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E se os anjos caminhassem entre nós, discretos e invisíveis? E se um deles se apaixonasse por um humano? O que você faria se conhecesse a sua outra metade, mas não sentisse o seu beijo e nem o seu toque? Você ainda acreditaria no amor? Os anjos eram impedidos de amar, Jimin então precisa escolher entre uma vida infindável e um amor arriscado. “– Eu prefiro ter o beijado uma vez, ter o abraçado uma vez, ter o tocado uma vez do que passar a eternidade sem isso.” Seria o amor um pecado que faria de Jimin um anjo caído, expulso para sempre do céu? Talvez, alguns anjos estão destinados a cair.


Fanfiction Bandas/Cantores Todo o público.

#bts #bangtan-boys #jikook #jimin #jungkook #kookmin
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Miss you already

"Mesmo num amor de linhas tortas como o nosso, o

fim parece um erro, como um ponto final no meio da frase."

— GABITO NUNES


Jimin estava com a cabeça abaixada, seus pensamentos em total desordem. Estava até mesmo difícil respirar. O moreno sabia o que o havia trazido ali, na presença do Mestre, porém, desejava profundamente estar enganado.

Levantou lentamente a cabeça, fitando as enormes portas de ouro em sua frente e, em seguida, os dois anjos querubins que estavam postos um de cada lado da mesma. Sentiu uma ardência incômoda nos olhos devido ao forte brilho que emanava deles e, mesmo após desviar o olhar, ainda havia pequenos resquícios do clarão na sua retina. Ambos olhavam algum ponto no horizonte, seus rostos estavam com expressões sérias e seus olhares eram desafiadores e intimidantes. Apesar disso, tinham uma beleza estonteante e ao mesmo tempo delicada.

A postura confiante e ameaçadora deles fazia o pequeno Jimin se sentir mais inferior do que já era. Não que sua função no plano espiritual não fosse importante, todavia, já cobiçara muitas vezes os cargos de outros seres celestiais. Sabia que ser um anjo da guarda tinha seu valor e que a classe celestial a qual pertencia era especial, mas isso não o impedia de sentir uma mínima pontada de inveja dos outros.

Tinha conhecimento que sentimentos como esse eram impróprios para alguém como ele, contudo, Jimin havia concluído que os milênios que conviveu ao lado dos humanos o fez pensar, agir e sentir como eles pensam, agem e sentem.

— Jimin? — uma voz conhecida adentrou seus ouvidos. O moreno olhou na direção em que o som vinha e confirmou suas suspeitas: seu amigo e "colega" estava lhe chamando a atenção, estalando os dedos.

— Sim? — indagou com a voz arrastada.

— Está tudo bem? — o outro pergunta, mesmo já desconfiando da resposta.

— Não, Taehyung. Nem um pouco. — Jimin desabafou enquanto voltava a abaixar sua cabeça. Sabia que o amigo queria ajudar e se sentia agradecido por isso, porém, seria arrogância demais desejar que apenas a solidão fosse sua companheira naquele momento tão infeliz?

— Eu te avisei, Jiminnie, que isso não daria certo. — Taehyung articulou em tom reprovador, o que fez o outro sentir um pequeno incômodo na garganta.

— Eu... Eu sei. — Jimin começou dizendo, porém não conseguiu prosseguir. O peso da culpa inundava-o completamente, afinal, temia pelo o que fosse acontecer com seu protegido.

— E mesmo sabendo, você não se importou com as consequências dos seus atos, não é? — apesar de Taehyung querer que isso soasse como outra repreensão, sua voz saiu melancólica demais. Ele estava num estado de aflição por causa do amigo.

— Taehyung, você sabe... Eu precisava arriscar. — Jimin disse dando ênfase no "precisava". — Eu não podia simplesmente ficar o resto da eternidade sem saber como era a sensação... — sua voz travou nesse instante. O moreno sentiu uma dor latejante no peito, sua garganta ficou seca e o que ele mais queria no momento era aliviar essa mágoa tão profunda que sentia desde a última vez que havia visto ele. Mas o que poderia fazer?

Por que tudo tinha que ser tão difícil?

— Que sensação? — Taehyung questionou nitidamente confuso. Jimin respirou fundo, tentando afastar aquele sentimento tão "mundano" de si. Não teve sucesso.

Jimin já havia ido longe demais.

Sabia que o que estava sentindo era medo por não saber se veria ele outra vez, amargura por não ter cumprido a sua promessa de que tudo daria certo e, principalmente, amor... Jimin amava-o, porém, não do jeito que seria o correto para um anjo da guarda... Jimin amava o seu protegido demasiadamente.

Amava-o da maneira mais errada que existia...

— A sensação de ser amado, Tae. — Jimin murmurou, após longos minutos de silêncio. — A sensação de saber que você é o bem mais importante na vida de uma pessoa. É um sentimento tão bom... Não consigo entender o porquê somos proibidos de desfrutar disso.

— Não se faça de tolo, Jimin. Você sabe muito bem o porquê. — sim, o anjo sabia, porém não queria acreditar. — Somos anjos da guarda e no momento em que nos envolvemos com um humano, começamos a nos tornar como eles e acabamos nos afastando do nosso real objetivo de existência. E além do mais, se você não puder mais proteger a pessoa no qual você foi designado, quem irá? Você sabe o quanto o Mestre ama essas criaturas e não quer que nada lhes aconteça...

— Eu sei, Taehyung. — o menor bufou, entediado com o sermão do outro. O amigo não estava falando nada do que Jimin já não soubesse.

— Então... — Taehyung continuou, não dando muita importância para a resposta torta do outro. — Você não poderia de jeito nenhum ter se apaixonado por ele, e pior ainda! Ter feito ele se apaixonar por você.

Jimin não conseguiu evitar o sorriso triste que insistiu em surgir nos seus lábios. Lembrar-se de que pelo menos havia tido seu sentimento correspondido era o único ponto no qual ele podia encontrar esperanças para ainda sorrir.

— Você não sabe do que está falando, Tae. — Jimin sussurrou, mantendo um pequeno sorriso nos lábios fartos. — Porque você nunca se apaixonou. Quando isso acontecer, veremos se você ainda terá a mesma opinião formada sobre o assunto.

Jimin não conseguiu ouvir a resposta do anjo, a voz do outro foi abafada pelo barulho estrondoso das enormes portas de ouro se abrindo.

— Jimin? — uma fala melodiosa se fez presente. Era um dos anjos serafins que havia o chamado. — O Mestre lhe espera.

Antes de qualquer movimento, Jimin admirou o anjo rapidamente. Era a primeira vez que via um, já que os anjos serafins são os seres mais próximos do Mestre, portanto, eles passam o tempo todo perante o Seu trono. O moreno conseguia sentir a essência divina, que emanava do ser celeste em alto grau, lhe atravessando como uma faca de dois gumes.

Após uma olhada rápida para Taehyung, Jimin respirou fundo e então, com passos lentos, se aproximou do hall de entrada. Pode ouvir ao longe o amigo murmurando-lhe um "boa sorte", porém não conseguiu lhe agradecer. Mal se encontrava dentro do enorme palácio e as portas já estavam fechadas.

— Me siga. — ouviu o anjo ordenar. O moreno simplesmente concordou com um movimento de cabeça e então, calmamente, acompanhou o anjo serafim.

De soslaio, podia perceber o quão belo aquele palácio era. Em outra ocasião, com certeza admiraria boquiaberto o modo no qual tudo era perfeitamente detalhado e a beleza única que aquele lugar tinha, todavia, na situação no qual se encontrava, maravilhar-se com a nobreza do local não era uma alternativa.

— Entre aqui, por favor. — as portas em sua frente eram de ouro, porém essas eram detalhadas com inúmeros desenhos e incrustada de diamantes e rubis.

Jimin olhou para o lado, em busca do anjo serafim, mas este já não se encontrava mais ali. Sem saber ao certo o que fazer, o moreno apenas soltou um suspiro e então, usando dos últimos resquícios de esperança que lhe restavam, empurrou as grandes portas, que abriram com um ranger agudo.

Quando a luz intensa invadiu seus globos oculares, Jimin se sentiu na obrigação de abaixar a cabeça e apenas olhar para um ponto fixo no chão à sua frente, o que não foi totalmente eficiente, mas era melhor do que encarar aquela luminosidade toda. Piscou algumas vezes para recuperar a visão e quando isso aconteceu, seu corpo se tencionou, fazendo com que ele permanecesse imóvel, apenas assimilando que havia chegado a hora: Estava na presença do Mestre.

— Jimin? Se aproxime. — ouviu uma voz grave dizer. Sem levantar o olhar, o moreno deu alguns pequenos passos para frente. — Você sabe o que te trouxe até minha presença?

— Sim. — respondeu com dificuldade. A energia que o Mestre emanava era tão forte que, devido ao seu ato inconveniente, Jimin se sentia amedrontado. Mais do que já estava.

— Então me diga.

— Foi por causa do... — de repente, dizer o nome do seu amado na presença Dele, havia se tornado algo impossível para si. Não conseguia entender, mas sentia que era sua consciência cobrando-o tarde demais. — Por causa dele.

Um silêncio se instalou entre os dois. Jimin não olhava para o Mestre, mas sabia que este o encarava, conseguia sentir isso.

— Jimin, é perceptível para você o grau de sua mudança ao longo de todos esses milênios? — a voz do Mestre ainda saía no mesmo tom altivo, mas não rude.

— Sim. — confirmou amargurado. — Mestre, o que o Senhor vai fazer com ele? — questionou, não suportando mais a incógnita que havia se formado na situação.

— Com ele? Nada, Jimin. — a voz ainda soava calma, amena. — Ele não teve culpa pelo o que aconteceu. — nesse instante, o anjo arregalou seus olhos, completamente pasmo, mas em seguida, suspirou aliviado. Então seu amado não seria punido? Para Jiminnie, isso já era uma notícia ótima em meio a tudo isso. — Nem você.

O anjo prendeu a respiração. Havia entendido certo? O Mestre estava mesmo dizendo aquilo? Não conseguia acreditar...

— E-então o Senhor me entende? — ele questionou com expectativa, um pequeno sorriso surgia em seus lábios.

— É claro que entendo. — o Mestre começou a dizer. O pequeno fio de esperança que surgiu no coração do moreno nem teve tempo de se alastrar, porque logo Ele concluiu: — Mas não crie falsas esperanças, Jimin. Apesar de amar vocês tanto quanto amo minhas criações, não posso simplesmente fingir que nada ocorreu. O que aconteceu não pode se repetir, e para que outros anjos da guarda não sigam seu exemplo, eu preciso punir você.

— Me punir? — a voz do moreno saiu trêmula. — C-como? — perguntou, mesmo estando receoso pela resposta que receberia.

— Existe apenas uma maneira de fazer você voltar a ser o que era, Jimin. Sua memória vai ser apagada, e junto com suas lembranças, irão embora todos esses sentimentos mundanos que habitam em você.

O pequeno anjo se sentiu esmagado por paredes invisíveis que tornavam difícil sua respiração. Por um instante, perdeu o chão e sentiu as forças deixando seu corpo brutalmente. Seria obrigado a esquecer do amado? Não! Isso não podia acontecer!

— Mestre. — Jimin implorou com uma voz chorosa. — Por favor, qualquer punição, menos essa. Eu... Eu não posso esquecê-lo. Eu o amo!

— Jimin, isso é necessário. Você conhece os princípios. Estás apenas colhendo o que plantou.

O moreno negou com a cabeça, inconformado com seu castigo, mas apesar disso, no mais fundo do seu âmago, sabia que estava errado. Sabia que tudo era culpa sua e agora, nada mais certo do que aceitar sua consequência.

Jimin engoliu em seco, assustando-se ao sentir algo molhando seu rosto. Ele ergueu sua mão e tocou a bochecha, em seguida, encarou as pontas úmidas dos seus dedos.

Estava chorando.

O anjo já havia visto tantos humanos chorarem, até mesmo consolou muitos deles, sempre se questionando qual era a finalidade daqueles riscos molhados pintarem as — tristes — faces alheias.

Agora Jimin sabia.

As lágrimas eram uma forma silenciosa de proferir as palavras gritadas por um coração desesperado.

Sem condições para se opor — e temendo o que poderia acontecer caso o fizesse — Jimin apenas soltou um suspiro melancólico e então, amargurado, aceitou seu destino.

— Estou pronto, Mestre. — ele proferiu. Sabia que na verdade não estava, mas o que poderia fazer a essa altura? Jimin fechou os olhos com força. — Me Perdoa, Timotheo. — e então, num segundo, sua visão escureceu assim como tudo ao seu redor desvaneceu e Jimin sentiu um forte baque no seu corpo.

Levantou-se de forma desengonçada. Assim que estava de pé, olhou ao seu redor, assustando-se. Não conseguia entender como havia chegado até ali, naquela floresta, e muito menos se lembrava do motivo de estar nesse local.

— Finalmente você voltou. — Jimin tremeu, levemente alarmado, e girou seu corpo, procurando o dono daquela voz. Relaxou os ombros — e demais músculos — tensionados ao ver que, não muito longe de onde estava, seu melhor amigo chamado Taehyung se escorava em uma árvore.

— Tae. — Jimin sorriu aliviado. — O que aconteceu? Por que estamos aqui nessa floresta? — o moreno perguntou curioso enquanto alisava suas roupas, que estavam levemente amassadas. — Não sei como cheguei aqui, mas preciso voltar rapidamente para a casa de Anne, a menina tem passado muito mal ultimamente. — concluiu amargurado.

Taehyung fitou o amigo, abatido. Realmente, ele havia esquecido-se de Timotheo.

— Jiminie, como posso te explicar isso? — Tae jogou a pergunta no ar enquanto se aproximava do anjo de cabelos pretos. — Anne, sua protegida, ela... — o ruivo suspirou fundo, encarou os orbes negros do amigo e comprimiu os lábios. Sentia-se tão cabisbaixo. — Ela faleceu.

— O quê? — Jimin exclamou descrente.

— O Mestre sabia que ela viria a falecer e que você ficaria num estado de tristeza descomunal, por isso ele te trouxe para longe dela. — Taehyung mentiu, sentindo a culpa pelo pecado cometido lhe invadir no mesmo instante.

— Isso não tem nexo, Taehyung! — Jimin rebateu exaltado. — Por que o Mestre me traria para longe dela se é minha função estar lá para dar o apoio que ela precisava?

— Não sei. — o ruivo sussurrou. Sabia que estava errando ao mentir para o amigo, mas contar-lhe toda a verdade agora não lhe faria bem algum, ainda mais depois de tudo que havia acontecido. Por enquanto, preferia omitir os fatos. — Se eu fosse você, iria em busca do próximo protegido, Jiminie. Sabe que não podemos perder tempo. — desconversou.

— Eu sei, mas ainda acho que tem algo de errado nessa história. — o moreno falou pensativo. — Mas você está certo, preciso ir falar com o Mestre para saber quem devo proteger.

— Não! — Taehyung gritou, impedindo que o amigo se afastasse. Sabia que talvez pudesse se arrepender do que faria a seguir, mas as coisas que Jimin lhe disse, minutos antes de perder a memória, fizeram-no refletir. O moreno merecia uma segunda chance, merecia que os acontecimentos tivessem um destino diferente dessa vez. — Eu sei quem é. Espere um minuto, acho que tenho uma foto dele aqui comigo. — Tae vasculhou os bolsos do seu casaco, em procura da foto que havia pegado antes de vir até à floresta, encontrar o amigo. — Aqui.

— Por que você tem uma foto dele? — Jimin perguntou confuso, enquanto pegava a foto que o anjo lhe estendia. — Mora aqui por perto?

— Sim, mora nessa mesma cidade. Você achará facilmente. — respondeu com um pequeno sorriso no rosto. — E peguei a foto só para que facilitasse sua procura, já que o laço entre vocês ainda não está formado.

— Entendi. — Jimin murmura enquanto admirava a foto. Um homem idoso estava sentado numa cama, com sua costa apoiada na cabeceira, sorrindo alegremente enquanto era abraçado por outro homem mais jovem e bonito ao seu lado, que sorria também. Apesar da nítida diferença de idade entre eles, Jimin conseguia ver inúmeros traços semelhantes nos dois. — Qual deles devo cuidar?

— O mais jovem. Seu nome é Jungkook. — Taehyung respondeu, com um pequeno sorriso nos lábios. — Agora preciso ir, Jiminnie, tenho que cuidar do meu pequeno protegido. Boa sorte, amigo.

— Obrigado. — respondeu sem tirar os olhos da fotografia. Sentia uma sensação estranha na boca do estômago. O tal de Jungkook lhe era familiar. Jimin tinha certeza absoluta que já o vira em algum momento de sua existência.

Quando Jimin levantou a cabeça, o amigo já havia ido embora. Ele então apenas deu de ombros e começou a caminhar na direção que sentia ser a correta.

Após alguns passos, olhou novamente a foto que segurava, percebendo que havia algo escrito atrás da mesma. Parou por um instante, para admirar a caligrafia um tanto desleixada.


“Jeon Jungkook, meu primeiro bisneto, veio me fazer uma visita hoje. Sinto como se fosse ontem o dia no qual segurei ele pela primeira vez nos braços, e então, tão velozmente, ele se tornou um rapaz grande, forte e bonito, no auge dos seus vinte anos. O tempo passa rápido demais...

Ass: Timotheo”


Jimin estreitou os olhos, completamente confuso. Sentiu aquele incômodo estranho na boca do estômago novamente. Não entendia o que estava acontecendo, mas tinha a sensação de que estava esquecendo-se de algo.

Algo muito importante.

24 de Agosto de 2018 às 21:28 2 Denunciar Insira Seguir história
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Sabrina Andrade Sabrina Andrade
Olá, eu sou a consultora Sabrina. E trabalho para uma plataforma de livros digitais. Gostei bastante da sua história. Se estiver interessada/o em saber mais, entre em contato comigo através do WhatsApp: +55 (92) 98475-9876
February 10, 2024, 10:39
Liza Liza
Gostei muuuito do capitulo amg❤ vou recomendar a história pros meus amigos pq essa obra tem que ser lida
June 09, 2021, 13:32
~

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