ayzu-saki Ayzu Saki

-Concerte-os. Kakashi suspirou olhando para a pilha de fichas na sua nova mesa, enquanto tomava um grande gole do café que necessitava. -Concerte-os. Foi tudo que a velha sádica lhe dissera. E ele tentara, individualmente, durante meses. E não dera certo. Era hora de uma nova estratégia. Uma estratégia ousada. E quem disse que a vida de um jovem conselheiro do secundário não seria cheia de emoção? Sakura sofre ostracismo, Gaara é muito violento, Karin está grávida aos 16 anos, Sasuke não consegue se socializar, Hinata não quer falar, e Naruto só não quer mais ser sozinho. Seis jovens, cada um com seus problemas. Quando Kakashi fizera aquela roda de terapia, nunca imaginava o que surgiria dali. Que esse pequeno ato mudaria tudo. Fic escrita em conjunto com a autora Bya Namikaze


Fanfiction Anime/Mangá Para maiores de 18 apenas.

#sasunaru #violência #angst #depressão #minakushi #abuso-infantil #gaahina #menkarin #saisaku #happy-ending #suicídio
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SEGURE MINHA MÃO

By Ayzu Saki e Bya Namikaze

Meninos problema

-Concerte-os.

Kakashi suspirou olhando para a pilha de fichas na sua nova mesa, enquanto tomava um grande gole do café que necessitava.

-Concerte-os.

Foi tudo que a velha sádica lhe dissera. E ele tentara, individualmente, durante meses. E não dera certo. Era hora de uma nova estratégia. Uma estratégia ousada. E quem disse que a vida de um jovem conselheiro do secundário não seria cheia de emoção?

Sakura Haruno, 16 anos. Grades perfeitas, sem dúvidas uma das alunas mais promissoras de todo o colégio. Estava prestando os exames para a universidade adiantados, em classes avançadas. Uma aluna perfeita.

Perfeita demais.

Lembrava a primeira vez que a vira entrar na sua sala, irritada, a cara enfiada em um livro, e ainda sim gritara com ele durante toda a sessão. A garota não parava de estudar, olheiras cobertas por maquiagem, era fácil achá-la pelo campus nos domingos, em laboratórios, como se o mundo fosse acabar. Uma grade abaixo da máxima era inaceitável. Tinha problemas claros de controle de raiva, ansiedade e períodos de depressão. Era constantemente rechaçada pelas outras estudantes por conta da aparência e das origens. Uma bomba relógio.

Sasuke Uchiha, 17 anos. O melhor aluno do colégio, e um dos mais problemáticos. Não se socializava, ou mesmo conversava, e quando fazia estava sempre fazendo algum professor chorar, ou algum outro aluno. Ele não abrira a boca em nenhuma sessão, a não ser para chamá-lo de imbecil e dizer que não precisava de terapia.

Hinata Hyuuga, 15 anos. Chamá-la de tímida era amenizar a situação. A garota não falava nada, a não ser pequenos sussurros. Alguns professores duvidavam mesmo que ela pudesse falar. Até mesmo Kakashi se assustou no dia que ela lhe disse um bom-dia ao entrar na sua sala. Foi a única coisa que ouviu dela durante todos esses meses.

Karin Uzumaki, 17 anos. Aluna brilhante, grades boas, classes avançadas. E grávida aos 16 anos, de quatro meses. E tudo o que Tsunade mandara foi concertá-la.

Gaara Sabaku, 18 anos. O típico garoto problema. Grades boas, quando aparecia na sala, o que era bem pouco. Já havia perdido um ano. Violento, estava à beira da expulsão, aquela era a bem dizer, sua última chance.

E por último, mas não menos importante – e complicado – Naruto Uzumaki, 14 anos. Naruto era fruto de um relacionamento extraconjugal do dono do colégio, na época professor, e essa informação não era um segredo para ninguém. A mãe havia sido uma das alunas, segundo Tsunade, uma das mais brilhantes e queridas. Kushina Uzumaki. A garota fora embora da cidade ainda grávida, e não se teve muita notícia sobre ela, até Naruto retornar para a cidade, sobre a tutela de um parente.

Não se sabia ao certo o que havia acontecido a Kushina, a não ser que havia morrido há anos. Toda a trama em si já era um problema, já que os filhos legítimos de Minato Namikaze estavam todos no colégio, e a presença de Naruto era considerada uma ofensa. Para piorar tudo, o garoto tinha dislexia, déficit de atenção e hiperatividade, suas grades eram terríveis.

Segundo um de seus professores, Iruka, Naruto era um menino esperto, mas ele era o único professor que o levava a sério. E Naruto não deixava passar nenhuma ofensa. Ele rebatia como podia, o que sempre ocasionava em um grande desastre. Pelo o que Kakashi percebera nas sessões, Naruto era uma criança sozinha, que se alegrava com qualquer migalha de atenção que pudesse receber, que sorria e fazia barulho para disfarçar os problemas. Ele tinha sinais antigos de negligência e abuso em todas essas atitudes. Havia algo a mais, algo mais obscuro, e ele queria, precisava descobrir o que era, se quisesse ajuda-lo.

...................

A primeira sessão

-Vamos fazer uma breve introdução sobre cada um de nós, para que possamos nos conhecer melhor. Gostos, desgostos. Algo geral.

-Isso é uma perda de tempo. - Kakashi viu o ruivo falar baixo, o corpo largado na cadeira de plástico de qualquer forma no círculo.

-Tudo bem Gaara, podemos começar com você então.

-Meu nome é Gaara, e eu sou alcoólatra. - O ruivo falou seriamente.

-Oi Gaara. - Naruto respondeu, com a mesma seriedade e do lado dele Karin tentou segurar uma risada entre as mãos.

Suspirou. Belo começo.

-Agora que já fez sua graça, faça direito.

Ogaroto suspirou entediado, mas obedeceu.

-Sou Gaara, tenho 18 anos, e meio que andei quebrando a cara de um moleque ou outro pelo colégio. Tipo, frequentemente. Gosto de cigarros, e odeio grupos de terapia.

-Interessante. Você agora Karin, já que parece estar se divertindo.

A garota ruiva fungou, mas respondeu. Naruto parecia tentar esconder o riso por algo que ela dissera baixo.

- Sou Karin, tenho 16 anos. E estou grávida, mas isso meio que óbvio. Gosto de música, toco violoncelo. Ou tocava, com essa barriga fica difícil.

Kakashi virou para o Sasuke, os outros seguindo seu olhar. O moreno bufou, ainda de braços cruzados.

-Sasuke, 17 anos. Estou aqui por que as pessoas não conseguem lidar com a verdade e com o fato de que estão errados e precisam ser corrigidos.

-Verdade que você fez a professora de arte chorar? - Sakura perguntou, curiosa, os olhos verdes arregalados.

-Ele fez. - Gaara falou, dando uma risada abafada. - Foi um show e tanto.

- Hum. - Sasuke mandou um olhar mortal para o ruivo. Kakashi pigarreou, o olhando sugestivamente para que continuasse. - Não gosto de nada em particular, e odeio muita coisa.

-Vamos lá, você pode fazer melhor. - Incentivou. Sasuke rolou os olhos, virando o rosto para a janela.

-Odeio doces.

Kakashi desistiu de tirar algo a mais, aquilo era muito até.

-Hinata?

-Sou Hinata.

Ela falou baixo. Todos ficaram a encarando, esperando. E não veio mais nada.

-Tudo bem... - Karin comentou baixo no silêncio estranho.

-Sou Sakura. - A outra garota falou, quebrando o silêncio. Kakashi sorriu ao ver o sorriso aliviado da morena com a intervenção da outra que lhe sorriu de volta. - Estou aqui por que estudo demais. Quero ganhar uma bolsa para uma boa universidade de medicina, mas dizem que não sei relaxar, e que sou violenta, e cabeça quente. Tenho um problema ou outro de controle de raiva, só.

-Gostei dela. - Gaara falou para Sasuke do seu lado, que bufou, entediado.

Sakura ficou vermelha, mas continuou.

-G.gosto de ler. E não gosto de falhar.

- Obrigado Sakura. Por último e não menos importante, Naruto.

-Sou Naruto! - O loiro falou se ajeitando na cadeira. - Tenho 14 anos.

- Bebê! - Karin falou passando a mão no cabelo loiro bagunçado que a estapeou fazendo um bico amuado.

-Karin...

-Desculpe professor, instintos maternais.

- Continue Naruto.

-Estou aqui por que... tenho problemas com alguns alunos e a diretora acha que meus métodos de defesa são... extrapolados? – Ele falou isso como se tivesse decorado algo pronto, e Kakashi suspirou.

-Você foi quem fez aquilo com o sakê dela. - Gaara pontuou e com isso até Sasuke se ajeitou, os olhos curiosos Naruto coçou a cabeça. - Me pergunto como.

- Furtivo. - Karin falou por baixo da respiração, um toque de orgulho que não deveria estar ali.

-Ela estava demonstrando favoritismo.

- Isso foi por que seus irmãos fize... - Sasuke começou.

-Eles não são meus irmãos! - Naruto a cortou, o rosto antes sorridente e encabulado sombrio.

-Tudo bem, tudo bem. - Kakashi tentou acalmar os ânimos, sabendo que ali haviam entrado em um assunto delicado. - Obrigado Naruto. E não Gaara, você não vai perguntar a ele como ele entrou na sala da diretoria para imitá-lo. Isso não é algo para vocês estarem alimentando. Vou passar a bola para mim. Sou Kakashi, tenho 27 anos, e sou conselheiro da escola.

Naruto ficou tão calado quanto Hinata toda a sessão.

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Um grupo estranho

A amizade entre Hinata e Sakura havia sido uma surpresa inicialmente. Mas com o passar das sessões, a proximidade das duas parecia tê-las ajudado, e Kakashi ficava feliz – e intrigado – com isso. Elas não pareciam ter muito em comum. Sakura era esquentada, barulhenta. Hinata era tão quieta que as vezes pensava que tinha que colocar um sino nela, para não se assustar. E sempre gentil, com todos os outros. Ouvira comentários dos professores sobre as duas, e sobre como Sakura parecia menos ansiosa, e Hinata começara a participar.

A amizade de Sakura com Naruto não fora uma surpresa. Kakashi sorriu, olhando a ficha dos alunos. A garota colocara como meta de vida aumentar as grades do loirinho. A base de horas de estudo, e muitos gritos e cascudos, com Hinata sempre nos calcanhares dos dois, ajudando como podia.

Karin adotara todos. Isso foi claro. Era bem comum ver a garota- e sua barriga – com Naruto a tiracolo. Ou mesmo Gaara, como uma sombra ameaçadora atrás dos dois, espantando qualquer olhar torto. Era ela que os arrastava para sentar juntos no intervalo, Kakashi tinha certeza. Você sempre podia encontra-los, ouvir a risada escandalosa de Naruto, os resmungos de Sasuke, as piadas de Gaara, sempre fazendo Sakura e Hinata corarem escandalizadas.

Sasuke fora o mais complicado de se socializar. Kakashi achou que ele se aproximaria de Sakura ou Hinata, mas para sua surpresa, a atenção do Uchiha fora para Naruto. Todos se espantaram ao ver os dois saindo juntos da aula, todos os dias. O garoto mais velho calado, enquanto o loirinho falava animado, 100 km por hora.

Eles formavam um grupo realmente estranho. Todos eles.

Kakashi sorriu por trás da sua máscara cirúrgica, olhando os seis andando pelo pátio. Naruto vinha no meio, o menorzinho, um sorriso animado enquanto conversava de forma animada com Sasuke e Karin. A garota gargalhava de vez em quando, e o Uchiha parecia exasperado, mas o rosto estava relaxado. Gaara estava logo atrás, um braço em cada ombro de Hinata e Sakura. Haruno parecia estar passando um sermão, enquanto Hinata apenas murmurava algo, e o ruivo com um sorriso malicioso rebatia, a irritando.

Era naqueles momentos que Kakashi sabia que havia feito a coisa certa.

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O anti-social

Sasuke nunca comentou com ninguém sobre os machucados em Naruto, ou sobre a casa sempre vazia quando ia busca-lo e deixa-lo depois da escola. Naruto nunca pedira, ele nunca se oferecera, e ainda assim nenhum dos dois nunca verbalizou o estranho arranjo.

Naruto também nunca comentou sobre o fato de Sasuke morar sozinho. Nunca receber ligações de ninguém, e ser emancipado. Nenhum dos dois nunca perguntara nada ao outro, mesmo Sasuke sabendo o suficiente de Naruto para saber o quanto ele era curioso. Porém ele tinha também uma sintonia estranha, parecia sempre saber a coisa certa a dizer. Saber quando ele, ou um dos outros estava pedindo conselhos, ou apenas precisava ser ouvido. Naruto era esse tipo de pessoa. Que sempre tinha uma frase descontraída nas sessões, quando o clima ficava pesado demais. Que sempre corria para realizar qualquer desejo de Karin, e mesmo sendo o menor deles, sempre estava pronto para defender qualquer um. Quando Hinata era ridicularizada por sua timidez, Sakura sofria ostracismo por ser a bolsista filha do jardineiro da escola, ou pessoas diziam coisas ruins de Karin. Naruto sempre achava uma maneira de se meter. No início Sasuke achava que ele era um suicida por isso, mas, aos poucos, percebeu que Naruto nunca tivera amigos, e agora que os tinha, ele faria de tudo por eles.

Com o tempo Sasuke percebeu que não era tão diferente.

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O garoto problemático

Gaara não lembrava um tempo na sua vida que não tivera que se defender de alguém, com palavras ou punhos. Do seu pai, dos valentões na escola, dos moleques da sua rua. Ele não lembrava um tempo que tivera amigos. Alguém para pular por ele em uma briga. Seus irmãos se mandaram quando tiveram a chance, e assim que fez 18, fez a mesma coisa. Trabalhava meio-período em uma loja de conveniência, e morava em um buraco de rato, mas ao menos era um cara livre do pai e das bebedeiras. Nunca nenhum de seus irmãos o procurou, e ele não os culpava. Ninguém queria ser responsável por um merdinha como ele.

Se alguém tivesse lhe dito meses atrás, no entanto, que ficaria amigo de alguém como a Hyuuga, ele quebraria a cara do sujeito. E, no entanto, lá estava ele, a ajudando a levar as compras para casa, andando em um lado da cidade que nunca estivera. Sabia que se andasse sozinho ali, achariam que iria roubar algo.

Ele conhecia Sasuke, antes da roda de terapia. Estavam em salas juntos, e admitia que as respostas rudes do outro lhe davam tanto entretenimento nas aulas, que era as únicas que costumava frequentar. Ninguém sobrevivia ao Uchiha, era divertido de ver. Havia um mutuo respeito entre os dois. Não eram amigos, mas sempre que necessário trabalhavam juntos.

Claro que ele ouvira falar de Naruto também. O garoto estava sempre metido em alguma confusão na escola. A criança sabia sim ser bem furtiva, e ele conhecia o bastante daquele comportamento em si mesmo para saber que o garoto exalava o ar de uma criança que cresceu sabendo como se virar nas ruas, como se defender. Alguém que sofrera o abuso e negligência, como ele mesmo sofrera. E ainda assim, não havia raiva nos olhos deles, e as atitudes dele, embora pudessem irritar alguém até a morte, nunca eram de desnecessária violência. Mesmo quando os “irmãos” dele tentavam humilhar o garoto de alguma forma, as saídas dele eram sempre usando a cabeça. E isso acontecia com frequência. Com exceção de Menma, os Namikaze pareciam bem dispostos a expulsar o irmão bastardo de qualquer forma – não que isso fosse acontecer. Talvez por Menma ser a ovelha negra da família, Gaara era observador o bastante para notar que ele parecia mais indiferente ao irmão indesejado do que irritado e ofendido como os outros. Até curioso. Mas não se meteria nisso, ao menos que fosse preciso. Gostava do garoto, era um dos seus preferidos. Ele morava perto da loja, e sempre aparecia para encher a sua paciência, ou fugir, ele imagina, do ambiente nocivo em casa.

Assim como gostava da Haruno, era divertido irritar a CDF. E ver aqueles olhos verdes irados eram mesmo uma delícia de se ver.

Gostava até mesmo da Uzumaki, apesar dela – nunca admitiria isso em voz alta – poder ser bem assustadora as vezes.

Porém sua favorita era mesmo a Hyuuga. Ela era estranha. Sempre assustada em falar, corava por qualquer coisa, mas quando ela falava, Gaara ficava preso. A garota era esperta. Ela tinha espirito, e até mesmo um senso de humor negro e autodepreciativo que o deixara impressionado. Apreciava a companhia silenciosa dela, que nunca se incomodava quando ele estava com raiva demais para falar, ou quando ele queria contar as merdas da sua vida. Hinata ouvia sempre, sem nada dizer. Ela e Naruto eram os únicos que sabiam sobre o que Gaara passava. Os dois tinham aquele dom, de fazê-lo falar tudo. E era bom não ser julgado. Era bom ver o entendimento nos olhos de Naruto, e a compaixão nos de Hinata.

Era bom ter amigos pela primeira vez.

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A CDF

A primeira vez em que Sai falara com Sakura, ela achou que ele iria ridiculariza-la. Estava sozinha, o que era raro naqueles dias. Os excluídos – como os seis da roda de terapia eram chamados ultimamente – sempre estavam juntos. Parecera um acordo não dito, sempre havia algum deles para cobrir as costas do outro. Exceto Naruto, que era ainda um novato, todos eles tinham alguma classe juntos. Era reconfortante. Antes Sakura vivia na biblioteca, ou sempre que podia ia ver o pai no jardim, mas agora ela realmente tinha um lugar para sentar no intervalo. Tinha Hinata para ouvi-la, tinha Naruto e Karin para cuidar, e até mesmo as piadas ridículas e irritantes de Gaara e Sasuke lhe davam conforto. Por isso quando Sai chegara, ela levantou os olhos verdes, pronta para dar uma resposta a altura, como eles dois dariam, mas tudo o que o garoto dissera fora sobre um trabalho de química. Nem mesmo sabia que tinham alguma classe juntos.

Sai era inteligente, e tinha uma língua afiada como a de Sasuke, embora menos rude, ele parecia mais...sem tato para conversar. A aparência deles também era parecida, de uma maneira até assustadora. Ficara desconfiada, e não dera abertura, mesmo com ele a seguindo pela biblioteca nos dias seguintes. Aos poucos, no entanto, por curiosidade, foi  baixando a guarda. Percebera muitas coisas. Que Sai era um sujeito desajeitado com pessoas, mas que não era ruim. Soubera até mesmo, através de Naruto, que ele o tutoreava a mando do professor Iruka em uma das classes, e que Sai, apesar de ser um “pé no saco” as vezes, era um sujeito legal.

Era o primeiro amor de Sakura. Nunca se achara bonita, sua inteligência era sua única qualidade. Era sem graça, sempre um palito, sem peitos, e seu jeito de se vestir, seu cabelo pintado de rosa, tudo fazia com que não encaixasse em lugar nenhum. As garotas eram cruéis com ela, os meninos nunca lhe deram um segundo olhar.

Os caras da roda de terapia, Kakashi, eles foram as primeiras pessoas além de seu pai que pareceram vê-la como ser humano.

Sai também.

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O menino solitário

Naruto tinha pesadelos com a mãe dele quase toda noite. Dos olhos dela, sempre sem vida, frios, distantes. Das mãos dela em seus cabelos, sempre o chamando de bom garoto, com aquela voz vazia. De como ele a amava, com todo fervor infantil, e em como a temia. De seus próprios passos na grande casa silenciosa. De ficar trancado no quarto por dias, sem comer ou beber nada, por que ela o esquecia lá.

Hoje, ele sabia o termo. Depressão pós-parto. Mas na época, tudo o que sabia era que tinha um monstro dentro da sua mãe. Algo que surgia do nada, e que um dia, apenas não fora mais embora. Um monstro que por vezes o maltratava, por vezes o abandonava. Quando ela se casara com Dei, ele achara que ela iria melhorar. Havia um brilho nela, que nunca vira. Mesmo que por vezes ela o chamasse por outro nome, ele pensara que sua mãe estava melhorando. Dei sempre estava com ela, o ajudando. Naruto tivera esperança, pela primeira vez, que teria uma família de verdade, que teria sua mãe consigo. Que poderia ir a escola, sair de casa, e conhecer outros meninos. Ele estava feliz.

Quando sua mãe se matou, ele tinha 5 anos. Ele acordara com o corpo frio abraçado ao seu na cama, e não conseguira se desvencilhar da rigidez post-mortem. Demorara para ele perceber. Assim como demorara para alguém entrar no quarto e ajuda-lo depois de seus gritos.

Depois disso, Dei virou outra pessoa. O monstro que tinha dentro da sua mãe, estava em Dei agora. Ele sempre falava que a culpa era de Naruto, e do pai que ele nunca conhecera. Dei queria destruir o pai de Naruto, e de alguma forma, machucar Naruto parecia uma saída.

Até mesmo agora, ele viera para aquela cidade, apenas para destruir Minato Namikaze.

Naruto não gostava desse tal Minato, não queria ter nada com ele. Talvez por Dei falar tanto, ou talvez por que no fundo ele sabia, ele sabia da história. Sabia que se Minato tivesse escolhido sua mãe, ela poderia estar viva. Que ele fora um covarde, que ele nunca tentara ter notícias suas. Mesmo depois que ele chegara na cidade, ele nunca tentara ir vê-lo. Uma parte pequena de Naruto, tinha esperança, tivera esperança que ele viria busca-lo. Uma parte do Naruto de seis anos, que por vezes sonhava com o pai vindo busca-lo, e leva-lo consigo. Essa parte morreu quando descobriu que até mesmo para entrar na escola fora quase impossível. Só entrara por que Minato não era o único dono.

Sabia que Dei só queria chantagear Minato, esfrega-lo na cara de todos, para humilhar o homem que tanto odiava. Nem mesmo se importava com o que o enteado passava por isso. Por quantas vezes os filhos de Minato, os gêmeos, o humilharam, ou armaram para que fosse expulso. Como os professores o olhavam, como todos o olhavam na rua, como se fosse algo sujo, um segredo imundo. Como eles fechavam os olhos com tudo. Tirando o professor Iruka, nenhum deles se importava com o que faziam contra ele, mesmo que fosse uma pegadinha perigosa. A diretora também tentava ajudar, mas ela estava sempre ocupada demais, enrolada demais. Naruto estava sozinho. Em casa, na escola. Sua vida era uma eterna solidão, dolorosa, sem saída.

Até que entrara na roda de terapia, que conhecera Kakashi-sensei, Sasuke, Karin-chan, Hinata-Hime, Sakura-chan e o Gaara. Eram sua família, que nunca teve. Karin era como a mãe deles, a mãe que ele imaginara sempre. O fazia comer, o dava sermão, ouvia suas piadas, o abraçava várias vezes durante o dia. Não abraços frios, mas quentes, fortes, com a barriga larga o apertando. Gaara era seu irmão, ele conhecia Naruto sem que ele dissesse nada. Os olhos dos dois eram iguais. Hinata e Sakura eram irmãs. Sakura o colocando no eixo, Hinata com sua gentileza, que nunca tivera na vida. Kakashi-sensei e Iruka-sensei eram seus pais. Como imaginava que ter um pai seria.

E Sasuke. Sasuke era algo totalmente diferente. Sasuke era quase como...como uma extensão dele. Ele parecia sempre saber o que ele pensava. Ele se pegava pensando nele tantas vezes, que aquilo o assustava. Sasuke era que cuidava de seus machucados, para os outros não verem, sem perguntar nada. Que o chamava para passar tempo na casa dele, que morava sozinho, de tempos em tempos, quando percebia que estava tudo demais. Sasuke fora o único deles que já o vira chorar, e nunca dissera nada. Ele não fingia para Sasuke, nunca para ele. Não sorria se não queria, quando estavam os dois. Era bom.

Sasuke era...melhor amigo. Ou alguma coisa que na sua cabeça, infantil para idade, não conseguia compor. Que o assustava, mas lhe dava algo bom na barriga. E um calor no corpo, que o deixava acordado na noite.

Naruto estava feliz. Quando estava com eles, ele estava feliz. E isso nunca tinha acontecido antes.

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A menina calada

Hinata nunca soubera o que era ser realmente querida para alguém. Em casa as pessoas nunca a ouviam, por isso, apenas deixara de falar. Sabia, desde criança, que devia ser vista, e não ouvida. Ela não tinha confiança em si mesmo. Sabia que era uma falha para seu sobrenome, seu pai sempre dissera isso. Hinata nunca soubera o que seria ter alguém realmente querendo saber o que ela pensava.

Até conhece-los.

Até Sakura lhe estender a mão, a defender no banheiro da escola, mesmo tendo a conhecido há apenas um dia. Até ter os outros por perto, até Kakashi lhe perguntar sobre quem ela era de verdade, e ela começar a perguntar aquilo a si mesma. Nunca soubera que poderia ser bonita, até Naruto lhe falar isso todos os dias, aqueles grandes olhos azuis cheios de sinceridade. Nunca soubera que tinha uma boa cabeça, até Sakura vir tirar dúvidas com ela. Nunca soubera que era orgulhosa, até Sasuke lhe ensinar a ser. Nunca soubera que podia ser útil, até Karin falar sobre sua gentileza.

Nunca soubera que poderia ser amada, até Gaara lhe mostrar isso, através do olhar, através de sempre ouvi-la. Através da mão dele na sua, não para guia-la, mas ao seu lado.

Hinata estava feliz. Hinata pela primeira vez, sentia-se uma pessoa.

.......................................

O irmão

Naruto nunca estivera tão confuso na sua vida, até se deparar com Menma na porta da sua casa. Jaqueta de couro, luvas de motoqueiro e um cigarro encharcado nos lábios, sorrindo de forma irônica para si, mesmo que tivesse ensopado com a chuva que caia lá fora. Seus olhos azuis piscaram aturdidos, seu sorriso que estava no rosto ao pensar que fosse Sasuke, havia sumido. E seu primeiro impulso foi fechar a porta na cara do outro. E esse desejo deve ter sido bem evidente, pois o outro colocou as mãos na frente do corpo e sorriu, soltando o cigarro e colocando o pé na porta.

-Vim em paz! Só quero conversar.

A voz dele era muito parecido com a sua, mas mais grave. Não pela primeira vez Naruto percebeu como se parecia com o filho mais velho de Minato. Eles tinham o mesmo cabelo loiro, os olhos eram azuis. Mesmo que fosse uns vinte centímetros mais baixo, diferente do que acontecia com Ino e Deidara, havia muito em comum no rosto dos dois. E isso o irritava.

Ainda assim, estava curioso. Uma parte de sua mente estava alerta, o mandava fechar a porta, mesmo com o pé do outro agora no meio do caminho. A outra parte, estava muito curiosa.

Menma nunca fizera nada contra si, de fato. Mas também nunca fizera nada para ajudá-lo. Quando chegara na escola, e soubera o quanto o primogênito dos Namikaze era violento e encrenqueiro, pensara que seria ele que tentaria fazer da sua vida um inferno. Mas estivera errado.

Porém daí a confiar nele a entrar na sua casa seria algo diferente.

-Está sozinho?

-Não é da sua conta. – sua voz saiu em um sibilo e ia fechar a porta, mas o outro já tinha entrado, pingando água em seu carpete. Dei iria ficar furioso, se tivesse em casa. Por sorte ele tinha viajado novamente, como vinha fazendo frequentemente. Por isso ligara para Sasuke, e o chamara para fazer companhia, como sempre.

Mas fora Menma que aparecera.

-Nada mau irmãozinho. – O outro assobiou atrás de si, o tirando do transe e o fazendo se virar furioso. – Bela casa, mesmo que a vizinhança seja duvidosa. Não tinha entrado na última vez.

-Não sou sei irmãozinho! Agora saia...- então houve o click. – Última vez?

O outro estava tirando a jaqueta e se recostando na parede, olhando ainda ao redor, de forma distraída.

- Yeah. Vim com o velho aqui algumas vezes. – Curioso com o silêncio abismado de Naruto encarou o outro garoto, que agora fechara a porta, o olhando de forma desconfiada. – Puta merda. Você não sabia. Seu velho não te contou. Eu sabia que aquele desgraçado estava mentido.

-Do que diabos...

- O pai veio aqui, assim que soube que você estava na cidade. – o outro falou sério – Eu vim com ele, ele queria te ver. O tal de Dei Usagi disse que você não queria vê-lo. Ele tentou mais algumas vezes. Eu sabia que aquele merdinha estava mentindo.

Naruto se recostou na porta, o rosto aturdido.

-Você está mentindo.

Ele tinha que estar. Não fazia sentido...não fazia.

O outro o encarou profundamente, e havia...pena nos olhos dele. Sua respiração aumentou.

-Vocês...você é como todos eles! Você é o pior! Sai daqui! Vocês só querem se livrar de mim...apenas...

-Ino e Deidara são uns imbecis. – Menma falou de forma seca. – Só fazem tudo o que a sociopata da nossa mãe manda. Se ela mandar eles rolarem no chão, sei que vão fazer. Não vou tirar a culpa do velho aqui. Ele foi um covarde. Cara. – ele suspirou – Se ele tivesse chutado minha mãe e ficado com a sua, tudo seria melhor. Ela é uma vadia, é minha mãe, mas é uma vadia. Faz da vida dele um inferno.

Naruto sentiu uma estranha satisfação com isso. Minato merecia. Mas esse pequeno momento se foi e balançou a cabeça.

-Ele devia ter pensado nisso antes. – Naruto o encarou com raiva. – Antes dela se encher de remédios e se matar! Seu pai é um maldito...

-Nosso pai.

-ELE NÃO É MEU PAI.

- Mesmo que considere esse tal de Dei seu velho, não muda o fato de que seu pai é Minato Namikaze, seu pai biológico. – Menma se aproximou, sem que percebesse, parando na sua frente.

-Foder minha mãe não faz dele meu pai. – tentou empurrá-lo e teve a mão segura.

-Nem mentir e abusar de você. – Sentiu o coração escapar uma batida enquanto o outro olhava seu braço, onde com a camisa sem mangas, as marcas na parte interna eram visíveis. – Um estudante não queimaria você com um cigarro. Eu venho te observando Naruto. Não sou burro, como os outros. Eu vi na cara desse tal de Dei, no que ele falou com meu pai. Eu vi em você.

Puxou o braço com força e o outro deu um passo para trás.

- Então corra e conte para todo mundo. Vai ser mais um motivo para me humilhar.

Ouviu um som exasperado e o outro bateu na porta atrás de si.

-Você é denso como uma porta moleque. Eu não vim aqui para isso.

-Então para que diabos veio?!

Para sua surpresa o outro pareceu aturdido.

-Sei lá! – outro som frustrado e o outro se afastou totalmente, jogando a jaqueta no chão com força. – Eu acho que, e se contar para alguém te mato, só queria saber quem você é. Na escola, você parece um ator fajuto, um idiota, até sair com aqueles outros estranhos...

-Não fale deles assim! – rosnou.

-Okay, okay, desculpe, nervosinho. Mas é isso. Eu quero saber quem você é. Talvez, no fundo desafiar aquela velha louca. Eu não sei! Só quero que saiba que não sou seu inimigo. Você tem o direito de odiar o velho, ele chegou meio tarde para consertar as coisas, mas não temos culpa dos erros dos outros. E se você quiser se livrar desse cara que abusa de você, vou te ajudar. Não sei como ainda, mas isso me dá nos nervos. Chame de instinto de irmão mais velho, que eu nem sabia que tinha!

Naruto o olhava aturdido. O menino de seis anos dentro dele queria muito acreditar naquilo, de verdade. Estava tão confuso, tão confuso...

-Sei que não confia em mim.

-Não mesmo.

A batida na porta o assustou tanto que desencostou dela mais do que depressa. Uma nova batida mais impaciente o fez desviar o olhar do tão parecido com o seu e a abrir, apenas para ver Sasuke na sua porta, pendurando o guarda-chuva com um sorriso pequeno. Apenas para morrer ao ver Menma atrás de si.

-O que diabos esse cara faz aqui?

Ele entrou mais do que depressa, se posicionando na sua frente. Menma parecia curioso.

-Sou irmão dele.

-Uma ova que é!

Os azuis se estreitaram.

-Gostaria de saber o que você é dele Uchiha. Se lembro bem, teus velhos te expulsaram de casa por se pegar com um cara de outra escola, espero que não esteja tentando molestar meu irmão, para seu próprio bem.

Naruto ficou desconfortável com a situação, e com a informação. Sabia que Sasuke morava sozinho e era emancipado, e que seu irmão era o único que vinha vê-lo, mas não sabia o motivo.

-Não fala com ele assim – Resmungou, olhando de forma perigosa para Menma, ao mesmo tempo que segurava o braço de Sasuke, impedindo de bater no outro.

-Se quiser algo com meu irmão, é bom merecer isso, e não tentar...

-Você não é irmão dele! Não passa de um...

-CHEGA! Os dois. – para sua surpresa, eles fizeram silêncio. – Se quiserem ficar na minha casa, vão fechar as malditas bocas e se comportar, ou vão ser chutados na chuva, espero que tenha sido claro.

-Sim. – Seu irmão resmungou, mas parecia satisfeito com algo. Talvez por Naruto não o ter expulsado de vez.

Sasuke deu um último olhar mortal ao outro, e apenas assentiu. 

Seu braço não soltou o de Naruto nenhuma vez.

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A mãe de Hiro

Karin vagava os olhos a distância, sua mão posta na barriga de já sete meses, a expressão saudosista. Escondeu-se mais nas sombras do portão quando a figura feminina saiu pela porta da frente em direção ao jardim. Mesmo dali podia sentir o cheiro das margaridas. O cabelo vermelho da mãe preso em um rabo de cavalo, enquanto se ajoelhava e escavava o chão de terra.

- Karin?

Virou o rosto assustada em direção a voz atrás de si, apenas para ver Naruto cruzando a rua, uma sacola de compras na mão, uma toca e jaqueta postos, o rosto corado pelo frio do outono. Os olhos azuis curiosos e preocupados. Sorriu, voltando a olhar o portão.

Sentiu a presença dele ao seu lado, ambos silenciosos, mesmo que soubesse o quanto ele estava intrigado com a situação. Minutos se passaram até sentir o casaco posto ao seu redor, e levantar a cabeça para o menino um pouco mais alto que ela mesma, sorrindo.

-Está muito frio. Quer tomar um café?

Assentiu enquanto segurava na mão dele, seguindo para longe da casa em que passara a infância inteira.

Era um café pequeno e aconchegante. Lembrava bem do lugar, o melhor café da cidade. Sua irmã tivera um trabalho de verão ali quando tinha a sua idade. O cheiro, o barulho do sino ao abrirem, tudo lhe lembrava da vida que deixara para trás.

Olhou para a rua através da janela. Naruto continuava em silêncio, bebericando o café. Gostava disso em Naruto. Gostava de como ele sempre estava pronto para ouvir. Em como ele gostava de cuidar dela, ligava para perguntar se estava bem toda noite, falar sobre o bebê. Sua irmã até mesmo perguntara em certa ocasião, se o cara com quem passava horas no telefone seria o pai do filho que estava esperando, o pai sobre quem nunca falava. Sentia vontade de rir sempre que ouvia isso.

- Não sabia que morava aqui perto. – Falou, olhando para a sacola de compras. O loirinho a olhou confuso, e então sorriu.

-Não moro. Sasuke mora.

-Vocês estão ficando bem próximos, hum? – perguntou de modo sugestivo e o viu ficar muito corado, resmungando algo. Riu do constrangimento do outro, até que suspirou. – Eu morei aqui, nessa rua, minha vida toda.

-Aquela casa...

-São dos meus pais. Quando souberam do bebê, e que eu não casaria por isso, eles pediram de forma educada que eu saísse de lá.

Viu os olhos surpresos e irritados do outro.

-Eles não podiam fazer isso.

Deu de ombros.

-Era um escândalo. Fui morar com minha irmã, ela tem um apartamento no centro, é pequeno, mas estamos nos arranjando. Vamos fazer o quarto do bebê esse mês, e todos vocês vão me ajudar a ajeitá-lo. É uma ordem.

Naruto sorriu, pequeno, ainda transtornado.

-O pai...o pai do Hiro...ele...

-Ele sabe. Diz que não é dele. Então não é. Não quero que seja.

Falou de forma simples e viu o outro a olhar com entendimento. Sim, Naru a entendia mais do que ninguém. Afinal, fora isso que seu pai fizera com ele também.

-Ele foi embora, e espero que nunca mais volte.

O loiro assentiu. E então seu rosto se iluminou.

-Eu vou ser o pai do Hiro! – bateu na mesa, um sorriso enorme do rosto. –Eu posso cuidar dele!

Karin abriu a boca, surpresa, e então começou a gargalhar.

-Naruto! Você ainda é um menino!

O outro fez um bico.

-Vou crescer um dia. Eu juro que vou ser um bom pai. Não tive muita referência mas...queria ser como Iruka...posso pedir ajuda a ele.

Negou devagar.

-Você já é um tio perfeito. – Apertou a bochecha do outro, que parou de falar. – Meu irmãozinho. Hiro não vai precisar de um pai, ele já tem muitos tios, e vai ser muito amado.

-Ele já é!

-Sim, ele já é.

Os dois sorriram um para o outro. Um sorriso parecido, vulpino. Eles nunca entraram no assunto de serem parentes de fato. Karin seria algo como uma prima distante da mãe dele, uma Uzumaki. Naruto não gostava de falar sobre a mãe, mas sabia que ele falaria um dia, quando estivesse pronto para isso.

-Naruto.

A voz os pegou de surpresa e Karin virou, apenas para encontrar quem menos esperava atrás de si. Por um momento achou que fosse Sasuke, mas se enganou.

-Menma Namikaze. – falou devagar, os olhos se estreitando. – Se veio aqui para...

-Tudo bem. – Naruto a interrompeu, a voz suave. – Ele não vai fazer nada.

-Isso ai ruiva. – o outro falou, sentando sem cerimônia do lado de Naruto, colocando um braço nos ombros dele e pegando seu café, mesmo com o protesto do outro, só para fazer uma careta. – Eca! Sem açúcar, como você é estranho...

-Devia pedir o seu então. – o outro tomou a xícara. – Karin, esse idiota é Menma. Meu carrapato esses tempos.

-Sou irmão dele. – o moreno o corrigiu. – E não confio nele perto do Uchiha.

-Você foi encher a paciência de Sasuke de novo... – O loiro bateu na cabeça do outro, que resmungou, Karin só conseguia olhar confusa, sem saber como aquilo tinha acontecido. Na escola os dois nem mesmos se falavam.

-Ele nem mesmo sabia aonde você estava!

-Não sei como sempre sabe quando venho aqui. – o loiro falou rude, mas havia um sorriso pequeno, escondido pelo gole que dava.

-Instinto fraterno.

- Imbecil. – ouviram a voz atrás dos dois, e viram Sasuke chegando, se jogando ao lado de Karin, apenas para encarar Menma de forma homicida. O outro sorriu, e era estranho ver o sorriso vulpino ali também. E ver o quanto ele e Naruto se pareciam. Menma era mais velho, mais alto e forte, mas bem podia imaginar Naruto assim daqui há alguns anos também. O cabelo dele era mais longo, e havia uma tatuagem no pescoço, visível, assim como sabia que haveriam outras. Um piercing na sobrancelha, e as roupas de bad boy. Podia o imaginar andando com Gaara facilmente, mas não com alguém como Naruto.

-Queria saber. – falou finalmente, interrompendo uma discussão que havia começado. – Quando ele virou amigo de vocês.

-Ele não é meu amigo! – Sasuke rosnou, ao mesmo tempo de Menma, apontando um para o outro.

- Eu também queria saber. – Naruto suspirou, dramático. – Um dia abri a porta e ele apenas entrou. Não foi embora mais da minha vida.

-Como um cachorro de rua. – Sasuke resmungou. – E ainda o segue como um, entra na minha casa, come da minha comida, suja meu tapete de lama.

Menma bocejou, de forma zombeteira.

-Quer ficar com meu irmão, tem que me aguentar.

-Não estamos juntos. – Naruto falou muito vermelho, pedindo ajuda com os olhos para Karin. Mas ela estava se divertindo demais para interferir.

-Claro que não, claro que não. – o outro loiro falou irônico, só para olhar a ruiva. A encarou por tanto tempo que Karin se viu ficando vermelha. E então ele estendeu a mão. – Menma Namikaze. Seu escravo.

Todos o olharam estranho, e então Karin gargalhou. 

Aquilo podia ser bem divertido.

-Karin Uzumaki.

Menma pegou a mão da garota, a beijando de forma exagerada. Afinal, era sabido que os homens da sua família tinham uma queda por ruivas.

27 de Abril de 2018 às 13:49 0 Denunciar Insira Seguir história
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