Não era um segredo que Naruto estava naquela missão a contragosto. Não que tivesse problemas em trabalhar no exame chunnin fora da vila, mas aquele era um momento crucial em que sentia que deveria estar próximo de Hinata. Estava em sua 38ª semana de gestação, e por mais que Sakura ou outros médicos garantissem que não haveria chances de algo acontecer, ele ainda tinha certo receio em deixar a esposa. Mas Kakashi havia dito que só poderia dar-lhe um tempo maior de férias se cumprisse uma carga horaria de trabalho maior, e para isso seria necessário que se juntasse a equipe responsável pelo exame chunnin, em Suna.
No dia seguinte seria iniciado a parte final do exame, onde os competidores lutariam entre si. Naruto estava na equipe de jurados que avaliaria individualmente cada participante independente da vitória ou não. Em seu quarto inquieto e preocupado, analisava o teto enquanto pensava como as coisas andavam em Konoha.
Hinata havia prometido que ficaria na casa de seu pai durante sua ausência, e conhecendo a esposa, quis garantir que isso aconteceria, então tratou de levá-la juntamente com Boruto e fazer mil recomendações para seu sogro, que por muito pouco não o expulsou dali à base do Kaiten. Era quase um insulto para Hiashi ser subestimado, quando havia cuidado de sua esposa durante duas gestações e ainda criara as filhas após a viuvez.
Então, seus pensamentos foram interrompidos quando alguém bateu em sua porta. Segundo o homem que ali estava, o Kazekage convocava Naruto de imediato. Um pressentimento estranho lhe tomou, e então ele apressou-se ainda mais para que pudesse encontrar Gaara. Adentrou a sala do amigo e o encontrou com uma expressão apreensiva ao lado de seu irmão.
– O que aconteceu?! – Naruto perguntou bastante afoito, muito mais do que o costumeiro.
– Acalme-se, por favor. – Gaara disse em seu tom pacifista de sempre. Estava sim preocupado com a situação, mas se quisesse manter aquele ninja hiperativo calmo, precisaria ser dez vezes mais calmo que o normal. – Temari ligou há alguns minutos e pediu que lhe avisasse sobre isso. Sei que você não deveria deixar seu trabalho, mas duvido muito que alguém possa te impedir...
– Gaara... – Naruto o interrompeu grosseiramente. Não era proposital, mas seu nervosismo não lhe permitia que assumisse uma postura de respeito. – O que diabos está acontecendo?
– Ei Naruto! – Kankuro o advertiu. – Baixe seu tom, você ainda está falando com o Kazekage, então tenha mais respeito!
– Tudo bem Kankuro. – Gaara interveio. – Naruto provavelmente sabe do que se trata, por isso está tão nervoso, então vamos dar um desconto. – Ele suspirou pesadamente. – Como já deve imaginar, sua esposa foi levada ao hospital há cerca de uma hora com dores, mas nenhuma outra informação foi dada.
– Eu preciso voltar para Konoha! – Naruto dizia em desespero. – Eu tenho que estar lá quando minha filha nascer, eu preciso estar com a Hinata... – E por mais que afirmasse tudo aquilo de maneira convicta, ainda estava perdido e não sabia exatamente o que fazer.
– Fique calmo. – Gaara disse de maneira firme. – Você não vai poder fazer nada sozinho. Está em Suna representando Konoha, e só poderá deixar a vila com uma autorização assinada por mim, além disso, não é permitido a venda de passagens de trens de última hora para estrangeiros.
– Então o que diabos eu vou fazer?! – Berrou desesperado, arrancando um suspiro do ruivo em sua frente.
– Ainda somos amigos, não é mesmo? – Gaara cruzou os braços na frente do peito, então voltou-se para sua mesa e de cima dela retirou um envelope, estendendo-o para Naruto. – Aqui tem tudo que precisa para deixar a aldeia, então se apresse, porque o trem parte em 30 minutos.
Naruto sequer poderia acreditar no que havia acabado de acontecer. Reconhecia Gaara como um de seus melhores amigos, mas não achava que ele poderia quebrar protocolos importantes impostos pela aliança shinobi para que pudesse ver sua filha nascer. Agradeceu o amigo com um forte abraço e então partiu apressado.
Agradeceu imensamente pelas inúmeras tecnologias criadas após a última grande guerra. Com o fim dos conflitos entre as cinco grandes nações, países menores também tiveram mais espaço para divulgar seu trabalho, e assim contribuíram imensamente para os avanços tecnológicos. Estava aliviado que, uma viagem que no passado lhe renderia três dias, agora era possível se fazer em 12 horas.
Chegou afoito em Konoha, surpreendendo a todos que não esperavam seu retorno repentino, mas Kakashi já ciente de toda a situação havia deixado os demais membros da vila avisados de que ele estaria de volta.
Rumou de imediato ao hospital, e sempre que tentava obter informações sobre Hinata, era direcionado para superiores e assim falou com diversas pessoas, até conseguir contatar quem desejava. E ao encontrar Sakura, sentiu que seu coração estivesse prestes a parar devido à ansiedade e preocupação para com sua esposa.
– Onde ela está?! – Perguntou desesperado, enquanto chacoalhava a mulher que parecia estar prestes a socá-lo para que se acalmasse. – Eu tenho que vê-la, eu estou preocupado, eu preciso saber como ela está...
– Se acalme Naruto! – Sakura estapeou o amigo no ombro. – Relaxe um pouco, a Hinata só veio ter o bebê.
– Eu sei disso... – Ele disse de maneira chorosa. – Mas é que depois do susto que tivemos quando Boruto nasceu, o meu desejo era não sair do lado dela por nenhum segundo.
– Relaxe, está bem? – Ela lhe sorriu consoladora. – O que aconteceu com Boruto foi algo incomum, não significa que aconteceria com a menina. Ela só se adiantou algumas semanas, mas ela está perfeitamente saudável.
O medo de Naruto era aceitável. Quando Boruto nasceu, a situação acabou sendo um pouco mais complicada do que o previsto. Hinata teve complicações em sua gestação, sendo obrigada a realizar uma cesárea de emergência dois meses antes da data provável para o parto. Hinata e Boruto precisaram ficar alguns dias a mais hospitalizados, mas mesmo com o susto, ambos recuperaram-se perfeitamente. Porém, o medo de que a situação voltasse a se repetir ainda era grande.
– Você só chegou um pouco atrasado, sinto muito. – A rosada lhe lançou um olhar piedoso. – Mas correu tudo bem, as duas estão ótimas, como já disse!
– Então, ela nasceu mesmo? – As palavras já saiam embargadas e algumas lágrimas começavam a cair dos olhos de Naruto, o que provocou um riso divertido em sua amiga.
– Sim, ela está no fim do corre... – Antes que a mulher pudesse completar a frase, Naruto correu desesperadamente até o local indicado. Deixando uma Sakura que ao mesmo tempo resmungava por ser ignorada, também ria da ansiedade do amigo, o que lhe lembrou o nascimento de sua filha, onde Sasuke agia exatamente da mesma forma. Aquilo apenas lhe confirmou que os instintos paternos ficavam mesmo mais aguçados para o nascimento de uma menina.
Em meio à pressa, Naruto abriu a porta do quarto com demasiada agressividade, o que assustou um pouco Hinata, que despertou de imediato de seu sono leve.
– Me perdoe, Hinata! – Desculpou-se ao notar que havia feito bobagem. – Não queria te assustar, eu estava muito ansioso e acabei esquecendo que você teve um bebê...
– Tudo bem... – A mulher sorriu de maneira carinhosa enquanto se acomodava sentada sobre a cama. – Você chegou um pouco tarde...
– Eu estou muito decepcionado, queria estar ao seu lado, vendo a Hima nascer e...
– Pode acreditar, foi melhor assim. – A mulher analisou a expressão deprimida do marido e riu baixo. – Felizmente o parto foi mais tranquilo que o do Boruto, mas você não aguentaria me acompanhar, principalmente na hora do nascimento quanto...
– Não precisa entrar em detalhes! – Ele interrompeu Hinata, que riu de sua reação. – Sakura-chan já havia me explicado como seria.
– Então venha vê-la. – Hinata autorizou que o marido se aproximasse, e ele o fez de maneira calma.
Quando seus olhos finalmente encontraram o pequeno pacotinho adormecido em um berço ao lado de Hinata, seus olhos voltaram a lacrimejar.
– Ela é tão linda, e se parece tanto com você. – Ele dizia com a voz embargada pelo choro.
– Na verdade eu acho que os traços dela lembram mais o seu rosto, além dos olhos serem tão bonitos como o seu. – Hinata dizia enquanto admirava o marido maravilhado acariciando delicadamente as bochechas redondinhas do bebê com a ponta de seu dedo indicador.
Naruto desejava pegá-la e aconchegá-la em seus braços, mas a pequena menina lhe parecia tão frágil enquanto dormia em seu berço, que ele sentiu certo receio, preferindo apenas admirá-la ali ao menos naquele momento.
No mesmo instante, duas figuras adentraram no quarto onde a família estava. Hanabi com o pequeno Boruto em seus braços, acompanhada de Hiashi.
O garotinho entrou em êxtase ao ver o pai, sorriu alegremente e começou a saltitar no colo da tia, que não teve escolha, a não ser entregá-lo a Naruto, que também parecia uma criança ao encontrar o primogênito.
– Que saudade, papai! – O garotinho dizia enquanto entrelaçava seus bracinhos curtos em volta do pescoço do pai, que o retribuiu aconchegando o pequeno corpo do filho em seu tronco.
E então Naruto entregou-se por completo aos prantos. As lágrimas caíam em perfeita sincronia com os soluços. O choro era tão intenso que acabou assustando todos ali.
– O que foi, Naruto? – Hinata perguntou preocupada. – O que houve?
– Eu só estou muito feliz... – Ele dizia enquanto secava as lágrimas. – Muito obrigado, Hinata.
– Por que exatamente você está agradecendo, querido? – Ela perguntou um tanto confusa.
– Por me dar uma família.
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