cat4rinacarvalho_ Catarina Carvalho

Tiana, uma jovem de 20 anos, vive o que chama de "vida pacata": de férias do emprego, sem festas, sem namorado, com Milla, sua irmã, mais atrapalhando do que ajudando, uma caneca de café, um trabalho de final de semestre da faculdade e um projeto de livro empacado desde o ano anterior. Nada poderia estar mais comum e normal na vida da garota... Até que uma notícia inesperada muda totalmente sua vida. Sua tia avó, a rainha de Parvantia, um país-ilha ao sudoeste do Reino Unido, faleceu sem deixar herdeiros, e seu pai é o próximo na linha de sucessão. Ou seja, Tiana é a nova herdeira do trono de Parvantia. Assumir um reino, no entanto, não será fácil. Antes de ascender, Tiana deverá passar por um treinamento com uma tutora diabólica e, acima de tudo, não se apaixonar. O sonho de toda garota de ser uma princesa pode virar, para Tiana, um verdadeiro pesadelo. (Livro 1)


Fanfiction Bandas/Cantores Todo o público.

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I - A história empacada e a garota caseira

"Talvez tudo não passasse de um jogo criado pelos céus para brincar com os seres humanos, criaturas mortais que não teriam, nem em um milhão de anos, a força necessária para abater uma divindade.

Ou talvez fosse apenas falta de sorte.

Adhara virou a cabeça para os lados, seu rosto sujo de lama e sangue sustentando o terror na expressão enquanto segurava uma faca de caça entre os dedos. Os gritos somados aos sons das espadas se chocando seriam um deleite para os entusiastas. Aquilo faria grandes histórias surgirem e serem passadas adiante pelos contadores de história.

Quanto mais a faca de caça perfurava, cortava e matava, mais soldados apareciam, cercando-a. Adhara não via pessoas familiares, alguém em que pudesse confiar. Eram apenas escudos e lâminas apontados para ela.

Então, de repente, eles abaixaram as espadas, abrindo espaço para um homem de armadura prateada manchada de sangue adentrar o grande círculo.

Adhara olhou para cima, seu olhar vazio e indecifrável. Aquele homem não merecia o poder que tinha roubado. Ele não fez menção de descer do cavalo quando puxou uma flecha da aljava em suas costas, ajeitou-a no arco e mirou na jovem.

Então, atirou."

Tirei os dedos do teclado e olhei para a tela do computador, com uma mão fechada cobrindo a boca. Esse final de capítulo ainda me parecia estranho.

Estranho, não. Horrível. Minha escrita nessa história mais parecia titica de galinha do que um rascunho de livro decente. Desse jeito, nunca iria chegar a ter um livro sequer publicado numa editora.

Por que não consigo desistir disso?

- Eu já vi você apagar esse rascunho umas cem vezes na última semana. - Virei-me para trás ao ouvir a voz de Milla, que estava com as pernas cruzadas na minha cama, segurando uma caneca na mão. - Parece um bloqueio criativo.

- Mas é um!

Diferente do que a maioria pode achar, Milla não era minha colega de quarto. Okay, ela era também, mas o caso era que, além de dividir o cômodo, também compartilhamos um laço sanguíneo. Ela era minha chata e insuportavelmente mais bonita meio-irmã mais nova.

E ponha "mais bonita" nisso. Era só imaginar a capitã das líderes de torcida dos Warriors naquele filme da franquia As Apimentadas que teve a participação da Rihanna. Aquele em que ela chamava a protagonista de Branquela.

Pois é. Linda, né?

Mas todo mundo que aparece nos filmes é lindo, afinal. Então, pegue qualquer um e coloque Milla do lado. Ela vai estar no mesmo patamar.

- Leia. Diz o que você acha. - Apontei para a tela do Word com o cursor ainda piscando.

Ela piscou para mim com os olhos preguiçosos como os do Garfield.

Pena que o tanto que tem de beleza, ela tem de preguiça.

- Você é a escritora - ela disse, dando de ombros. - Eu não entendo dessas coisas. Só sei que você não é famosa em nenhuma plataforma, então, por que tá se cobrando tanto? Ninguém vai ler.

- Meus leitores não são ninguém, ok? E eu estou pedindo a sua opinião porque acho que você tem bom gosto.

- Eu não gosto de ler fantasias. Prefiro os filmes.

Ok, bom gosto para outras coisas.

Milla deixou a caneca no criado mudo, descruzou as pernas e se levantou, bocejando. Observei enquanto ela pegava seu uniforme, uma toalha e saía, fechando a porta com um click.

Fiquei encarando a tela do PC. O que eu poderia fazer com minha pequena e nem um pouco fácil história, para que ela não fosse uma decepção total?

Tempos depois, ouvi a voz de Milla outra vez, vinda da cozinha.

- Não sei você, mas eu preciso ir trabalhar. Tenta relaxar um pouco, sei lá, ir num salão, fazer manicure, um corte legal, comprar roupas... - Ela parou por um momento. Lá vem. - Na verdade, você deveria fazer uma programação mais interessante do que levar essa vida de escritora amadora de estilo cafona.

Com quem ela pensa que está falando?

- Eu tô bem, aqui. - Respondi, ao invés de mandar umas verdades sobre o meu estilo, enquanto me levantava e saía do quarto.

Milla me esperou chegar à cozinha para responder, ajeitando a gola de sua camisa branca. Ela me olha de cima a baixo e para cima de novo e ergue uma sobrancelha bem feita. Chuto que tenha sido para meu pijama de coelhos ou para o coque desajeitado que prendi no alto da cabeça com uma caneta.

Após um som de concordância irônica, ela disse, cruzando os braços:

- Vou preparar uma programação para você. Não ouse recusar.

- Você fala isso como se eu pudesse.

Milla olha para mim por cima do ombro, com um sorriso sacana que claramente diz "que bom que sabe disso" e vai embora.

...

Quando Milla soube que eu não tinha feito qualquer uma das coisas que ela recomendou, tive que ouvir um grande sermão de duas horas sobre como eu deveria ter uma vida social, de como eu estava desperdiçando minha juventude e que, como eu tinha 20 anos, deveria estar me divertindo em baladas e saindo com os amigos ao invés de me enfurnar no quarto na frente de um computador.

- Eu tô dizendo, Tiana - ela disse, sentando-se no sofá bege sem graça ao meu lado. Mamãe fez uma capa de fuxicos coloridos para "alegrar o móvel", segundo ela própria. - Eu tenho 18 anos e consigo ter mais vida social que você... Literalmente. Bem que você podia chamar seus amigos da faculdade para sair, que tal?

Ela me olhou com as íris da cor de água esverdeada de piscina brilhando em uma insinuação óbvia. Nem parecia que ela tinha uma clara intenção de encontrar-se com o Marcos, um dos meus colegas de universidade por quem ela tem uma queda desde dois meses atrás, quando pegou meu celular e abriu a galeria procurando fotos zoadas dela para apagar.

- Ah, tá, né? Como se eu não soubesse o que, ou quem, você quer.

- Qual é, Tiana! A mãe também tá preocupada com você.

Encarei Milla com uma expressão confusa.

- Mas não tem como a mãe saber, ela trabalha o dia todo... - O sorriso culpado de Milla acendeu minha irritação. - Você!

Milla já tinha se levantado e dava passos para trás enquanto arrumava minha melhor pose de "pode chamar os pinguins de Madagascar para dançar Macarena no seu funeral", porque eu mataria a infeliz.

- Por que contou pra ela? - Meu tom era, no mínimo perigoso. Ou pelo menos, eu me esforçava para que fosse. - Eu estou bem, ok? Agora ela vai mandar mensagens a cada dois minutos perguntando quando eu vou arranjar um namorado! Eu estou por aqui - passei uma mão pela testa para indicar o tanto - de problemas com a faculdade e você me arruma mais essa? O que você estava pensando?

Milla respirou fundo e começou:

- Só saiu, Tiana, não é culpa minha...

- É claro que é! - Cortei-a.

Meu pijama não estava nem um pouco de acordo com a situação. Eu, irritada, de pijama baby doll, chinelos gastos e um coque de caneta no alto da cabeça. Que bela imagem!

Milla estendeu as mãos num pedido de calma e eu ergui uma sobrancelha.

- Calma, eu posso explicar - ela disse.

- Tô esperando.

No mesmo momento, a porta da frente abriu e minha mãe entrou apressada com um monte de sacolas do supermercado nas mãos. O salário dela tinha caído na conta, então.

- Parem com a briguinha, qualquer que seja a besteira da vez, e venham me ajudar aqui - ela ralhou estendendo as mãos cheias de sacos plásticos. - Roberto chega do trabalho daqui a pouco e acho bom as coisas estarem no lugar.

Ah, não. Roberto era um professor de matemática que já bateu cabeça comigo e minha incapacidade de fazer cálculos ou entender alguma coisa com números. Ele e minha mãe se conheceram e tiveram um rolo porque os dois tiveram uma reunião sobre a minha recuperação da recuperação na matéria dele (sendo que já era uma reprovação quase iminente) no sétimo ano. E ficaram juntos, namoraram, se casaram e tiveram a Milla. Fiquei bestificada quando ele disse que não podia beber. E sobre o lance do trabalho, Roberto costumava chegar no começo da noite, cansado. Só que era ele quem fazia o jantar, ou ao menos ajudava com os legumes.

Minha mãe e ele conversavam tanto, mas tanto, que a vizinhança fofoqueira fica sem assunto perto deles. E era muito raro haver discussões, brigas e essas coisas. O cara era o genro que minha avó materna queria ter!

- Você vai cozinhar? - perguntei, chocada, estancada no meio da sala.

- Mas, mãe - Milla começou, pegando algumas das compras. - Você é um desastre na cozinha.

Nesse ponto, ela estava coberta de razão. A última vez que minha mãe foi para a frente de um fogão e fez (lê-se tentou fazer) o jantar, o arroz ficou salgado e duro, o feijão, insosso, cru e aguado e o frango, queimado. Roberto olhou para o prato e, depois de comer tudo para agradá-la, pediu uma pizza.

Quando colocamos tudo sobre o pano de mesa florido, ela disse:

- Bem, tenho uma novidade. Só não sei se vai ser boa ou ruim.

- Ruim, óbvio - Milla resmungou.

- Ludmilla! - minha mãe repreendeu.

Revirei os olhos.

- Já vi que eu sou a última a saber, né? De novo - falei.

- Seu pai ligou.

Após as palavras da mãe, a cozinha caiu num silêncio gritante. Dava para ouvir minha própria respiração e os pensamentos que eu não colocava em voz alta.

Milla, como falei antes, era minha meio-irmã, a filha do meu padrasto, e tinha uma opinião muito bem formada do meu pai, como se fosse uma tatuagem da qual ela tinha desgosto e arrependimento profundo de ter feito.

E nem foi ela que meu pai ajudou a fazer.

- Aquele traste, a mãe quer dizer - ela corrigiu, olhando para mim com severidade incomum para uma garota que mal havia completado os 18. - Como que uma pessoa some por dezenove anos e vem agora como se nada tivesse acontecido? Ele não tem vergonha?

Poxa, eu sei que não tive um pai presente! Não precisava esfregar na minha cara, troço!

- Milla, a mãe tá falando, não é legal interromper - eu disse, ao invés.

- Antes disso, é melhor se sentar - mamãe disse.

Eu o fiz, mesmo que fosse um pouco estranho. Minha mãe normalmente não pedia essas coisas, ela só falava na lata mesmo. A própria sempre dizia que era mais fácil se recuperar do choque das notícias quando ele é dado de uma vez.

- Não vou ficar aqui pra ouvir isso - Milla disse, saindo da cozinha. - Tô no quarto, se precisarem.

Quando ouvimos a porta do quarto bater, minha mãe pôs as mãos sobre a mesa, encarando-as como se tivessem todas as respostas das perguntas mais complexas e difíceis perguntas do mundo, e começou:

- Então. Você sabe que quando eu conheci seu pai, estávamos apaixonados, mas, no fim, não era pra ser... não ia dar certo. Deixei você tomar as decisões que queria e formar sua própria opinião.

- É, mas por que você tá lembrando disso? - perguntei. Meu pai não era um assunto que tocávamos com frequência. Ele ficou esquecido por anos, na verdade, e minha opinião... Bem, eu não tratava o relacionamento dos dois como algo do tipo "ah, os dois são meus pais, então devem ficar juntos só para eu poder desfilar por aí dizendo que tenho uma família tradicional". Qual é, por que eu esquentaria a cabeça com um assunto que não é meu? Não fui eu que namorei com meu pai.

Tá, isso soou estranho.

Mas deu para entender, né? Eu não me importava se meus pais biológicos estavam juntos ou não. Os dois se separaram e tocaram a vida deles. Meu pai, pelo menos, não esqueceu da minha existência e todo mês mandou a pensão alimentícia, uma quantia que ajudava até demais e que a gente quase não precisava usar. Talvez tenha sido por isso que Milla foi completamente não-razoável sobre o fato de meu pai ter entrado em contato. Digo, pelo fato de ele não ter feito nem ao menos uma visita.

- Como eu disse, seu pai ligou - minha mãe disse e pegou sua bolsa. Nunca duvide do que se pode guardar dentro da bolsa de uma mulher. Cabe muita coisa além de maquiagem dentro. - Ele está na cidade e quer que você vá encontrá-lo, amanhã às quatro da tarde.

- Eu? Um encontro com o meu pai? Por quê?

Minha mãe ainda estava procurando o que quer que fosse dentro da bolsa, quando disse:

- Pra tomar um cafezinho.

- Café? Meu pai saiu da Europa para tomar café?

Ela tirou um papel de dentro e me deu. Meus olhos quase saíram das órbitas quando li as palavras rabiscadas em letra cursiva.

- Esse lugar? Mas é uma casa abandonada!

4 de Dezembro de 2022 às 21:15 0 Denunciar Insira Seguir história
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