lulisomnes Lulis Omnes

O quão ruim uma traição pode ser? E se for uma traição a uma causa que você não acredita mais? A traição é o preço da liberdade! Essa é mais uma das muitas madrugadas que Narcissa Malfoy passa acordada esperando que seu marido volte de mais uma missão suicida. E hoje nem a presença de seu melhor amigo lá fará com que seu coração se prepare para essa noite.


Fanfiction Livros Impróprio para crianças menores de 13 anos.

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Capítulo único

Esse era um dos inúmeros dias em que eu tinha vontade de desistir de tudo, e simplesmente me entregar, dizer para todos que eu era um traidor. Mas, nem eu mesmo sei dizer que tipo de traidor eu era. Estava totalmente de acordo com os ideais do Lord das Trevas, mas o odiava pelo fizera com Lilian. Era um traidor de mim mesmo no fim das contas.

Dentro da Ordem não havia feito amigos, não mesmo, Lilian era a única que talvez pudesse me ajudar nesse sentido, mas ela se fora, e a forma como Dumbledore me colocou para dentro, fez os membros da ordem estranharem, embora não se opusessem, mas eu mesmo me poria em dúvidas em uma situação como essa. No meio dos Comensais a situação não era mais fácil, os mais sagazes, como Bellatrix, desconfiavam que eu era um traidor e não perdiam a oportunidade de me acusar, os mais reclusos pareciam estar mais ali por medo do que qualquer outra coisa, então, não queriam mais proximidade do que já tinham com os outros.

Mas, as coisas tendem a dar certo nos locais mais inesperados de todos, dentro da Ordem tinha a proteção e a amizade pessoal de Dumbledore, e dentro dos Comensais, aquela que me sorria sempre, a quem eu sempre poderia chamar de amiga, mesmo se descobrisse minha traição, era também a única que não tinha a marca negra no braço: Narcissa.

Havíamos nos conhecido em Hogwarts, fora ela quem presenciara meu momento de fraqueza, depois de minha discussão com Lilian, ela quem me apresentará Lucius, Narcissa era sem dúvidas uma grande amiga. E para mim não havia nada mais deplorável do que chegar em sua casa, durante a madrugada trazendo em meus braços seu marido, cansado, sujo e ferido.

Desaparatei com ele em seu quarto, essa era a única vantagem que ainda me restava por estar com o dono da casa, ele conseguia livre acesso a todas as partes da sua casa, não sei se teria forças de levá-lo para mais de um cômodo, o cansaço chegava a mim também, e Lucius é um homem de porte bem maior que o meu, apesar de tudo, agradecia mentalmente a Merlin, o tempo todo por ele não ter desmaiado, tornaria tudo muito mais difícil.

A cena que vi quando desaparatamos, foi ao mesmo tempo linda e trágica. Narcissa estava de frente ao berço de Draco, que dormia tranquilamente, e conversava com ele aos sussurros, como se ele fosse capaz de entendê-la e fossem ouvi-la. Seria um lindo momento maternal, se não estivesse ocorrendo, simplesmente, por Lucius estar em mais uma das missões do Lord, e ali estava eu trazendo para ela a concretização dos seus temores.

- Luciuss!!!! – Narcissa chamou, já com os olhos mostrando toda a sua aflição e lágrimas contidas

O deitei em sua cama, apesar de estar sujo e molhado, e ele exclamou de dor.

- Sinto muito, Narcissa! –disse me desculpando, enquanto caia sentado ao chão, buscando a parede para me escorar – Se eu não estivesse tão desatento, se conseguisse prever os movimentos que viriam a seguir...

- Severo, por favor! –disse passando a mão em minha testa para verificar minha temperatura, seguindo para o marido logo depois - Apenas, não faça isso. Tenho a certeza de que fez o melhor que pode. E não é sua obrigação cuidar de Lucius.

Narcissa cortara a camisa de Lucius deixando amostra a ferida causada em sua costela, conjurou um pano limpo, água e com muito mais calma do que imaginei que teria começou a limpar a sua ferida, enquanto ele resmungava de dor a cada mínimo toque recebido.

- Viu, querido, não foi tão grave assim. – ela falava com ele, como se estivesse realmente ouvindo-a, mas eu a conhecia bem o bastante para saber que ela estava apenas se tranquilizando – Mais um pouco e perfurava um pulmão, então, não há nada de grave aqui.

Com um pano limpo começou a pressionar a ferida, enquanto proferia algum feitiço, inaudível para mim, mas aos poucos o sangramento ia diminuindo, e a ferida fechando, depois que terminou, deu a Lucius uma poção, na qual ele bebeu com avidez, como se necessitasse daquilo mais que tudo naquele momento.

- Obrigada, Cissa.

- Apenas durma! Teremos tempo de conversar.

Observá-la trabalhar me manteve desperto, até que ela viesse estar junto a mim novamente. E não pude deixar de notar o tanto de sangue havia em suas mãos e como agora parecia tão mais cansada que eu ou Lucius.

- Vamos ver você agora Severo!

- Estou bem... – balbuciei com certo retardo de pensamento e ação

- Humf! – ela bufou pra mim, enquanto aplicava sobre a minha testa uma compressa de água fria, é, acho que estava com febre

- Sinto muito mesmo! – me desculpei novamente – Eu não queria ter deixado as coisas chegarem a esse ponto, mas não consegui prever as coisas. E estava tão desatento hoje.

- Severo! Está tudo bem! Eu sei que dia é hoje. Sei porque está assim e Lucius também! Nós sabíamos de que as coisas poderiam dar errado hoje, ele estava ciente disso e eu também.

- Não!!! Eu errei!!! – falei um pouco mais alto

- Se aumentar a voz assim de novo, vai ter realmente cometido um grande erro. Não quero Draco acordado agora! Tenha a decência de deixar seu afilhado dormir em paz.

- Sinto muito! – sussurrei novamente

Narcissa me puxou para junto de seu corpo, em uma espécie de abraço lateral e continuou a alternar a compressa fria em minha testa e ombros, para amenizar a situação começou a me contar uma das histórias que contava para o filho, uma história bruxa, que desconhecia já que passei minha infância entre trouxas, mas não era importante saber qual era agora. Não sei em que momento, mas me aconcheguei em suas pernas, e por ali acabei por dormir.

Não sei quanto tempo permaneci adormecido, mas agora, estava em um sofá no mesmo quarto em que chegará, parecia muito escuro ainda para já ter virado o dia, mas ainda chovia e todas as cortinas estavam fechadas o que impedia d’eu saber com precisão a hora, mas o silêncio era absoluto e tudo o que eu podia ouvir eram pequenos soluços, me senti invasivo, mas não consegui não abrir os olhos e tentar descobrir o que acontecia. E a vi. Narcissa abraçada sobre o dorso nu de Lucius que ainda dormia, enquanto ela chorava e falava com ele.

- Sei que não devo dizer isso, mas está dormindo agora, não pode me ouvir. – ouvia entre seus soluços – Eu te amo, Lucius! Não sei o que faria sem você! Perdi meus pais, Andromeda, Bella, não posso pensar em perder você. Mas, o que eu posso fazer? Não há como lutar contra o Lord das Trevas. Severo não conseguiria se ver sem os comensais, e mesmo não gostando, como poderia deixá-lo sozinho lá? Preciso de você, Lucius! Preciso de você de todas as formas que possa imaginar e de várias outras formas mais. Eu te amo tanto, Lucius! Tanto, tanto, tanto! Como posso pensar em um mundo sem você? O que seriamos, Draco e eu sem você? Ah, Lucius! Obrigada por proteger meu amigo e por voltar salvo para sua família. Obrigada por tudo. – ela beija-lhe a bochecha, e torna a se aconchegar sobre seu peito – Eu te amo, Lucius!

- Sabe, Cissa?! – a voz de Lucius se sobressai, fazendo minha amiga se encolher em seu peito – Primeiro: não é uma boa ideia de deitar em cima de alguém que acabou de ser ferido em batalha – ela se senta rapidamente, baixando sua cabeça e ele ri rouco pelo esforço, mas agora percebi que nunca o vira rir. Droga! Isso é tão pessoal, mas não consigo desviar os olhos – Segundo: Snape me salvou de muito mais vezes do que posso me lembrar, é uma lástima que da única vez que tenha tentado fazer o mesmo por ele, tenha ferido nós dois. Terceiro: Adoraria me livrar dessa marca tanto quanto você deseja, mas não sei como fazer isso, e não vou arriscar nossas vidas por isso. Ahnn... Melhor parar de fazer as contagens, acho que me perdi.

Narcissa riu abertamente para ele, do que ela sabia ser uma mentira, emitindo um sorriso sincero, como não via a muitos anos em seu rosto, me pus feliz por saber que seu marido era capaz de arrancá-los dela. Lucius a puxou para si e a beijou suavemente, um leve roçar de lábios, mas logo como um beijo deve ser.

- Não sou tão bom quanto pensa, Cissa. Palavras com certeza são a prova da minha fraqueza...

- Logo você? É um ótimo diplomata, consegue tudo que quer através de uma boa conversa.

- Certo! Vamos reformular, não tenho palavras para me expressar para você. Minha família se resumiu basicamente a meu pai e eu, não éramos o exemplo de amor que poderia ver, mas ainda assim éramos suficientes um para o outro. Mas, com você não é assim! Você me transborda Narcissa! E embora ache que não, embora eu não demonstre isso de forma tão clara quanto eu deveria e você merece. Eu a amo! A amo, Narcissa! Eu, Lucius Malfoy, amo você, Narcissa Malfoy! De forma tão profunda quanto você a mim, e é só por isso que temos Draco.

Os olhos de Narcissa não continham mais as lágrimas de felicidade, e Lucius a beijou de verdade, como um beijo de um casal apaixonado, como Lilian e Tiago exibiam por aí quando eram vivos.

- Por favor, Lucius! Eu te amo, mas agora não é o momento! Severo está no quarto e Draco também, além disso, você está ferido.

- Certo! Fui vencido. – ele a aconchegou de volta a seu peito e passou a acariciar seu cabelo -Narcissa, você tinha razão! Severo realmente é um traidor, ele faz parte da ordem.

- Não podemos perdê-lo, Lucius! Severo é muito importante para mim, e já é para Draco também. Se ele conseguir sair, nós também poderemos. Precisamos dar cobertura para ele.

- Eu sei! Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance...

- Não! Precisamos fazer tudo o que for necessário! Não vamos traí-lo! Você mesmo disse que deve a ele, pelas várias vezes que Severo o salvou. E se continuarmos do jeito que estamos, temo pelo que Draco passe, e não teremos muitas pessoas ao nosso lado.

- Fique tranquila! Severo é parte da nossa família e não vamos traí-lo. Agora, durma!

- Obrigada, querido!

Foi nesse instante que percebi que a traição é algo muito relativo. Poderia ser uma traição minha ouvir uma conversa particular, mas não seria uma traição deles falar sobre os meus segredos tão abertamente entre si? Trair o Lord das Trevas, não era uma traição, era uma fuga para uma falsa liberdade, e a inspiração de esperança para eles. Eu era a resistência, contra ao que não acreditávamos mais, e não conseguíamos mais abandonar, a melhor coisa que estava fazendo era cometer, contra o Lord das Trevas, uma traição.

11 de Abril de 2018 às 23:03 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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Lulis Omnes 'Postando as mesmas coisas em lugares diferentes.

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