hopzismo Le Loustic Hop

(REFLEXIVO) - Se você não faz o que ama, cuidado, pode ser que eu sem querer tenha escrito a biografia de sua vida. E da minha, e a da maioria das pessoas.


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Clacláque (Completo)

CLACLÁQUE! É o barulho que a caixa verde faz depois que você coloca o cartão de ponto nela. Acima, com o vidro quebrado, um relógio te olha. Clacláque! Clacláque! Marca-se o exato horário, no exato quadradinho, de mais uma página de sua vida. A sua biografia escrita num papel-cartão, e você mal sabia disso.

— Bom dia, George.

Uma fila enorme de homens se forma. Atrás de um balcão de mármore com tampo semicircular, o primeiro dos clacláques dentre todos os clacláques do dia te cumprimenta.

“Bom dia, George.”

“Bom dia, Joe.”

“Bom dia, Charles.”

Ele tem de estar lá, te esperando, porque é essa a função da vida dele: abrir as portas da indústria para todos os clacláques seguintes. Para que eles peguem, eles próprios, as páginas de suas próprias vidas, carimbe-as na mesma caixa verde de aço, coloque-as no outro quadro – no quadro encimado pela placa “EM SERVIÇO” – e façam aquilo que esperam que façam, a função de suas vidas: prolongar a existência de um ser que só existe dentro da definição jurídica do que seja uma “pessoa”. Uma pessoa jurídica.

Uma transfusão muito além do limite; não de sangue, mas de vida.

— Bom dia, Wagner — George responde.

Na boca de George, o gosto amargo do café de hoje, sobre o gosto amargo do café de ontem, sobre o gosto amargo do café de anteontem, e assim infinitamente, até que se tenha criado uma grossa camada de anestesia degustativa, que faz com que o sabor de tudo que não seja cafeína e tabaco se torne tão indiferente quanto seria o sabor da cor cinza, caso ela tivesse um.

— E aí, Jean!

— E aí!

Os mesmos sorrisos vão de encontro aos mesmos cumprimentos, de encontro aos mesmos sorrisos, de encontro aos mesmos cumprimentos, e se nulificam. São partículas e antipartículas uns dos outros, e os outros do um. Intrinsecamente vazios em seus campos eletromagnéticos. Funções fáticas da linguagem (“e aí”, “como está?”) servindo apenas para se fazer prolongar um bem-estar social. Mas, uma vez esgotada a sua utilidade, fazem com que os rostos, as vidas, os pensamentos daqueles que as usaram retornem ao estado estático de absoluto 0.

— Como vai?

George não percebe, mas anda até o vestiário, aos armários verde-musgo de sempre, ao molho de chaves do mesmo bolso direito de sempre, tateia a 1ª, a 2ª, a 3ª, a 4ª delas sem nem precisar olhar; sem nem precisar sentir a textura; pega-a, abre a porta e se veste com o macacão azul.

Ao lado dele, Jean não percebe, mas anda até o vestiário, aos armários verde-musgo de sempre, ao molho de chaves do mesmo bolso esquerdo de sempre, tateia a 13ª, a 14ª, a 15ª, a 16ª delas sem nem precisar olhar; sem nem precisar sentir a textura; pega-a, abre a porta e se veste com o macacão azul.

Ao lado dele, Edgar não percebe. Mas...

Quando percebe, já está de volta pegando o cartão no quadro encimado por “EM SERVIÇO”, colocando-o (a página de sua vida) no Clacláque!, e então no quadro “FORA DE SERVIÇO”, e indo para casa.

Quando George percebe, já está de volta ao corredor mal-iluminado, já está em frente ao “FORA DE SERVIÇO”, e o que acontece com ele enquanto o papel-cartão está ali não é nada mais que uma vírgula num parágrafo de sua vida, e ele mal sabe disso.

Floquinhos de comida para o peixinho dourado, paredes cintilando a luz-azul do programa na TV. No calendário, um círculo vermelho em cima do 8.

Fim.

Círculo no 9.

Clacláque! É o barulho que a caixa verde faz depois que você coloca o cartão de ponto nela e lhe aperta a alavanca.

— Bom dia, George.

— Bom dia, Wagner.

— E aí.

— E aí.

Na boca de George, o gosto amargo do café de hoje se sobrepõe ao gosto amargo do café de ontem. O sabor da comida do refeitório é cinza. A cor da conversa jogada fora no refeitório é a mesma da comida: ou seja, 0.

— Sabe? — disse Yoshida. — Vocês já repararam que as portas principais do prédio se parecem com uma boca?

— Uma boca? — alguém perguntou, e ele respondeu que sim com a cabeça, mastigando.

E foi só isso. O assunto morreu aí.

Clacláque. É o tique-taque do relógio que você não vê.

— O que a gente faz aqui, exatamente?! — uma vez gritou um homem sem nome, do meio do pátio. Seguranças vieram contê-lo.

Encaminhado ao psicólogo.

Encaminhado ao RH.

Encaminhado ao “FORA DE SERVIÇO” para sempre.

Em virtude da lembrança, os olhos de George se arrastaram da superfície do próprio prato para a mesa de metal, e para as pessoas, e para os tijolos da parede norte, até então chegar ao cartaz de cores desbotadas – o que devia ter sido colorido, e então ficou azul, e agora já estava branco – e, nele, lá em cima para que todos o vissem, ler escrito assim: “VOCÊ, COLABORADOR, É SUMAMENTE IMPORTANTE PARA A MANUTENÇÃO DA SOCIEDADE.”

Clacláque. “EM SERVIÇO”.

Clacláque. “FORA DE SERVIÇO”.

Peixinho dourado.

— O que a gente faz aqui, exatamente? — George perguntou um dia.

— Não sei — alguém disse.

— Também não.

— Também não.

Também não, disseram todos. O único que não o fez foi o mais afastado, o russo, que limpou a boca com o guardanapo e o jogou na mesa como se tivesse acabado de ganhar contundentemente uma partida de cartas. Um gestual ostensivo, que atraiu o olhar de George, Jean, o de Wagner, e o daquele outro cara, seja lá que nome ele tenha.

— O que foi?

— “O que foi”? — repetiu o russo, contando as palavras. — Vocês não sabem o que fazemos aqui?

Os olhares de um lado e de outro da mesa eram como postes apontando para o fim de uma rua.

— Nós produzimos tempo — ele disse.

Os postes se entreolharam. Aliás, se fossem postes, eles teriam as faces iluminadas, mas o que tinham na cara não era senão sombra.

— Tempo?

— O tempo, cambada de idiotas. Nós produzimos tempo.

Produzimos tempo?

Sim, eles ficaram nisso de repetir as últimas frases que o russo dizia, até que alguém perguntou:

— Pra quem?

E o russo respondeu:

— Para todo mundo que não nós mesmos.

Péeeee.

A campainha-cigarra cantou. O dia raiou. O tempo acabou. De volta ao serviço. Cada um deles se levantou do banco corrido, deixando gotículas de suor no formato de pêssego carimbadas exatamente onde estavam suas bundas um segundo atrás. Deveriam voltar a fazer o que faziam, seja lá o que fosse.

Mas não George, George não.

— Ei, russo. O que você quis dizer com isso?

— Exatamente o que eu disse.

E virando-se de volta, falou:

— Olha, cara, se não acredita — disse ele, apontando para o salão principal. — Por que não vê por si mesmo?

Mas George não foi.

Pelo menos não imediatamente.

Clacláque. “FORA DE SERVIÇO”. Peixinho dourado. O que ele quis dizer com isso?

Clacláque. “EM SERVIÇO”. 1ª, 2ª, 3ª, 4ª chave. Sem olhar. Péee. Cigarra cantou.

— Russo. Ô russo! — George estava com metade do corpo inclinada para dentro da baia onde trabalhava ele, e os japoneses, e os chineses, e os sul-africanos, e os bolivianos, e todos os outros -eses, e todos os outros -anos. Todos os outros meses e anos. Rostos emoldurando um estático e absoluto 0.

— Russo!

Em frente a uma máquina de escrever sem folha, o russo teclava incessantemente várias letras. Seus dedos não tinham mais digitais.

— Você foi lá ver? — disse o russo, sem olhar para George.

— Fui.

— E...? — ele disse, virando a cadeira ao redor do próprio eixo.

— O que é aquilo?

Clacláque.

Corredor mal-iluminado.

“FORA DE SERVIÇO”.

Em casa, o peixinho dourado morreu e foi substituído por outro igual; igual, a ponto de parecer o mesmo peixe, que parecia o anterior, e que parecia anterior. Uma morte sobre outra morte sobre outra morte, até que isso também se tornou um fato tão indiferente quanto qualquer outro – quanto o sabor da cor cinza, por exemplo, caso ela tivesse sabor.

Shuuuu... Descarga.

Mas para todos os efeitos, para George, é o mesmo peixinho. Essa sua morte é apenas uma vírgula no parágrafo de sua vida.

Chaves sem olhar. Péee. Cigarra cantou.

Russo?!

O russo levou George até o salão no centro da indústria. Ao redor deles, vários clacláques de macacão azul apinhavam-se em suas próprias máquinas e afazeres, tanto que sequer notaram as presenças dos dois. No centro, uma teia viva de eletricidade serpenteava por uma gigantesca engrenagem ligada a várias outras engrenagens.

— Esse — disse o russo —, é o gerador de tempo. O campo eletromagnético dele é tão potente que, ainda que não o percebamos, distorce o espaço.

E dando um tapa na mão de George como uma tia dando-o num sobrinho tentando furtar um doce da mesa, ele disse:

— O que está fazendo, imbecil?

George iria tocar o objeto.

— Se você tocar aí, a entropia pode ser absurda.

— O quê?

— Entenda: cada segundo é como se fosse uma folha de papel escrita, que é o backup exato da folha de papel anterior, mas com um acréscimo de +1.

— Quê?... Back... up?

— Tocar nisso poderia ser o mesmo que pegar uma dessas “folhas” e colocar ela no meio da pilha.

— Quê?

Péee. Floquinhos de comida para o peixinho dourado.

Qual? Todos. O mesmo.

Um círculo vermelho. Não em cima do 14, mas em cima do 8.

Ele havia tocado.

Clacláque! É o barulho que a caixa verde faz depois que você coloca o cartão de ponto nela.

— Bom dia, George.

— Bom dia, Wagner.

— E aí, russo.

E o russo: — Quem é você?

Péee. Cigarra cantou.

— Russo, porra. Sou eu.

E o russo: — Se você não parar de me encher o saco, eu vou chamar o superior.


DE FATO, NINGUÉM SE IMPORTAVA se ele estava ou não no meio do salão onde o gerador de tempo ficava. Ninguém se importava se ele o tocasse de novo. É o gosto da cor cinza.

Tocou.

“FORA DE SERVIÇO”. Peixinho dourado. Dia 8 circulado.

Clacláque! É o barulho que a caixa verde...

— Bom dia, George.

— Que dia é hoje?

— Hoje são 7.

Clacláque! É o barulho que a caixa verde faz.

— Que dia é hoje?

— Hoje são 4.

— Hoje são 3.

— Hoje são 2.

Clacláque! É o barulho que a caixa verde faz. O vidro do relógio não está mais quebrado.

— Hoje é dia 1º.

— De que ano?

De 15 anos antes.

— Você parece cansado, George — disse Wagner, que não estava muito melhor.

A fila de sorrisos ia de encontro aos mesmos cumprimentos-antipartículas, e até o vestiário, e então aos armários verde-musgo de sempre, onde um molho de chaves o aguardava no bolso direito.

Clacláque!

— Que dia é hoje? De que ano?

De 50 anos antes. Não há Wagner. Não deveria existir George. Só o pai de George, cumprimentando antipartículas. Sorrindo sabores cinza. O cartaz “VOCÊ, COLABORADOR, É SUMAMENTE...” tinha cores amarelas, vermelhas, verdes.

Clacláque!

— Que dia é hoje? De que ano?

De 80 anos antes.

Não há Wagner. Não há pai de George. Só há avô de George, e George, ambos cumprimentando antipartículas.

— O que fazemos aqui? — disse George ao próprio avô, que o respondeu:

— Nós produzimos tempo.

— Pra quem?

— Para todo mundo que não nós mesmos.

Clacláque!

Clacláque!

Clacláque!

— Que dia é hoje?

Que importa? Todos os dias são um peixinho dourado. Dia 8 circulado. Sua morte é apenas uma vírgula no parágrafo de sua vida, que é escrito em sua folha de ponto.

Clacláque! É o barulho que a caixa verde faz. Que é o barulho que faz a caixa verde de outra indústria, e a de outra empresa, e também o barulho invisível da caixa que não existe (mas existe) no trabalho do autônomo que odeia o que faz.

— Que dia é hoje? — perguntou George.

— Hoje são ∞ — disse VV4gn-3R.

— De que ano?

— De 99999.

— O que fazemos aqui?

— Produzimos tempo.

— Pra quem?

— Para todo mundo que não nós mesmos.

Em frente a uma caixa de holograma verde, no qual os homens de macacão azul digitavam runas e hieróglifos representando a marcação do tempo, George perguntou isso ao androide flutuando atrás de uma mesa de tampo de vidro fumê:

— E o que é o tempo?

— Ora — respondeu o robô —, mas que pergunta idiota!

E disse:

— Todo mundo sabe que o tempo é isso.

O quê?

— Um alimento.

E com a mão em concha na orelha-fone, disse:

— Ouça! Ouça!

Clacláque!

— Ouviu?

Sim. E daí...?

— Ora! Mastigou!

Clacláque!

E de novo!

Clacláque!

E de novo!

Clacláque!

E de novo!

De novo!

De novo!

E o gosto é cinza.

24 de Outubro de 2023 às 15:11 26 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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Le Loustic Hop Escritor - Ficção, Fantasia & Terror

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CG Carlos Adriano Garcia
Ganhou um seguidor! Parabéns pelo conto!
May 03, 2024, 23:13
Anderson Ferreira Anderson Ferreira
Muito bom seu conto Le Loustic!! Como uma colega abaixo atentou me fez lembrar o atemporal Metropolis, com nós, as engrenagens, fazendo o mundo dos grandes senhores girar. Me trouxe a mente também um filme de animação que vi um tempo atraz que apesar de ser mais terror, também traz um sentimento assim em certas partes: mad god. Parabéns pela história incrível!!
January 03, 2024, 09:07

  • Le Loustic Hop Le Loustic Hop
    Anderson! Muito obrigado, cara. Agradeço pela leitura e pela paciência de redigir um comentário. Valeu mesmo. Eu tô muito a fim de ver o Metrópolis, justamente por terem falado abaixo. Mas você comentou sobre o Mad God né? Cara, eu tô doido para assistir esse. Só que eu não tinha ideia de que havia qualquer relação, ainda que mínima, com o Clacláque. Agora fiquei ainda mais animado. Eu te agradeço demais por tudo, Anderson. Foi para mim uma grande honra 😄 January 04, 2024, 20:38
Elisangela Matos Elisangela Matos
Eu não esperava encontrar esse nível de história, culpa de uma maioria de escritores 'médios' da plataforma, mas já tenho nomes de peso aqui que nunca me arrependi de ler. Amandinha Kraft, Deniel King Junior, Turim, e agora aquele que já tem uma designação muito criativa, Le Loustic Hop. Mereceu muito a posição no desafio do dilema do viajante no tempo. Parabéns.
December 28, 2023, 22:03

  • Le Loustic Hop Le Loustic Hop
    Oi, Elisângela! Poxa, sua visita me é uma honra. Obrigado por seu tempo e pela leitura, agradeço demais os elogios à história. Pois é, sou amigo desse pessoal aí todo uahauh, excelentes escritores que tive a honra de conhecer e deles me aproximar. Agradeço-te demais por tudo. Ah, só aproveitando, minhas histórias variam muito de "voz". Caso você tenha um gosto particular por uma voz mais "séria", ou que tratem de temas mais sérios, seria gratificante se eu pudesse te indicar algumas leituras (todas curtíssimas): - Sob a Tensão do Arco - A Bola no Poço - História em Cinzas (é um thriller que está em outra plataforma, mas eu te envio o link, caso te interesse). É isso. De novo, Elisângela, muito obrigado. December 29, 2023, 02:05
Samuel A. Palmeira Samuel A. Palmeira
Muito bom. Embora Tempos Modernos seja um filme de Charlie Chaplin e não uma obra literária, sua representação da vida industrial e a perda de individualidade em meio à mecanização é semelhante à descrição monótona e repetitiva do dia de trabalho em "Clacláque".
December 26, 2023, 00:26

  • Le Loustic Hop Le Loustic Hop
    Olá, Samuel! Muito, muito obrigado pela leitura. Espero que ela possa ter te entretido do início ao fim! Quanto a "Tempos Modernos", o ator que me fez uma surpresa e me presenteou com a narração desse conto disse algo muito parecido. Ele fez uma comparação entre os dois. Eu adorei, porque o conheço apesar de ainda não tê-lo visto. Aliás, você gostaria de ouvir a história narrada? Se sim, o link é https://youtu.be/Bg-cjjLp_Sk?si Muito, muito obrigado de novo pela leitura, Samuel! Fique com Deus! E que dediquemos uma parte de nossas vidas àquilo que amamos para que não terminemos como o George! Abraços December 26, 2023, 12:49
dl daniela miriam lopes pereira
Uau! Me lembrou o filme Metrópolis. Adorei o jogo das palavras com o som do relógio de ponto. Já trabalhei numa empresa que tinha algo assim. Era amarelo, eficaz pra nos manter presos e sob controle, alertas para não perder a hora. Acho que a humanidade deu um tiro certeiro no pé quando decidiu contabilizar o tempo.
December 21, 2023, 16:55

  • Le Loustic Hop Le Loustic Hop
    Oi, Daniela! Obrigado pela leitura! Não conheço o filme, acredita? Mas já adorei a indicação, vou pôr na lista pra já. Muito obrigado pela leitura. Ah, caso você queria ouvir a história através de uma narração feita por um ator profissional (com efeitos sonoros escolhidos por ele para substituir as onomatopeias), considere dar uma olhada no anúncio que fiz no perfil, onde há o link. Obrigado de novo, de coração! December 21, 2023, 19:57
Nictus Ivondel Nictus Ivondel
Esse conto me lembrou O Pirotécnico Zacarias do Murilo Rubião, que mistura interessante de ficção científica e realismo mágico, esse conto merecia ser adaptado em um episódio de Love, Death & Robots de tão bom. Imagina viver o mesmo dia infinitamente em diferentes tempos do passado e ao mesmo tempo do futuro e com as mesmas pessoas que conhecemos mas que não nos conhece, mas que convivemos dia após dia no mesmo lugar? (Droga, não sou bom em imaginar, culpo minha afantasia, mas eu não ligo, acho que é por falta de parar e respirar fora das telas, longe da internet, meditar de olhos fechados ou só mexer o corpo e brincando de fazer de conta, esquecer que já sou um adulto, desempregado e desocupado, que sou uma criança de novo, reviver a infância que via nos filmes que assistia).
December 16, 2023, 00:02

  • Le Loustic Hop Le Loustic Hop
    Ecto Vorgeus, primeiramente muito obrigado pelo seu tempo, obrigado por ter lido a história. Seu comentário é muito poético e inspirador! Eu jamais havia sido respondido com tamanha poesia, de modo que me senti muito lisonjeado. Reconheço o poeta que há em você. Aliás, o objetivo de Clacláque é a de nos instigar a dedicarmos uma parcela de nosso dia a dia àquilo que amamos e que nos faz bem, para que ao fim de tudo não tenhamos sido só um alimento de sabor cinza para essa pessoa jurídica a que chamamos de sociedade. Você, pelo visto, é um pensador, um poeta do cotidiano; aposto que deve ser um de seus hobbies. Ecto, obrigado mais uma vez. Ah, considere me seguir no Instagram (@hopzismo) para saber sobre mais histórias, inclusive novas, em outras plataformas. Um grande abraço! December 16, 2023, 10:38
Felipe Blanco Manso Felipe Blanco Manso
Olá, não sei como escolhem os vencedores do desafio da semana, sou recém inscrito e participei pela primeira vez do desafio, mas gostei muito mais do seu conto do que o meu! Muito bom de ler, deixei também avaliação, parabéns!
October 31, 2023, 04:11

  • Le Loustic Hop Le Loustic Hop
    Oi, Felipe! E aí, cara, tudo bom? Poxa, muuuuito obrigado por ter lido a história, de verdade. Como digo sempre: obrigado principalmente por seu tempo, por ter reservado um pouquinho dele pra me ler. Valeu mesmo, de coração. Com relação ao concurso, ganhou a que tinha que ganhar, que, no caso, foi a sua 😄. Meus parabéns! Tenho certeza de que é uma história sensacional. Bicho, eu to com tanta leitura atrasada dos chapas daqui (porque os últimos dois meses foram uma loucura), que eu preciso fazer um zilhão de coisas antes uahsuhas Mas, passado esse caos, eu também vou apreciar a sua história e te parabenizar com calma, como você merece. Valeu, Felipe? 😄 PS.: muito obrigado pela avaliação também, de verdade. October 31, 2023, 18:15
Daniel Trindade Daniel Trindade
Saudações! Sou membro da Embaixada Brasileira do Inkspired. Parabéns, sua história foi examinada recentemente e está sendo verificada. E, dessa vez, não deixarei esse comentário padronizado que sempre uso para indicar e felicitar por uma verificação, o qual é tão importante. Essa história é simplesmente genial. A palavra que me vem: inquietação. Pelo fato de que a medida que avançamos, o “tempo” parece se esgotar, parece te jogar contra parede. Tempo esse que é essencial; tempo que não volta [mais]. Será que estamos usando o tempo da melhor forma? Que baita reflexão! Que sua história seja apreciada por muitos leitores de nossa comunidade… Sucesso e felicidade em sua arte! ♡
October 30, 2023, 00:07

  • Le Loustic Hop Le Loustic Hop
    Daniel, muito, muito obrigado. Não só pela mensagem, que foi duplamente especial (por causa da verificação, e por todas as coisas bonitas que você disse); mas muito obrigado também pelo seu tempo, pelo seu trabalho, por tudo. Cara a avaliação que você deixou me emocionou. Eu espero que, assim como aconteceu contigo, outras pessoas também possam ficar inquietas com ela. Que a sinopse possa as provocar, e aí, uma vez dentro da história, possam refletir e dedicar ao menos alguns minutos de seus dias àquilo que verdadeiramente amam. Nascemos para isso, e não para servir de alimento. Muito, muito obrigado mais uma vez Daniel Trindade. De coração. October 30, 2023, 02:44
Amanda Kraft Amanda Kraft
Meu querido! Que texto aflitivo que nos traz inúmeras reflexões! O tempo acelera ao nosso redor. Cada vez mais e mal temos tempo de nos angustiar pelo tempo que se foi e se vai. Vc quer parar, respirar, mas o tempo ñ deixa por medo de perde-lo. Sim. Estou conjecturado o tempo e o que fazemos dele. Tocada pelo seu proprio tempo descrito de forma brilhante. Que o tempo se apiede de nós. PARABÉNS, meu querido. Que um dia possamos dobrar o tempo.
October 25, 2023, 16:56

  • Le Loustic Hop Le Loustic Hop
    Maaaga, muito obrigado! Obrigado pelo seu tempo (rs!), por ter lido a história. Agradeço muito a você. Cara, o tempo é impressionante e terrível, né? É o peso que desmorona o castelo de areia que é a matéria. Fugir dele? Impossível. Então que pelo menos saibamos viver valendo a pena -- sei que não é fácil, mas lutemos tentando. Abraços, Maga! October 26, 2023, 00:47
Wesley Deniel Wesley Deniel
Rio do Algoritmo Divino. Foi a primeira história que li sua (se minha mente semi-senil não me engana) e lá eu já sabia – e deixei registrado – a minha admiração e a gratidão pela sorte de ter topado com seu trabalho. De lá para cá, escrevemos muito, conversamos muito, tornamo-nos chapas. E meu "nível de fã" se faz crescer ! Está escrito, Hop, no obscuro "Grimório de Hop", o feiticeiro hiboriano de Thuria, que você veio destinado à coisas grandes ! Antevisão de Wesleun Deniorius, mancomunado direito de Nyarlathotep (que vive por dentro de tudo que é preciso saber). Hahaha Divagações... Mas falando sério agora, meu amigo: aqui, você atinge o que eu sempre esperei de você: o sublime. Tanto na escrita, como sempre impecável, como no domínio do que é contar uma história foda e intrigante. É como ler King. É o prazer de ler e ler e ler e querer mais ! A aproximação do final começa a trazer diversas sensações, como tensão, enlevo, a comichão pelo quê nos arrebatará e, claro, a tristeza por saber que mais uma viagem está acabando. Tudo isso, tirando raríssimas exceções, como ler nosso querido companheiro Marcelo, tenho apenas quando estou lendo histórias de calibre grosso, como as de King, Barker, Gaiman, e você. Então imagine o orgulho que tenho de ti, meu velho ! Essa história me fez lembrar, por alguma razão, daquela "Pós Vida", do Titio King. Conhece ? Se não, indico fortemente. Todo o clima dela é de estarmos realmente num lugar além do tempo e espaço. Fora que me fez pensar em tantas coisas comuns a nós, batedores de cartão, que não tem como não se pôr no lugar de George. Com dua permissão, desejo espalhar a palavra. Quero divulgá-la no meu Face, no Insta e até nos céus de Gotham, se possível, com o sapo-sinal num holofote ! Você precisa cumprir a profecia, Hop, e ascender à luz que lhe é de indiscutível direito. Parabéns, meu irmão ! Bravo. 👏🏻👏🏻
October 25, 2023, 05:28

  • Le Loustic Hop Le Loustic Hop
    Ahahaha carambaaaa, que honra, Deniel. Muito obrigado pelas palavras cara. Como sempre, agradeço também por seu tempo, por ter dedicado um pouco dele à leitura da história. Espero que ela tenha te divertido durante todo o trajeto. Cara, é brabo. Essa história é uma tristeza, né? Eu queria fazer com que as pessoas que a lessem refletissem se por acaso elas também não estariam "claclaqueando" suas vidas, deixando de fazer aquilo que amam para fazerem aquilo que querem que elas façam. Evidentemente, a esmagadora maioria das pessoas sequer possui a oportunidade de se dedicar àquilo para o que nasceram. Mas eu quis falar às pessoas que a tem, ainda seja pelo menos 30 minutos de um dia. "Façam o que amam, a vida é curta", é mais ou menos esse o meu apelo. E ele serve para mim, para todos nós. Cara, muito obrigado de novo. É uma honra como sempre ter vocês por aqui. PS.: não conheço essa "Pós Vida", ela é um romance ou é um conto? Depois me manda uma DM contando (e, se for um conto, em qual antologia ela se encontra). Fica com Deus, Deniel. Obrigado mais uma vez. October 25, 2023, 15:16
Marcelo Farnési Marcelo Farnési
Genial,como sempre! Desde o título até a última frase. Um daqueles tectos em que vc tem a certeza de uma experiência fora da caixa! Cara, sempre tenho a certeza de que você vivencia e registra toda a narrativa numa espécie de polaróid temporal, quadro por quadro, foto por foto, circunstâncias por circunstâncias e depois...apenas digita-as! Genial! Sabe de outra coisa? Ocorreu um trem muito esquisito! Quando finalizei a primeira parte é iniciei a segunda já tive logo uma sensação de Déjà vú. Seu texto é tão intenso e a intenção tão poderosa e palpável que apostaria que causou esta sensação em todos ou, na maioria! Genial! Como, aliás, tudo que cria!!!
October 24, 2023, 17:38

  • Le Loustic Hop Le Loustic Hop
    Marcelão! Muitíssimo obrigado pelas palavras. Obrigado, principalmente, pelo seu tempo, por ter dedicado um pouco dele para ler a história. Espero que ela tenha valido cada segundo. E, genial, é você caro amigo. Eu sou seu fã! October 24, 2023, 17:58
Felipe Rayel Felipe Rayel
Parabéns! Adorei !!
October 24, 2023, 16:03

  • Le Loustic Hop Le Loustic Hop
    Muito obrigado, Felipe! Obrigado também por ter guardado um pouco do seu tempo (olha ele aí) para a ler! Valeu mesmo, cara. Espero que ela possa ter te entretido. Um abração! October 24, 2023, 16:07
  • Le Loustic Hop Le Loustic Hop
    Aaah, acabei de ver a avaliação. Muito obrigado, cara! De coração! October 24, 2023, 16:09
Le Loustic Hop Le Loustic Hop
OBSERVAÇÃO: Sim, eu sei que "clacláque" não deveria ter acento, por ser uma paroxítona terminada em E. Mas releve. É uma onomatopeia na qual quis acentuar o som mais agudo do segundo dos três barulhos. E, se você chegou até aqui, provavelmente é porque leu a história. Então, aproveitando o ensejo: OBRIGADO.
October 24, 2023, 15:14

  • Wesley Deniel Wesley Deniel
    Toda a liberdade criativa (ainda mais se tão genial como a sua) será perdoada. E mais: incentivada ! É um privilégio acompanhá-lo, cada vez mais poderoso, meu querido amigo. Um dos raros privilégios que a vida nos dá aqui e ali. Eu o saúdo ! October 25, 2023, 05:07
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