ancapucho A. N. Capucho

Jay é um ômega exilado de sua matilha materna por ter atacado o alfa líder. Após algum tempo vivendo por conta própria em uma clareira, em um território neutro entre as matilhas da região, Jay acaba invadindo o território mais próximo em meio a uma caçada. Após um confronto tenso, o ômega acorda dentro de uma das residências da matilha que ele enfrentou. Será que nosso protagonista é capaz de abandonar seus traumas e conviver de forma harmoniosa com aqueles que lhe ofereceram abrigo?


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Prólogo

Submeter-se.

Algumas pessoas são naturalmente submissas, outras são dominantes e outras variam de acordo com a necessidade.

Algumas pessoas são obrigadas a serem obedientes e são educadas para serem assim, principalmente com seus cônjuges. Um ômega deve obedecer a seu parceiro, pois está na última posição da hierarquia. São reprodutores e maternais, portanto, sua família deve ser sua prioridade. Alfas são líderes natos, o topo da hierarquia. Guerreiros, intelectuais. Devem ser obedecidos por todos. E os betas? Bem, estes têm um pouco mais de liberdade, mandam e obedecem, não tem muitos estereótipos ligados a eles.

É assim que as crianças são educadas em cada uma das matilhas espalhadas pelo mundo, pois a hierarquia na matilha é o que mantém todos vivos. É sagrado.

Entretanto, sempre existem aqueles que persistem em nadar contra a corrente. E sou um deles. Um ômega lúpus, a mais inferior das classes, teoricamente servimos apenas para a reprodução. Seria um tanto fofo, se eu não detestasse crianças.

Ômegas, na matilha em que nasci, são prometidos à um alfa ou beta assim que tem seu primeiro cio, e são forçados a se casar. Ninguém se importa se você, ômega, tem sentimentos e quer viver um grande romance. Ou se nem quer se casar pelos próximos vinte anos. Você é um ômega e não tem voz. Não pode opinar, contrariar ou fazer algo sem a permissão de seu cônjuge. Deve, sempre, se submeter as vontades alheias. Não importa se você não quer transar, você é um ômega e tem de estar sempre disposto para o seu parceiro ter herdeiros.

Tive meu cio, anunciando a toda a matilha que sou um lúpus. Meus pais me entregaram ao líder da matilha e, mesmo febril e atordoado pelo período fértil, eu ataquei o que deveria ser meu futuro marido. Medi forças com um alfa, que rosnava e usava seu tom de ordem comigo. Mesmo que todo meu corpo tremesse e doesse pela submissão forçada, eu continuei a rosnar e morder, tentando mantê-lo longe de mim. E funcionou por algumas horas. Mas eu sou um ômega e meu corpo não me pertence. Então o curandeiro da matilha me drogou, eu fui amarrado e usado. Ao fim daquele período horrendo de cinco dias, eu fui amarrado em um tronco no meio da vila e açoitado, para que todos observassem o que acontece quando um ômega tenta ser dono de si mesmo.

Quando me desamarraram da madeira, mesmo fraco, machucado e sujo de sangue, eu assumi a minha forma lupina e ataquei, sendo expulso da matilha por tentar matar o alfa líder. Sem a proteção de uma alcateia, um lar, largado a própria sorte, procurei por um abrigo e lutei pela minha própria sobrevivência. Muitos vão dizer que eu vivi fingindo ser um alfa, usando meu corpo lupino para suprimir cios e caçando como meus ancestrais. Vivendo como um selvagem solitário. Me juntar a outras matilhas, muito provavelmente, me traria a mesma situação que vivi em meu primeiro cio, então sobreviver sozinho não parecia uma ideia ruim.

O mais difícil foi encontrar um território neutro e aprender a cuidar dos meus próprios ferimentos. O grande problema de território neutros é que, por serem usados para confrontos de matilhas, as presas são escassas e viver de migalhas entre territórios inimigos não parece uma ideia muito sensata, mas era tudo o que eu tinha. Uma caverna e a luta diária para encontrar comida que me mantivesse vivo por mais um dia, além de ervas para tratar dos meus ferimentos e suprimir o cio enquanto eu estivesse em minha forma humana.

Nessa vida é matar ou morrer.

Mantive meus olhos fechados, tentando me concentrar nos sons e nos cheiros ao redor. Eu estava faminto e precisava encontrar logo algo para comer. Podia ouvir uma cachoeira nas proximidades e alguns pequenos roedores que não me sustentariam por muito tempo.

Um bramado baixo soou, me indicando que um cervo está nas proximidades. Abro meus olhos e tento localizar o cheiro do animal, caminhando lentamente e tomando cuidado para não pisar em nada que fizesse barulho. Correr agora seria um desperdício de energia que me levaria ao fracasso na caçada.

Após uma caminhada silenciosa, avistei minha presa em campo aberto, com as orelhas demonstrando o estado de alerta enquanto a cabeça estava abaixada, mordendo a grama e se colocando a ruminar.

Analisei o local, não tinha muito tempo para planejar um ataque e, sendo solitário, uma emboscada está fora de cogitação. Me aproximei o máximo que consegui sem chamar a atenção do animal. Meu olhar estava fixo na presa, a boca salivando e o estômago doendo pela ansiedade de ser dilatado para digestão. Corrigi meu posicionamento e silenciosamente observei, aguardei. A adrenalina percorreu meus vasos sanguíneos e eu iniciei o ataque, correndo em direção a minha presa e pulando na tentativa de derrubá-la.

Erro de cálculo, o cervo me ouviu antes do pretendido e se colocou a correr, iniciando uma perseguição que eu não estou disposto a perder. A presa rumou para dentro da mata, forçando uma corrida de obstáculos, com pedras, árvores, barrancos. A vantagem que eu tinha fora desperdiçada e eu teria que correr atrás do prejuízo.

Em meio ao frenesi da caça, não notei que havia passado dos limites do território neutro e adentrado o espaço pertencente a uma matilha inimiga da matilha na qual eu nasci. Porém, quando se é um desgarrado e ômega, todos são inimigos. Fui rapidamente alertado de meu erro com um uivo alto, próximo demais para a minha segurança. Meu estômago doeu e eu pulei, derrubando o cervo e fincando meus dentes em sua jugular.

Gostaria de relaxar e dar o jantar como servido, contudo, isso é a última coisa que eu posso me permitir neste momento. Ouço passos e tento estimar o número de lobos que estão vindo na minha direção, enquanto tento, inutilmente, puxar o cervo de volta para o território neutro. Longe demais das margens do território, não teria tempo de atravessar a linha invisível, demarcada pelo cheiro da alcateia, e retornar de forma segura para o meu "lar".

Sete.

Uma matilha pequena, se ela estiver toda vindo em minha direção. Completamente cercado, não teria outra escolha a não ser entrar em uma luta completamente injusta, pela minha própria vida. Parei de tentar me mover, optando por poupar o esforço para a briga que ocorreria. Respirei fundo, começando a sentir o cansaço da corrida, e pude classificá-los. Quatro alfas, sendo dois lúpus, dois ômegas e um beta. Eu estaria morto antes mesmo de tentar fugir.

Eles se fizeram presente, mostrando-se enquanto eu me colocava em posição de ataque, disposto a fazer o que fosse necessário para poder viver. Atacar os ômegas seria covardia, visto que sou um também, mas seriam mais fáceis de derrubar mesmo que atraíssem os alfas para um confronto mais impiedoso.

Rápido Jay, analise a situação e monte uma estratégia.

Três lobos negros, dois deles são alfas lúpus. Grandes, majestosos, com presenças fortes. Dois lobos cinzas, um alfa e um ômega, provavelmente um casal. Atacar aquele ômega seria como assinar meu atestado de óbito. Dois lobos marrons, um beta e um ômega. O beta é o menor, provavelmente o mais novo e o menos experiente, talvez valha a pena a tentativa.

Eu teria uma única chance de ataque, então precisava ser certeiro para usar o lobo mais novo como uma espécie de escudo até a minha saída do território, provavelmente eu teria que procurar outro lugar para viver também.

Um dos alfas negros estava assumindo uma posição de batalha de ômegas, colocando-se pouco à frente do alfa, que percebo ser o líder, cobrindo o pescoço dele com o próprio. Fiquei intrigado, porém mantive meu foco na ideia de conseguir escapar.

Com os olhos oscilando em observar cada um dos alfas, me atirei em direção ao beta, sendo interceptado no meio do caminho por um dos lúpus. Foi como ser atingido por um touro furioso. Estava no chão, com o lobo negro em cima de mim, tentando me morder e rosnando alto, na ideia de me forçar a submissão. Péssimas lembranças vieram à minha mente e eu me remexia de forma nervosa, buscando tirá-lo de cima de mim e mordê-lo ao mesmo tempo. Não vai me obrigar a te obedecer.

Minha pelagem branca se tornou manchada, não só de terra, mas de sangue. O cheiro do líquido ferroso se espalhava por todo o local, atingindo cada uma das narinas. Meu ombro doía, mas revidei a mordida com a mesma força na qual a recebi, conseguindo me aproveitar de sua distração vitoriosa e acertar a região entre o pescoço e o ombro. Ao contrário dele, não o soltei, deixando a lesão se tornar mais funda e ouvi os grunhidos de dor. Ele tentou puxar, numa decisão completamente estúpida, então eu soltei e aproveitei para sair de baixo dele, voltando a posição de ataque.

A fome estava suprimida pela adrenalina da batalha, mas meu cérebro me avisava que eu não conseguiria brigar por muito mais tempo. Faminto e cansado, não são as condições ideais para a situação em que me encontro. Entretanto, fugir de deixar minha caça ali não me deixa contente, afinal, teria de caçar novamente e isso me causaria mais cansaço, significando que ficaria mais indefeso. Não havia uma escolha a ser feita, teria que ficar e lutar pela minha refeição. O desafio estava claro em seu olhar, ele não avançaria primeiro, apenas reagiria ao meu próximo passo. Sendo assim, seguimos numa batalha sem movimentos, apenas rosnando um para o outro, uma vez que nenhum dos outros se intrometeu, tão cautelosos quanto o lúpus que me enfrentava. Meu corpo me alertava sobre a exaustão e a perda de fluídos, minhas pernas passando a não ter mais tanta força para me manter em pé. Meu equilíbrio vacilou e a matilha a minha frente agiu rápido, vindo em minha direção assim que meu corpo foi ao chão e minha visão se tornou turva, mantendo como a última imagem vista, a face feroz do lobo negro desafiante e seus olhos negros como a noite.

1 de Março de 2023 às 20:03 2 Denunciar Insira Seguir história
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Daniel Trindade Daniel Trindade
Saudações! Faço parte da Embaixada Brasileira do Inkspired. Estou aqui para lhe parabenizar pela Verificação de sua história. Espero que ela seja prestigiada por muitos leitores aqui em nossa comunidade. Sucesso e felicidade em sua arte! ♡
March 01, 2023, 21:42

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As Garras da Sobrevivência
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