boaswain uanine oliveira

O Intercolegial de Basquete ainda nem tinha começado e já sabiam que o Bangtan iria perder. O melhor jogador estava viajando e, sem ele, o time tinha poucas chances de ganhar. Entretanto, decidida a ajudar o namorado, Kim Taehyung, e a escola necessitada de recursos financeiros, Yoonji, a capitã das líderes de torcida, decide se vestir de menino para poder entrar no time e disputar pelo prêmio. Talvez com Min Yoongi, o Bangtan consiga levar o troféu de vencedor para casa.


Fanfiction Bandas/Cantores Impróprio para crianças menores de 13 anos.

#basquete #taegi #líder-de-torcida #bangtan-boys #comédia #bts #feminismo
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Mais que amigos, friends

O Intercolegial de Basquete ainda nem tinha começado e já sabiam que o Bangtan iria perder. O melhor jogador estava viajando e, sem ele, o time tinha poucas chances de ganhar. Entretanto, decidida a ajudar o namorado, Kim Taehyung, e a escola necessitada de recursos financeiros , Yoonji, a capitã das líderes de torcida, decide se vestir de menino para poder entrar no time e disputar pelo prêmio. Talvez com Min Yoongi, o Bangtan consiga levar o troféu de vencedor para casa.

Yoonji nunca foi aquele tipo de garota a qual se aplica uma teoria; com ela, as coisas eram imprevisíveis. Entrou no ensino médio com jeans rasgados, cabelo curto e lápis de olho, tirando notas boas em Inglês e Física. Ninguém previu que aquela menina fosse se tornar líder de torcida, muito menos a capitã, mas foi exatamente isso que ela fez. Queria viajar para Seul com o time de basquete, os pais a iludiram as férias inteiras com a promessa de que pagariam a viagem se a menina se esforçasse nos testes para entrar na Daegu Jeil High School, mesmo depois de Yoonji se mostrar capaz, os pais não a deram a tão sonhada viagem. Decidida e determinada, a menina se inscreveu para a torcida, deu umas cambalhotas e piruetas para impressionar a professora de Educação Física e entrou para o time de líderes de torcida, pouco tempo depois, recebendo o título de capitã pela maneira como concentrava suas colegas e as mantinha focadas.

Mais incrível ainda era que ninguém achava que Yoonji iria namorar alguém antes da faculdade — a menina não era dessas de priorizar relacionamentos; ela ia para casa, depois da aula, e voltava com a mochila cheia de novos sonhos para realizar ao longo do dia, não tinha tempo para desejar arrumar um namorado, mas arrumou. Ainda, haviam garotos de todos os tipos interessados nela, os estudiosos, os atletas, os humoristas e os radicais, mas a menina foi acabar logo com Kim Taehyung, que não tinha um “clube”, ou só pertencia ao clube Kim Taehyung mesmo. Foi por causa de um problema com os autofalantes da escola que os dois se conheceram: o menino era alto e a Min sabia como consertar a fiação. Inegável era que os dois formavam um belo casal — ele equilibrando batatas fritas na ponta do nariz e ela montando o papel nas laterais do lápis para que pudesse fazer o objeto voar como um avião.

Verdade era que a característica mais marcante nos dois era sua flexibilidade, quer dizer, ser líder de torcida nunca tornou Yoonji menos inteligente ou mais atirada, ela não passou a gostar de rosa após isso, e Taehyung, lateral do time de basquete, nunca fez piadas diferentes das piadas horríveis que ele já fazia ou humilhou pessoas sem motivo aparente; e juntos, os dois até que conseguiram passar uma mensagem bonita para os outros alunos que se conscientizaram um pouco sobre personalidade, aparência e caráter.

No entanto, havia algo que as pessoas ainda tinham na cabeça — meninas são líderes de torcida, meninos jogam basquete. Isso estava prestes a mudar.

Estavam todos na arquibancada, observando Taehyung treinar, e por todos, quero dizer os cinco melhores amigos do jogador e a sua namorada. Ali era onde costumavam desperdiçar tempo e conversar sobre tudo, era uma diversidade de pensamentos. Seokjin, o mais velho, era do clube de culinária; Hoseok fazia parte do teatro, Jungkook era da banda, Jimin era o monitor do clube de canto e Namjoon... Namjoon passava os deveres. O seu caderno estava aberto enquanto Hoseok copiava a atividade de Biologia, aliás.

— Até minha avó morta joga melhor do que você — Yoonji gritou, atiçando o namorado.

— Também amo você — Taehyung gritou de volta, errando a cesta.

Fazia um tempo desde que os outros observavam ele, no entanto, o Kim parecia um pouco “desajustado”. Yoonji sabia que o namorado era ótimo no basquete, mesmo assim, não era demais. Ela se esticou e encostou a cabeça no ombro de Jimin.

— Acha que eles ganham o torneio? — perguntou.

— O Intercolegial de Basquete? Sem chance — Jungkook se intrometeu, já era até comum. — Você sabe, o Minho está no interior, sem ele, o time não é nada.

Yoonji revirou os olhos; às vezes os garotos só falavam besteira.

— Ai, lá vem o intrometido — chiou para o Jeon que fez um bico de indignação. — Minho não é tudo, temos Taehyung — seus olhos brilharam ao apoiar o corpo para trás, com os ombros nos assentos de cima da arquibancada. Os cabelos do Kim se moviam tão graciosamente enquanto ele brincava com a bola. — Ele é ótimo no que faz.

— Ótimo o suficiente para ganhar o campeonato e trazer o dinheiro necessário para a reposição da orquestra? — o mais novo desafiou.

— Jungkook, você só quer esse dinheiro porque é da orquestra — replicou a menina.

— Noona, na verdade, a orquestra é muito importante para a escola. Como vocês dançariam e animariam o time sem música?

O pior era que o pestinha baixinho do Park Jimin estava certo. Por mais subestimados que os meninos da orquestra fossem, eles eram importantes na escola. Iam aos desfiles, tocavam nos bailes, abriam os torneios, até mesmo nas reuniões de pais eles se apresentavam.

— Você só está defendendo seu namorado — disse, fazendo os dois menores se envergonharem, mas apenas fazia aquilo parar tirar a ideia do time perder. — Confiem no Tae.

— Acabou de dizer que sua falecida avó era melhor de ele — Seokjin apontou.

— Ironia, Jin oppa — falou pausadamente. — Meu namorado é muito melhor do que Minho, tenho certeza.

Ao ouvir o suspiro de Namjoon, todos viraram-se para o loiro, fechando o caderno e afastando Hoseok de si com um empurrão. Ele mirava Taehyung com uma face pensativa.

— Ele deve ser ótimo cozinhando, ou equilibrando uma vassoura no nariz, ou bocejando na mesma linha de telefone que a sua, na madrugada, mas Taehyung não é tão bom assim no basquete, noona — disse ele.

Ela teria que concordar — Taehyung cumpria excelentemente bem seu papel de ala, era sempre super prestativo e animado nos jogos, todos gostavam dele, mas ele não era Minho e não podia salvar o time. Isso todos sabiam, até mesmo o próprio Kim, por isso estava se esforçando mais para conseguir suprir a falta do capitão. Convidava bastante a namorada para que essa passasse um tempo na casa dele, observando-o treinar e vendo o que ele precisava melhorar. É que Yoonji também sabia jogar basquete, mas o colégio só tinha um time masculino e por isso não pôde se inscrever.

— É uma pena que você não possa participar do time, noona — Hoseok adicionou, prendendo o lápis atrás da orelha. Yoonji riu. O melhor amigo era um bobão. — Aposto que se estivesse vestida de garoto, faria o time ganhar o campeonato.

Como se tivessem escutado uma alta explosão, Yoonji e Jimin se levantaram ao mesmo tempo, olhando um para o outro e, rapidamente, compreendendo o pensamento que compartilhavam. Por mais louco e imprudente que fosse, era uma ideia vibrante! Arriscada, sim, e ainda mais perigosa, mas se Yoonji não era uma mistura disso tudo, ela não sabia o que era.

Seria o veredito para Taeji — o nome fofo que Seokjin tinha dado ao casal: ou Taehyung era tão louco quanto a namorada ou ele não aguentava o furacão que Min Yoonji era.



A poção escorregou pelos longos dedos de Taehyung e ardeu em sua pele, fazendo o garoto remexer-se enquanto a namorada jogava água sobre a solução rosa aquosa sobre sua tez. Yoonji rolou os olhos e cutucou o namorado com o braço, roubando dele uma exclamação de dor.

— Não dá chilique! — a menina sussurrou, furiosa.

— Você quer se travestir, como eu não iria dar um chilique? — resmungou.

— Fale mais baixo, porra!

— Não fala palavrão, caralho — Taehyung sussurrou rouco, engasgando logo depois e precisando de umas batidinhas nas costas para se recuperar. — Isso é loucura, Yoon.

Por um momento, a garota apenas ignorou a frustração do namorado e se concentrou na formula química que tinham que recriar, fazendo o líquido tomar uma cor azulada e encher de bolhinhas.

— Não é que eu não tenha confiança em você — ela começou, aquilo exigia muito de sua paciência. — Eu sei que você é um ótimo jogador e dá tudo o que pode pelo time, mas agora é por um propósito maior. É o nosso último ano na escola e o Bangtan nunca ganhou nenhum troféu, além do que nunca vamos ter uma festa de formatura bonita se os instrumentos não estiverem renovados. Amor, eu pratico basquete desde pequena, você sabe que eu sou boa.

— Claro que eu sei — resmungou. — Mil ou milhões de vezes melhor do que eu — disse simplesmente, fazendo a menina corar e reprimir um risinho de orgulho. — Mas não dá pra te colocar no time, noona.

— Taehyung, você é idiota, é? — Yoonji se estressou com a lerdeza do namorado, parando o que estava fazendo para prender a atenção do mais novo. — Eu me visto de garoto e você sai do time. Nós podemos... Fingir que você quebrou o braço, colocamos gesso e tudo, e você diz que eu sou Min Yoongi, o irmão gêmeo da sua namorada e me coloca como seu substituto — terminou da forma mais rude possível.

O Kim fechou a cara em uma carranca que parecia ameaçadora mas era, na verdade, muito fofa ao olhar da namorada que se derreteu toda por dentro, porque por fora (temer) ela tinha que ficar impassível, era a madura da relação já que Taehyung era um neném de dois aninhos. Como uma criança birrenta, o mais novo tinha decidido ignorar sua noona por isso não respondeu nada, mas isso não era o pior, ele também não fez nada, ficou apernas olhando Yoonji manejar os instrumentos e elementos do experimento.

— Amor...

Contrariado, Taehyung desviou o olhar, observando a dupla ao lado deles. Era uma loucura — Yoonji se vestir de menino? Às vésperas do jogo? É claro que era a ideia mais radical, maneira e eletrizante que ele já tinha ouvido na vida (e olha que a própria Yoonji era cheia de ideias perigosas como essa!), mas mudava um pouco a cabeça quando envolvia a namorada. E se desse errado? E se expulsassem ela da escola? Iria se culpar por ter permitido essa loucura, apesar de saber que a única chance que o time tinha de ganhar era com ela na liderança.

— Faltam duas semanas para o campeonato, noona, como vamos conseguir?

— Vamos dar um jeito.

— Só para confirmar: você sabe que essa é a maior loucura que já fizemos em todo o ensino médio — anunciou o mais novo, sério.

— Não é não — a garota lhe mostrou um sorriso malicioso que o fez corar só de lembrar do que ela estava se referindo. Respirou fundo. Namorar Min Yoonji era difícil, difícil bom. — Taehyung, eu te amo, mas a escola precisa do dinheiro.

Impressionado, Taehyung se voltou para a baixinha com os olhos esbugalhados e a boca aberta.

— Você me ama?

— Ah, pelos Deuses, você é um idiota — ela resmungou, revirando os olhos. — Mas aceita meu plano ou não? Eu estava pensando que eu podia treinar com você nos finais de semana e acabar, não sei, dormindo na sua casa. O que acha?

— Noona, esse é o plano mais incrível do mundo, claro que eu topo.

Garotos... Tão facilmente iludidos pela ideia de sexo, mal sabia o Kim que a namorada iria estar menstruada na próxima semana, sem brincadeirinhas íntimas para ele.



Hoseok, monitor do professor de Artes, fez um gesso falso lindo de bonito para o melhor amigo, Taehyung ficou extremamente sexy aos olhos de Yoonji com aquele adereço na perna, o rapaz já era naturalmente bonito, mas haviam coisas que acentuavam sua beleza — bandanas, maquiagem e, agora, o gesso. Foi um processo nada complicado para que Yoonji virasse Yoongi, as roupas de Jimin cabiam em si perfeitamente, e sua mãe lhe comprara uma peruca achando que era para a peça da escola, mal sabia ela que Yoonji odiava teatro. Nos treinos do basquete, enquanto treinava as líderes de torcida, a garota procurava prestar mais atenção nos movimentos dos jogadores para poder saber como cada um deles se comportava, mas era difícil se Kyungwon não conseguia seguir a ordem simples da torcida.

Não era tão difícil assim rebolar a bunda e levantar os pompons ao mesmo tempo, era?

Yoonji sabia exatamente o que faria quando o grande dia chegasse — havia passado noite e noites negando os beijos do namorado para estudar as táticas do time adversário, ela traria o troféu para a escola e renovaria os instrumentos e seria a heroína da história. Taehyung ainda estava incerto disso, um dia antes, quando colocou o gesso, tentou fazer a trupe dos melhores amigos plus a namorada mudar de ideia, mas não deu nada certo. Um dos defeitos/qualidades da baixinha era sua determinação e quando ele colocava uma ideia na cabeça era difícil fazer com que ela desistisse.

Quando Tae apareceu com a perna engessada no último treino, todos xingaram muito ele até perceberem que aquilo era horrível; Yoonji se meteu e obrigou todos os meninos a pedirem desculpas ao namorado — além de líder de torcida, era também líder dos marmanjos do basquete. Naquela mesma noite, levou o Kim para dormir consigo, depois de explicar ao time que o substituto era seu irmão gêmeo e que o ônibus deveria passar na casa dela e não na de Taehyung. Parecia que tudo daria certo.

A mais velha estava cantando uma música bem baixinho para ver se o namorado dormia logo, mas, como era perceptível, um dia antes, nenhum dos dois conseguia acalmar os nervos.

— Tem certeza? — Taehyung perguntou pela centésima vez.

— Neo oneul wae irae wae irae seolleige, pyeongsorang dareun geot gateunde, oneulttara deo yeppeo boine — cantou no pé do ouvido do maior, arrepiando-o e sorrindo com a resposta. — Eu vou te odiar para sempre se me impedir de tentar.

Taehyung mordeu o lado interior de sua bochecha, trazendo Yoonji para ainda mais perto de si. O perfume da morena o deixava confortável. Não era só porque eram namorados que eram íntimos, eram íntimos porque eram melhores amigos, porque a bobagem de Taehyung e a incrível frieza misturada com fofura de Yoonji os fazia especialmente shippáveis e um OTP e tanto. A mãe da Min não podia nem sonhar que o namorado não estava dormindo no quarto de hóspedes, até porque ninguém além deles dois sabia das coisas que faziam sozinhos. A morena gostava de passar os dedos, entretida, nos músculos do namorado e de fazer cócegas discretas na barriguinha dele, gostava de mordê-lo de repente apenas para ver sua careta fofa de dor; já o Kim adorava abraçar a sua noona com todo o seu corpo, a impedindo de se mexer, e de mexer no cabelo dela até que este ficasse todo emaranhado.

— E houve alguém corajoso o suficiente para impedir Min Yoonji de fazer alguma coisa, algum dia?

— Resposta inteligente — a menina riu, esticando-se para alcançar um doce no criado-mudo mesmo que já tivesse escovado os dentes. — Nem parece meu namorado falando.

O garoto roubou o doce da boca da namorada, engolindo tudo de uma vez só e entrelaçando os dedos nos dela antes que ela protestasse.

— Continua cantando, Yoonji-yah — pediu, de boca cheia.

— Sabe o que tem que fazer amanhã de manhã? Sair às seis...

— E comprar absorventes OB, ajeitar suas roupas, fazer o café da manhã, ligar para sua mãe fingindo ser um paciente dela, então só depois disso, muito tranquilamente, te acordar, te dar banho, te alimentar, te vestir e te deixar no ônibus em segurança — Taehyung completou, suspirando ao final.

— Bom saeng — a menina sorriu, deixando um beijinho na ponta do nariz do Kim, e então cobrindo-se até abaixo dos olhos com as cobertas para poder fazer a bagunça de nós com as pernas que eles costumavam fazer antes de dormir. Taehyung chegou sufocando a morena com seus braços e apertando-a contra seu peito, mas Yoonji adorava. — Jigeumin geot gata bunwigi gwaenchanha, dulbakke eopjanha nege ip matchugo sipeo.



— Que horas são?

Taehyung revirou os olhos, Yoonji era muito rabugenta ao acordar, ele sacudiu-a mais um pouco, desta vez conseguindo fazer a pequena abrir os olhinhos, ainda que sonolenta, se espreguiçando e quase derrubando o copo de leite que o namorado tinha colocado no criado-mudo. Taehyung segurou o copo e suspirou quando a Min já estava sentada na cama.

— Eu trouxe flores — ele sorriu, estendendo um buquê de margaridas.

— Tá me achando com cara de abelha? — ela resmungou, chutando as cobertas para longe e passando direto pelo namorado. — Onde está minha mãe? Já arrumou minhas roupas? Esse copo de leite é meu café da manhã? — começou a reclamar, andando desajeitada pelo quarto. Bebeu tudo em um gole só. — Era.

— Chata — Taehyung murmurou.

— O que disse? — Yoonji virou-se, devagar, ao ouvir a ofensa. Segurou ele pelo queixo e começou a esfregar os cabelos no rosto do menino, sabia como ele odiava isso. — Retire o que disse, Kim.

— Grr, noona!

Com muito esforço, Taehyung conseguiu afastar Yoonji de si, ela era extremamente instável pela manhã, parecia o filho de um zumbi alcóolatra com um fantasma perneta, tinha que esperar o efeito “acordar” passar depois de alguns minutos para se aventurar em um diálogo normal.

— “Obrigada, Taehyung, você é o melhor namorado do mundo” — resmungou, levantando-se para voltar com a bandeja com biscoitos e pô-la sobre a cama. — De nada, Min Yoonji, eu só exerço muito bem minha função de namorado, você poderia tentar fazer isso também uma vez na vida?

— Nossa, mas cê tá bravo? — zombou.

Taehyung revirou os olhos e saiu do quarto, partindo para a cozinha para que então pudesse limpar a bagunça que fizera preparando o café da manhã para a moreninha irritada, foi bom assim porque enquanto o Kim lava a louça e deixava o lixo fora, Yoonji estava trocando de roupa — nem ao menos tomara banho, tinha que ter cheiro de menino. Passou a maquiagem necessária para esconder seus traços femininos e escondeu o cabelo embaixo de uma peruca negra curtinha com uma franja que cobria seus olhos. Sua ansiedade tinha até ajudado já que havia tirado o esmalte na noite passada assim como todos os outros procedimentos que teve o prazer de pular enquanto checava a lista de afazeres. Olhou-se no espelho apenas para constatar sua mais nova obra-prima: Min Yoongi.

— Eu acho que sou gay — Taehyung murmurou, boquiaberto, mirando a namorada dos pés à cabeça, desde os tênis Nike Air Precision, passando pelos shorts largados que iam até seus joelhos, e a camiseta exageradamente larga que usava, com o logo do Bangtan, time de basquete, e jaqueta por cima. — Você fica ainda mais sexy com essas roupas.

— A cada dia você me dá um novo motivo para não terminar com você — a morena engrossou a voz e sorriu com o resultado perfeito obtido, ajustando o cordão do calção.

— Você já foi mais romântica — argumentou o maior, mas se interrompeu, pensativo. — Não, isso é o mais romântica que você consegue ser, na verdade.

Yoonji riu alto, catando a bolsa do chão e colocando-a do lado de Taehyung na cama. Virou-se para o espelho, ajeitando a franja que caía sobre os olhos.

— Eu pareço um garoto?

Após isso houve uma série de gestos bizarros que fez o Kim rir exageradamente, ver a namorada imitando o andar masculino e fazendo aqueles caras e bocas era realmente hilário, ainda mais porque ela realmente estava parecida com um menino.

— Sim, o meu príncipe — o Kim sorriu, beijando os lábios de Yoonji suavemente. — Hoje eu vou ser a líder de torcida. Me dá um B, me dá um E, me dá um I-

— Diota! — Yoonji completou, tapando o rosto do moreno e afastando-o. Mandou uma mensagem para Jimin, que seria o responsável pelas fotos do evento. Ele estava ali para dar suporte a Yoonji já que era o único VIP entre os seis. Jungkook nem ao menos ia ao campeonato, Hoseok ficaria na arquibancada junto de Namjoon e Seokjin estaria na entrada, cuidando dos bilhetes. Taehyung, como ele mesmo dissera, tinha a importante missão de guiar as líderes de torcida sem a namorada presente. Ouviram uma buzina alta e se entreolharam. — Bota o gesso.

Mais rápido do que podiam perceber, Taehyung já estava metendo a perna dentro daquele coiso falso e ajudando a namorada a levar todas as coisas. Deu uma última checada no quarto, não haviam esquecido nada, e então apagou as luzes. Correu antes que Yoonji girasse a maçaneta da porta principal, impedindo-a.

— Eu confio em você, Yoon — murmurou, sorrindo gracioso.

— Promete que vai chegar logo, sem você não dá — a menina deixou o tom grave para depois e fez uma voz manhosa e um biquinho.

— Mais que amigos, friends — o Kim riu, beijando a teste da pequena.

— Friends — ela concordou.

E então era o momento de Min Yoongi. Como se uma música tema soasse ao fundo, o “garoto” fez sua entrada dramática, todos os integrantes do Bangtan estavam com seus rostos grudados no vidro para saber quem era o irmão gêmeo da namorada de Taehyung, e, de primeira, o mesmo pensamento passou pela cabeça deles: “estamos perdidos, esse baixinho só vai atrapalhar”. Yoongi parou após subir as escadas da porta de entrada do ônibus escolar, segurando sua bolsa e sorrindo — ela adorava sentir essa adrenalina no peito.

— Galera, eu vou aparecer por volta das quatro da tarde, só para dar apoio a vocês, vai Bangtan! Esse é Yoongi, irmão da Yoonji-noona, ele vai ser meu substituto.

Yoongi mostrou seu sorriso gengival e acenou muito masculamente; conhecia todos ali muito bem, desde Sehun até Sungchang, por isso não se sentia intimidada, na verdade, estava bem confortável. Seria fácil enganar eles, ganhar a partida e, depois, fazer o tal do Yoongi ir fazer faculdade nos Estados Unidos. Pelo menos era o que ela achava.



Agora estava nervosa, para um caralho. Passara a viagem toda bem acordada, agitada, ansiosa, trocando mensagens com o namorado e os amigos, combinando até os mínimos detalhes para quando a partida começasse. Colocou os fones de ouvido bem alto, afastando qualquer um que quisesse puxar assunto consigo e preferia ficar calada mesmo, não sabia se sua voz ia enganar, mas foi quase impossível quando chegaram lá. Todos os garotos foram ao vestiário e ela ficou lá, na entrada, esperando que Taehyung aparecesse, ou Jimin, para ajudarem ela a se trocar mais privadamente e não na frente de um monte de garotos. Mas nenhum dos dois estava lá.

— Ei, cara, não vai se trocar? — Junmyeon perguntou, se aproximando com os cabelos molhados. — O que está fazendo?

Yoongi arregalou os olhos e limpou a garganta, apontando para o céu.

— É... É uma visão tão inspiradora, me faz pensar no quão pequeno sou diante dessa imensidão — suspirou, não sabendo se aquilo iria colar ou não, mas o maior segurou seu ombro e igualmente a ela, suspirou.

— Como diria Newton, o que sabemos é uma gota em um oceano de conhecimento — disse, sonhador.

— Yoonj-jgi — Jimin chiou com sua voz fina atrás dos dois, atropelando e quase trocando os nomes, mas chamando a atenção deles. — Ainda não se trocou? Junmyeon, por favor, vá até a quadra, precisam de você urgente, é algo com a Momo — disse, fazendo o moreno correr para longe dali, assim que estava fora do campo de visão, Jimin puxou Yoonji pelo braço na direção do vestiário. — Venha, eu vou te ajudar.

— Onde está Taehyung?

— No vestiário das líderes de torcida — respondeu, simplista.

— Ele o quê?

— Você vai entender mais tarde — Jimin explicou. — Até parece que ele não é perdidamente apaixonado por você, né.

A menina corou muito discretamente, aproveitando mentalmente aquela verdade, e deixou que o loiro levantasse sua blusa, entregando-a o uniforme do time logo em seguida. Ajustou a peruca e amarrou o cadarço de seus tênis, de uma forma que Yoonji não precisou fazer nenhum esforço a não ser permanecer paradinha. Depois de Taehyung, Jimin era seu melhor amigo, acima até de Jisoo, seu braço direito com as líderes de torcida. Virou-se, então, para poder usar um daqueles boxes para trocar de absorvente, mas ao procurar o pacotinho rosa na bolsa, nada achou.

— Ah, não — murmurou. — Ah, não.

— O que foi?

— Tae esqueceu de comprar meu absorvente. Eu não posso jogar sem absorvente — gritou histérica.

— Tem papel higiênico — o ruivo deu de ombros, sugestivo.

— Park Jimin!

Ao ouvir o rugido da mais velha, o garoto estremeceu e girou nos calcanhares, correndo para longe dali e gritando “eu já volto”. No momento em que ele deixou o vestiário, uma voz aguda soou abafada contando dez minutos para o começo da partida, e Yoonji se sentia quente e molhada — não de um jeito bom. Roeu as unhas e bateu o pés, esperando o tempo passar, até que o baixinho voltou, suado e agora com uma câmera em mãos, entregando uma caixa rosa pequena nas mãos da menina que correu para dentro do banheiro, graças a deus era a sua marca favorita.

— Vamos? — ele perguntou, afobado.

E quer saber? Foda-se o nervosismo, Yoonji jogava basquete desde o útero de sua mãe, aquilo era moleza pra ela, tinha confiança em si e daria orgulho aos amigos e ao namorado por terem embarcado, mais uma vez, no seu acúmulo de ideias malucas.

— Vamos.



O ginásio estava cheio, todos os alunos da Daegu Jeil High School estavam na arquibancada e o resto era composto dos alunos torcedores da escola adversária, Yoonji arrumou a franja outra vez e respirou fundo, jogando um olhar rápido pela plateia do jogo para encontrar Hoseok enchendo o saco de Namjoon enquanto falava de boca cheia, sorriu sem querer e acenou para os amigos que acenaram de volta, o Jung bem mais animado que o outro, mas, mesmo assim, um aceno.

— Yoongi, venha cá! — Junmyeon chamou a garota travestida para a rodinha que o Bangtan formava na lateral da quadra. Antes que cumprir o chamado, Yoonji procurou por Taehyung, não o achando. — Você não estava nos treinos, então pensamos em deixar você como...

— Shh — ela cortou a fala do altão, sorrindo de uma forma maliciosa e se preparando para usar a garganta no ato de engrossar a voz. — Quando vocês decidiram virar jogadores de basquete pra um time amador de ensino médio, eu já tinha mais medalhas do que tiveram namoradas a vida inteira, alguns, porque eu sei que tem gente entre nós que é gay, então vocês ficam quietos e só me observem fazer o que eu faço de melhor: comandar o jogo.

O restante do time olhou para Yoongi todos estupefatos e o mesmo só deu de ombros, depois daquele mini discurso não havia nada para ser falado mesmo, só aceitar que Yoongi era o glitter de drag queen do time e o resto era lantejoula barata de fantasia de carnaval.

— Gente — Baekhyun disse, chamando atenção dos colegas de time enquanto esses se dispersavam. — Eu sou gay.

— Todos nós já sabíamos, Baek — Sehun rolou os olhos. — Agora atividade, atividade!

Yoonji gostou do tal Sehun, mas preferiu ignorar a cena de Chanyeol, o armador principal (ou ex, agora que Yoongi estava no jogo) dando em cima de Baekhyun, o novo gay assumido, de uma forma tão fofa que a Min podia vomitar só de olhar. Ela imitou o seu colega como segundos antes havia feito e rolou os olhos, virando-se na direção contrária. A voz do locutor anunciou dois minutos apenas antes da partida começar. E sabe o que é pior? Quando você vira a cabeça e o seu cabelo balança lentamente em câmera lenta enquanto essa mesma voz do locutor soa abafada ao fundo e sabe que ali é o auge da cena mais traumática da sua vida.

Kim Taehyung, sim, Kim Taehyung, de gesso falso e tudo, entrando junto às líderes de torcida na quadra não, isso não é um surto de ciúmes. O garoto usava um vestido vermelho com o símbolo do Bangtan e tinha dois pompons igualmente escarlates em mãos, além de estar visivelmente bem maquiado e com apliques de cabelo que o deixavam extremamente... Sexy. Yoonji era gay ou será que Yoongi era hétero?

De qualquer forma, cantando o lúdico hino de torcida das A.R.M.Ys — nome nada convencional das líderes de torcida do Bangtan — Taehyung liderava as garotas impecavelmente vestidas atrás de si, mesmo que andasse lentamente com aquele adereço em sua perna. A escola proibia, ainda, que meninos participassem da equipe de animação, então as garotas sempre treinavam sua força para os saltos, pirâmides e acrobacias, mas ali não era um garoto, era Kim Taehee, como as meninas gritaram no final, aplaudindo e saltitando ao entrar, de vez, na quadra. Todos ao redor estavam rindo, Yoongi não fez diferente, ver o namorado daquela forma o fez se jogar no chão liso e abrir em gargalhadas fortes.

— Byun Baekhyun, Min Yoongi, Oh Sehun, Park Chanyeol, Suho, go Bangtan! — elas (e ele) cantaram animadamente, esbanjando sorrisos, palmas e pompons.

— Times, por favor, vamos começar, hoje os Bangtan de Daegu Jeil High School contra o Red Velvet de Daejeon Banseok High School. Façam barulho!

Ao ouvir o nome do time adversário, um silêncio foi feito no ginásio por parte dos alunos da Daegu Jeil High School, até mesmo por parte dos integrantes do Bangtan que agora encaravam apreensivos os garotos do outro time, terminando de se aquecer. Irineu, Seungri, Henry, Joy e Andy eram o terror do Intercolegial, já tinham mais taças do que um painel podia suportar, haviam rumores que na sua escola, haviam dois painéis. Dois painéis. Além disso, as líderes de torcida deles, as ReVeluv, eram agressivas, tipo, na real, as A.R.M.Ys não tinham nem o talento do mindinho da pior animadora da equipe adversária. Mas, quando o apito soou, Yoongi não se importou com nada — sabia do seu potencial e acreditava que havia treinado suas garotas da melhor forma possível para aquele dia.

Rapidamente, conseguiu pegar a bola em um passe de Irineu, jogando-a para Baekhyun, mas sendo impedido por Henry na hora do passe, que arremessou a bola para Joy, por sorte, Chanyeol defendeu, dando a bola à Yoongi outra vez que já estava preparada para fazer a primeira enterrada no jogo. Em exatos seis segundos. A plateia vibrou, Taehyung gritando mais alto que tudo no mundo, roubando um sorriso fino dos lábios da namorada.

Era só o começo da partida.



Todos estavam ofegantes, suados e, para falar a verdade, aquilo era nojento. O Red Velvet tinha passado do Bangtan, mas não era uma surra de pontos, a diferença era mínima e por conta disso, a plateia estava agitada. Yoongi havia dado o seu melhor, talvez Baekhyun e Chanyeol não estivessem colaborando tanto assim ao flertarem no meio do jogo e atrapalharem as jogadas, mas Sehun e Junmyeon davam conta. O problema era que o time adversário não “dava conta”, os meninos pisavam e muito, no Bangtan. As jogadas de Irineu eram sincronizadas perfeitamente com as do Andy, e Seungri era o melhor na defesa.

O primeiro tempo estava feito quando o Min sentou-se na arquibancada, ao lado dos reservas do time, e pensou que não daria para combater contra os meninos — por mais que agora estivesse podre como um, ainda era uma garota e, ainda que acreditasse no seu potencial, Red Velvet eram reis e sempre esmagavam os seus adversário. Yoongi não queria fazer parte de uma surra histórica onde ele apanharia. Logo seus colegas de jogo estavam de volta, com suas garrafas de água e tudo mais.

— Temos que mudar a tática — a menina disse, não esquecendo de engrossar a voz.

— Temos que sentar, chorar e pedir para eles não detonarem a gente — Baekhyun disse, apavorado.

— Eu protejo você, Baek — o Park murmurou, fofo.

— Temos que chamar o Minho, isso sim! — Sehun falou, mas foi calado por Yoongi que pegou seu rosto fortemente com ambas as mãos, esmagando suas bochechas e o encarando no fundo dos olhos de tal forma que todos os outros jogadores os olharam atentos.

— Minho está no interior, capinando grama e ordenhando vaca e a única coisa que temos para ganhar esse jogo aqui é um gay assumido, um gay não assumido, um doido, você e eu — terminou, rude. — Agora ou vocês botam juízo nessas bundas murchas ou voltam a pé para a escola agora, porque não vou ficar limpando lágrimas de perdedores que não aguentam batalhar pela merda de um troféu de plástico.

O som alto ecoou pela quadra, calando Yoongi e roubando a atenção do resto do Bangtan, e um mascote em formato de coração gigante passou atravessando uma ponta a outra.

— Se preparem, as ReVeluv vieram detonar seu coração.

Não era pra tanto, mas ver aqueles meninas todas impecavelmente arrumadas, com pompons azuis e roupas que combinavam em tudo, assustou a torcida que já estava tremendo pela derrota iminente do Bangtan. E então elas começaram, sincronizadas e totalmente avançadas, era uma sequência de saltos e pirâmides de dar inveja até mesmo as animadores profissionais. Elas eram perfeitas, ao dar uma olhada em suas crias, todas babavam, maravilhadas, a apresentação alheia, cheia de quadris e movimentação da pélvis desnecessária. Yoongi fez uma cara enojada, mas então viu Taehyung se levantar e apontar o dedo na cara daqueles piranhas deprimidas e dar a elas uma lição, pelo menos era isso que ela esperava que o namorado estivesse fazendo, já que assim lhe ensinara.

As meninas ficaram nervosas após isso, mas se passaram dois minutos e então era a sua vez. O mascote da escola, um ornitorrinco com um moicano rosa, também passou, fazendo uma dancinha escrota, antes do locutor dizer:

— As A.R.M.Ys estão aqui para atacar vocês com sua beleza e talento! Por favor, garotas, deem seu show!

Estavam todas posicionadas, e mesmo que aquilo não tivesse nenhum tipo de ligação direta com o prêmio ou o resultado do jogo, Yoonji estava nervosa. Elas treinaram tanto; juntou as mãos na frente do rosto e respirou fundo. O nervosismo atingia ela também, que depositou um tapa bruto no ombro de Sehun.

— Levantem-se para prestigiar as meninas, seus pela saco!

Os marmanjos todos obedeceram a voz engrossada da Min, ficando atentos às líderes de torcida.

— Um, dois, três — Nayoung murmurou baixinho, mas pelo silêncio do ginásio, todos ouviram. Todas as meninas começaram uma sequência de palmas pelo corpo todo que lembrava a melodia de Toxic, da Britney Spears. — Im Nayoung, há, é melhor se afastar, quando eu dançar, eu vou lacrar!

— Kang Kyungwon, há, sai pra lá, a minha bunda, te faz delirar — a outra continuou, tomando a frente por alguns segundos (o que fez todos gritarem e aplaudirem sua indecência excitante) antes de dar abrir o espaço para uma loira de Maria Chiquinha com pompons vermelhos de mãos que roubou a atenção quando, de repente, abriu o espacate.

Detalhe: ele estava sem o gesso.

— Kim Taehyung, há, não vem me estranhar — de repente a batida mudou para algo mais pesado e as meninas mudaram de posição. Aquilo não estava nos ensaios anteriores. — Nessas vadias, vamos pisar!

Surpreendente, Minkyung e Yebin foram lançadas para cima pelos dois grupos nas laterais, elas rodopiaram perfeitamente no ar antes de serem agarradas de volta. Ao mesmo tempo, Kyulkyung e Siyeon davam cambalhotas paralelas contrárias. Taehyung (ou melhor, Taehee), Nayoung e Kyungwon haviam se juntado numa sincronizada dança de pompons enquanto andavam em marcha ré até a pequena pirâmide formada por Eunwoo, Yewon e Sungyeon, que saltou, impulsionada pelas duas na base e caiu perfeitamente à frente de todos, já posicionadas para a coreografia.

Parecia um espetáculo.

A música começou, então; era Bang Bang da Jessie J, bem na parte do rap da Nicki Minaj. As garotas nas laterais tinham sua própria sequência de passos, Yoonji mesmo havia feito, utilizando mais as pernas, enquanto as do centro utilizavam mais os pompons e os bustos. De uma forma como nunca havia dado certo nos ensaios, agora parecia extremamente maravilhoso. As A.R.M.Ys nunca decepcionam, mesmo. Outra vez, a música mudou para uma batida bem mais agitada, fazendo todos correrem para outra posições e mais uma vez tem Taehyung no centro. Essa era nova. Kiwi, do Harry Styles tocava ao fundo, enquanto o garoto dublava de uma forma engraçada realmente e dedicando à dramatização, as meninas davam de tudo em saltos e giros. Logos todos estavam unidos em uma série de pompons e passos harmonizados que fazia tudo parecer mágico.

Por último, uma melodia mais lenta começou, obrigando Sungyeon a ir para o centro, abusando de sua fofura para no final, quando a introdução de Hobglobin desse uma pausa, a garota gritasse “ARMY!!” a pleno pulmões, voltando a coreografia original com todos no ritmo certo. No último alto, formou-se uma única pirâmide e, mais uma vez, Kyulkyung e Siyeon cruzaram piruetas, segurando Massie que caiu do topo, sendo substituída por Taehyung que sorriu abertamente segurando os pompons de torcida acima da cabeça.

Todos do ginásio desataram a aplaudir insanamente, assobiando e gritando para prestigiar o espetáculo vivo que tinha sido a apresentação das líderes! Elas mesmas, ao saírem de suas posições, deram pulinhos e se abraçaram em conjunto, mas não ligaram por Taehyung, em sua roupa feminina e coberto de suor, não se juntar a comemoração, já que esse estava olhando para a namorada, maravilhada com o esforço que tinha apresentado.

— As viadas arrasaram — Minseok comentou, pasmo, coçando a garganta para despertar os outros do transe — Mas o jogo ainda não terminou.

Como se um clique de consciência soasse na sua mente, Yoongi se virou para o restante do time.

— Gazelas — soou autoritário, chamando atenção dos garotos. — Vamos pisar nessas vadias!

Quando entraram de novo na quadra, tinham um brilho diferente nos olhos — sim porque o refletor estava apontado bem para eles, então tiveram que tampar a luz com seus braços estendidos sobre as cabeça, já que inverteram os lugares de defesa —, mas encararam de verdade os Red Velvet do lado oposto da quadra. Agora era briga, de verdade.

— O terceiro tempo começa agora! — o locutor despertou todos, fazendo uma cena quente e agitada se desenrolar.

Primeiro que Baekhyun se impulsionou contra Joy, derrubando a bola de suas mãos e deixando com que Chanyeol assumisse dali, não sem antes deixar uma piscadinha marota para o mais alto, este que driblou perfeitamente Irineu e Andy quando tentaram o roubar a posse do objeto, girando para passá-la para Yoongi que jogou-a sobre a cabeça de Henry e acertando-a bem na cesta.



O placar estava bem acirrado. 74 x 72 para o Red Velvet. Já estavam no último tempo e, apesar do Bangtan se mostrar ainda melhor, conseguindo demonstrar sua união como time e sincronizar jogadas que foram massacrantes, o Red Velvet ainda era o campeão, com suas jogadas coreografadas e força em pulos e giros. Era difícil superar a perfeição do time adversário.

Mas Yoonji não havia perdido a esperança, parou por alguns minutos, no intervalo, para descansar e percebeu como, nas laterais da quadra as líderes de torcida pareciam nervosas, roendo as unhas e passando os dedos pelas mechas, mas olhar para Taehyung daquela forma até deixou a menina mais despreocupada; a franja da peruca se juntava ao suor na sua testa e suas pernas bonitas estavam expostas pela saia curta que usava. Acenando os pompons, chamou a namorada até o cercado de ferro que os separava.

Sabiam que ali não podiam ter demonstrações afetivas, mas Yoongi se segurou para não se assumir gay ali mesmo, na frente do namorado da irmã. O pensamento fez a menina rir.

— Vocês estão indo bem, noona — Tae disse, sorrindo como se quisesse passar sua fé para a pequenina. — Você está fantástica, toda suada e com esses shorts folgados e acertando as cestas.

— Ainda faltam dez minutos para acabar o jogo — murmurou, ofegante. — Vamos conseguir.

— É claro que vão, minha namorada nunca decepciona. — Yoonji sorriu abertamente, resistindo a vontade de juntar seus lábios aos da loira sexy na sua frente e só franziu o nariz em uma careta que Taehyung imitou igualmente. — Depois que ganhar, não tira essa roupa não, tá?

— Nem você tire a sua — a morena piscou.

— Jogadores, em suas posições — o locutor anunciou, atrapalhando o casal. — Vamos ver o final dessa disputa acirrada pelo título do vencedor do Intercolegial de Basquete!

— É agora — murmurou, encolhendo os ombros e respirando fundo.

— Força na peruca, amor — Tae gritou ao observar a outra se distanciar, sorrindo apaixonado para as costas bonitas e masculinas que Yoonji estava mostrando.

Ele era estranho.

Sehun respirou fundo e meneou levemente para o Min ao entrarem na quadra, dispostos a tudo menos perder. E foi quando o apito soou — era tudo ou nada. O primeiro ponto foi para o Red Velvet — uma enterrada fantástica de Henry. Junmyeon não deixou fácil impedindo todos os avanços do time adversário, até que o alto e selvagem, biscoitinho assassino, Andy, conseguiu marcas dois pontos seguidos. Aquilo só impulsionou o novo duo mortal, Chanbaek, a trabalharem junto a Yoongi para marcarem pontos e mais pontos. Sehun driblava, girava, saltava, arremessava a bola nas mãos de Yoongi, que a lançava, enterrava, enfiava na cesta, ganhando gritos e uma torcida animada por parte das garotas.

A locução do jogo estava rápida de um modo como ninguém conseguia acompanhar, por isso mantinham os olhos grudados nos jogadores suados e empenhados em dar o seu melhor, cada vez mais esforçados e dedicados. Afobado, Yoongi olhou para o placar, onde constavam quinze segundos para o jogo terminar. Apenas quinze fucking segundos. Respirou fundo — conseguia. Tinha que conseguir.

— Sehun — gritou, chamando a atenção do maior que entendeu o recado.

Quicou a bola, passando por debaixo das pernas de Seungri e por cima da cabeça de Irineu, dando-a em um passe longe e arriscado para Chanyeol que passou-a rapidamente para Yoongi, sendo defendido por Junmyeon a sua esquerda, e Baekhyun bem na sua frente, o dando espaço e desenvoltura o suficiente para que pudesse correr na direção da cesta. Olhou para aquele círculo a alguns pés acima da sua cabeça, era realmente baixa, mas era boa em saltar. Dois segundos, um pulo, um grampo solto, a bola enterrada. Cesta.

81 pontos no placar do Bangtan, 80 no do Red Velvet, mas ao invés de todos estarem comemorando a vitória, o ginásio inteiro estava em silêncio, atônitos, petrificados, impressionados. Um dos grampos que segurava a peruca ao cabelo de Yoonji se soltou e com o impulso que a menina usara para saltar, os cabelos falsos penderam para trás, na ponta do seu natural, mostrando as madeixas mais longas e a franja lisa. É o momento em que a Min se assusta com o susto alheio, toca nos cabelos e exclama um “oh” mudo.

Merda, merda, merda. O primeiro que viu foi Hoseok, ele estava em choque, Namjoon só parecia em alerta, Baekhyun com o cenho franzido, Sehun meio enojado. As líderes de torcida, todas encaravam, assustadas, a imagem da menina em vestes de menino. Agora, sem a peruca, Yoonji estava mais para Yoonji mesmo do que para Yoongi, era inegável. O Red Velvet trocava olhares desconfiados e, no geral, perdidos. Onde a Min se esconderia? Taehyung deu dois passos na sua direção, mas a menina foi mais rápida.

— Não é o que estão pensando — anunciou em voz alta. — Eu...

Entretanto, não tinha explicações ou justificativas para dar, que tal “esses marmanjos não conseguiriam sem mim?”, que era a verdade, já que parte daquela vitória se dava por causa de seu talento nato e sua participação como líder do time.

— Eu estou cansada de ser taxada como “mais fraca” apenas por ser garota. Isso é ridículo, porque algumas atividades são para os meninos e não para as meninas? Parem de ser tão preconceituoso. Admitam que eu fui a melhor jogando aqui hoje, e eu sou uma garota — gritou a pleno pulmões, arrancando se vez a peruca e tirando a camisa larga do time para exibir a regata que vestia por debaixo. — E admitam que Taehyung fica maravilhoso mexendo a bunda, não tem nada demais em inverter os papéis, porque, galera, qual é, não existem papéis. Eu faço o que me der da telha, qualquer um de nós faz, e o nosso gênero não pode nos privar de fazer coisas que amamos. Eu amo o basquete e não poder jogar só porque sou menina é bobagem! Por que, de alguma forma, os meninos ficam com a parte divertida enquanto as garotas só... dançam?! Grandes mulheres batalharam para que o sexo feminino não fosse reprimido, Mary Shelley, Marie Curie, Joana D Arc, Inês Brasil, e se for preciso que eu me vista de menino para fazer com que vocês entendam que essa rotulação inteira é uma imensa falta do que fazer, eu me visto, porque minha escola precisa dessa merda de prêmio e eu tinha que fazer isso. Se por ser uma garota, eu tenho menos direitos do que um time completamente masculino, eu vou até o inferno procurando reivindicar a igualdade de gêneros. Uma garota não deve ser subestimada, nem controlada, muito menos domada, garotas tem que ser livres para serem o que quiserem.

Mais silêncio. Yoonji ofegava, o seu discurso havia saído firme, alto e em bom som, tirando seu fôlego, mas estava tudo bem já que, aos poucos, puxadas por Taehyung, palmas começaram a ser ouvidas ao redor do ginásio, tornando-se uma grande ovação. Ela sorriu, olhando para Taehyung e vendo o namorado aplaudindo-a, o time adversário também e até mesmo as ReVeluv, sem contar com o locutor. Sem discrição, as A.R.M.Ys invadiram a quadra, segurando o corpo da Min sobre suas mãos e a lançando no ar com habilidade, comemorando o discurso e repetindo o hino “Min Yoonji, há, bota pra quebrar, ela é a diva que você quer copiar”. O Bangtan abraçou a mais velha, rodopiando com ela nos braços e agradecendo-a pelo seu esforço e dedicação. Todos pareciam orgulhosos, felizes, Chanyeol e Baekhyun estavam bem grudadinhos. Receberam o troféu junto ao cheque com muitos sorrisos e abraços. Red Velvet veio parabenizar a iniciativa da garota, e talvez Seungri estivesse até dando em cima dela, se não fosse o Kim chegando por trás e segurando-a pela cintura, ao pigarrear. O outro jogador corou e se despediu rapidamente.

Uma música agitada soava no ginásio todo, fazendo os mais animados dançarem e cantarem em regozijo, mas o ex Yoongi preferia ficar calminho, depois dessa agitação toda para apenas observar com brilho a face do namorado.

— Por que uma garota como você namora um cara como eu?

— Era sobre isso que eu queria falar, Taehyung — disse séria, colocando o cabelo atrás da orelha e encarando o Kim, já com olhos marejados e um bico tremido. Ela riu. — Eu estou brincando, amor, é brincadeira. Eu amo você.

— Mais que amigos — o acastanhado ditou, encostando a ponta do seu nariz com a ponta do nariz da baixinha.

— Friends — ela completou.


29 de Junho de 2018 às 14:50 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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uanine oliveira i was a little bit lost, but i'm not anymore

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