Hey povo!
Essa fanfic está participando da gincana do biscoito, promovido pela Fanfics Naruto Shippers (FNS), cujo tema sorteado foi "Fraquezas".
A capa foi feito pela Retrive, do Anime Designs - um neném <3
Dedico a fic às maridas, Boo e Políbio, que me aguentando falando dos plots lá no putaquepariu e demoro séculos pra postar qualquer coisa. Amo vocês <3
*
Ele estava ali, minutos antes do horário combinado.
A suave brisa fria, tão comum no início da primavera, fazia com que os fios castanhos ficassem levemente desarrumados, dando aquela figura parada sob uma antiga cerejeira, um ar levemente despreocupado. Os raios de sol refletiam nos olhos acinzentados, cobertos pela habitual maquiagem roxa, fazendo-os brilhar. Olhos atentos nas movimentações ao redor, que buscavam entre as pessoas que por ali passavam, uma em especial.
Mas por detrás da imagem de tranquilidade, aqueles que prestassem mais atenção poderiam perceber a intensa tempestade de sentimentos que o dominavam. E era sempre assim a cada encontro, a cada minuto de espera naquele mesmo local.
Sentia o coração acelerado, o sangue correndo quente por seu corpo contrastando com a pele fria ao toque, o suor de ansiedade em sua nuca e na palma de suas mãos. E a engraçada sensação em seu estômago que, apenas a si mesmo, reconhecia como as famosas borboletas que tão romanticamente eram descritas nos livros.
Então, por entre os pedestres que seguiam de um lado para o outro, ele surgiu, brilhante e caloroso, exatamente como o sol daquela manhã.
E Gai sorria.
E Kakashi sentiu seu coração falhar por um mísero segundo... mesmo que aquele sorriso não fosse direcionado a ele. Porque, naquele momento, ele era um mero espectador. Invisível.
Era algo além do sorriso animado e cheio de autossatisfação com o qual havia se acostumado no decorrer dos anos. E aquilo o irritou. Pois havia presente ali um sentimento que há muito tempo ele não via ser direcionado a si.
O incomum brilho nos olhos negros o incomodava. Os cabelos tão perfeitamente alinhados, por um momento, o fizeram desejar ir embora... Porque ele sabia que logo eles não estariam mais assim.
Mas não seria ele a bagunçá-los.
No entanto, o que lhe dava mais ódio em toda aquela cena, era a roupa. Tão comum para todas as outras pessoas, mas que ele nunca imaginou em Gai.
Ou nunca imaginou que ficaria tão bem.
Não havia o tão famoso spandex que o marcara desde a infância, mas sim a calça escura que marcava seus quadris e delineava as pernas torneadas. O tecido verde musgo da camisa agarrava-se aos músculos de seus braços e mostrava a qualquer um aquilo que, por muitos anos, tantos ignoraram. Mas não ele. Pois mais que tentasse, Kakashi nunca havia conseguido ignorar nada que fosse relacionado a Gai.
E então ele abraçou o jovem e aparentemente despreocupado fotógrafo, apertando Sukea em seus fortes braços de forma cuidadosa. E Kakashi o invejava por conseguir passar seus braços em volta do corpo de Gai e apertá-lo ainda mais contra si, por poder sentir o cheiro de seu corpo e os lábios que pousaram levemente na pele de seu pescoço, fazendo-o estremecer.
Kakashi odiava a forma como Gai agia, tão diferente de seu normal, como se quisesse realmente impressionar Sukea.
Gai falava de forma animada, enquanto apresentava seus lugares favoritas pela vila. Mas não tão animado como era de costume. Ele falava sobre juventude e primaveras, mas também falava sobre a arquitetura de antigos prédios e sobre fatos de sua infância que, até então, apenas Kakashi sabia. Gai estava nervoso, com os ombros tensos, provavelmente sentindo medo de poder fazer algo errado.
E Kakashi não reconhecia aquele Gai. E não gostava daquilo.
Mas então Gai sorria gentilmente a cada parada que Sukea o pedisse para fazer, para que pudesse tirar uma fotografia para registar o momento. E ele, mesmo sem perceber, estava presente em praticamente todas as fotos, com a luz do pôr do sol sobre o negro de seus cabelos e os olhos brilhando de forma tão amorosa, fazendo com que Kakashi desejasse jogar a maldita câmera fotográfica do mais alto precipício que pudesse encontrar. Mas também desejasse ser ele por detrás daquela lente, captando cada ângulo de Gai.
Não foi até passarem em frente ao Ichiraku que Kakashi passou a realmente prestar atenção aos murmúrios dos civis e dos shinobis. E pela volta da postura tensa de Gai, Kakashi sabia que ele também estava os escutando.
Eram apenas idiotas.
Idiotas que falavam da mudança da roupa de Gai, do cabelo meticulosamente penteado para trás, do quanto ele parecia ‘quase atraente, uma vez que tirara o ridículo spandex que usava diariamente e mudara aquele cabelo estúpido em forma de tigela’.
Era quase imperceptível a forma com que Gai se encolhia a cada frase proferida, a lenta perda do brilho em seu olhar e a diminuição do sorriso em seu rosto. Mas ainda sim Kakashi notava cada mudança. Assim como Sukea.
E foi ele aquele que entrelaçou seus dedos aos de Gai, ignorando os olhos curiosos sobre os dois. Foi ele que sorriu e fez com que o brilho voltasse aos olhos negros, e o sorriso marcante de Gai retornasse em toda sua glória.
Como uma rara flor desabrochando naquele clima primaveril.
Kakashi sentia o sentimento de conforto e inveja misturando-se dentro de si, fazendo-o sentir o revirar em seu estômago e a confusão em sua mente. Ele sabia, bem lá no fundo, que deveria estar feliz por Gai ter alguém que o fizesse se sentir seguro diante das inseguranças que ele se recusava a deixar que qualquer pessoa soubesse que possuía, que houvesse quem o fizesse desviar por um segundo sua mente dos treinamentos e desafios insanos que constantemente impunha a si próprio. Ele deveria querer a felicidade de Gai... Ainda que ele próprio não pudesse estar presente nessa felicidade.
Mas ele também sabia que não era com Sukea que Gai encontraria sua real felicidade. Mesmo que Gai não houvesse percebido isso ainda.
Ah sim... Gai as vezes demorava mais tempo para perceber coisas tão óbvias. A grande questão era quanto tempo demoraria dessa vez.
Porque agora, ele estava preso pelo brilho do sol refletido nos olhos acinzentados, no balançar suave das mechas do cabelo castanho. E Kakashi percebia o tremular dos dedos de sua mão livre, ansiosos para tocar em seu acompanhante.
Então havia o sorriso de Sukea. Aquele no qual os olhos Gai estavam fixos, atentos a cada palavra pronunciada por ele.
E novamente eles foram envoltos no clima de um encontro, ignorantes as menções daqueles que os viam.
Sukea falou sobre suas fotos, sobre ângulos e iluminação... e sobre os jovens genins que havia conhecido. E assim, Kakashi pode finalmente ver um vislumbre de seu Gai no fundo daqueles olhos negros. O peito inflou-se de orgulho e o brilho de seu sorriso foi ainda mais brilhante, assim que Gai falou de seus amados alunos. Tão promissores e talentosos em suas próprias habilidades.
E sob o olhar atento e verdadeiramente interessado de Sukea, Gai falou sobre cada um deles. Falou sobre seu orgulho do jovem Hyuuga posto sobre sua tutela ainda tão cheio de ódio de sua família, mas que finalmente havia criado laços com seus companheiros de equipe; sobre a talentosa kunoichi que possuía uma habilidade com armas ninjas que a muito tempo ele não via; e havia aquele garoto, um jovem genin que ninguém acreditava que poderia um dia se tornar um verdadeiro ninja.
Qualquer um poderia notar o amor por cada um de seus alunos presente em sua voz, mas aquele último garoto tinha algo especial. Várias eram as vezes em que Gai se via naquela criança. Desde os gestos, os comportamentos, as palavras proferidas. Ele o fazia sentir-se voltando ao passado, um passado no qual, assim como ele, Gai também era um jovem tentando ultrapassar suas próprias limitações.
“Então um dia ele será um grande ninja como você”, Sukea mais uma vez pronunciava cada palavra que um dia Kakashi imaginou a si próprio dizendo a Gai. Era sua mão gentilmente apertada pela mão de Gai, e a ele era direcionado o olhar lagrimejante de Gai segundos antes que seus braços envolvessem seu corpo em um abraço esmagador. Mas, ao contrário de Kakashi, Sukea não tentou recuar. Ele se acomodou no apertado abraço, passando seus braços ao redor de Gai, prendendo-o tanto quando era preso.
E no turbilhão de sentimentos que o inundava, Kakashi se perguntava o porquê de não conseguir fazer tal coisa, por mais que, no âmago de seu ser, desejasse agir dessa mesma forma.
Kakashi sabia que esse era um dos motivos por odiar Sukea.
Porque Sukea era tudo que Kakashi não conseguia ser. E, às vezes, ele imaginava que era isso que havia transformado Gai em um tolo apaixonado.
Por Sukea.
Pouco a pouco, eles se afastavam do centro da vila. Kakashi conhecia Konoha, cada rua, cada local. E, no momento em que as grandes árvores da floresta tornaram-se próximas, ele soube para onde Gai levava seu encontro... E na beira do precipício havia uma cesta sobre uma colorida toalha de piquenique. O céu dividia-se entre o tom alaranjado do pôr do sol e o surgimento das estrelas, e o ar carregada o perfume dos pinheiros.
E Gai estava feliz.
E Kakashi queria estar feliz por ele. Ser feliz com ele.
*
E sob os raios de luz da lua que atravessavam a janela de seu quarto, pousando sobre si, Gai brilhava. No olhar, no sorriso marcante em seu rosto, no suor que o cobria. Como uma obra prima, disposto entre os lençóis.
E Kakashi desejava tocá-lo. Descobrir cada pedaço de seu corpo enquanto retirava sua roupa, deslizar os lábios por sua pele, sentindo o gosto salgado de seu suor.
Várias e várias noites ele passou em claro, com os pensamentos que rondavam o mais profundo abismo de sua mente forçando-se a vir a superfície. E eles sempre envolviam Gai. Gai estava em seu spandex. Gai estava sem ele. Suas mãos mapeavam as cicatrizes que cobriam seu corpo, descobrindo e marcando-as como constelações. E não havia receio em tocá-lo, tocar seu rosto, o cabelo que o provocava e os braços que, em sua mente, o rodeavam, o apertavam e o mantinham junto a ele. Não havia vergonha. E Gai era sempre tão disposto.
Tal como se mostrava agora.
Mas agora... não era ele que o tocava. Era Sukea. Sukea quem o tinha em seus braços, e não Kakashi.
Ele havia retirado peça por peça das roupas que cobriam o corpo de Gai. Era ele quem havia sentido o sabor do suor em seu corpo. Ele havia tocado o rosto, o cabelo e os braços que Kakashi desejava.
“Você é lindo. Tão lindo...”, E mais uma vez ele dizia o que Kakashi sempre imaginou a si próprio dizendo, num sussurro, fazendo Gai estremecer. Mas Gai estremeceu... pela voz de Sukea. E seus olhos se fecharam, com um gemido profundo, sentindo a língua quente deslizar por seu peito, sobre cada cicatriz existente, enquanto as mãos fechavam-se num aperto firme nos cabelos castanhos de Sukea.
E Gai gemeu aquele nome. O nome que ele tanto detestava. Com a voz transbordando de luxúria, as mãos o agarrando tão firmemente contra si, fazendo-o sentir o acelerar descompassado de seu coração.
E Kakashi sentia a inveja borbulhar em seu peito, sufocando-o, queimando-o por dentro.
Por que era Sukea?
Por que era ele quem o sentia? Por que era ele aquele que desfrutava de seus beijos, que o reivindicaria com tanta paixão e sentiria o calor de seu corpo envolvê-lo? Por que seria ele quem sentiria todas as sensações?
E agora, era ele quem se ajoelhava em frente a Gai e sentia seu sabor mais íntimo em sua língua, o mover da fina pele que o cobria... a suavidade... E Gai olhava-o de cima, com tanta admiração e amor, tocando-o, gemendo e suspirando pelo calor de sua boca.
Então Gai o afastou e o puxou para cima e, por um segundo, Kakashi desejou com todo seu ser que Gai mudasse de ideia e mandasse Sukea embora... mas ele o beijou. Tão intenso como apenas Gai conseguia ser. Dando a si próprio e entregando-se ao mesmo tempo.
E Gai se deixou ser dominado.
E Kakashi queria apagar cada expressão se seu rosto que havia sido gravada em sua mente, ao mesmo tempo em que desejava mantê-las. Os olhos fechados e os lábios entreabertos, o suor em suas têmporas e os lábios mordidos.
Kakashi queria beijar-lhe o pescoço e segurar suas coxas com firmeza, rodear-se delas, sentir-se preso... assim como Sukea se sentia.
E penetrar-lhe o corpo. Sentir o calor e a pressão que o envolvia, o tremor de seu interior.... e sentir-se tão junto a ele quanto fosse possível.
Mas ali, era Sukea e não ele.
Era o suor de Sukea que pingava sobre o corpo moreno que se remexia entre os lençóis bagunçados da cama. Eram os seus olhos que lacrimejavam pelo prazer. Era de seus lábios que Gai escutava os gemidos que o enlouqueciam e o faziam se aproximar, o agarrar e os virar sobre os lençóis.
E Kakashi nunca havia visto algo tão belo quanto Gai perdido em seu próprio prazer.
O mover de seus quadris em um sobe e desce intenso, o jogar da cabeça para trás, as mãos agarrando-se, entrelaçando-se as mãos que lhe eram oferecidas, os olhos que se fechavam com força e a boca aberta em uma exclamação de prazer. E seus gemidos, tão fortes e verdadeiros.
E Kakashi o desejava tanto.
“Sukea...”, Gai suspirou, inclinando-se para frente, tomando aqueles lábios que não eram os seus, em um beijo intenso, desesperado.
E eles giravam entre os lençóis, amavam-se de um modo que Kakashi nunca seria capaz de fazer...
Porque Gai merecia muito mais do que Kakashi poderia lhe oferecer. Mais do que a alma aos pedaços, a incapacidade de lidar com intensos sentimentos que ele lhe causava, com o desejo que sentia, a incapacidade que o paralisava...
A última coisa que desejava, era que a escuridão que o corroía, corrompesse a luz que havia em Gai, o brilho sempre tão presente, a alegria e animação que ele irradiava... a pureza que a muito Kakashi já não possuía.
Ainda sim...
... ele o queria...
... senti-lo...
... prová-lo...
E havia sua expressão... a plenitude que se mostrava em seu rosto quando o orgasmo o atingia.
E Kakashi odiava que fosse Sukea a apreciar esse momento. Que, no fim, era ele quem levava as marcas em seu corpo, o cheiro impregnado em sua pele e o gostado marcado em sua língua. Ele quem provava o sêmen derramado entre seus corpos, limpava-o da pele de Gai e o deixava se aconchegar ao seu corpo.
Ele o prendia e o acariciava, o seduzia com toques, prometia doces sonhos... e, quando Gai adormecia, ele se ia.
E Kakashi o odiava por ir embora, por, como ele, não poder dar a Gai aquilo que ele desejava e merecia... Por ser tão fraco quanto ele próprio.
E quando Sukea se ia, Kakashi também se ia.
Sob a lua que iluminava toda a vila, o cansaço finalmente o acometia e ele sentia o jutsu se desfazer... e ao chegar em seu apartamento, o cabelo castanho tornava-se prata e os olhos acinzentados em negro e o outro vermelho... o vermelho intenso que, mesmo sob o jutsu, gravou em sua mente cada cena daquele dia. As roupas colocadas as pressas foram tiradas em frente ao espelho...
E Sukea desapareceu com o jutsu, levando grande parte de seu chakra reservado consigo, tornando-se Kakashi novamente.
Kakashi com marcas pelo corpo que não eram direcionados a ele, com lembranças e elogios que não o pertenciam... porque ele não era Sukea e, naquele momento, perdido em seus sentimentos conflitantes, sabia que nada mais lhe restava além das memorias que não o pertenciam, mas era a única que coisa que possuía.
Era um momento que regia a seus desejos, que controlavam seus sonhos e suas atitudes... e havia a culpa e não havia.
E ele queria contar a Gai toda a verdade, lhe dizer o que acontecia... mas Kakashi amava Gai, e Gai amava Sukea... E, por ele, Kakashi manteria seu silêncio.
E seria apenas seu rival...
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