Essa história já está em andamento no Nyah e no SS, eu só quero deixar tudo igual em todas as plataformas (aqui e no Wattpad). Espero que gostem
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O segundo tremor foi tão forte quanto o primeiro. Sacudiu toda a mansão, tirando a cama do moreno do seu lugar. E quando tudo finalmente parou ambas as crianças ouviram o som da janela sendo aberta e passos ecoando pelo cômodo escuro.
- Quem ta aí? – Naruto indagou furiosamente com a expressão irritada que se tornou confusa ao sentir Sasuke se afastar mais sem largar sua mão.
- Naruto...! – Apertou a mão dele sentido-se ser puxado para longe do amigo.
- Sas...! – O Uzumaki perdeu a fala ao notar a sombra gigantesca atrás do Uchiha e mesmo sentindo um medo descomunal não soltou a mão dele, nem mesmo quando as unhas um do outro rasgaram a pele fina das palmas vertendo sangue.
Naruto sentiu algo ser espirrado sobre seu rosto, tinha um cheiro muito forte como aqueles perfumes horríveis que suas tias usavam. Aquele odor pareceu drenar suas forças e sua mão soltou a de Sasuke contra a sua vontade e tudo que ficou gravado em sua memória naquele dia foi o olhar assustado e desolado de Uchiha Sasuke...
Respire
Os orbes cerúleos se abriram assustados, um brilho aquoso os tornando ainda mais brilhantes. Todos os músculos do adolescente paralisaram antes de finalmente relaxarem quando se deu conta que não estava no escuro e sim no seu quarto, na sua cama e o despertador praticamente gritava no criado-mudo. Estava alguns minutos atrasado, mas não era nada com que devesse se preocupar.
Sentou na cama, ainda ofegante com o realismo intenso do pesadelo, já pesquisara sobre aquilo, e sabia que alguns diriam que era uma lembrança reprimida que estava voltando. Era a primeira vez em dez anos que se recordava tão intensamente daquela noite.
- Naruto? – Ouviu a voz plácida do pai através da porta. – Já acordou? É o primeiro dia de aula, quer chegar atrasado?
- Pode entrar, eu já acordei. – Respondeu levantando rapidamente e alongando todo o corpo.
Quando o progenitor entrou, considerou a expressão do filho por alguns instantes, seu pequeno, assim como a mãe, era extremamente emotivo e não conseguia disfarçar bem seus sentimentos.
- Está tudo bem? – Questionou observando um sorriso de orelha a orelha retratar a face que a pouco parecia um pouco assustada. – Não me diga que isso é por ansiedade pelo último ano na escola?
- Eu estou bem! Só pensei ter perdido a hora... – Respondeu evasivo, indo em direção ao banheiro que era adjacente ao dormitório. – Pai?
- Uh? – Franziu a sobrancelha diante da hesitação do outro loiro.
Naruto olhou bem para a figura paterna, embora já estivesse na casa dos 40, Minato algumas vezes parecia bem distante dessa idade. A semelhança entre eles era extrema, muitos pensavam que ao invés de pai e filho eles fossem irmãos com poucos anos de diferença. Aquele homem era simplesmente uma das pessoas que o jovem mais admirava na face da terra, a polidez, cortesia e gentileza eram imensuráveis. No entanto a capacidade silenciosa do outro de entendê-lo era o que fazia do seu pai a pessoa mais confiável para si na face da terra.
- Pode falar com o Kakashi que eu preciso vê-lo, hoje se possível? – Pediu com a voz um tanto incerta.
O progenitor encarou o outro com seriedade por um instante, silenciosamente perguntando por que ele queria ver seu velho amigo segurança que era professor de artes márcias e de certa forma psicólogo do filho que o adotara como sensei. Fazia tempo que Naruto não pedia para ver o seu mestre, pelo menos, não com a intenção tão clara de quem precisava urgentemente desabafar sobre algo. No fundo do seu coração sensível de pai, se incomodava pela sua cria preferir conversar com alguém estranho, mas sabia que no era só um sentimento de ciúme.
- É claro... – Não julgou e nem questionou. – Se arrume e desça depressa! Temos convidados para o café da manhã.
- Quem diabos visita alguém no café da manhã? Em uma quinta-feira? – Gritou já de dentro do banheiro!
- É família da sua mãe. O que você esperava? – Respondeu saindo do quarto e dando a privacidade que todo adolescente necessita. – Te espero lá em baixo.
- Anh tá!
Minato riu de leve da resposta mal criada que sua esposa provavelmente não aprovaria. Porém seu filhote de certa forma estava correto. Quem ia à casa dos outros de manhã e logo no meio da semana? O clã Uzumaki e o Senju é claro.
No chuveiro, sentindo a água fresca lavar seu corpo, Naruto respirou fundo apertando os punhos que estavam apoiados na parede onde o chuveiro ficava. Virou a palma da mão direita mirando a cicatriz arredondada que possuía. Uma lembrança física de um sentimento que nunca conseguiu superar. Socou a parede.
- Por que agora Sasuke? Por que você está na minha mente de novo? – Questionou para o nada como se o amigo de infância estivesse ali.
Um amigo que foi incapaz de proteger, que foi arrancado dos seus braços e de que não tinha notícias, contanto com o aquele dia, exatos dez anos.
Alguns minutos depois, já descia as escadas com o humor restaurado e devidamente arrumado para o primeiro dia do último ano escolar. Arregalou os olhos ao ver sua sala de estar completamente lotada. Parecia que um pequeno exército estava acampado na sua casa aquela manhã.
- Meu Deus, Kushina! Esse é o Naruto-kun?! – Mito Uzumaki, tia da sua mãe se levantou do sofá eufórica. A mulher era extremamente linda e o loiro que tinha sua atenção corou um pouco ao ser fortemente abraçado pela mesma. – Onde está aquele garotinho que eu conheci?
A gargalhada estrondosa da matriarca ecoou pela sala e ela também alcançou o filho e o beijou na testa. O Uzumaki mais jovem ficou perdido, olhando entre as duas que pareciam irmãs e não sobrinha e tia.
- Naruto, essa é sua tia Mito. Lembra dela? - Os olhos azuis da ruiva mais nova brilharam ao ver o filho tão sem graça. – Ora vamos, não é todo garoto que tem uma tia tão bonitona assim!
- Mãe! – Ralhou tentando voltar a cor normal.
Os demais convidados sorriram entusiasmados com a interação do trio, o sangue Uzumaki era quente e muitas vezes inconvenientes, mas era perdoável, afinal eles não faziam de propósito.
- Não se preocupe Naruto, eu não o vejo a muito tempo, é normal que não se lembre. – Mito sorriu acariciando as bochechas avermelhadas. – Esse é o meu marido Hashirama e meu cunhado Tobirama. – Apontou para os dois homens que conversavam com Minato e que acenaram de leve com a cabeça ao ouvirem seus nomes serem pronunciados.
- Nós vamos ter alguma reunião de família e ninguém avisou? – Interrogou vendo outros parentes que nem sequer sabia que existiam.
- Não contou a ele? – A voz de Tobirama repercutiu pelo cômodo. – Esse ano faz uma década que nossa empresa é a primeira no ranking japonês e estamos aqui para comemorar.
Uma discussão intensa se seguiu sobre a Senju Corporation uma gigantesca marca que lidava com energia e tecnologia além de fornecer para praticamente todo o Japão e vários países da Ásia, naquele pedaço do mundo, não havia rival para os Senju.
Mito olhou de canto para o marido que se recusou a dar uma palavra sobre a tal festa e era visível seu aborrecimento com aquele assunto. O que certamente gerava comentários, afinal o próprio CEO não parecia satisfeito com o sucesso da empresa e curiosamente ninguém sabia o porquê, ninguém sabia que a causa daqueles sentimentos era um homem orgulhoso de longos cabelos negros.
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Olhos inocentes esquadrinhavam a casa suburbana, que certamente precisava de uma boa reforma para ser considerada bonita. Embora não tivesse um aspecto inabitável. Aquele era seu novo endereço, por quanto tempo, só Deus sabia. Para um menino de apenas 10 anos havia se mudado mais vezes que podia lembrar.
- Yukimaru – ralhou o jovem de óculos que o encarava da porta. – Se você já terminou de sonhar, leve suas malas para dentro.
- Sim! – Exclamou o pequeno feliz, mesmo tendo sido chamado atenção. Logo estaria livre daquele quatro olhos, seria só ele e seu irmão.
Yakushi Kabuto estreitou os olhos para a criança e rapidamente assumiu um sorriso presunçoso ao ver o adolescente sair do carro enfezado para ajudar o menino. O moreno de 17 anos era o verdadeiro tesouro que deveria ficar escondido, mas seu mestre resolveu mudar as regras do jogo e agora ficariam a observar o desenrolar daquela historia.
- Você devia estar mais feliz – comentou em tom de zombaria. – Aqui é o seu país de origem.
- Que diferença faz? Eu não me lembro de quando vivi aqui.
O rapaz de cabelos grisalhos riu internamente, às vezes, esquecia-se daquele o com conveniente aquele fato era. Retirou um envelope branco da pasta e o estendeu ao jovem de cabelos rebeldes.
- Aqui está tudo o que vocês vão precisar documentos e um pouco de dinheiro para esse mês. A contagem de iene é diferente então tenha atenção.
- Tsc – arrancou o papel das mãos do outro e com a outra pegou a mala grande, a única que tinha na verdade. – Se é só isso você já pode ir embora. – Bateu a mala do carro com mais força que o necessário e tomou o caminho que o levaria para dentro da nova “casa”.
- A vovó Neko, vai ajudar se precisarem de alguma coisa.
- Quanta preocupação Kabuto-san – Yukimaru comentou sarcasticamente e o jovem de cabelos rebeldes riu ao ter os pensamentos lidos pelo irmão mais novo.
O lacaio inflou as narinas para a criança que voltou rapidamente para dentro de casa, e voltou atenção para o moreno que o encarava com uma superioridade natural que o irritava profundamente. A troca de olhares parecia uma batalha como se por pensamentos eles estivessem repassando as regras daquele jogo doentio que jogavam há muito tempo. Novamente o grisalho ajeitou os óculos e sorriu maliciosamente tomando o caminho para o carro.
- Sasuke? – Chamou de costas e não esperou o outro responder, sabia muito bem que ele estava atento a cada passo que dava. – Não tente fazer nenhuma besteira, você pode ir e vir quando quiser, desde que não se esqueça á quem pertence. E lembre-se que não é só a sua vida que está em jogo aqui.
- Não tenho que ouvir ameaças de um subirdinado como você – rosnou irritado fuzilando com o olhar as costas alheia. – Eu sei que aquela cobra vai vigiar cada passo que eu der. Não preciso que me lembre disso.
- Hum... – Virou de lado para olha-lo ainda com o sorriso malicioso e debochado nos lábios. – Cuide-se.
O moreno ainda esperou aquele ser humano repugnante entrar no automóvel e desaparecer em uma esquina para entrar na casa. A mesma estava completamente vazia. Era pequena com três cômodos e um pequeno sótão. Teria que fazer um milagre para comprar tudo que precisariam e comida. Bem típico daquele homem.
- Sasuke – Yukimaru chamou. – Nós vamos estudar na melhor escola de Tókio! Não é demais!
Os olhos negros como a noite de lua nova se franziram. Era só o que faltava lidar com riquinhos mimados e egoístas que se achavam os donos do mundo só porque o papai e a mamãe tinham muito dinheiro. Já teve sua cota de pessoas ricas na vida. Se isolaria o mais depressa possível quando chegasse a esse colégio. Não ia ser difícil, pelo o que o documento dizia, entraria como bolsista e geralmente esses eram os menos queridos em escolas grãs finas como essa. Decididamente não seria um ano fácil.
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O arranha-céu de mais de vinte andares, era um ícone de imponência e poder na agitada capital do Japão. Sua estrutura era forte e seu exterior de mármore preto e vidro fumê não escondia o valor monetário que o mesmo representava. Nos dias atuais ele se encontrava deserto e por dentro tinha um aspecto de abandonado. Nenhum funcionário estava trabalhando, mesmo que fosse pleno horário comercial.
- Como se sente entrando de novo aqui? – Uchiha Madara perguntou ao sobrinho mais velho que observava as ruas por uma das janelas. – E pensar que esse já foi a sede da Sharingan.
Uchiha Itachi, atualmente com vinte e três anos, formado em administração de empresas no Estados Unidos estava conseguindo aos poucos reconstruir o império que seus ancestrais haviam criado a muito tempo atrás. Seu nome era conhecido na América e ele tinha muitos parceiros que adquirira ao prestar consultoria. O principal era a Akatsuki uma empresa com fins militares e era extremamente poderosa que atuava desde da Europa até o Oriente médio. Agora só faltava recuperar a posição de sua família no pais de origem.
- Vai voltar a ser... – Sibilou. – Agora que eu tenho controle sobre quase tudo, não vou cometer o erro de dividi-la aos anciões do clã.
- Entendo e concordo. – Madara se aproximou da janela e fixou seus olhos em um outro prédio que também chamava atenção, mas que não possuía a mesma reverência que a Black Tower. – Eles são ótimos para criticar e se impor, mas não conseguiriam administrar nem uma fazendo de formigas.
O moreno mais jovem concordou de leve com a cabeça. Depois que seu irmão foi sequestrado, a mentalidade de Mikoto se tornara instável e seu pai aos poucos foi perdendo a capacidade de lidar com toda aquela pressão. Em sua juventude Itachi teve que observar sua família ruir pela culpa e incapacidade. Os mais velhos do clã se indignaram com a “fraqueza” de seus pais e acharam o cúmulo do absurdo que Fugaku perdesse todo dinheiro do clã. A verdade era que o patriarca estava afundado em magoa, nunca vira ele dizer uma palavra de carinho ao filho caçula e antes que se dessa conta o pequeno havia sido arrancado de uma forma brutal de suas vidas.
Não era como se o antigo presidente não pudesse mais administrar a empresas, ele só simplesmente não ligava mais.
- Achei vocês! – Uchiha Shisui saiu do acesso a escada. – Não acredito que subiram até aqui de escada! – Reclamou ao chegar ao último andar.
- Se não queria cansar suas pernas devia ter esperado no térreo. – Provocou Itachi com o cenho franzido.
Madara riu da expressão irritada do recém-chegado e deu uns leves tapinhas no ombro do sobrinho de cabelos longos indicando que estava se despedindo.
- Vou deixar vocês dois sozinhos, cuidem-se. – Despediu-se indo em direção a porta que Shisui havia saído a pouco.
O moreno de cabelos ondulados considerou o primo de costas por uns instantes. A relação deles ia além de amizade a algum tempo. Entretanto Itachi assumia em alguns momentos uma áurea neutra e melancólica que não dava abertura para ninguém entrar. E só uma pessoa conseguia deixa-lo assim. Sasuke. Era visível quando seu parceiro estava pensando no irmão há tantos anos desaparecido. Quem o observava de longe achava que ele estava plácido e neutro, mas aqueles que conviveram com ele ao passar dos anos conseguia ler que na verdade por trás daquela expressão nostálgica escondia-se uma fúria velada que ele assim como seus tios temia profundamente. Afinal alguém tão genial poderia causar grandes estragos se trasbordasse de ódio e rancor.
- Já está tudo certo para nossa aparição na festa do Senju. – Informou com tato. – Falei com um amigo, nosso nome vai aparecer na lista de última hora. Acho que vamos deixar muita gente surpresa.
- Essa é intenção, quanto mais desorientados eles estiverem, mas atitudes impulsivas terão e eu quero que se sintam assim. – A resposta fria não surpreendeu o de cabelos curtos.
- Achei que não quisesse uma guerra com eles.
- E não quero. Só quero deixar bem claro que eu não vou permitir que o nome da minha família caia no esquecimento e que eles só estão onde estão porquê... – Não concluiu a frase sentindo um nó na garganta.
Shisui escolheu aquele momento para se aproximar, tocou o braço do mais novo que o olhou de canto, podia ver o brilho aquoso que foi rapidamente submetido ao olhar complacente de antes.
- Ele ainda pode estar vivo, em algum lugar, esperando por você. – A possibilidade era improvável, porém real.
- Eu pararia Shisui, eu juro que pararia se tivesse certeza. – Respirou fundo enchendo-se de determinação pelo ar cheio de poeira e mofo. – E eu só vou parar quando tiver.
O mais velho sorriu de leve pela sentença quase prepotente. Conhecia o primo a tempo o suficiente para saber que não estava brincando. Não era atoa que ele era considerado um dos dez melhores empresários do mundo e o mais jovem empreendedor do século. Itachi era aquele tipo de pessoa rara que consegue ser bom em absolutamente tudo que deseja fazer, não só por ser inteligente, mas por ser extremamente determinado e incrivelmente disciplinado.
- E eu vou estar aqui, do seu lado. – Falou como se comentasse sobre o tempo e olhou para fora como o mais velho, aquecido quando o outro segurou sua mão e a apertou aceitando seu voto de companheiro.
O clã Uchiha finalmente retornou ao Japão.
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