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Pequenas criaturas chamadas de rastejantes expulsaram os humanos para os oceanos, os forçando a viver em plataformas sobre a agua. Após décadas de paz os pequenos seres começaram a invadir o oceano também, fazendo com que os humanos iniciem uma investida suicida para se salvar e recuperar os continentes.


Pós-apocalíptico Impróprio para crianças menores de 13 anos.

#morte #guerra #pos-apocalipitco #ficção-cientifica
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Milagre da plataforma 099

O vento soprava com força contra a porta de madeira da pequena catedral onde estávamos escondidos, colocamos na frente da porta diversos bancos de madeira, mas a cada rajada que batia contra a porta os bancos eram arrastados para frente.

Todos sabiam que a qualquer momento o vento abriria a porta e daria passagem para os rastejantes do lado de fora. Do lado de dentro, quase todos já haviam aceitado seu destino, alguns choravam baixinho no escuro, outros rezavam para seu Deus enquanto tremiam de medo.

Ninguém ousava dizer uma única palavra de conforto, pois todos sabiam que não adiantaria de nada dizer que sairíamos dali com vida, por que era mentira, ninguém poderia afirmar aquilo.

Ninguém exceto eu e meu melhor amigo Gaspar. Estávamos juntos em frente a porta que balançava com o vento, preparados para atirar a qualquer sinal de rastejante que aparecesse.

Depois de duas horas esperando o pior, o vento parou de soprar e junto dele a chuva respingou suas ultimas gotas no telhado. O silencio absoluto reinou junto da escuridão total.

Não se ouvia um único som do lado de fora da catedral e por um breve momento, todos pensaram que o perigo havia passado. Estávamos em segurança e nenhum rastejante entraria.

Quando todos se levantaram sorrindo, os bancos que seguravam a porta caíram para frente assustando todos. A porta que nos manteve seguros até aquele momento se abriu, lentamente, a porta rangeu ao ser aberta e o barulho ecoou na catedral, deixando todos paralisados de medo.

Quando a porta se abriu por completo, nada entrou na catedral. Do lado de fora havia apenas escuridão, parecia que a porta ligava a catedral a um novo mundo, um mundo sem nenhum vestígio de luz.

Todos apontaram suas armas para porta e da escuridão um rastejante esticou suas raízes para o lado de dentro, ele entrou com muita calma e ninguém atirou enquanto ele se movia.

Era o maior rastejante que já havíamos visto e se tivéssemos sorte, ele entraria e depois iria embora sem ferir ninguém. Só precisávamos ficar imóveis e por eles serem cegos não nos veria ali parados.

Com um sinal de mão, Gaspar pediu calma para todos. Aquela coisa começou a escalar a parede e ficou de ponta cabeça sob a porta, não se moveu mais, apenas ficou parado.

Um dos garotos que estava conosco apontou sua arma e atirou no meio do bicho que caiu morto no chão. Ele comemorou como se fosse ganhar uma medalha por aquele ato, mas todos nós sabíamos que aquilo foi um erro, ele correu até o monstro e atirou mais duas vezes comemorando.

Eu olhei para o lado por dois segundos, juro que não foi uma distração de mais de dois segundos. Quando voltei minha atenção para frente, o lado de dentro da catedral estava infestado por rastejantes menores e o garoto que antes estava comemorando não existia mais. Não sei o que aconteceu, apenas sangue no lugar onde ele estava.

No segundo seguinte eu já estava atirando junto de todos, os rastejantes eram rápidos e subiam nas paredes como se fossem aranhas, se escondiam na escuridão, afundavam no chão dentro do concreto e voltavam sob nossos pés, todos atiravam desesperados.

Formamos uma roda para nos defender de todos os lados, erámos empurrados cada vez mais para trás da catedral. O numero deles era gigantesco e não demorou até um por um dos nossos colegas começar a sucumbir diante daqueles monstros.

As armas que usávamos eram novas e mal feitas e o uso excessivo poderia fazer com que elas explodissem, coisa que aconteceu comigo. Assim que eu recarreguei minha arma e apertei o gatilho, ela estourou e a munição acida caiu sobre a minha perna que derreteu minha pele até atravessa-la.

Quando eu cai no chão de dor, Gaspar me puxou para um canto e me entregou outra arma. Continuamos atirando até não sobrar mais nada e depois de quase uma hora os rastejantes começaram a diminuir até sumirem.

Eu desmaiei minutos depois e acordei já com o pessoal do resgate realizando os curativos na minha perna, que depois precisou ser amputada.

Éramos trinta e sete soldados contra uma horda de rastejantes de apenas cinquenta, e mesmo assim fomos reduzidos a seis soldados. Descobrimos que aquele rastejante gigante era uma raiz mãe.

Aquele dia ficou conhecido como milagre da plataforma 099, pois nossa equipe inteira era dessa plataforma e juntos conseguimos eliminar um ninho inteiro de rastejantes.

Depois daquele dia, fui dispensado por invalides e meus outros cinco colegas morreram na missão seguinte. Meu melhor amigo Gaspar se deparou com outra raiz mãe, mas dessa vez a equipe foi aniquilada por apenas doze rastejantes.

Depois dessa missão fracassada, perdemos o continente asiático por completo e a humanidade foi expulsa de vez para as plataformas de petróleo no meio do oceano.

A partir daquele momento, todas as 99 plataformas no mar continham os últimos humanos da terra. Os rastejantes conquistaram a terra.


31 de Julho de 2022 às 04:57 1 Denunciar Insira Seguir história
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Amanda Kraft Amanda Kraft
Ui. Adorei. Lembrou-me de um conto do Stephen King no Livro Sombras da Noite: A balsa, se não estou enganada. Não tem nada a ver com os seus rastejantes, contudo, a maneira como a coisa negra se infiltrava pelas frestas da tábua sobre o lago, tentando agarrar o único casal que sobrara ali, lembraram-me a cena que vc descreveu, mto bem por sinal, do seu rastejante. Gostei.
January 19, 2023, 19:08
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