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Min Yoongi e Park Jimin. Dois garotos. Amigos inseparáveis. Yoongi — em seu décimo oitavo aniversário — some inesperadamente na floresta. A família se desespera, principalmente Jimin, que sai junto a soldados à procura dele. Horas depois, Yoongi aparece, e com uma missão: levar a pessoa que ama para uma inimiga desconhecida, caso contrário, ficará sem sua voz. E ele, o príncipe herdeiro, futuro Rei de Asper, não tem escolha.


Fanfiction Bandas/Cantores Impróprio para crianças menores de 13 anos.

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Capítulo I

Escrito por: @Lolitaautora | @AneLolita

Notas Iniciais: Betagem e revisão por @Mi_stosf e @tsukinojojo

Capa por @angellen

Boa Leitura 💕


~~~~


Yoongi abriu os olhos e enxergou seu amigo, deitado ao seu lado, observando-o com suas intensas íris escuras.

— Feliz aniversário, príncipe.

A voz de Park Jimin ressoou por seus ouvidos, e Yoongi sorriu, tendo o enorme prazer de escutá-la de manhã, mesmo que a ouvisse quase todos os dias.

— Já está aqui?! — Yoongi exclamou eufórico e coçou os olhos.

— Eu tinha que ser o primeiro a te desejar feliz aniversário — Jimin falou, levou uma das mãos para os fios ruivos do Min e tocou a franja que quase cobria os olhos dele. — Está se tornando um homem adulto.

— Não ouse falar isso — Yoongi retrucou, fazendo um bico.

— E quer ser um garoto para sempre? — Jimin riu, erguendo-se da cama. Seu toque nos cabelos alheios se desfez, e Yoongi sentiu falta.

— Também não, mas você sabe o que isso significa.

Yoongi afastou o lençol de seda do corpo, sentando-se também. Seus olhos encararam a parede vermelha do quarto, que possuía quadros de pinturas suas quando criança. Quando Jimin vislumbrou as artes pela primeira vez, fez questão de afirmar que ele era uma criatura adorável, mas mesmo assim, Yoongi permaneceu sentindo vergonha por ter sido rechonchudo.

Ele suspirou alto. Completava dezoito anos naquele dia, o que significava que iria iniciar seus treinos e aprendizados obrigatórios para poder governar o reino de Asper, além de viajar para outros reinos. Ele não tinha outra escolha, era o único filho do Rei Kairós e tinha o dever de ser um bom sucessor. O problema era que seu tempo com Jimin diminuiria, ficariam distantes em algumas situações e, até então, isso nunca tinha acontecido.

Na época em que se conheceram, ambos eram crianças.

Yoongi precisava de ajuda pois havia subido em uma árvore para pegar um passarinho rosa. Acreditou que conseguiria facilmente e não pensou na altura que a árvore tinha, tampouco nas consequências.

Ele subiu, com dificuldade, segurando os galhos mais baixos e colocando os pés neles, até alcançar o galho em que o passarinho estava. Após sorrir por ter conquistado seu objetivo, pôde apreciá-lo bem de perto. Tentou tocá-lo, porém desistiu, com medo de que ele fugisse. Minutos depois, olhou para baixo e ficou tonto, não soube mais como voltar para o chão.

Estava sozinho, apenas ele, a ave e a natureza que dava beleza àquele ambiente. Então, o garotinho assustado chorou, acreditando que ninguém iria aparecer para salvá-lo.

Para sua sorte, um menino chamado Jimin andava por aquelas redondezas. Ele iria brincar com alguns colegas que conheceu na escola, em um dos jardins da cidadela. Seu pai, James, disse que ele deveria se enturmar e fazer amizades e Jimin concordou. Quando chegou ao jardim, não viu nenhuma criança. Pensou em retornar à casa, no entanto, escutou um choro vindo de cima das árvores.

O menino ergueu o rosto miúdo e seus olhos brilharam feito estrelas ao avistar um garotinho na árvore, coçando os olhos e fungando.

— Ei — Jimin o chamou. Yoongi o escutou. Sentiu esperanças. — Por que está chorando?

— N-não consigo… descer.

O rostinho de Jimin caiu para o lado. Ele não compreendeu o fato daquela outra criança não fazer algo que parecia muito fácil, pois era só seguir o mesmo percurso que tinha feito para subir.

— Tente, você consegue.

— Não — choramingou.

Então, pule. — Yoongi escutou-o falar, e seus olhos ficaram arregalados. — Confie em mim, eu vou te segurar — Jimin insistiu, sorrindo, e o pequeno príncipe sorriu também. Yoongi confiou e pulou, caindo em cima do garoto moreno, que resmungou de dor.

— Obrigado — Yoongi murmurou, tímido.

Jimin ficou calado, desejando que o menino saísse de cima de si. Após ele se levantar, Jimin ficou em pé.

O pequeno príncipe notou que o outro menino era mais alto e, segundo a sua lógica, poderia ser mais velho. Depois descobriu que estava certo, já que seu pequeno salvador tinha dois anos a mais.

— O que vai fazer agora? — Jimin perguntou.

— Nada — o menino ruivo murmurou, corado.

— Quer brincar?

— Quero.

Em seguida, escolheram a primeira brincadeira e passaram a tarde inteira no jardim, ocupados demais em seus mundinhos de diversão.

O tempo passou.

Dias.

Meses.

Seguiram se vendo, tornaram-se amigos. Nunca conseguiram se distanciar por muito tempo, era como se Jimin fosse uma parte sua, essencial e poderosa. A distância prolongada provocaria emoções desagradáveis, as quais Yoongi não estava acostumado a sentir. Tristeza seria a principal delas.

— Esse momento teria que chegar uma hora ou outra. O herdeiro do trono tem que se preparar, afinal — Jimin afirmou.

Yoongi encontrou os olhos do amigo outra vez.

— Eu sei — o ruivo disse. — E eu serei seu rei.

Jimin riu e balançou a cabeça em negação.

— Por que está rindo? — Yoongi socou o ombro dele, mordendo o lábio inferior, ouvindo a sua melodia favorita reverberando mais alto. — Seu idiota. — Empurrou-o sobre a cama, segurando seus ombros, sentindo a textura da camisa de linho branca. Achou um charme os cabelos do amigo, que eram da mesma cor de seus olhos, caírem sobre seu rosto, bochechas e boca.

Yoongi se segurou para não mirar os lábios dele. Evitar seria o melhor, caso contrário, certas coisas poderiam ocorrer.

— Duvido muito que mandará em mim quando sentar no trono de ouro — Jimin provocou, mas manteve-se parado e encurralado pelo príncipe.

— Não pense que só porque somos íntimos, terá privilégios. Se eu mandar em você, vai ter que obedecer — Yoongi rebateu, tirando as mãos do corpo alheio.

Em seguida, saiu da cama e calçou as pantufas, para que não sentisse a frieza do piso de mármore. O quarto estava aquecido pelo fogo da lareira, mas o calor não era suficiente para esquentar o cômodo por completo. Era o período de inverno, nevava há semanas por todo o reino.

Ele viu a mesa com seu café da manhã e inalou o aroma da comida. Sua boca salivou, estava faminto!

— Quando trouxeram toda essa comida? — Yoongi perguntou.

Pegou um biscoito recheado com chocolate, levando-o para sua boca. Foi irresistível gemer e fechar os olhos, o gosto estava perfeito.

— Eu resolvi trazer antes de qualquer empregado. Você sempre acorda com fome.

Yoongi o ouviu se aproximar. Suas bochechas queimaram, a vermelhidão se fez presente. Seu corpo reagia com a proximidade dele, como se tivesse um sexto sentido, esperando algum contato cheio de expectativas.

E essa situação era apenas com ele.

— Meus pais ainda estão no castelo? — Quis saber.

— Sim, só que estão ocupados. Meu pai chegou de viagem e foi falar com eles. Questões burocráticas… Daqui a pouco, o rei e a rainha aparecem para te desejar feliz aniversário — Jimin respondeu, parando ao lado do príncipe.

Seu pai, James, era o general principal de Asper, e sua mãe, Hanna, trabalhava no castelo. Era uma das cozinheiras prediletas dos reis. Toda vez que o general viajava para outro lugar, a mando de Kairós, Hanna dormia no castelo, afinal era maior e mais quente, visto que os braços do marido estavam distantes, enquanto Jimin dormia no quarto ao lado de Yoongi, que tornou-se seu graças ao desejo do príncipe de entregar um cômodo para ele. Uma maneira fácil de Yoongi ter Jimin por perto sempre que possível.

— Hum… — Yoongi resmungou, mordendo o biscoito. — O que fará nas próximas horas?

— Por que? Precisa de mim, meu príncipe? — Jimin cantarolou, com um sorriso na boca.

Yoongi revirou os olhos, escondendo a satisfação pela maneira que o rapaz o chamou.

— Vou para a floresta procurar as flores de inverno. Quer ir comigo? — perguntou. Os olhos brilharam ansiosos por uma resposta positiva. Andar pela floresta com ele era sempre uma aventura para Yoongi. Brincadeiras eram feitas. Subiam em árvores altas até o topo, conversavam ou observavam os animais que os outros consideravam perigosos. A adrenalina percorria as veias de cada um, era uma sensação que ambos se agradavam, pois provocavam e sentiam juntos.

— Se eu tivesse tempo, iria.

— O que vai fazer, então? — Ofereceu o biscoito para Jimin, aproximando a comida até sua boca. Ele entreabriu os lábios para receber e logo o sabor gostoso atingiu sua língua.

— Tenho alguns afazeres — Jimin afirmou, erguendo os ombros.

— Uma pena. — Yoongi virou o rosto, encarando a comida sobre a mesa.

Ele escondeu sua leve decepção. Acreditava que no dia do seu aniversário ficaria próximo das pessoas que amava desde a manhã até o fim do dia, no entanto, seus pais estavam ocupados, Jimin também estaria em breve, então, só sobrou um outro ser que adorava e podia lhe fazer companhia.

Ele ouviu latidos muito conhecidos, e em seguida, a voz do mesmo ser que fez o som.

— Bom dia, príncipe.

Yoongi olhou para trás e viu o pequeno animal peludo e marrom andando em sua direção. Latir era maneira dele dizer "cheguei" quando aparecia de surpresa em algum lugar.

— Cherry! — Yoongi mostrou um sorriso aberto. Agachou-se e, quando Cherry parou em sua frente, passou os dedos nos pelos macios do cão. — Que bom te ver agora… Cadê meu presente?

— O que quer que eu te dê? Um osso? — Cherry questionou, tombando a cabeça para o lado.

Jimin gargalhou.

Yoongi bufou.

— Qualquer coisa que você me der, eu vou gostar.

— Eu mesmo, que tal? — Cherry sugeriu, deixando a língua para fora, enquanto o rabo abanava.

— Não vale. Você foi o presente de Yoongi quando ele fez quinze anos — Jimin comentou, com os braços cruzados, os olhos negros direcionados ao cãozinho que deu para Yoongi. O seu presente mais precioso.

Na época, Cherry era só um filhotinho, ele tinha sido abandonado em um dos becos da cidadela. Jimin o achou, cuidou dele e, ao lembrar que o amigo adoraria ter um animal de estimação, entregou-o para o príncipe.

— Estou brincando, Cherry. — Yoongi acariciou as orelhas peludas e o viu fechar os olhinhos, apreciando o contato suave. — Está ocupado?

— Estou a sua disposição.

— Então, você pode ir comigo para a floresta procurar as flores de inverno?

— Podemos ir agora — respondeu, animado. Como era aniversário de Yoongi, faria qualquer coisa que ele pedisse.

Yoongi se levantou, afirmando que iria tomar um banho. Foi ao toalete — que ficava no quarto —, tirou seu pijama e entrou na banheira, molhando seu corpo com a água que havia sido preparada pelo súdito responsável por seus banhos matinais há quase meia hora. Jimin já havia saído.

Cherry permaneceu no cômodo, deitado no tapete macio confortavelmente.

Yoongi, que retornou usando apenas um robe felpudo, vestiu-se com uma calça de couro, blusa de linho, cachecol, botas e um casaco grosso. Depois, pegou uma bolsa, colocando dentro um lápis e seu caderno de desenho.

Acreditando que estava pronto, chamou Cherry para saírem do cômodo. Juntos, andaram pelo corredor.

Yoongi observou a cidadela pelas enormes janelas de vidro, avistou as diversas casas com os telhados cobertos pela cor branca.

Só em pensar que sairia no frio, seu corpo estremeceu, mas isso não o fez parar de andar.

Cherry olhava para as mãos do príncipe. Ele se agasalhava, mas sempre esquecia de algo.

— Não está se esquecendo de nada?

Yoongi encarou Cherry. Percebeu-o apontar para suas mãos despidas, sem proteção alguma, ficou espantado e parou de caminhar.

— É verdade! Não coloquei minhas luvas.

— Olhe em cima da cama.

Yoongi assentiu e retornou para o quarto. Ao chegar perto do móvel, avistou as luvas pretas de couro sobre o travesseiro.

Eram as suas favoritas, as que usava todas as vezes no inverno desde que ganhou de sua mãe há dois anos. Ela mesma as fez, por isso tinha um carinho especial por elas.

Ele sorriu a ponto de seus dentes aparecerem.

— Jimin é tão atencioso — murmurou, cobrindo sua mão com o acessório.

Seu coração estava palpitando e fervendo, aquecendo todo o seu sangue.

Às vezes, quando costumava esquecer coisas básicas, as quais iria precisar, Jimin era o primeiro a perceber, afinal o conhecia bem. Sabendo que Yoongi podia esquecer de usar as luvas, colocou-as sobre a cama, deixando-as bem à vista e, mesmo assim, o príncipe não viu e Cherry precisou avisá-lo.

Yoongi saiu do quarto outra vez e voltou a andar com o cachorro.

No caminho, empregados parabenizaram o príncipe e soldados o cumprimentaram com um aceno, pois eram mais silenciosos.

Ao passar pelos portões do castelo, foi preenchido por "parabéns, príncipe" vindos desde crianças até idosos. Todos sabiam a data de seu aniversário, e Yoongi adorava ouvi-los, retribuindo com agradecimentos e sorrisos sutis.

Os dois saíram da cidadela, passaram por um campo, os olhos observando a imensa quantidade de árvores diante deles, enquanto a ventania gelada bagunçava os cabelos avermelhados do príncipe e os pelos brancos do cãozinho.

Em minutos, chegaram à Floresta Pluvivanto, uma das poucas que existiam entre Asper e outros reinos. Era a maior daquela região, com muitos animais e plantas exóticas, árvores altas que, naquele período, tinham suas folhas verdes decoradas pela neve. Seria difícil encontrar qualquer flor oriunda do inverno, mas Yoongi não iria descansar enquanto não encontrasse uma.

Cherry quase tomou o cachecol de Yoongi. Apesar de não sentir muito frio, a temperatura parecia mais intensa do que das outras vezes e tornava-se um incômodo.

Ele ficou calado, Yoongi olhou para o seu cãozinho e ao perceber que o corpinho peludo tremia, tirou o cachecol do pescoço e colocou ao redor do pescoço dele.

— Está melhor? Se não estiver, podemos voltar…

— Estou, príncipe — o cãozinho disse, satisfeito, sentindo o frio fugir do calor.

— Que bom.

Eles continuaram caminhando por Pluvivanto. A escuridão não era muita, mas existia. Aquele lugar não recebia muita luz natural, ainda mais pelo fato de nuvens cinzentas cobrirem os raios solares.

— Acho que deve ter alguma flor por essas bandas — Yoongi comentou, com os olhos observando o chão.

— Por que meu príncipe acha isso?

— Nos últimos dois invernos foi por aqui que encontrei uma Elir e uma Violeta — afirmou.

Elir e Violeta foram duas flores que Yoongi avistou naquele lugar, ele deu nome a cada uma e as desenhou. Esse era um dos gostos do príncipe.

— Bom, como vai ficar procurando, eu vou deitar aqui. — Cherry logo deitou-se na neve, de costas.

Preguiçoso, Yoongi pensou, rindo baixinho, e prosseguiu com sua procura. Caminhou por entre os pinheiros, analisando cada canto, perto de pedras, arbustos e troncos das árvores.

Naqueles momentos, era um bom observador, sua insistência o favorecia.

Ele soltou uma lufada de ar — a fumaça branca saiu de sua boca —, deu dois passos e olhou para a direita, os olhos caindo no chão branco.

Não demorou para um brilho surgir em suas íris castanhas.

— Cherry! — gritou pelo seu cão, que abriu os olhos e farejou o aroma de Yoongi. Correu até ele e não demorou a avistá-lo sentado, com as pernas cruzadas, o caderno sobre o colo e a ponta do lápis riscando a folha branca.

— Vejo que encontrou uma flor.

— Ela é linda, Cherry — contou o garoto.

A flor era pequena, num tom azul-céu em um dia ensolarado, e possuía tons escuros nas bordas das pétalas arredondadas.

Cherry concordou e deitou-se ao lado dele.

— Já escolheu um nome? — ele questionou o garoto, curioso.

— Ainda não, irei colocá-la no papel primeiro.

Após ouvi-lo, Cherry fechou os olhos outra vez. Yoongi não teria pressa e descansar seria o melhor a fazer.

Ele prosseguiu desenhando, os lábios esticados nos cantos o tempo inteiro em um sorriso satisfeito. Ficou em silêncio, mas o barulho dos pássaros cantando, passos de animais e uivos de lobos por perto eram agradáveis. Cada vez que o lápis rabiscava o papel, a flor aparecia com traços bem feitos e precisos. Não precisaria pintar, não era do seu feitio.

Falta só mais um pouco para ela estar completa — ele suspirou, analisando o desenho. Depois, desviou os olhos para a flor.

No mesmo instante, um pó branco foi expelido do núcleo dela, atingido seu rosto e o do seu cão, que estava bem próximo.

Seus olhos pesaram, assim como seu corpo, o caderno e o lápis despencaram na neve, as mãos enfraqueceram…

Estranhamente, todo o seu corpo fraquejou.

O que está acontecendo?, ele não entendeu a mudança repentina.

Sua visão escureceu, como se uma névoa escura tivesse invadido aquela área. Yoongi piscou os olhos, numa tentativa falha de sair do breu.

Ele não conseguiu raciocinar, nem mesmo ter alguma reação a tempo.

Então, seu corpo caiu na neve, de lado, dormindo profundamente.

***

O corpo inteiro de Yoongi parecia fraco.

Sua respiração estava meio lenta.

Sua consciência voltava aos poucos.

Onde estou?, foi a primeira coisa que pensou.

Ele abriu os olhos, tentando enxergar onde se encontrava, pois não sentia mais o chão com neve, nem o cheiro da natureza.

Avistou um lugar quase escuro, com altas colunas rachadas, paredes de pedra, assim como o chão.

O cheiro que entrou em seu nariz era estranho, um pouco fedorento. Quando olhou para cima, viu as chamas do fogo nas tochas das colunas que iluminavam o ambiente.

Ele percebeu onde estava. Era um salão de um castelo antigo.

— Por que estou aqui? — ele murmurou, erguendo-se do chão.

Um barulho pesado foi ouvido. Seus pulsos e tornozelos estavam presos pelas correntes.

— Não, não… — Ele se desesperou, o coração acelerando, a respiração pesando… — Cherry! — ele berrou, olhando por todos os cantos, quando mirou o chão, conseguiu ver o cãozinho deitado ao seu lado.

— Cherry! — chamou por ele novamente, com a voz embargada e os lábios trêmulos. Ele não se mexia. Não dava sinal de vida. — Cherry!

Seu cão roncou, e isso fez Yoongi respirar profundamente. Ele estava vivo, no entanto, não foi o suficiente para tranquilizá-lo, já que correntes prendiam suas patas da frente.

Yoongi observou o local outra vez, mais atento, buscando encontrar algo ou alguém e, enquanto o tempo passava, um peso cruel dominava seu peito.

Tinha algo errado, tudo aquilo era muito estranho.

— Esse lugar — ele sussurrou.

Olhar mais uma vez ao redor o fez reconhecer onde se encontrava. Conhecia aquele castelo, ficava em uma montanha, próximo da Pluvivanto, mas nada fazia sentido.

Por qual razão estava ali?

Deveria estar na floresta, desenhando a flor que encontrara.

A flor…

Ele se recordou dela e do pó que atingiu seu rosto. Ela o fez sentir um sono incapaz de controlar e, por causa disso, achava-se preso em uma fortaleza antiga.

Eu fui sequestrado, mas por quem?, Yoongi concluiu, engolindo em seco.

— Acordou, príncipe… — uma voz suave e feminina enunciou.

A respiração do garoto se descontrolou, seu coração palpitou fortemente.

Ele olhou na direção de onde veio a voz, e uma mulher surgiu no meio das sombras.

O olhar dela lhe causou um arrepio na espinha.

Ela vinha em sua direção, caminhando lentamente, sorrindo com malícia.

Os cabelos longos e ruivos dançavam a cada passo, adornando seu rosto, ombros e cintura. O vestido longo, preto e reluzente delineava seu corpo inteiro.

É uma rainha?, Yoongi se perguntou, sem perceber que deu alguns passos para trás.

Era esse posto que aquela mulher parecia ter, ela possuía um ar altivo e soberano, que o encantou e causou um tremor em seu íntimo, tudo ao mesmo tempo.

Temeu pelo que ela poderia fazer consigo e com Cherry, e se odiou por isso.

Durante sua vida inteira foi criado para ser forte, porém, ser a presa de uma mulher desconhecida, sem saber do que ela era capaz, acabou por torná-lo um fraco.

A figura feminina parou diante dele, encarando-o sem piscar. Yoongi lutou para não abaixar o rosto e, a única coisa que o prendeu à face dela, foi enxergar a cor dos seus olhos. Eram tão negros quanto os de uma pessoa que ele conhecia…

— Por que… estou aqui? — o príncipe falou num fio de voz. Tentou evitar demonstrar nervosismo, o que foi inútil.

Ela riu, sem abrir os lábios, nenhuma ruga apareceu no canto dos olhos.

— Acho que deveria perguntar: Quem é você?

Yoongi crispou os lábios, manteve-se em silêncio.

Ela esticou o dedo até o queixo dele.

— Você é lindo — a mulher elogiou o garoto, encarando os detalhes faciais masculinos.

Yoongi jogou o próprio rosto para o lado, afastando-se do toque gélido em sua tez.

— O que quer? — Dessa vez, sua voz saiu mais firme.

— Quanta pressa, príncipe — ela disse, num tom de sarcasmo. — Gostou da flor que estava desenhando? — Yoongi a encarou, assustado. — Eu deixei ela ali especialmente para você. Descobri que gosta de desenhar flores.

Yoongi ficou sem fala. Ela sabia sobre ele, sobre seus gostos de flores… Mas como?

— Estive te observando, pequeno Yoongi — a mulher prosseguiu, suave como uma rosa espinhosa. — Você e Jimin são muito próximos. Sempre juntos... Inseparáveis… Até que eu percebi que você seria essencial para mim.

— Me solte! — Yoongi gritou, lutando para se livrar das correntes. Seus punhos ficaram vermelhos, o ferro apertou aquela área corporal com sua ação.

Doeu, e muito, mas ele controlou sua boca para não gemer.

— Calma, eu não irei te deixar aqui por muito tempo. — Ela pegou a mandíbula dele, as unhas grandes e vermelhas quase arranharam suas bochechas. — Já que você está com tanta pressa, te direi o que irá fazer para mim, príncipe.

Seus olhos voltaram a se encontrar.

— Traga Jimin para mim, meu querido.

O interior do Min se descontrolou. Ele teve um enjoo súbito, e uma sensação ruim e poderosa surgiu em seu peito.

— Não! — ele rebateu. Nunca entregaria Jimin para aquela mulher, independente dos objetivos dela com seu melhor amigo.

Ela era má, ele sentia. A aura dela era tão assustadora que fazia todo o seu ser estremecer e ficar desesperado para fugir.

— Você vai, príncipe.

— Nada me fará mudar de ideia — afirmou, buscando coragem para enfrentá-la. Viu as sobrancelhas bem feitas se franzirem.

— Quem é você, Yoongi?

Ele não entendeu a pergunta.

Ela quer saber sobre mim? Porém, ela já não sabe?

— O futuro Rei de Asper, que é o maior entre os sete reinos deste mundo. O homem que irá governar um povo fiel, ter poder sobre muitos e lutar contra inimigos.

Ela abaixou o rosto, seu nariz roçou no de Yoongi.

— O que aconteceria se eu tirasse sua preciosa voz?

Os olhos de Yoongi lacrimejaram mais. Seu coração quase parou de bater.

— Acha mesmo que irá conseguir ter soberania sobre seu povo, sobre seus soldados, seus súditos, sem poder falar com todos eles?

Um riso desdenhoso saiu dos lábios dela.

— Você será um inútil, Yoongi… Ninguém irá aceitar que sente no trono, vão sentir medo de ter um rei incapaz de falar.

Yoongi sentiu a ameaça e sabia que ela tinha razão, seu povo não aceitaria e o conselho mandaria seus pais escolherem outro para ser herdeiro.

Sua mãe, Jasmim, era incapaz de engravidar novamente e Kairós jamais se casaria com outra mulher, pois era extremamente fiel a sua mãe, prometeu que ela seria a única. Logo, Yoongi era o único herdeiro para assumir o trono.

Escolher outro indivíduo para ser o futuro monarca, que não tivesse o sangue real dos Mins, seria um terrível erro. Nunca um membro de outra família assumiu o trono, os Mins dominavam Asper há gerações.

No entanto, Yoongi se odiaria para sempre se Jimin ficasse nas mãos daquela mulher.

E quem poderia afirmar que ela dizia a verdade?

— Você não tem poder para isso — ele pronunciou baixo, raivoso.

— Sim, meu príncipe. Eu tenho… — contestou a mulher, sorrindo de forma sagaz.

Asas azuis saltaram das suas costas. Um brilho mais bonito que o das chamas surgiu naquele salão.

Yoongi arregalou os olhos, boquiaberto, deslumbrando-se com as belas asas.

Ela não era uma mulher comum, como ele já imaginava. Era uma fada, pertencia ao mundo mágico, o qual para os humanos era inacessível.

Ele jamais tinha visto uma diante de seus olhos. Muitas vezes, ouviu que as fadas eram como a luz, sua existência era essencial para os seres vivos, principalmente os das florestas, mas aquele conceito caiu por terra ao conhecer aquela à sua frente. Ela representava as próprias trevas.

— Faça o que estou mandando. Eu só quero que me traga Jimin.

— Eu prefiro ficar sem voz do que trazê-lo a você — retrucou, ríspido.

A fada riu.

— Será que eu tenho que fazer ações piores? Conhece o poder das fadas, garoto?

Sim, ele conhecia. Aprendeu nas aulas da escola sobre os seres mágicos, seus poderes e sobre como um humano não conseguiria ganhar de um deles, caso estivessem numa batalha.

— Jimin é tão importante para você? — Yoongi indagou.

A fada ficou calada.

— Se quer tanto ele, por que me sequestrou? Por que não tentou sequestrá-lo você mesma? Tem medo que ele a mate? — provocou. — Deve saber que ele é um dos melhores guerreiros do reino…

A expressão da mulher se tornou séria. Ela tinha muitas informações sobre a vida deles, conseguiu com outras pessoas que conviviam com os garotos.

Seduzir soldados do castelo, assim como fazer amizade com a mãe de Jimin, foi fácil.

Hanna não a conhecia, nem a reconheceria, pois a fada se disfarçava quando andava na cidadela.

Pensou em ameaçá-la, mas Hanna tinha contato com uma pessoa que não podia descobrir onde ela se encontrava.

Seria fácil demais.

E observar os garotos de longe pela cidadela principal foi mais comum. Viu-os várias vezes juntos, andando pelas ruas, quase colados, com os olhares sempre se buscando, as mãos se tocando o tempo inteiro de forma sutil. Porém, ela não podia pegar Jimin no reino diretamente. Seu irmão não podia saber que estava querendo Jimin. Ele saberia caso fizesse qualquer ato contra o garoto, principalmente se dessem falta dele. Seu irmão sempre possuía informações imediatas sobre Jimin de observadores, inclusive de objetos domésticos.

Os humanos não tinham ideia de que uma simples xícara era capaz de falar e se transportar para o mundo mágico.

— Não irei te responder, apenas faça o que te mando, assim, ninguém sairá machucado. Ninguém, Yoongi — ela avisou, afrouxando o aperto no rosto dele.

— E Jimin?

— Só quero um rápido momento com ele. Logo, ele estará de volta para você… Acredite em mim.

— Não vou acreditar em você.

— Você não tem outra escolha — a mulher afirmou, deslizando o dorso da mão pela lateral do rosto do príncipe. — Posso fazer coisas piores quando ousam me desobedecer.

Yoongi abaixou o olhar, o ardor dominou seus olhos.

Ele não conseguia imaginar o que tanto a fada queria com Jimin. Ela sabia o nome dele, queria-o para ela, porém o príncipe não conseguia ter ideia do motivo.

Mas ele não tinha escolha. Era essencial continuar com sua voz e manter a soberania do sobrenome de sua família.

Qualquer outro no poder causaria o caos, muitos inimigos esperavam por isso há anos.

Yoongi nunca quis o mal para seu reino. Ele era o futuro rei, o herdeiro do trono, todos ansiavam por mais um Min governando.

Sem voz, todos o veriam como fraco, e ninguém iria aceitar um fraco no trono. Por isso, ele aceitou. Decidiu que traria Jimin para a fada, e como jamais o abandonaria, voltaria com ele para o castelo.

— Em três dias o trago — disse, com uma lágrima saindo de seu olho esquerdo.

— Não. Traga-o hoje. Se não aparecer com Jimin até às 23h, nunca poderá se declarar para ele… Ou já se declarou, querido?! — Um riso saiu entre seus lábios, carregado de malícia.

Yoongi levantou o olhar, surpreso. Até sobre seus sentimentos a fada sabia.

Fazia alguns anos que não dizia "eu te amo" para Jimin, mesmo que a relação deles estivesse cada dia mais intensa.

Há quanto tempo ela observa Jimin e eu?, ele ponderou, permitindo-se chorar.

— Você o ama, não é? Eu sei que ama. Vai querer continuar com ele. Falar com ele. Então, faça o que ordeno, e não diga uma palavra para ele sobre mim ou sobre o que aconteceu aqui. Será uma surpresa, me entendeu?

Yoongi assentiu, devagar, destruído por dentro.

— Bom garoto.

A fada deixou de tocá-lo, pôs a mão abaixo do próprio queixo e a palma em direção ao teto. Soprou um pó claro, como as estrelas cintilantes do Universo, no rosto do príncipe.

Ele pressionou as pálpebras uma na outra ao ser atingido com o pó, que provocou uma leve ardência nos olhos.

A fraqueza voltou para o seu corpo, ele perdeu os sentidos e a escuridão o venceu naquele instante.

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Notas Finais: Até o próximo capitulo 💕

6 de Junho de 2023 às 00:03 0 Denunciar Insira Seguir história
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