Café recém-feito e amaciante, você tem cheiro de casa de mãe, que a gente conhece tão bem e tem vontade de não sair, tem gosto de lar para paladar desolado. Você é aquele tipo de pessoa que é mais poesia e história que garoto, porque cada traço teu é abismo e cada olhar, complexidade. Porque você é aquele tipo de poço sem fundo que quando mais profundo, mais de ti aparece.
Algo como naufragar em pleno mar, quanto mais afundo, mais percebo que está longe de meus pés tocarem o chão: há sempre mais de ti do que eu possa calcular. E agora eu quero aprender a surfar nas ondas de arrepios que a tua voz sussurrada me traz; me afundar na ressaca dos teus olhos cheios de profundidades instigantes; fazer de nós enseada e, no lado esquerdo do peito, construir eternidade sob o seio desse abraço.
Me pasma que tudo que sei sobre ti é um prólogo, é superfície e beira de abismo. Sempre tem mais de onde veio, e você é sempre complexo demais para a minha compreensão rasa.
O quanto eu demoro para mapear tua imensidão?
O problema é que eu nunca tinha sido soldado de uma só nação, valejador de um só mar — mesmo que o oceano das profundidades da tua alma fosse o mais bonito que em que já naveguei — e eu precisei abandonar o front de batalha contra meu coração que queria tanto me fazer ficar.
Mas eu sei que o farol dos teus olhos atraiu outra navegação e que ela provavelmente naufragou na tempestade inescapável que é se apaixonar por você, só que agora a maré está subindo nessa ilha deserta da minha vida sem você e seu nome são ondas trazendo a tua saudade mais uma vez.
Por um momento, eu esqueci que sabia nadar.
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