As ruas estavam lotadas de barracas, o cheiro de comida preenchia o ar provocando sorrisos e roncos nas barrigas. Luzes se penduravam entre os galhos das árvores, evidenciando o tom róseo das flores e o seu movimento suave. No céu, as estrelas cintilavam e a lua se encontrava brilhante e enorme, acrescentando uma visão a mais para o já animado evento. Caminhando entre as barracas com a mão bem firme na mãe, Biwako, se encontrava o pequeno Asuma. Sua cabeça se movia os olhos analisando tudo que entrava em seu campo de visão: pessoas, jogos, comidas, brinquedos e os doces. Era o seu primeiro festival e ele estava ansioso para experimentar de tudo e um pouco acanhado por toda a aquela multidão sorridente e suas roupas alegres.
- Mamãe, quero um pirulito. - Pediu ao ver o enorme doce exposto em uma das barracas.
- Ah, Asuma, o que eu faço com você? - A mãe sorriu de forma carinhosa e o puxou até um parquinho onde diversas outras crianças brincavam. - Eu vou comprar, então me espere e não saia daqui.
Assentiu obediente, entrando no local e observando a mãe se afastar. Correu os olhos pelo parquinho montado, vendo dois garotos em uma gangorra parecendo discutir sobre algo. O de cabelos brancos que usava uma máscara cobrindo a metade inferior da face disse para o de cabelos negros usando chamativas roupas verdes:
- Gai, você não pode se disparar para o céu usando a gangorra.
- Claro que eu posso! – O outro teimava, apontando para o brinquedo com energia. - Não seja bobo, Kakashi, basta você pular na outra ponta!
Asuma achou que era uma ideia bastante perigosa e se afastou dos dois, indo em direção ao balanço onde uma garota de cabelos negros e vestido vermelho parecia se balançar sozinha. Aproximou-se e ela ergueu os olhos, grudando os orbes vermelhos em si e quase o fazendo mudar de direção. Tinha plena certeza que ela não estava nem um pouco feliz, parecia prestes a bater no próximo que se aproximasse, e quase pensou que fosse melhor deixá-la sozinha. Imediatamente as palavras que seu pai dissera ao discursar em suas campanhas - sobre todos fazerem parte de um só ciclo e cujo dever de todas as pessoas ser estar lá umas para as outras - se acenderam em seu cérebro e ele retomou a coragem, sentando no balanço ao lado do dela.
- Se importa se eu ficar aqui?
- Você já sentou mesmo, não foi? - Ela desviou os olhos dele e baixou-os para os próprios pés. As palavras quase o fizeram desistir, mas algo, talvez sua teimosia, lhe dizia para continuar.
- Porque está triste?
- Não é da sua conta.
- É porque está sozinha? - Ele insistiu. - Eles estão se divertindo juntos, podíamos ir brincar também.
- Eles são duas crianças. - Ela torceu o nariz.
- E você também é. - Asuma rebateu.
- Verdade. - Ela admitiu a contragosto. - Mas eu já sou uma mocinha crescida. -Completou. - É o que o meu pai fala. Que eu sou uma mocinha crescida e que não devia ficar brincando por aí.
- Isso é bobagem! Todas as crianças, crescidas ou não, tem direito de brincar. - Ele fez uma pausa, usando os pés para dar impulso. - É por isso que você está triste?
Ela hesitou um pouco, mas acabou assentindo. Asuma enfiou os calcanhares na areia e parou o balanço de uma vez, pulando para fora do assento.
- Venha! - E ficou à frente dela puxando-a pela mão. - Seu pai está errado, vamos brincar! - Arrastou-a até onde os outros dois garotos ainda conversavam.
- Oi! O que vocês estão fazendo?
O de cabelos brancos, Kakashi, olhou os recém-chegados em busca de apoio.
- Estou tentando convencer esse idiota de que ele não pode chegar até a lua sendo lançado da gangorra.
- Ele tem razão. – Asuma concordou.
- E quem é você?
- Eu sou Asuma e essa é...
- Kurenai. - Ela os encarou como se os desafiasse a mandá-la sair.
- Por que não fazemos outra coisa?
- Tipo o que?
O silencio preencheu o ambiente enquanto eles buscavam por ideias e foi nesse exato momento que a mãe de Asuma se aproximou, trazendo consigo quatro pirulitos coloridos. Havia ouvido a conversa e tivera uma grande ideia.
- Podíamos montar uma peça para animar o festival! - O entusiasmo era perceptível em sua voz. - Algo clássico, um príncipe salvando uma princesa. – Continuou enquanto distribuía os doces.
- E um monstro! - Gai exclamou animado. - Um monstro com muito vigor! – A mulher riu ao ouvir o modo dele falar e assentiu.
– Isso mesmo!
As exclamações sem vontade dos demais foram abafadas, suprimidas pelo entusiasmo de Gai por querer ser o monstro a enfrentar o herói. Logo os papeis haviam sidos decididos e Biwako os reuniu para contar a história curta que iram encenar. Kurenai a contragosto subiu no trepa-trepa e tentou interpretar uma princesa presa na torre. Gai e Kakashi dividiram uma fantasia de dragão, emprestada por uma das barracas de máscaras e Asuma fora escolhido como príncipe e armado com uma espada brilhante que piscava e um tecido vermelho que foi amarrado em seus ombros. As pessoas se aproximavam para ver a organização e riam do andar do dragão que saltitava e balançava a cabeça entusiasticamente, enquanto a cauda parecia tropeçar, arrastada pela parte posterior. Assim que todos estavam caracterizados, colocaram-se em seus lugares e ela voltou-se para o público, sorrindo e falando como um mestre de cerimônias:
- Senhora e senhores, todos aqueles que vieram assistir. Eu a as crianças temos a honra de apresentar: A princesa e o dragão. - Todos bateram palmas, educadamente. - Em um lugar muito distante, uma bela princesa se encontrava presa em uma torre guardada por um poderoso dragão. - Gai tentou rugir como tal, mas o som acabou saindo mais como o rugido de um gatinho. - Um dia, um jovem príncipe sabendo dessa condição, tomou a decisão de libertar essa princesa de sua prisão tão cruel. - Asuma caminhou sobre a caixa de areia e ficou cara a cara com o dragão fantasiado. Puxou a espada e levantou-a no alto, ouvindo as risadas e exclamações vindas das pessoas que paravam para ver. - Ele enfrentou o feroz dragão com sua espada brilhante e por fim o derrotou.
Asuma tentou passar por Gai e Kakashi, mas os outros dois não pareciam querer perder. Trabalharam juntos para se interpor em seu caminho até que, depois de ser obrigado a fazer cosquinha na barriga do dragão para derrubá-lo, ele pôde finalmente passar. Porém, Gai se recuperou rápido da crise de risos e tentou atacá-lo mais uma vez por trás. Kurenai saltou do seu lugar no trepa-trepa, caindo em cima da cauda da fantasia e fazendo os dois que estavam dentro da roupa tropeçarem e caírem.
A mãe de Asuma continuou a narrar, sem conseguir evitar o sorriso que tomava seu rosto.
- Então, a bela princesa ajudou o valente príncipe a derrotar o dragão e saiu de sua prisão, viajando de volta para o seu reino de nascença. Grato pelo resgate de sua filha, o rei concedeu sua mão em casamento. - Asuma levou a mão ao bolso, olhou o anel de plástico que acompanhava seu pirulito como brinde, e, sentindo o rosto esquentar, colocou o no dedo de Kurenai. Um coro de “Ownnnn...” subiu da plateia. – E assim, eles se casaram e viveram felizes para sempre!
Para sua surpresa, Kurenai se inclinou e o beijou na boceja. Ele a encarou, surpreso e envergonhado, mas bastante feliz, e fico satisfeito ao ver que ela ria. Os aplausos se fizeram ouvir e eles ajudaram Kakashi e Gai a saírem da fantasia para agradecer também. Após a multidão se dispersar, os quatro se despediram e os dois garotos voltaram a gangorra e a antiga discursão.
- Obrigada. Foi muito divertido. - Kurenai agradeceu, girando o anel em seu dedo.
- Eu disse que ia ser. – Asuma falou com confiança, embora ainda estivesse envergonhado. - Um dia vou te dar um anel melhor do que esse.
Ela o olhou surpresa, mas logo sorriu, satisfeita.
- Vou estar esperando esse dia.
Sua mãe o chamou, tendo acabado de conversar com as pessoas que a cercavam, e eles se despediram, carregando essa promessa em seus corações.
- Como foi seu primeiro festival? - A mãe perguntou a caminho de casa, vendo o sorriso de felicidade estampado no rosto do filho.
- Não podia ter sido melhor!
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