Capitão Seguir história

Andar despreocupado, esbanjando sorrisos pelos corredores da escola, era o que Ten Chittaphon fazia de melhor.

Falava com todos os alunos que passavam pelo corredor falando consigo. Sua popularidade era vista de longe e mesmo assim continuava sendo o mesmo garoto de sempre, brincalhão, alegre e inteligente.

Vai ver por isso era tão popular, mesmo que não ligasse para aquilo.

Na maioria das vezes, a boca cheia com as suas jujubas coloridas e olhos marotos, que procuravam dentre os alunos da escola, o único que lhe interessava.

Só descansava quando o encontrava junto dos seus companheiros de time, normalmente quicando uma bola de basquete no chão e recebendo reclamações da direção por ainda estar com o uniforme de treino.

Ten aumentava mais ainda os sorrisos quando ele o olhava, fingia que não sabia que atenção era toda sua e continuava a conversar com seus próprios amigos, lambendo os dedos sujos de açúcar do doce.

— Cheng, vamos comigo à biblioteca. - ele falava com o amigo e sempre o via ficar nervoso. — Que foi?

— O time tá bem na frente. - falou baixo.

— E daí?

— Jung Jaehyun. - sussurrou fazendo Ten rir.

— Ele não vai te devorar... Mas bem que poderia, não? - riu novamente e puxou o outro em direção à biblioteca, sorrindo e comendo suas jujubas.

Passou pelo time sorrindo e entrou na biblioteca, deixando o cheiro do perfume no ar, para quem estivesse perto sentir. E eles sentiram, principalmente um deles.

Assim que colocou os olhos em Ten e ele notou, Johnny tinha que lidar com os sorrisos grandes e doces que ele saía dando às pessoas daquela escola.

Às vezes mais debochado do que doce, mas ainda assim, o melhor de todos os sorrisos e sempre que ele passava próximo demais, era uma luta sentir o perfume e fingir que nem ao menos enxergou o garoto ali.

— Wow, que perfume gostoso. - Taeyong comentou olhando para dentro da biblioteca, assim que os dois garotos passaram.

— Quem será que estava usando, o chinês ou o outro? - Jaehyun perguntou atraindo olhares curiosos. — Eu tenho geometria com ele às quartas.

Um coro de "huuumm" foi iniciado e ele mandou os outros se calarem, ficando retraído e desviando os olhares.

— Eu tenho física com os dois. - Yuta tomou voz — O nome do tailandês é muito complicado de falar, mas todo mundo chama de Ten.

Johnny observou quando Taeyong passou a língua pelos lábios e sorrir em seguida, um sorriso aberto e cheio de dentes.

Disfarçou a forma como apertava a bola de basquete entre os dedos com força, quase jogando no outro, mas se conteve.

— Eu estava mesmo precisando de ajuda em física. - disse sorrindo. — Ele é bom, Nakamoto?

— Um dos melhores. - falou sem notar o interesse implícito na forma que o de cabelos rosa falava.

Johnny respirou fundo, tendo ficado calado por todo o tempo que estavam ali desde que os outros dois passaram.

— A gente tem treino agora, vamos logo. - falou seco, atraindo olhares confusos dos outros.

— Vocês ouviram o capitão. - Jaehyun falou rindo e seguindo os outro para a quadra.

Johnny não deixou de olhar dentro da biblioteca e encontrar os olhos de Ten o encarando enquanto tinha um dos sorrisos debochados.

Bufou e andou apressado para a quadra.

- -

— Até amanhã Johnny!! - gritou um dos meninos do time, mas o Seo apenas murmurou uma despedida e continuou fazendo os lançamentos livres.

Era incrível a forma que se sentia por causa daquele serzinho de aparência doce e inofensiva, que estava sempre sorrindo por aí.

E aquelas malditas jujubas coloridas e cheias de açúcar, que ele tinha o prazer de limpar com a língua.

Era de tirar qualquer um do sério.

E tinha o cheiro, que sempre que ele passava por si, deixava no ar o fazendo perder a concentração em qualquer coisa.

Desistiu dos lances e foi em direção ao vestiário tomar uma chuveirada antes de ir embora. Era o único que ainda restava ali.

Foi coisa rápida, se lavou, secou e colocou a cueca seguida dos jeans, ainda não tinha vestido sua camisa.

— Oi, capitão.

Virou o rosto, encontrando o sorriso debochado e os olhos no rosto aparentemente doce que o encaravam enquanto o corpo se apoiava na parede atrás dos armários.

— Está aí há quanto tempo?

— Digamos que eu gostei mais quando você tirou a toalha do corpo. - respondeu rindo baixinho.

Ten caminhou em direção aos armários onde Johnny estava e se pôs às suas costas.

— Sentiu minha falta? - perguntou baixo de forma que só o outro pudesse ouvir.

Foi questão de segundos para que as costas se chocassem com força contra os armários e as bocas uma contra a outra em um beijo afoito e cheio de desejo... E saudade.

— Quem você acha que é pra ficar me provocando pelos corredores e depois não se dar o mínimo trabalho de responder minhas mensagens? - perguntou ríspido ao separar os lábios, para logo em seguida levá-los ao pescoço do outro que suspirou com o contato.

Ten abriu mais espaço para a boca de Johnny brincar sob sua pele e embrenhou as mãos no cabelo alheio, tendo a cintura agarrada de forma possessiva pelo mais velho.

— Estava dormindo. - disse achando graça.

— Por uma semana?!

— Muito sono. - riu e Johnny segurou suas bochechas com uma mão. — Isso tudo é saudade de mim, capitão?

Mas Johnny nunca iria admitir, infelizmente Ten sabia bem disso. Então não faria mal continuar provocando o outro.

O mais alto se sentou no banco, levando consigo o corpo de Ten, o tendo sentado sobre seu colo.

Voltaram a se beijar com pressa, as unhas curtas de Ten marcando os ombros de Johnny enquanto se movia sobre ele inconscientemente, mas continuou mesmo quando ouviu o ofego por parte do mais velho.

— Uma semana é muito tempo pra ficar te encarando nos corredores com esse maldito sorriso e aquelas malditas jujubas que deixam sua boca doce. - Johnny meio confidenciou, meio reclamou levando as mãos para baixo da camisa de Ten e tocando a pele quente com as mãos frias, fazendo o outro se arrepiar.

— Então sente saudades? - perguntou com um fio de esperança.

— Saudades do seu corpo.

Ten suspirou e se levantou do colo do outro. Ia sair do vestiário, mas Johnny foi mais rápido em segurá-lo pela cintura e suspirar contra sua nuca.

— Você sabe que o que nós temos n-

— Não passa de uma brincadeira sem futuro. - Terminou a frase que estava cansado de ouvir. — Já entendi, capitão.

Se soltou novamente e teve a mão segura pelo outro.

— Ten...

— Até mais, Youngho.

Foi tudo o que disse antes de sair do vestiário, deixando para trás um Johnny estressado e com a mão machucada por socar um dos armários.

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— Eu nunca gostei do Johnny mesmo. Capitão de basquete metido. - Sicheng falava comendo um pacote de batatinhas, sentado com as pernas cruzadas na cama do melhor amigo.

Dong Sicheng era o melhor amigo de Ten desde que se conheceram no primeiro ano naquela escola. Não foi necessário muito para que isso acontecesse. era como se tivesse olhado para o chines e simplesmente "o santo tivesse batido".

Desde que o garoto entrou na sala se apresentando com um sotaque arrastado, tímido até pra conseguir falar o próprio nome, Ten sabia que seriam bons amigos, soube disso no momento que uns garotos deram uma risadinha do nervosismo de Sicheng e ele os olhou com cara de que iria partir todos ao meio se continuassem.

— Às vezes eu queria odiar o Johnny assim como você odeia, mas eu simplesmente não consigo, eu acabo lembrando de todas as coisas boas e não consigo.

— Coisas boas?

— É. Tipo quando ele deu em cima de mim da primeira vez, ou os beijos trocados no vestiário, escondido dos outros garotos do time, os beijos de boa sorte antes dos jogos essas coisas... sinto falta delas.

Ten se jogou para trás na cama, deitando e abraçando o travesseiro mais próximo. Sentia falta de todas as coisas boas, mas de vez em quando esquecia que elas existiram, ficavam ofuscadas no meio das coisas ruins.

— Pois não devia. Eu posso te apontar coisas ruim em cada coisa que você acha que é boa que passou do lado desse capitão de meia tigela.

— Os beijos escondidos no vestiário.

— Por que tinha que ser escondido e não como qualquer outro jogador que beija a namorada? - O tailandês parou pra pensar, mas tentou de novo.

— As cestas que ele fazia e dedicava a mim.

— A gente sentava bem atrás da líderes de torcida, ele poderia estar dedicando a qualquer uma delas enquanto dizia que era pra você.

— Entrar pela minha janela durante a noite.

— Qual era o problema de entrar pela porta da frente, seus pais não podiam saber que o capitão dos lions gosta de pinto?

—  Okay, já entendi onde você quer chegar. - suspirou se sentando novamente na cama e apoiando as costas na guarda. — Mas eu sei que esse é o jeito dele, Cheng. É assim desde o começo, não teria motivos para mudar agora, certo?

— Ah não Chittaphon! - o amigo largou o pacote de batatinhas na mesma hora. — Você fez um baita discurso dizendo que estava cansado de se esconder pra agora vir com essa merda de "não tem porque mudar"?

— Eu só... não quero, sabe, perder o Johnny.

— Coisa ruim a gente não perde, se livra. Você só fica nessa de não querer perder o Johnny ou achar que ele é bom porque não conheceu algo melhor que ele, o que não é difícil de achar, diga-se de passagem, viu? - respirou fundo olhando o amigo que parecia prestes a chorar. — Eu sei que o jeito todo grosso, bad boy dele pode ter te conquistado, você mesmo disse que nunca tinha se apaixonado antes e eu entendo, o jeito dele é bem... enfim... mas esse tipo de coisa só funciona em fanfic, na vida real é mais bizarro e o buraco é mais embaixo, então por favor, pelo amor de Deus, abra os olhos. Seo Youngho não é o que tem de melhor.

— E o que eu faço?

— Eu diria pra mandar se foder, mas sei que não consegue. Apenas pense um pouquinho melhor em toda essa história e talvez você perceba que Seo Youngho não passa de um pau no cu e que você é uma poc bonita demais pra ele.

Ten assentiu e sorriu minimamente para o amigo, se aproximando e deitando a cabeça na perna dele, enquanto Sicheng passava a dar-lhe batatinhas na boca.

- -

O laboratório de física estava quase vazio aquele dia, apenas com Sicheng, Ten e um professor monitor na sala usando seus jalecos brancos e seus óculos que raramente usavam, outra coisas que os dois amigos tinham em comum.

Ten segurava uma prancheta onde anotava o que acontecia no experimento que os dois faziam, enquanto ao mesmo tempo tentava ajudar o amigo.

— Cheng, põe primeiro o polo sul do imã, eu vou anotar a frequência magnética e digo pra você tirar. - Sicheng assentiu enquanto sentado fazia o que o amigo pedia e Ten anotava o que via. — Polo norte agora.

— Ela oscila com o polo norte.

— Sim.

— Quer olhar com as limalhas de ferro agora? - o chines perguntou se levantando e indo em direção ao armário enquanto Ten continuava a escrever na prancheta.

— Pode ser.

Ouviram uma batida na porta e os dois levantaram os olhos ao mesmo tempo. Estavam sozinhos no momento já que o monitor responsável tinha ido buscar café, então acabaram se surpreendendo com quem encontraram parado na porta os encarando, mais especificamente, encarando Ten.

— Pois não?

— Ten, certo? - o tailandês assentiu. — Eu sou Lee Taeyong, do último ano.

— Eu sei quem é o cestinha dos lions. - respondeu com um sorriso largo e bonito nos lábios que fez o coreano perder o fôlego. — Precisa de alguma ajuda?

— Na verdade, sim. Estou tendo dificuldade com física e preciso de boas notas se quiser continuar no time e participar do campeonato. Me disseram que você poderia me ajudar com isso. - sorriu sem graça.

— Será um prazer te ajudar.