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Vamos a batalha


A muito havia escurecido e nada do outro carro aparecer. Pelo o que conhecia de Bokuto, não conseguia imaginá-lo fugindo de um desafio, seja ele qual fosse, então qual seria o motivo de ele e sua gangue não terem chegado ainda?

Quanto mais as horas avançavam, mais o local ficava deserto, e isso era ótimo, visto que ninguém poderia testemunhar aquela guerra de facções. Não se a pessoa quisesse continuar viva, claro.

Tentou evitar de todas as formas aquele confronto, porém, quando lançaram o desafio, Kuroo, como o líder, não pode impedir. E agora estava ali, acariciando com muita ansiedade a arma que usaria nessa guerra. Oh, e como estava doido para que tal evento começasse! Tanto que seus olhos negros jamais deixavam de encarar o redor.

Bokuto e ele eram amigos de longa data, mas, infelizmente, escolheram grupos diferentes. Por tanto, não houve escapatória, teriam que atingir um ao outro buscando ser o vencedor da temerosa batalha.

Era uma pena, sim, contudo Kuroo gostava da guerra que estavam travando. Ali, dentro daquele carro, estavam seus melhores homens; Lev foi o motorista da vez, e só sairia do carro caso Kuroo precisasse de reforço, ao lado dele estava Yaku, que mesmo sendo baixinho era bastante experiente naquele tipo de batalha, e, por fim, Tsukishima, que precisou escolher entre ficar ao lado do namorado ou apoiar o amigo – mas, obviamente, ele escolheu Kuroo, e não poderia ser o contrário quando já estavam juntos a mais de dois anos. Ainda estava chateado por Kenma ter se escondido para fugir de si, como poderia batalhar sem seu melhor amigo? Contudo, não poderia deixar de ir só porque ele não quis participar.

Um carro derrapou no início da quadra e logo parou de frente para o seu, porém ninguém saiu. Eles aceleraram sem sair do lugar, gesto esse que Kuroo tomou como uma provocação para que ele saísse do carro e iniciasse a disputa. Sorriu torto, completamente convencido que a sua munição era mais pesada, e que seus homens eram mais fortes. Olhou para o retrovisor encontrando os olhos castanhos de Yaku o encarando de volta, com uma firmeza significativa. O sorriso de Kuroo abriu ainda mais, procurando pelo namorado, que encarava a janela, os headphones no ouvido, com cara de paisagem – nem parecia que ele estava prestes a entrar em uma guerra... esse era seu garoto!

— O que me diz, Tsukki? Devemos começar?

Tsukishima suspirou. Kuroo não se surpreendeu, pois praticamente o arrastara até ali, e ele andou a semana toda irritadiço; mas isso se deve ao fato da sua disputa infantil com Bokuto sobre de que lado Kei ficaria.

— Patético.

E foi tudo o que ele disse. Kuroo ainda esperou mais um pouco, mas Kei continuou calado olhando para frente com tédio. Dando de ombros, Tetsurou fez sinal para que os dois o acompanhasse.

Assim que ele saiu do carro, Bokuto também saiu do seu. Koutarou fez a mesma estratégia de deixar o motorista como um recurso de emergência – isso que dava brigar com o melhor amigo! – mas Kuroo não deixou que algo assim o abatesse.

— Olha só se não é o gato escaldado. — Bokuto riu zombeteiro, chacoteando o, temporariamente, inimigo com o apelido bobo de infância.

— Há, muito engraçado — Kuroo disse com o nariz em pé, — Que tal eu calar esse seu bico de coruja velha? — Ameaçou com o sorriso maldoso.

Ambos trocaram olhares afiados, se provocando mutuamente através de caretas e risinhos sarcásticos. Tsukishima resmungou, querendo acabar logo com a briga idiota. Com as armas em mãos, todos se prepararam para atacar. Um silêncio pesado pairou sobre os grupos rivais, os corpos retesados pela adrenalina que começava a percorrer suas veias, ninguém nem ao menos piscava, esperando para ver quem iria dar o primeiro golpe.

E, então, Bokuto começou a guerra ao levantar o travesseiro em uma altura acima de sua cabeça, logo então descendo-o com toda sua força, acertando em cheio o cabelo muito bem cuidado de Tetsurou – e consequentemente sua cabeça.

Kuroo ficou um pouco tonto, mas não deixou por menos, rodando o travesseiro com força e tacando ele nas costelas de Koutarou. Tsukishima, inteligente como sempre, pegou dois travesseiro para acertar tanto Hinata quanto Akaashi; que faziam parte do grupo do Bokuto.

— Tsukishima seu maldito! — Hinata esbravejou, seu nariz vermelho pela força que o travesseiro o atingiu.

— Ah, Hinata, você também está aqui? — Kei perguntou sarcástico. — Eu nem te vi aí.

Tsukishima riu do olhar furioso que Shouyou jogou em si, realmente é muito bom acertar aquele idiota com toda sua força. Akaashi não disse nada, mas sua cara denunciou o quanto ele estava irritado (maldito Bokuto que sempre o arrastava para aquelas guerrinhas estúpidas).

— Boa, Tsukki!

A comemoração não veio do Kuroo, como esperado, e sim do Bokuto. Tsukishima o encarou sem entender, mas desistiu de perguntar: Algumas pessoas simplesmente não fazem sentido.

De repente a guerra perdeu seu propósito e agora era cada um por si. Eram travesseiros para todo lado, e alguns jaziam no chão esquecidos. Kuroo teve seu brinco da orelha direita arrancado, cuspiu algumas plumas, e até seu casaco estava jogado por aí. Lev saiu do carro e se enfiou na brincadeira, e Kageyama, que foi arrastado por Hinata, não resistiu a vontade de se juntar a eles.

A briga de travesseiros foi generalizada, e Tsukishima nem via mais quem ou o que acertava. Além de toda a confusão, seu óculos caiu em algum momento e agora ele quase não enxergava. Kuroo parou de atacar para salvar o namorado; que tropeçou em um dos travesseiros e caiu no chão.
Bokuto riu,

— Hey hey hey, Tsukki caiu.

— Amor, você tá bem? — Kuroo perguntou.

Ele estava mesmo preocupado, e examinou minuciosamente seu rosto. Toda a atenção recebida dos olhos escuros fez com que Tsukishima corasse, amava quando Kuroo agia assim, mas jamais admitiria esse fato vergonhoso.

— Estou bem sim, só preciso achar meu óculos.

Tetsurou sorriu aliviado e o ajudou a levantar, o óculos dele não estava longe, por isso logo Kuroo o devolveu pro dono. Olhando ao redor o casal pode perceber que a guerra teve fim, e como Tsukishima previu, não havia vencedores.

Todos estavam uma bagunça: Cabelos desgrenhados, roupas amarrotadas, algumas áreas dos rostos bem vermelhas, mas, o que mais se destacava, eram os sorrisos abertos e cheios de dentes.

— Sim, sim. — Bokuto disse acenando positivamente com a cabeça, — Foi a melhor guerra de travesseiros de todas! Hey hey hey.

E saiu andando como um pato para o carro, muito satisfeito com a brincadeira boba. Akaashi ainda o olhou sem expressão, mas suspirou seguindo o passos do namorado. Hinata e Kageyama os seguiu; ambos trocando socos e insultos, mesmo que todos ali soubessem que iriam se beijar o resto da noite toda.

— Kuroo-san, que ideia incrível!

Lev ainda estava frenético e isso provavelmente se devia ao fato de que ele só entrou na guerra quando a confusão estava armada. Yaku riu, se divertindo muito com a animação infantil do namorado.

— Nah, — Kuroo desdenhou. — A gente faz isso desde a época da escola.

Seu desinteresse não desanimou Haiba, que simplesmente continuou comentando com afobação tudo que fez para o namorado; e isso perdurou, mesmo quando todos já estavam no carro seguindo para casa.

Mesmo com o falatório do mais alto, Kuroo não ficou irritado. Não... ele tinha coisa melhor pra fazer, como por exemplo, beijar muito o namorado que fazia um bico chateado por ter caído de forma tão ridícula no meio de todos.

Os encontros em família sempre traziam muita alegria a Kuroo. E era isso que todos aqueles idiotas eram: Família.

8 de Julho de 2018 às 17:24 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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Emily C Souza Não posso dizer que sou tudo aquilo que escrevo, mas tudo aquilo que escrevo tem um pedacinho de mim

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