seu irmão já deixou de ser um adolescente há muito tempo e só você não vê isso! – exasperou-se, elevando o próprio tom.

Itachi fechou as mãos em punhos e respirou fundo algumas vezes antes que a raiva o levasse a agredir Shisui.

- Tem razão. Você é o único adolescente aqui. Impulsivo, passional...

Shisui cerrou o olhar com força, contando kunais para que não perdesse totalmente a paciência e em seguida se afastou de Itachi mordendo os lábios a fim de conter o desejo alucinante de xingá-lo de volta. A tensão no quarto era quase palpável, e Shisui sabia que em seu interior estava magoado com o outro por tal atitude.

- Sabe o que mais me incomoda? – o maior falou cansado – O fato de você sequer ter me ouvido ou desejado saber o porquê fiz o que fiz – ele se virou para o namorado – preferiu acreditar no seu querido otouto e me criticar... está explicado porque Sasuke é tão mimado. Alguma vez, uma sequer, já considerou que eu possa estar certo? – Shisui falou entredentes, revoltado por encontrar o olhar irado do outro sustentando o seu.

- Não quando se comporta assim, Shisui! O que pensou? Que Sasuke o agradeceria por ser expulso da força policial? Que eu deveria agradecê-lo por fazer meu irmão desaparecer ontem e deixar minha okaa-san preocupada?! – Itachi elevou a voz.

- Não fui eu quem fez isso! Ele fez! Pare me culpar pelos erros do seu irmão!

- Você deveria cuidar dele! É o mínimo que eu espero de alguém que diz se importar comigo! – Itachi revelou ferino – Como posso confiar em você agora? – o tom diminuiu um pouco ao final, e Shisui arregalou os olhos surpreso.

- Como pode confiar em mim?! Como sempre! Eu estou aqui, por você, eu fiz o que achei melhor para o seu irmão, por ele! Será que não consegue perceber isso?!

- Não muda o fato de você ter sido irresponsável!

- Eu não sou Sasuke para ser irresponsável! – gritou ácido.

- Shisui... – a fala de Itachi era um claro aviso do limite de sua paciência.

O problema era que Shisui se sentia assim também, impaciente e também injustiçado. E não deixaria aquilo passar mais uma vez. Desde o começo, ele e Sasuke mantinham uma competição infantil pela a atenção de Itachi e ao firmarem um relacionamento amoroso, a disputa se tornou um pouco mais agressiva. A paciência de Sasuke não era a melhor de todas, e Shisui começou a perder a sua com o tempo quando o mais novo passou a lhe causar problemas com o namorado.

- Não use esse tom comigo! Será que é tão cego de amor que não consegue ver os erros que está cometendo?! – revoltou-se.

Itachi arregalou o olhar, mas não o respondeu de imediato. O silêncio se estendeu e, antes que o jounin pudesse tentar falar qualquer outra coisa, Itachi se virou e fitou o horizonte pela janela de seu quarto com indiferença.

- Tem razão – sua voz soou monótona – Não enxergo meus erros... a começar por você – Itachi o olhou de esguelha, observando a expressão raivosa tornar-se espantada – Está acabado. Vá embora.

Shisui o olhou aturdido, como se tivesse levado um de seus socos mais potentes. Era a mesma tontura, o mesmo descompasse cardíaco de uma batalha, mas com um gosto amargo muito pior do que sangue preenchendo sua boca.

- Está terminando comigo? – perguntou ainda incrédulo, a voz já mais controlada. Itachi voltou a fitar a janela, sem lhe dar atenção – Por causa de uma briga idiota? Por causa do seu irmão?!

– Não. Estou terminando por sua causa. Não temos os mesmos pensamentos há muito tempo, esta situação só serviu para me mostrar isso.

Shisui revoltou-se pelo tom frio direcionado a si, reconhecendo a tentativa de Itachi em suprimir suas emoções. Não tinha dúvidas de que ele estava irritado, mas sabia que era especial para o outro e que um término o afetava também. E por isso aquela indiferença era falsa, o que o deixava ainda mais irritado, uma vez que Shisui odiava quando Itachi mentia para si.

Angustiado, agarrou o menor pelo cotovelo e o virou de frente para si.

– Olhe para mim. Olhe nos meus olhos e se tiver coragem de repetir isso, saiba que irei cruzar aquela porta.

Itachi alternou o olhar entre a porta de seu quarto e os orbes ônix determinados tão parecidos com os seus. No entanto, estava cansado de sempre estar imerso nas brigas irrelevantes dele com o irmão, de ter que explanar cada atitude do mais novo e fazer o namorado entender que ele deveria se portar como esperado, como um adulto e um amparo para Sasuke. O gênio Uchiha enxergava, agora, que esse era um sonho impossível e que eles jamais se comportariam assim, então ele mesmo deveria tomar uma decisão sobre aquilo. A decepção daquele momento era tão desgastante que ele sequer se sentia motivado para tentar remediar o conflito entre os dois... e já que não conseguia desistir de Sasuke, ele desistiria de Shisui.

- Vá embora – sua voz saiu firme e indiferente, mas seu coração batia acelerado indo totalmente contra sua decisão.

Shisui apertou a boca numa linha fina, sentindo a respiração pesar enquanto sua visão turvava pelas lágrimas acumuladas. A máscara de indiferença direcionada a si era algo simplesmente insuportável para o seu coração devoto, ainda mais quando vinha acompanhada daquele tom apático.

- É isso mesmo que quer? Desperdiçar todos os nossos anos juntos...? – Shisui questionou, tocando os braços dele de modo gentil enquanto esperava por uma resposta negativa do namorado no último instante.

E ignorando todos os sentimentos borbulhando em seu âmago, Itachi assentiu.

- Tenha um bom dia – respondeu polido demais, porém o jounin não percebeu.

Shisui escrutinou cada centímetro de seu rosto buscando qualquer característica que denunciasse sua mentira, mas não encontrou nada a não ser apatia e quando teve essa consciência, se afastou rapidamente dele, como se suas mãos queimassem contra pele pálida. Itachi viu seu pomo de adão subir e descer, mas não fez qualquer sinal de arrependimento e, num piscar de olhos, Shisui já não estava mais lá. Restou ao anbu ouvir o baque surdo da porta da entrada e ficou ali, estático até sentir o chakra de Mikoto na porta de seu quarto o olhando com preocupação.

- Itachi-kun, você está bem? – ela perguntou terna.

Ele a fitou com seriedade.

- Você ouviu – não era uma pergunta, mas ainda assim Mikoto anuiu – Acabou – falou com naturalidade, como se estivesse recusando um chá.

- Ita...

- Estou ocupado – a interrompeu – Preciso estudar, Minato-sama me quer no Conselho amanhã.

A expressão da matriarca era de preocupação, mas ela sorriu falsamente para ele e em seguida saiu de seu quarto, o deixando só. E, como se nada de importante tivesse acontecido, Itachi voltou aos seus afazeres naquela tarde.

Eles não se viram nos dias seguintes. Shisui estava muito magoado com companheiro e sabia que merecia suas tão sonhadas desculpas, e também sabia que o gênio Uchiha tinha plena ciência disso, o que o levou a esperar por um contato vindo de Itachi que não aconteceu.

No começo não foi tão difícil. Ele estava irritado e triste, o que o incitava a continuar esperando por alguma atitude do outro, porém quando o final de semana passou e Shisui percebeu que não havia feito nada durante aqueles dias, a não ser ficar sentado em seu sofá emburrado, ele admitiu sentir a falta de Itachi. No entanto, ainda era uma falta suportável. Poucos dias sem ele eram desagradáveis, mas se podia lidar com uma missão anbu de meses fora da Vila, também podia lidar com alguns dias brigados.

O problema surgiu quando Shisui começou a notar que sua vida era baseada na de Itachi, que até mesmo as comidas em sua casa eram para – de certa forma – agradá-lo, como os três repolhos em sua geladeira.

Mais dias se passaram. O ar dentro da delegacia era estranho. Shisui e Fugaku nunca foram muito próximos, tanto que Shisui chegava a desconfiar que o Chefe do clã estava feliz pelo término repentino deles... então não era como se sua vida pessoal fosse posta em discussão no ambiente de trabalho. Seus colegas policiais eram observadores, mas Itachi e ele não eram um assunto comum a ser discutido, aliás, eles eram bastante discretos quando estavam em público e eram tratados de forma muito respeitosa pelos seus pares. E como Sasuke e os subordinados dele haviam sido expulsos recentemente da força policial, ninguém pareceu notar que Shisui e Itachi haviam discutido.

Tal fato só foi ocorrer, na verdade, duas semanas depois do incidente na casa Uchiha quando as perguntas inocentes de “e como vai Itachi?” passaram a ser proferidas. E nesses momentos, ele teve que admitir que aquela distância estava lhe ferindo muito. Lembrava-se de discussões que teve durante seu relacionamento, muitas delas envolvendo as atividades anbu de Itachi ou então Sasuke, mas não conseguia se lembrar de uma tão séria quanto aquela mais recente.

E foi na terceira semana sem notícias de Itachi que Shisui começou a considerar a briga de fato, não como uma discussão, mas um término. E a perspectiva de não ter mais Itachi em sua vida o assustou de uma forma que se viu completamente perdido, por isso decidiu que seu orgulho não vali mais do que tentar remediar seu relacionamento.

Aproveitou seu período de almoço e caminhou até a casa principal do clã com os nervos à flor da pele. Ele sabia que Itachi podia reconhecer seu chakra há metros de distância, mas ainda assim achou melhor bater à porta e ser convidado a entrar de maneira cordial, afinal, o que menos precisava era que o primo se irritasse com seus modos.

Foi Mikoto quem o recebeu e dessa vez o sorriso alegre emoldurava os lábios finos.

- Shisui-kun! Como vai, querido?

- Ah, estou bem, tia – sorriu desconcertado, logo avaliou o interior por sobre os ombros dela – Tachi está aqui? Eu... eu..

- Oh, sim, querido. Já entendi, a última vez que o vi ele estava no escritório – ela sorriu terna mais uma vez e o deu espaço para entrar.

- Obrigada, tia. Senti sua falta – Shisui falou animado e ansioso, em seguida beijou a bochecha da matriarca e caminhou pela casa.

Mikoto riu boba e suspirou compadecida. Esperava que eles se acertassem logo, Itachi estava mais quieto que o normal e também pegando mais missões desde então. Ela havia ouvido a briga, mas acreditava que eles tinham alguma chance... não haviam durado tanto tempo se deixassem simples desentendimentos minar sua relação.

O mestre de genjutsu caminhou apressado no início, mas assim que sentiu a vibração do chakra de Itachi tão perto, um arrepio atravessou sua coluna e o fez parar de imediato. Merda, seu estômago estava embrulhado também. Aquilo era tudo por Itachi, e Shisui sabia que nunca deixaria de ser, eles estavam ligados por algo muito mais forte que as regras do clã ou laços de sangue e ter isso em mente o deu coragem para bater à porta do escritório e entrar quando foi autorizado pelo tom monótono vindo do interior.

Shisui entrou com um sorriso parcial nos lábios, pronto para começar seu discurso de desculpas, mas assim que seu olhos fitaram o homem à frente, estagnou chocado. Itachi tinha cortado seu cabelo, os longos fios negros que emolduravam o rosto andrógeno agora estavam curtos e repicados, dando-o um ar mais sério e masculino.

E a decepção que Shisui sentiu foi tamanha que sequer conseguiu encontrar palavras para se expressar.

Os olhos oblíquos e dissimulados de Itachi focaram em si, mas o sentimento transmitido ali era o de indiferença. E Shisui mal pôde acreditar naquilo, que para Itachi revê-lo após tantos dias separados não mexia consigo... nem mesmo um pouco.

- Tachi? – o apelidou escapou por seus lábios como uma prece, antes mesmo que se desse conta.

- Shisui – o tom calmo dele contrastava perfeitamente com o interior agitado de Shisui, que ainda estava embasbacado.

- Seu cabelo... você... cortou seu cabelo?

Itachi ignorou sua pergunta, uma vez que era óbvio tal detalhe de sua aparência.

- O que faz aqui, Shisui? – ele continuava com o tom monótono, o que terminou de quebrar por completo as defesas do primo.

- Não é óbvio?! Eu vim me redimir! Mas pelo jeito eu sou o único a se importar com isso! Com nós!**

- Eu já disse tudo o que tinha para lhe dizer, Shisui. Nossas perspectivas de mundo são diferentes agora e ficamos melhor separados.

O anbu sustentou seu olhar sem esboçar reação, o que terminou de inflamar a ira de Shisui.

- Eu não acredito nisso! – Shisui disse exasperado – Eu vim aqui para me desculpar por algo que nem mesmo era minha culpa, por você, porque eu amo você e o que eu encontro é sua pior versão espúria e arrogante!

- Eu sempre fui assim – Itachi respondeu, o vinco entre suas sobrancelhas revelando seu incômodo.

- Não! Não comigo! Nós nos entendíamos, Tachi... nos amávamos... – o tom de voz dele foi decaindo gradualmente, mas voltou a se elevar quando reuniu coragem dentro de si para exigir um posicionamento do outro – Eu continuo amando, e você?

Os olhos negros desviaram dos seus por poucos segundos, mas o silêncio foi suficiente para Shisui sentir seu coração se partir.

- Em que momento eu te perdi? – a pergunta era um sussurro quase inaudível, mas que Itachi escutou.

- Está na hora de ir embora, Shisui. Não há mais um “nós” para se preocupar.

- Se é isso que você quer, Itachi, eu não irei mais retornar. Já me doei demais nessa relação e tudo que recebi foi a sua preferência descabida por Sasuke – a vista de Shisui estava clara dessa vez, não havia nenhuma lágrima em seu olhar que o impedisse de gravar a imagem apática de Itachi em sua memória.

No entanto, o aperto em sua garganta era sufocante. Ele sentia o ódio correr pelas suas veias junto com o sangue quente e, ainda assim, concentrou-se para ir embora mantendo o mínimo de sua dignidade.

Nunca imaginou que um dia o término de fato chegaria para eles, mas Shisui não podia mais negar o fim medíocre que tiveram.

Saiu da residência Uchiha arrastando seus passos, sem olhar para trás. Precisou de dias para digerir a nova realidade por completo, para que se acostumasse com o futuro a dois destruído e também para que chorasse. As lágrimas só vieram numa noite, quando deitou sua cabeça no travesseiro e viu a cama de casal vazia; Shisui lembrava-se de ter tocado os lençóis sentindo a falta do corpo magricela contra o seu, depois arfou angustiado e em seguida chorou até adormecer.  

Acordou no dia seguinte sentindo-se exausto, mas ainda assim rumou para a delegacia. Coincidentemente, naquele dia Itachi estava lá a mando de Minato. Ele não o olhou e nem cumprimentou, entrando diretamente no gabinete de Fugaku e saindo estoico após alguns minutos, deixando o rastro do perfume doce no ar. Fugaku cruzou a porta de sua sala no instante seguinte ditando ordens a Shisui, que o ignorou completamente e caminhou para fora da delegacia a fim de encontrar o bar mais próximo.

Naquela noite se embebedou como se não houvesse amanhã. Não era muito adepto de se alcoolizar para esquecer as dores da vida, mas naquele minuto tudo o desejava era parar de sentir. Foram duas garrafas e meia de saquê e após arranjar uma confusão com uma jovem kunoichi – que na sua mente nublada era Itachi – foi expulso do bar e, assim, caminhou trôpego para o Nakano. O local era tão especial para eles... tudo ali o lembrava Itachi, trazia-lhe memórias doloridas de um passado feliz, de uma fantasia que jamais voltaria a se realizar... E num lapso de fúria repentina, jogou a garrafa que carregava precipício abaixo e a viu atingir as águas furiosas com inveja.

A garrafa ao menos não tinha um gênio arrogante e falso massacrando seu coração.

- Tachi...

A lamúria ecoou pela noite quente, o que teve um efeito negativo em Shisui. Estava sozinho, mais uma vez. Seu pai já não era mais vivo e nem mesmo se lembrava de sua mãe, e a única pessoa que amou com todas as suas forças havia lhe abandonado.

- Tachi...

O choro penoso o fazia parecer uma criança perdida, como ele realmente se sentia. Itachi não o queria mais, e o álcool na mente de Shisui o fazia tomar decisões precipitadas, como se aproximar da borda e respirar deleitoso o ar úmido do Nakano.

- Tachi...

Sua consciência normalmente o lembraria de que deveria se afastar dali, mas o desejo insano de acabar com a dor era tão contemplativo e sedutor que Shisui deu mais um passo². E mais uma vez o efeito do álcool se fez notar quando tropeçou nos próprios pés e caiu em direção ao rio.

- Tachi... – Shisui virou-se de costas para a água, abriu os braços e sorriu lembrando-se de todas as memórias compartilhadas com seu amigo e antigo amor. O vento ricocheteava o cabelo cacheado em seu rosto e o fazia fechar os olhos para imaginar que aqueles eram os fios negros de Itachi. Todas as fantasias passavam por sua mente enquanto esperava pelo impacto.

Mas ele não ocorreu. Quando Shisui voltou a abrir os olhos, fitou confuso as linhas de chakra que circundavam seu corpo e o deixavam pendurado no ar, entre o rio e a ponta íngreme a cima.

- Hey! Quem fez isso? – gritou, sem muita coerência na fala pelo álcool.

- Você deveria ter vergonha de ter chego nesse estado – um anbu com a máscara pintada de branco disse, do alto do precipício.

- Quem é você?! – Shisui gritou de novo, balançando-se no ar – Me deixe cair! Eu quero nadar!

- Tudo que eu vi foi um bebê chorão por ter levado um chute na bunda – a voz abafada respondeu.

- Quem...?! – Shisui começou a berrar, mas logo desistiu.

É, talvez fosse por ser um bebê chorão que Itachi não estava mais consigo.

E lá estava o choro angustiado de novo.

O anbu suspirou resignado e puxou as cordas para cima, mesmo contra os gemidos e gritos de Shisui para deixá-lo sozinho. Assim que foi jogado na margem do precipício, Shisui viu um buldogue ninja ao lado do anbu mascarado.

- Pakkun?! Kakashi-san?!

- Olá, Shisui – o Hatake resmungou, retirando seu livro conhecido do bolso – Uma ótima noite para afogar as magoas, hun? – a voz soava abafada pela máscara.

O queixo do mais novo tremeu. Ele só queria que parasse de doer, porque o jounin de elite estava ali? Ninguém iria se importar consigo caso caísse... nem mesmo Itachi o faria...

- Escute, eu fui designado para cuidar de você por esses dias. O Yondaime-sama não quer perder o melhor shinobi com habilidades de genjutsu tão cedo, e convenhamos que você é bem precipitado para isso. Mas se não se importa, eu gostaria de ir para casa. Você pode beber lá... há um quarto de hóspedes também.

- Não... eu não quero... – Shisui voltou a lamuriar moribundo.

Restou a Kakashi suspirar e desacordá-lo com um golpe em seu pescoço, depois invocou seus cães e o levou para sua casa sem problemas. Shisui não acordou até a tarde do dia seguinte, dando ao agente mais velho um momento de paz.

Mas a ressaca dos Uchihas eram piores do que o Hatake havia imaginado, fazendo Shisui vomitar a cada cinco minutos após acordar. Com alguns chás e – muita – paciência para ser babá, Kakashi o ajudou a se manter apresentável. O restante daquele dia foi tranquilo, Shisui continuou a se lamentar para o mais velho, perguntando-lhe como Itachi estava, se aparentava estar triste como ele... e afins.

- Não. Ele continua o mesmo. Sugiro que você tente esquecê-lo, Shisui.

Os olhos ônix fitaram o chão, constrangidos. Se Kakashi, que convivia diariamente com Itachi na anbu, o sugeria isso, talvez ele devesse ouvi-lo.

Shisui saiu da casa do mais velho momentos depois, sentindo-se medíocre. Voltou para sua casa, tomou algumas pílulas para ressaca e antes de dormir decidiu que no dia seguinte tentaria voltar às suas atividades normais, assim como Itachi tinha feito.

- Shisui! – Fugaku falou alto quando o viu atravessando a porta da delegacia – Na minha sala. Agora!

O prodígio piscou algumas vezes, desconcertado. Certo, encarar Fugaku não era a maior de seus desejos naquele momento. Ao menos, seus companheiros policiais o olharam apologéticos e incentivaram com os polegares levantados.

- Vá!

- Ele está num bom dia hoje!

- Mikoto-san acabou de sair.

Todas as falas eram para acalmá-lo, mas o jounin sabia que seria difícil mesmo assim. Ao entrar na sala, ele sentiu a atmosfera pesar. O antigo sogro tinha a expressão dura e uma pasta parda em suas mãos.

- Suponho que esteja feliz – falou primeiro, amargurado.

- Nós dois sabemos que eu nunca fui conivente com o seu relacionamento com meu filho – ele respondeu, e Shisui engoliu a seco – Ainda assim, é um excelente capitão da força policial e por isso o mantenho aqui, mas se me der as costas mais uma vez enquanto estou falando contigo, irei rebaixá-lo a cadete por insubordinação. Estamos entendidos, Shisui?

O menor encolheu os ombros com a ameaça. Não era o melhor começo de um dia que tinha planejado.

- Sim, senhor.

- Ótimo. Agora cuide desse caso – o outro disse ranzinza, jogando o envelope em Shisui.  

O mestre de genjutsu assentiu rapidamente, saindo da sala exasperado. Seus companheiros policiais riram baixo de sua expressão e em seguida começaram a investigação do caso.

E foi assim que ele começou a lidar com o término, assumindo casos e mais casos na polícia. Não foi fácil. Era um processo tortuoso, demandava que ele esquecesse as promessas conjuntas de vida a dois e que parasse de pensar nos antigos momento, bem como na culpa pelo término ser sua. E como não conseguia deixar de pensar em tudo isso, recorria ao time de Kakashi, que estavam “cuidando” de si.

Durante os cinco meses seguintes, Kakashi, Rin e Obito se tornaram seus ouvintes amorosos. Cada um deles tinha uma particularidade: Kakashi era o mais desinteressado e objetivo; Rin era a mais ouvinte e maternal; e Obito o mais enérgico e que confabulava planos para que Shisui se sentisse melhor. E mesmo que cada um deles tivesse sua própria forma de aconselhá-lo, Shisui teve apoio dos três quando decidiu que queria voltar a treinar jovens policiais fora de Konoha.

O verão estava prestes a chegar e com ele os programas de treinamento recomeçavam. Fugaku, apesar de não gostar dele, sabia que era um bom capitão e também que aquela era uma proposta digna de sua experiência ao invés de simplesmente colocá-lo para preencher papeis e fazer rondas monótonas pela vila.

Nesse meio tempo, quando Itachi e ele se cruzavam por Konoha, acenavam um para o outro cordialmente, mas não mantinham nenhum diálogo a mais. Ainda era de certa forma doloroso para Shisui ver o antigo amor seguindo em frente com tanta plenitude, enquanto que para ele haviam muitos momentos de recaídas e de ressentimento.

Em todas as vezes que se encontraram na Vila, o cabelo curto e repicado de Itachi permanecia o mesmo. Nem um centímetro a mais, nem a menos. Ele era extremamente metódico e Shisui sabia que aquilo era uma mensagem direta para si, já que o cabelo longo de Itachi era um dos detalhes que mais amava no outro e que sempre que estavam juntos fazia questão de acariciar. E esse foi seu principal motivo para aceitar o comando do programa de formação de novos cadetes, dado que já não aguentava mais olhar para o outro e ver que o cabelo conhecido manter-se o mesmo, como um lembrete de seu término.

Assim que Minato aprovou o programa, Shisui deixou a Vila com sua turma de futuros oficiais, incluindo Sasuke. Os policiais que precisavam de “reabilitação” entravam no programa novamente, e Shisui quis xingar todos os deuses quando soube que teria que lidar com o primo mais uma vez. No entanto, à medida do possível, foi uma convivência tranquila.

Sasuke não era do tipo insubordinado, ele acatava as regras e lições, mesmo que as achasse desnecessárias. E como não havia mais Itachi como um obstáculo entre eles, a relação começou a melhorar aos poucos. A inimizade agora era suportável. Sasuke era de longe seu melhor aluno e sempre que o via melhorar alguma atividade, parabenizava-o pelo resultado.

O que provocou a ocorrência de uma série de situações casuais, como disputas zombeteiras entre ambos nos treinamentos e também conversas paralelas, como as ambições de Sasuke dali em diante.

Foi assim que aos olhos do primo, Shisui ganhou maior reconhecimento e também respeito, então quando Sasuke o abordou no refeitório, o mais velho se sentiu prestigiado.

- Me desculpe por ter causado problemas para você.

- Uou! Sasuke Uchiha está pedindo desculpas a mim? – zombou.

Os orbes ônix fitaram-no com ódio, mas Sasuke não respondeu. Shisui riu à suas custas um pouco, mas depois deu de ombros.

- Bem, se não fosse por você, eu estaria assinando papeis agora...

- Hum – Sasuke olhou-o desinteressado e então se afastou.

É, suportável era a palavra certa para eles.

O treinamento foi feito por toda a estação. Durante esse tempo, Shisui recebia as cartas dos subordinados e as repassava aos cadetes, mas as que eram escritas por Itachi – endereçadas ao primo mais novo – causavam-lhe um tremor inconveniente na barriga assim que lia o nome do remetente. Quando pensava sobre o primo, a saudade já não o afetava tanto, porém o ressentimento se mantinha o mesmo.  

Doía para ele lembrar que Itachi havia optado descartar com tanta facilidade um relacionamento que fora construído há anos a base da confiança e cumplicidade. A indiferença dele também era algo que fazia seu peito doer quando se lembrava da expressão apática durante a discussão, por isso não se sentia ressentido em relação a Sasuke. Embora o primo tivesse agido como pivô de seu conflito amoroso, fora Itachi quem deu a sentença do término e quem resolveu desistir deles; culpabilizar Sasuke por isso seria agir da mesma forma que Itachi agiu – injustamente – consigo.

Assim, Shisui ficou feliz ao no último mês de treinamento que sua relação com Sasuke estava realmente melhor. A prova disso foi quando o primo lhe contou que o irmão havia finalmente sido indicado ao posto de Hokage para substituir Minato. Dois dias depois, Shisui recebeu uma carta de Fugaku exigindo que os Uchihas voltassem para uma celebração do clã diante daquela notícia. Itachi seria o primeiro Uchiha a se tornar Hokage, e Shisui não tinha dúvidas de que ele seria o melhor dentre eles também.

Naquela noite, liberou a todos para comemorarem a seu próprio modo. Alguns foram para o puteiro da cidade, outros decidiram dormir para recarregarem suas energias para o dia seguinte, Sasuke foi o único a ficar na instalação e a usar esse tempo para treinar como se fosse um dia comum, e Shisui sentou-se no seu quarto solitário. Já havia frequentado o bordel em que os cadetes foram, mas naquele momento sabia que seria ridículo pisar num local como aquele, então decidiu sair para beber.

Lembrava-se apenas de acordar no dia seguinte atrasado, com o braço formigando, e encontrar a tropa já marchando de volta para Konoha, sob a liderança de Sasuke. O mais novo deu de ombros dizendo que Shisui poderia ter morrido na noite anterior e que eles deveriam reportar à autoridade do clã tal fato. O jounin bufou e deu um tapa na cabeça de Sasuke, assumindo sua liderança e seguindo para Konoha com o coração palpitante.

Saber que veria Itachi sempre o deixaria ansioso, afinal.

Quando chegaram à Vila, após 2 dias de viagem, todos foram dispensados para suas respectivas casas e ele caminhou para a delegacia, pronto para entregar seu relatório final. Sasuke o acompanhou em silêncio até o prédio, dizendo apenas que tinha assuntos a tratar com seu pai. Shisui entregou seu relatório o mais rápido possível para Fugaku e em seguida se retirou da sala, vendo Sasuke sentado em sua mesa.

- Hey, pirralho, ele te mandou entrar.

- Hum – Sasuke anuiu e ao se levantar estendeu um bilhete para o primo – Pode mandar essa mensagem para Itachi? É importante.

O papel dobrado atraiu o olhar de Shisui.

- Cla... espere, Itachi? Sasuke, acho melhor pedir que outra...

- Ainda não superou essa quedinha pelo meu nii-san? – o mais novo arqueou uma sobrancelha, zombeteiro – Você é ridículo. Leve logo, eu não posso deixar meu pai esperando – Sasuke não deu tempo para Shisui negar seu pedido, simplesmente empurrou o bilheta contra o torso do mais velho e andou até a sala de Fugaku.

Shisui franziu as sobrancelhas em desagrado e depois suspirou. Certo, era só um bilhete, de Sasuke. Não tinha nem que falar com Itachi, era só entregar a porcaria do recado. Ele era o capitão da policia militar de Konoha, um mestre em genjutsu, um jounin de elite e um ótimo piadista, ele conseguiria lidar com isso.

Ele conseguia lidar com isso, certo?

Certo!

Shisui caminhou de certa maneira apressado e confiante pela Vila. Quanto mais rápido chegasse à casa principal, mais rápido entregaria o bilhete e também parabenizaria o primo pela conquista tão sonhada. No entanto, ele diminui o ritmo de seus passos ao avistar a fachada da residência Uchiha, sentindo a ansiedade tomar conta de seu corpo.

Respirou fundo tentando se acalmar e só depois subiu os três degraus à frente para enfim bater à porta. Foi Mikoto quem o atendeu entusiasmada, logo o puxando para um abraço apertado.

- Uou! Oi, Tia Mikoto! Como você está?

- Como eu estou? Como você está? Onde está Sasuke? Porque ele não te acompanhou? Ele se comportou dessa vez? Quer chá? Posso fazer bem docinho para você – a matriarca disparava perguntas contra ele, que as ouvia aturdido. Às vezes, Mikoto era um pouco entusiasmada demais.

- Hum, bem. E você? É, está na delegacia com o Fugaku-san, eles estão conversando. Sim, Tia Mikoto, ele evoluiu muito. Aceito o chá, obrigado. Hã, Itachi está? Sasuke mandou um recado – Shisui sinalizou mostrando o bilhete entre seus dedos.

Mikoto sorriu radiante.

- Ele está na sala, você conhece a casa, certo? Irei preparar o chá e logo levo até você.

- Ok – Shisui sorriu constrangido enquanto entrava.

Como Mikoto havia dito, Itachi estava na sala. Mais precisamente, sentado no tatame lendo três pergaminhos abertos à frente. Quando Shisui se aproximou, os olhos negros focaram em si e Itachi se colocou de pé depressa, surpreendendo o primo. Porém, o que mais surpreendeu Shisui eram os fios negros medianos que se desprendiam do rabo de cavalo baixo e caiam para frente.

- Hey, Itachi! – cumprimentou nervoso.

- Shisui – o menor deu uns passos à frente, sustentando seu olhar de modo ansioso – Sasuke me disse que o treinamento foi bem sucedido.

- Oh... sim – sorriu – Ele evoluiu muito desde a última vez. Espero que agora aprenda a lição... – assim que falou isso, Shisui recriminou-se mentalmente. Era um idiota por trazer aquilo à tona – Quero dizer...

- Não se preocupe – Itachi disse calmo – Já faz tempo. Algumas coisas... mudaram.

Shisui arregalou o olhar diante da frase ambígua. E a compreensão para aquela mensagem subliminar veio quando Itachi colocou a franja mediana atrás da orelha, sobre a armação de seus óculos de leitura. Shisui queria tocar os fios negros que começavam a modelar o queixo angulado de Itachi, os mesmos fios que haviam sido cortados quando terminaram.

O cabelo dele estava maior, por isso Shisui teve esperança naquele momento.

- Você parece bem... – sussurrou, observando cada belo traço do outro.

- Assim como você.

- Seu cabelo... está maior.

- Pensei que estava na hora de deixá-lo crescer novamente – ele disse aquilo enquanto o olhava fixamente, como se confirmasse sua hipótese de esperança.

Os olhos de Shisui o fitavam de volta, a tensão entre ambos tinha um caráter sexual estranho. Itachi sentia que tinha muito a dizer sobre o tempo que ficaram separados, mas estar diante do amado tornava a tarefa de falar ainda mais difícil após o rompimento que tiveram, principalmente porque ele era o culpado de toda a confusão. Shisui, por sua vez, só conseguia observar a aparência andrógena de Itachi com muita atenção, buscando gravar na memória os fios negros colados ao seu pescoço pelo suor.

- Shisui...

- Itachi...

Eles falaram ao mesmo tempo.

Shisui desviou o olhar e fitou o piso de madeira contabilizando as linhas a fim de organizar seus pensamentos e sentimentos. Aquela sensação agonizante tão comum em seu estômago estava presente mais uma vez. Apertou as mãos em punhos tentando se distrair e nesse instante lembrou-se do pequeno bilhete que o levara até ali. Estendeu a mão e mostrou o singelo papel para o mais novo.

- Está endereçado a você. Foi Sasuke quem mandou – disse, fitando a parede oposta a si.

- Você sabe do que se trata? – Itachi levantou o olhar e recolheu o bilhete desconfiado.

- Não, eu não li – respondeu desconfortável, remexendo o corpo.

Os olhos ônix ainda o fitaram por alguns segundos antes de se focarem no bilhete escrito à mão.

“Ele é irritante e idiota, mas sei que sente sua falta. Desculpe pelo incômodo e seja feliz, nii-san. - U.S”

Um pequeno sorriso se fez presente no rosto de Itachi, grato pela preocupação e intenção do irmão, e Shisui o olhou curioso vendo qual era sua reação diante do papel.

- Você irá mandar alguma resposta? – questionou ansioso, queria que Itachi dissesse sim para que dessa forma prolongassem aquele momento juntos. Se sentia parcialmente satisfeito apenas por estar perto dele mais uma vez.

- Não – respondeu delicado, enquanto olhava sorridente para Shisui – Você deveria ler...

- Eu?! – Shisui franziu as sobrancelhas – O que o pirralho do seu irmão escreveu que poderia me interessar?

Itachi riu anasalado antes de entregar o bilhete a ele. Shisui leu com pressa e assim que compreendeu as palavras sucintas de Sasuke se revoltou.

- Filho da puta!

- Shisui – Itachi repreendeu ligeiro.

- Shisui o caralho! – retrucou nervoso, depois se aproximou de Itachi deixando apenas poucos centímetros entres eles – O que isso muda para você? Para nós? – questionou balançando o papel entre seus dedos.

Ele não estava pensando direito quando disse aquilo, mas soou natural e sincero. Aquilo era só uma das suas diversas demonstrações de fraqueza por Itachi, sua devoção sem limites e pudores. Naquele momento, sequer se lembrava de qualquer ressentimento em seu peito.

- Eu me precipitei. Errei com você quando o julguei por fazer o que era correto – Itachi respondeu calmo e arrependido das proporções que sua raiva tomara naquela vez – Eu sinto sua falta.

A impulsividade conhecida do mais velho se fez presente. Shisui agarrou o rosto do outro e o puxou contra si, beijando de modo firme os lábios finos que tanto sentira falta e que ansiava sentir de novo na mesma intensidade. Seus dedos se embrenharam no cabelo sedoso e o puxavam conforme movimentava a cabeça, fazendo uma carícia suave no couro cabeludo.

- Porra! ­– Shisui sussurrou encostando as testas e roçando os narizes numa carícia comum entre ambos.

- Eu quero você de volta – Itachi declarou firme, abrindo os olhos para ver a reação de Shisui diante de sua fala – Eu sinto por tê-lo decepcionado. Na época pensei que fosse a melhor decisão, mas você estava certo. Sempre esteve certo. Meu amor por Sasuke me deixava cego aos erros dele, mas prometo que será diferente agora – Itachi desviou o olhar, envergonhado – Ele me contou sobre o treinamento, sobre a sua liderança genuína e eu pude perceber que no fim você sempre cuidou dele, até mesmo melhor do que eu. Me desculpe, Shisui...

Shisui interrompeu, de novo, o discurso com um beijo caloroso. Ele imprensava o corpo do menor contra o seu de forma possessiva desejando sentir toda a pele, toque, cheiro e grunhido daquele que amava. Itachi também queria o mesmo e por isso circundou a cintura do mais velho, aproveitando para introduzir suas mãos libertinas por baixo da blusa negra a fim de tocar o corpo musculoso.

Se separaram apenas com o estalo surpreso de Mikoto. Itachi pulou para trás, se afastando do maior com as bochechas coradas e se sentindo envergonhado pelo flagra da mãe, a qual estava diante deles com uma expressão surpresa e ao mesmo tempo feliz.

- Vocês são tão lindos juntos! – ela sorriu e bateu palmas completamente alegre – Oh, eu não sabiam que tinham voltado! Eu não acredito nisso! A Kushina precisa saber – Mikoto falava de forma rápida causando no filho mais constrangimento do que ele pensava ser humanamente possível – Vou deixar vocês sozinhos, acho que querem ficar juntos certo? – ela se dirigiu para porta.

Shisui engasgou com a dinâmica da mulher.

- Okaa-san... – Itachi murmurou.

- Não se preocupe querido! – ela falava enquanto vestia suas sandálias ninjas – Sasuke não vem cedo para casa hoje³, assim como seu pai. Se divirtam, tem comida e chá na cozinha! Até mais! – ela mal acenou para eles e cruzou a porta.

Toda a cena tinha durado quatro segundos e meio, mas Itachi estava completamente vermelho e quando Shisui – também corado – o olhou de esguelha, o constrangimento de Shisui deu lugar à gargalhada.

- Vai, realmente, ficar rindo ao invés de me beijar? – questionou ardiloso.

A risada de Shisui morreu no mesmo instante, ao passo que os olhos ônix focavam Itachi. A sobrancelha arqueada do menor mostrava o desafio implícito nos olhos luxuriosos e nos segundos seguintes, Shisui teve tempo apenas de processar Itachi retirando seus óculos com cuidado antes de atacar seus lábios.

A língua quente rodeava a sua de modo depravado, e o mais velho podia jurar que estava ficando duro apenas com a ideia do que viria a seguir. Os lábios de Itachi seguiram a linha de seu maxilar para chupar seu pescoço, enquanto o empurrava para o corredor que levava ao quarto.

- Oh, porra, eu senti sua falta – o maior gemeu.

Itachi sorriu devasso, tocando-o por cima da calça negra.

- Estou sentido...

- Sabe, você pode... hum, sabe? – Shisui falou aéreo, suspirando deleitoso com o toque em si.

Itachi reiniciou o beijo com ânsia. Uma das mãos de Shisui apertava sua bunda por dentro da calça, sentindo a pele macia, enquanto a outra segurava seu cabelo com firmeza, aproveitando-se da oportunidade para subjugar o gênio Uchiha. Itachi o fitou com diversão ao se afastar minimamente a fim de ver as reações de Shisui diante do seu toque firme e ao mesmo tempo ritmado.

- Oh, isso. Bem assim... – Shisui resmungava ondulando o quadril para acompanhar o movimento de sua mão.

Itachi lambeu seus lábios para provocá-lo, o empurrando contra a parede do corredor. Shisui tomou alguns segundos para normalizar suas respirações, mas assim que viu o companheiro retirar o elástico do cabelo e consequentemente os fios negros caírem emoldurando o rosto pálido, Shisui caminhou apressado até ele e puxou sua camisa para fora do corpo magro.

O mais novo sorria em meio ao beijo, se divertindo com a luxuria dos toque possessivos de Shisui. Ele tocava seus mamilos com a exata pressão que o estimulava sem machucar, dedicando-se a estimulá-lo com o quadril também, roçando suas partes íntimas. Shisui sentiu um arrepio passar por sua coluna quando olhou para baixo e viu ambas as ereções se movimentando, juntas.

Itachi o puxou pelo elástico da calça em direção ao quarto e aproveitou-se do movimento para já descer o tecido pelas pernas grossas, sorrindo ao constatar que o parceiro tinha adquirido algumas cicatrizes a mais enquanto esteve fora, uma muito o lembrava o chidori de Sasuke.

- Ele tem melhorado – Shisui comentou, ao seguir o olhar de Itachi.

- Eu vejo – Itachi concordou, levantando o olhar e o puxando para outro beijo.

O maior chutou a calça para longe de seu corpo e em seguida separou-se apenas para arrancar a própria blusa, voltando a puxar Itachi contra seu corpo e se livrando de suas vestimentas também.

Itachi colocou uma perna entre as suas de modo a pressionar ainda mais suas genitálias, os fazendo suspirar deleitosos. Num lapso de desejo, desceu seus beijos pelo pescoço de Shisui a fim de estimular os mamilos do primo, mas estagnou ao notar a figura de um corvo tatuado na pele ao redor de seu ombro esquerdo e tríceps.

- Shisui... – sussurrou admirado, tocando o desenho com os dedos finos.

- Ah... é...isso... eu estava bêbado...

Itachi o fitou divertido. Uma tatuagem bêbado, quem diria? Ao menos era bonita, o corvo em seu braço tinha um traçado realístico e as penas de sua asa cobriam a região do tríceps, dando-o uma aparência máscula e sensual.

- Um corvo?

-  Hm, ao que parecesse só bater uma pensando em você não era suficiente – respondeu pervertido, fazendo Itachi sorrir.

- Algum desejo que eu devo acatar? – Itachi sussurrou em sua orelha, antes de mordiscar seu lóbulo enquanto voltava a movimentar o quadril.

- Senti falta da sua boca... – o gemido estrangulado de Shisui era como música para os ouvidos do mais novo, que assentiu contente.

Em seguida, Itachi beijou os lábios cheios mais uma vez e depois desceu sua boca em direção ao torso do companheiro, para enfim se dedicar aos mamilos sensíveis. O gênio Uchiha lambia e mordiscava um ao passo que o outro era estimulado pelos seus dedos, pressionando a região sensível até Shisui gemer alto.

- Oh, porra!

Os olhos do mais novo brilhavam satisfeitos ao saber que ele continuava o mesmo escandaloso de sempre no sexo. Era muito satisfatório ver o quanto Shisui se permitia gozar das sensações e isso o incitava a se dedicar cada vez mais ao maior. Itachi observou divertido quando Shisui abriu a boca sem emitir som algum, apenas se deliciando com a sensação ao mesmo tempo que levava as mãos ao cabelo de Itachi e o empurrava para baixo, desejando sua boca em outro lugar também. O mais novo acatou o pedido mudo, deixando um rastro molhado por todo abdômen de Shisui, beijando algumas das novas cicatrizes e roçando o nariz no caminho de pelos que vinha desde seu umbigo.

Gostava da estrutura forte e deliberadamente masculina do parceiro. Enquanto ele próprio tinha poucos pelos e músculos, Shisui era o seu oposto totalmente atraente. Retirou a cueca de Shisui sem cerimônias e, após uma massagem erótica, assim como beijos e mordidas em suas coxas, Itachi arrastou a boca até sua ereção. Lambeu a extensão, massageou a base, provocou a ponta com a língua e no fim engoliu-o com prazer.

A sucção fazia Shisui sentir as pernas bambas e uma corrente elétrica passar pelo seu corpo conforme Itachi o estimulava. Quando olhou para baixo e viu os olhos negros o fitando em desafio, como se desejasse que ele se despejasse em sua boca, Shisui teve certeza de sentir seu peito ter um solavanco.

- Oh... – ele tocou a bochecha de Itachi com delicadeza, fazendo um carinho sutil, e em seguida agarrou seu cabelo e o forçou a continuar com mais intensidade, descendo até a base e o engolindo por completo.

Os olhos lacrimejantes dele eram seu maior prazer, e sabendo que estava prestes a gozar, afastou-o rápido suspirando angustiado e tentando controlar a respiração. Itachi lambeu a boca de modo sensual e depois se levantou para roubá-lo outro beijo caloroso, trazendo-o de vez para dentro do quarto.

Empurrou o maior contra sua cama e depois sentou-se sobre seu quadril, voltando a beijá-lo enquanto masturbava a ambos ao mesmo tempo. Shisui quebrou o beijo para introduzir dois de seus dedos na boca de Itachi, o observando lambê-los com deleite. Assim que sentiu-os úmidos o suficiente, voltou a beijar o parceiro e direcionou a mão para a bunda de Itachi, aproveitando-se da posição para introduzir-se ao poucos em seu interior.

Itachi grunhia baixo, mas não cessava a masturbação. Quando os dois dedos já se movimentavam livremente em seu interior, o gênio Uchiha se levantou apenas o suficiente para que pudesse voltar a se sentar sobre o parceiro.

A primeira descida foi lenta e capaz de arrancar gemidos deleitosos de ambos, a segunda fez com que prendessem a respiração, a terceira foi sentida juntamente a um beijo afobado, a quarta foi mais rápida e febril, e da quinta em diante Itachi cavalgava-o como se sua vida dependesse daquilo, e Shisui se sentia grato por cada subir e descer, bem como os magníficos rebolados.

Ambos sabiam que não durariam muito naquele estado. Itachi por estar há meses sem se relacionar com alguém, sendo refém apenas de suas fantasias, ao passo que Shisui tinha a plena visão da expressão delirante e sensual do amado bem diante de seus olhos. Para ele, Itachi era lindo, a pessoa mais linda que já havia posto seus olhos, mas durante o sexo sua beleza se potencializava de uma maneira até injusta.

Os olhos comumente ébrios davam lugar a duas pérolas negras luxuriosas, as maçãs do rosto pálidas se enrubesciam, a boca fina inchava e ficava vermelha, e o suor fazia seus fios negros grudarem nas bochechas e pescoço.

- Kami – Shisui gemeu languido quando Itachi apoiou a cabeça em seu ombro e então gemeu baixo, ao pé de seu ouvido, como se lhe contasse um segredo íntimo.

- Shisui... mais.

O mais velho assentiu entorpecido e conhecendo o significado do aperto desesperado de Itachi contra seu corpo, direcionou sua mão para masturba-lo conforme investia no corpo franzino ao mesmo tempo em que ele se movia.

Não demorou para que eles se desfizessem juntos sujando os corpos um do outro sob os gemidos aliviados. Shisui abraçou Itachi, num aperto forte e então caiu na cama, levando o outro consigo em seu aperto.

O maior ainda sentiu alguns beijos delicados em seu pescoço, dessa vez seguindo o caminho para sua boca. Dessa vez fora um beijo calmo e apaixonado, mas tão profundo quanto o laço entre eles. Ambos sabiam que estavam juntos de novo e o beijo, os toques, os sorrisos trocados naquele momento só provavam que o término havia finalmente chego ao fim.

- Espero que possa me perdoar – Itachi disse, elevando sua cabeça para nivelar seu olhar com o do companheiro.

Shisui sorriu satisfeito, guardando a declaração em sua memória.

- Hum, talvez eu pense sobre isso – zombou, colocando a franja do outro atrás de sua orelha – Quem sabe quando deixar eu pentear seu cabelo de novo...

Itachi riu anasalado e depois o beijou.

- Eu me arrependi de tê-lo cortado...

- Por que você o cortou? Não cortava seu cabelo há anos.

- E estava tão irritado que queria...

- Queria me magoar... – completou, sério.

O mais novo se afastou dele, deitando-se ao seu lado na cama com uma expressão penosa.

- Novamente, eu lhe peço perdão. Uchihas são intensos ao sentirem ódio – ele abaixou o olhar, mas logo em seguida o elevou e continuou firme – mas também são intensos em amar. Me desculpe.

- Está bem... eu fiz uma tatuagem de vadia por você, posso lidar com isso. Mas nunca mais termine comigo de novo!

Itachi sorriu divertido e então o abraçou, escondendo seu rosto na curvatura de seu pescoço.

- Posso perguntar quando foi que sentiu minha falta? – Shisui voltou a questionar, acariciando as costas suadas do mais novo.

- Eu senti todos os dias... – Itachi admitiu, a voz abafada pela posição – Qualquer espelho me frustrava porque eu não era a pessoa que você esperava que eu fosse. Snto muito... eu continuo amando você, Shisui.

O mais velho sorriu emocionado e apertou ainda mais o corpo de Itachi contra o seu. A desculpa tão sonhada estava ali, a resposta sobre seu amor estava ali e – o mais importante – Itachi estava ali. Eles estavam juntos e bem de novo.

E o cabelo sedoso entre seus dedos estava crescendo mais uma vez, acompanhando o romance entre ambos e agindo como seu próprio Akai Ito.

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NOTAS FINAIS

¹ Tem um ep em que é de outro universo. É nom-massacre, nele é mostrado que o Sasuke abusa sim de seus poderes policiais, às vezes não é nem ele, mas não liga se os seus subordinados o fazem, então achei legal trazer isso aqui. Eu considero que existem multi-versos em Naruto e eu tenho vários projetos pra cada um hahaha   O plot central era da Ju, mas ela não tinha uma ideia do que poderia criar o conflito e conversando com a Flora/Carol, nós decidimos esse. Faz link com a fic Savin’Us dela ainda.

*Sasukinho é mostrado como invejoso do Naruto (como sempre) nesse Ep filler.

**Conosco é o termo correto, mas eu achei esquisito colocar ‘conosco’ ali, e que ‘com nós’ ficava mais intenso.

² Eu não quero que isso soe como uma romantização de suicídio, viu? Eu escrevi pensando “como seria para o Shisui terminar com o Ita?” e a coisa era bem intensa. Além disso, toda perda tem seu luto e em lutos graves há ideação suicida (eu tive e já fui num mini-curso que falou isso). Então, vale a pena se atentar a isso pra vida ok, pessoal? Espero que quem tenha tendências suicidas não se sinta ofendido ou desmerecido. Eu possivelmente trollei o pessoal no fb, dando a entender que rolaria suicídio. Mas eu não ia gostar desse final.... eu só postei mesmo porque eu fiquei orgulhosa por escrever isso após tanto tempo com dificuldade pro angst.

Aliás, isso foi o que causou a demora na entrega do Plot, Ju. Você me pegou numa fase ruim. É isto, espero que tenham gostado <3

26 de Outubro de 2018 às 22:00 0 Denunciar Insira Seguir história
12
Fim

Conheça o autor

Vany-chan 734 Fada do Fluffy e maluca dos angst. Luto pelo fim dos leitores fantasmas, por SasuSaku e por ShiIta, meus OTPs! "KakaSaku - Uma Chance para Nós" não será repostada aqui até ter sido devidamente betada, assim como "O Caminho que Trilhamos".

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