O banco do carro já não estava tão macio quanto antes, nem o vento que entrava pela janela os deixava tão à vontade, como no início do passeio, mesmo antes deles se perderem na estrada…
— Não acredito que nos perdemos da casa da sua avó Lil!
— Como é que eu ia saber que não tem mais a autoestrada por onde passávamos?
— Há quantos anos você não vem à casa dela?
— Nossa Tifanne, desde aquela vez em que você foi visitar o seu pai na prisão.
— Uau, mas isto foi há sete anos!
— Não me admira a estrada ter mudado de lugar!
Mais alguns quilômetros e lá estava, a antiga casa da avó, agora bem mais escondida que antes. Após fazer todo o ritual de sempre, que era ficar ali esperando ela contar milhares de histórias e de como ele era quando criança, finalmente o casal pôde descansar no quarto velho que era sempre preparado para, quase inexistentes, hóspedes.
Enquanto Tifanne tomava banho, Lil procurava desesperadamente por algo em sua mochila, revirando tudo, começou a ficar nervoso e ela apareceu sorrindo com algo nas mãos.
— Procurando por isso? — disse elevando as mãos.
— Como você sabe? Onde você pegou…
— Calma Lil, você disse que não estava mais usando esta porcaria e chega aqui, olha o que eu encontro.
— Tifanne, não é bem assim, é só que…
— Ah! Que merda, Lil! Lá vem você de novo com as suas desculpas. Quer saber, estou caindo fora!
— Tifanne espere, não podemos sair assim.
— É Lil, não podemos, mas eu posso.
Saindo do quarto, Tifanne voltou para o banheiro e jogou cerca de cinco papelotes de cocaína no vaso sanitário, e deu descarga, fazendo a água ficar branca enquanto rodava em si própria. Correndo de volta para o quarto, se deparou com Lil desfigurado. Estava caído próximo à porta do banheiro, seu rosto fora cortado, fazendo com que toda a sua pele fosse retirada em forma de uma máscara facial. Olhando a cena, Tifanne ficou horrorizada o bastante para conseguir gritar, e logo mais adiante, estava um coração humano ainda batendo e esguichando sangue para todos os lados. Tifanne correu para pedir ajuda a avó de Lil, mas parou diante da escada.
Sentada e se balançando rapidamente para frente e para trás, estava a velha comendo algo rápido demais para a sua idade.
Tifanne tentou chamá-la, mas ao encostar sua mão no ombro da avó, foi surpreendida mais uma vez. A velha estava mastigando, mesmo sem dentes, o rosto de Lil, não parou quando Tifanne gritou, e com uma força animal, pulou em cima de Tifanne a fazendo tropeçar e rolar escada abaixo.
Quando Tifanne acordou, estava em uma sala branca e em uma cama macia, ao seu lado estava duas pessoas de branco conversando em um tom que escutava nitidamente.
— Ela corre riscos, sei — falava o homem.
— Sim, mas depois de hoje não sei se devemos continuar — dizia a mulher com a voz um tanto trêmula.
— Enfermeira, Luce. A cocaína está sendo uma ótima terapia para Tifanne.
— Sim, doutor, mas se ela lembrar que seu namorado foi morto em um acidente enquanto ia à casa da avó por conta da droga?
— Aí Luce, irá ter várias reações terríveis de variações mentais, como pesadelos muito horríveis e reais a mente humana… — finalizou o médico se retirando da sala com a enfermeira, sem olhar para trás.
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