lolly nico 𑂱

Os garotos começaram com o pé esquerdo: se conheceram em estádio, no meio de uma partida de futebol, com camisas opostas. Jungkook não ia dar mole para aquele colorado, mas Jimin não se deixaria ofender pelas piadinhas de rebaixamento.


Fanfiction Bandas/Cantores Todo o público.

#jikook #kookmin #bts #jungkook #jimin #yaoi #bl #slash
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Na trave?

Era o dia mais épico da minha vida. Cara, eu estava animado demais da conta. Sabe quando você faz algo pela primeira vez e tudo é novo? Exatamente como eu me sentia naquele momento, gritando juntamente à torcida no meio da minha primeiríssima partida de futebol ao vivo. 

Incrível. Não só acompanhar tudo frente a frente, mas sim ver tanta gente pulando e torcendo junto. Tanta animação, alegria contagiante… Tudo era bonito demais.

Do outro lado do gramado, as arquibancadas eram uma mistura de vermelho e azul. A torcida organizada gritava o hino do meu time em uma só voz, o que me enchia os olhos de lágrimas. Puta merda, era demais para o meu pobre coração.

Mais ao lado, uma bandeira gigante cobria uma boa parte dos assentos. É, eu estava em casa. Minha segunda casa.

Em campo, os jogadores corriam de um lado para o outro atrás da bola. Alguns metros mais a frente, o homem mirou no gol e chutou. A torcida foi à loucura. E eu também.

Jeon Jungkook, 17 anos, nunca tinha visto uma partida sem ser pela tevê. Quando começaram a construir a arena, vi a chance perfeita de convencer o meu pai a me levar ver um jogo. Não foi fácil, admito, porque ele não torcia para o meu time. Anos depois, quando as obras já tinham acabado e partidas rolado, meu velho cedeu. Por quê? Oras, porque os nossos times jogariam um contra o outro. Ah, aquilo pararia o Rio Grande do Sul. Era sempre assim quando tinha Grenal.

Moro em Porto Alegre desde sempre. Às vezes me aventuro e vou para o interior, mas a capital é especial para mim. Não é só aquela cidade, o estado inteiro me traz uma sensação enorme de conforto, sabe? Não sei explicar direito. É como estar onde eu deveria estar.

Meu pai soltou um muxoxo, cruzando os braços e revirando os olhos. Enquanto a maioria da galera estava de pé, ele não tinha sequer se mexido.

— Não sei como consegue gostar desses molengas, Jungkook — disse assim que eu me sentei. — Céus, onde foi que eu errei?

Dei risada.

— Esses mesmos molengas estão ganhando de dois a um, meu velho. — Dei alguns tapinhas na sua perna. Não era muito diferente em casa, sempre tinha aquela provocação no ar, já que ambos os meus progenitores eram colorados. Não, mas não só eles, todos os Jeon também eram. Eu era oficialmente a ovelha negra da família. Ou seria azul?

— Olha, eu não vou nem te responder. O Inter só não dominou o Rio Grande do Sul ainda porque não quer, então vê se fecha o bico.

Balancei os ombros, deixando claro que não estava nem aí. Aquela técnica de ilusão não funcionaria comigo, pelo menos não em solo sagrado. Amém, Arena do Grêmio.

— Não tô conseguindo respirar direito. — Olhei para o meu pai. Ele segurava a mão no peito e fazia careta. — É muito gremista junto, isso não faz bem para a saúde.

— Pai, para quem sobreviveu no Beira-Rio três vezes, isso aqui é inofensivo.

Ele bufou.

— Quando sairmos daqui vamos tomar banho com desinfetante. Principalmente você, que está com essa roupa ridícula.

Arqueei as sobrancelhas.

— Eu tô de terno! — Puxei a blusa pelo símbolo do Grêmio e o beijei, fazendo meu pai abrir a boca em descrença, como se não pudesse acreditar.

— Só me dá desgosto. Ainda bem que o seu irmão traz honra e orgulho para a família, viu.

Só ri, sabia que era brincadeira. Meus pais me amavam do fundo do coração, tanto que demonstravam até demais. Bem, isso quando não tinha futebol envolvido.

Ouvi uma risadinha atrás de mim. Baixa, porém audível. Me virei, franzindo as sobrancelhas ao fitar um garoto mais ou menos da minha idade. Ele estava sentado, de pernas cruzadas, e me olhava com diversão, sorrindo com a boca na bomba do tereré que tomava. Sei que era isso pelo copo de alumínio.

Confuso, lancei um olhar para o meu pai, que tinha a mesma expressão que eu.

— O quê? — o garoto perguntou, ainda divertido. Observei sua camiseta do Inter que parecia ser um número maior e dei de ombros.

— Tá rindo do quê, rebaixado? — retruquei. Ele tava fazendo graça da gente, era perceptível. Aquele rebaixado saiu da minha boca tão ácido que cheguei a sentir o veneno escorrer.

O cara só riu mais.

— Pelo menos eles foram rebaixados só uma vez. O Grêmio, então…

Aquilo me deixou puto. Cruzei os braços e lhe lancei um olhar feio.

— Não gostei de você.

— Gostei de você! — meu pai disse junto comigo. Revirei os olhos fortemente, sentindo que a qualquer momento eles poderiam dar um giro de 360°.

O coloradinho voltou o olhar para o meu pai pela primeira vez, estendendo a mão.

— Park Jimin, senhor.

Meu pai me olhou com brilho nos olhos. Apertou a mão do inimigo e soltou em alto e bom tom:

— Quer ser meu filho?

Dei um tapão em seu ombro.

— Pai!

Ele reclamou.

— Junghwan — se apresentou. Então, se afastou do garoto e disse no meu ouvido: — Ele é o herdeiro que eu sempre quis.

Ah, faça-me o favor, né, coroa.

Os dois começaram a jogar conversa fora, apontando as falhas do Grêmio nos seus cento e alguns anos de carreira. Dei as costas e continuei assistindo o jogo, na intenção de aproveitar os minutos restantes. Pelos meus cálculos, estávamos nos trinta e poucos do segundo tempo.

Bola vai, bola vem, e a partida terminou. Todo contente, me juntei ao coro:

— Grêêêêêmioo! — Balancei as mãos no ar, seguindo a onda de braços que os torcedores faziam. Mais uma vez campeão, felizmente série A. Risos.

Me voltei para o lado, pronto para chamar o meu pai para irmos para casa, e imaginem a minha surpresa ao ver que ele estava bem belo virado para trás, vendo algo no celular do loiro irritante. Os dois sorriam, meu pai exalava animação e Park Jimin parecia estar de olhos fechados, tamanho o seu sorriso.

Bonito! Que bonito, hein!

Com Naiara Azevedo tocando no meu cérebro (toma aqui uns 50 reais!), pigarreei, dando um toquezinho de leve no ombro do meu pai, que tinha até se virado no assento para ver melhor o coloradinho. Ele me olhou por míseros instantes e ignorou, dizendo um belo “Só um segundinho”. Esperei, e 84 anos depois, quando eu já criava barba e tinha a pele enrugada, ele se levantou e começou a se despedir.

— Mas veio sozinho, rapaz? — perguntou na brotheragem.

Jimin balançou a cabeça, apontando para a garota sentada ao seu lado. Ela também vestia aquele saco de batatas vermelho e dava gritinhos eventuais, olhando para o campo, onde todos os jogadores já se retiravam. Assim como ele, o cabelo dela também era loiro.

— Essa aí quase subiu pelas paredes lá de casa de vontade de vir. Eu só vim mesmo para acompanhá-la, não sou tão fanático assim. — Me percebendo naquele momento, piscou na minha direção, como se completasse mentalmente com um como outros caras por aí. Há, como se eu fosse fanático.

Franzi o cenho. Aquela guria era bonita, chegava a ser estranho pensar que namorava um camarada daqueles. Não que Park Jimin fosse feio, só acho que se nós encontrássemos em outra ocasião, minhas ideias seriam outras. Por favor, eu não sou cego, e era perceptível de longe a beleza daquele colorado de língua afiada. Ok, a camisa diminuía um pouquinho.

Foco, Jungkook!

Meu pai, aparentando ainda ter assunto de sobra com Jimin, foi saindo comigo, mas com ele no seu encalço. Atrás de Jimin, a garota quase tropeçava por não prestar atenção no caminho e mexer no celular, tirando fotos do campo e digitando com polegares ágeis. Ela parecia agitada. Compreensível.

Seguimos até a saída devagar, por causa fluxo de torcedores. Fui atrás do meu pai o tempo todo, com medo de perdê-lo na multidão, quase segurando sua camiseta. Só não fiz isso pois não queria sujar as mãos. De qualquer forma, atravessamos as portas de vidro não muito depois e paramos ao lado. Me encostei na parede e fiquei observando o movimento dos carros que passavam pela frente. Não me recordava o nome da rua, rodovia, avenida, sei lá o que era, mas sempre que saíamos da cidade e íamos para o interior, era por lá que passávamos. Sério, a vista era ótima para quem passava por lá de carro.

O coloradinho e meu pai riram alto de algo. Fiz careta. A acompanhante de Jimin, que estava logo à frente, olhou para a tela do celular e para a fachada acima de nós, cuja qual dizia Arena do Grêmio. Repetiu o ato mais duas vezes. Por fim, correu até Jimin, que, não a vendo, se virou bem na hora, fazendo com que se chocassem. O óculos de sol que estava na sua cabeça caiu, a garota fez uma cara cômica de quem fez merda e se voltou para o meu pai.

— Tio, tira uma foto minha? — perguntou, apontando para si e para cima.

Meu pai aceitou, pegando o celular da sua mão. Entre nós, parecia brotar cada vez mais gente, então, para não acabar os perdendo de vista, me aproximei e parei ao lado de Jimin, que tinha se abaixado para pegar seu óculos. Se ergueu de volta e ficamos observando nossos respectivos acompanhantes.

— Você é uma gracinha, sabe — comentou sem me olhar. Dei uma olhada ao nosso redor, procurando saber se ele tinha se dirigido a mim. Bom, acho que sim, já que meu pai e a loirinha tinham se afastado. — Pena que, no primeiro contato, quando você chutou a bola, ela bateu na trave. Tinha tudo para ser gol.

Super confuso, soltei um uh?. Jimin me fitou e deu um sorriso pequeno.

— Tô querendo dizer que começamos com o pé errado. — Arqueei as sobrancelhas. — Você é bem… interessante. Pena que torce pro Grêmio.

Quase soltei um tá, mas o que o cu tem a ver com as calças?. Só não o fiz pois seguia sua linha de pensamento.

Acabei soltando uma risada sarcástica.

— Sério que cê tá me cantando quando a sua namorada está bem ali?

Foi a vez dele de rir, puxando o celular do bolso traseiro da calça jeans clara. Mais abaixo, nos seus pés, avistei um par de Timberlands pretas. Ok, ele tinha estilo (da cintura para baixo). Que fique entre nós, mas eu pirava naquela marca de calçados.

— Cara, aquela é a minha irmã. — Olhei para a garota, então para ele. É, realmente eram meio parecidos, sem falar nos cabelos loiros. — E sim, estou te cantando. No entanto, acho que não vou conseguir absolutamente nada aqui, hoje, nesta situação.

Temi que minhas sobrancelhas passassem da metade da testa, de tão arqueadas que estavam. Meu olhos deviam estar bem esbugalhados, também.

— Caramba, você é bem objetivo, né? — falei, pasmo. — A gente mal se conhece! Que isso, meu?

Jimin revirou os olhos.

— Não é nada, mas pode ser. — Que coloradinho mais descarado! Finalmente vendo o meu espanto, prosseguiu: — Ah, vai, o máximo que pode acontecer é marcarmos para jogar Fifa juntos. Você tem videogame?

— Tenho — respondi lentamente, meio em dúvida do rumo que a conversa estava tomando.

— Legal! — respondeu com entusiasmo. — Eu também tenho, Jungkook, mas...

— Espera, espera, calma aí — o interrompi. — Como diabos você sabe o meu nome?

Achei que não podia o estranhar mais do que já estava estranhando, mas eis que o mundo me dá um pontapé.

Jimin piscou duas vezes.

— Seu pai te mencionou na conversa. — Semicerrou os olhos enquanto dizia. Estranho. — Ele quis me adotar.

— O quê?!

— Brincadeira, brincadeira. Isso eu ouvi quando ele disse lá nas arquibancadas. Sem preocupações, seu pai ainda é só seu. — Riu. — Além de que agora eu sou maior de idade, então não preciso de responsável.

— Tem quantos anos? — perguntei automaticamente, deixando de lado a ideia de não dar bola para ele.

— Fiz dezoito no final do ano passado. — Sorriu com a boca fechada. — Vai, eu sei que sou velho, pode dizer. — brincou.

— Uh, não é que você é velho, só tem mais idade que eu. — Jimin franziu o cenho. — Faço dezoito mês que vem.

Seu rosto assumiu uma expressão de falso espanto.

— Ah, legal, você é de menor. — Sorri sem graça. Já bastava toda a minha família me tratando como criança, sendo que eu já estava beirando a maioridade. — Mas não tem problema, né?

Eu devia ter um enorme ponto de interrogação em cima da cabeça, que nem os personagens do jogo The Sims, que têm uma forma geométrica.

Jimin, vendo que eu não faria ou diria nada, estendeu o celular para mim.

— Então, que tal me passar seu Face? Aí a gente marca de jogar um dia desses e…

— Olha, Jimin — o interrompi novamente —, me desculpa. Você parece ser um cara legal, mas eu não vou ir na tua casa ou te levar para a minha quando a gente literalmente mal se conhece.

Sabem como é, segurança em primeiro lugar, essas coisas.

Sua expressão murchou. Antes radiante, agora estava bem para baixo. Ele colocou o celular no bolso e crispou os lábios.

— Sim, você está certo. — Balançou a cabeça, não me olhando. — Desculpe, acho que me exaltei.

Suspirei, meio culpado por ter falado com ele daquele jeito. Jimin era, confesso, bacana. Não era como se eu nunca tivesse saído com ninguém, também. Quer dizer, isso se ele realmente queria sair comigo. Bom, se ele assumiu estar me cantando, queria, né?

Peguei meu próprio celular, cujo qual estava preso na minha cintura, entre a cueca e a calça — longe da vista de qualquer ladrão —, desbloqueei e estendi para ele.

— Mas, se quiser que a gente se conheça da forma correta e no tempo certo, que tal adicionar aqui o seu contato?

Jimin franziu o cenho, hesitando. Olhou para mim, então para o celular, e repetiu o processo.

— É melhor que nada — insisti. — Assim podemos marcar algo em um lugar mais… público. Sem ofensa, tio.

— Não me chama de tio, não, moleque. — Finalmente riu, aceitando o aparelho e anotando seu número. — Só tô com medo de levar um pé na bunda. Você tem cara de quem só vai lembrar que tem o meu número daqui a meses. Sem ofensa, obviamente.

Ri junto, pegando de volta o celular e o guardando.

Meu pai e a loirinha não demoraram a aparecer. Ele se despediu de Jimin com um toque de mano, e da guria, com um aceno. Olhou para mim, apontou para um vendedor de algodão doce que estava parado ali perto e disse que ia pegar algo para comer. Fiz um jóinha e o observei se afastar outra vez.

Voltei meu olhar para Jimin, que me olhava de volta.

— Tchau, série B. — Acenei, provocando.

Jimin balançou a cabeça, rindo, e segurou meu braço quando me virei. Arqueei as sobrancelhas, perguntando silenciosamente o motivo daquilo, e ele me abraçou. Arregalei os olhos, mas retribuí na mesma intensidade, já que o contato não era muito  forte e invasivo.

Na verdade, eu nunca sabia como me despedir ou cumprimentar alguém. Às vezes, quando eu estendia a mão para apertar, a pessoa erguia para fazer um toque de mano, e quando eu erguia, a pessoa me abraçava. Eu não entendo gente, de verdade, por isso tinha passado a apenas dizer tchau e, no máximo, acenar.

— Não esquece de mim, viu? — murmurou no meu ouvido. Em seguida, como se não fosse nada, me deu um beijo suave e rápido na bochecha. Senti meu rosto esquentar.

No final das contas, a camisa não importava, assim como para qual time de futebol Jimin torcia. Naquele momento, todo bobo nos seus braços, eu entendi o que ele quis dizer quando afirmou que eu chutei e a bola bateu na trave. Enquanto nos despedíamos, Jimin fez a mesma coisa.

E né que foi gol? 


25 de Junho de 2018 às 23:25 4 Denunciar Insira Seguir história
7
Fim

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nico 𑂱 「ᵂᴬᴿᴺᴵᴺᴳ」 . ⃗. . ♡ 𝘵𝘩𝘪𝘴 𝘶𝘴𝘦𝘳 𝘭𝘰𝘷𝘦𝘴 𝘢𝘯𝘥 𝘱𝘳𝘰𝘵𝘦𝘤𝘵𝘴 #𝘣𝘵𝘴, #𝘪𝘥𝘭𝘦, #𝘳𝘦𝘷𝘦 𝘢𝘯𝘥 #𝘴𝘰𝘵𝘶𝘴 𝘢𝘵 𝘢𝘭𝘭 𝘤𝘰𝘴𝘵𝘴 ˎˊ˗

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Maira  Pareja Maira Pareja
También tienes cuenta en wattpad ?? Si es así dime como buscarte .
August 28, 2019, 00:39

Alice Alamo Alice Alamo
Olá, sou Alice e venho pelo Sistema de Verificação do Inkspired. Sua história possui uma ótima narrativa e com uma escrita fluida e sem erros. Logo, está verificada! Parabéns pelo trabalho ;)
September 16, 2018, 00:16
~