brina Sabrina Leone

A pequena cidade de Riverwood caiu de vez na escuridão, a cidadezinha inocente mostrou do que é capaz após produzir dois assassinos que estariam para sempre marcados em sua história. E agora, mesmo após desmascarar a Psicopata e o Ceifador de Riverwood, a cidadezinha do interior ainda se afundava nas próprias sombras. E é pra isso que existe a Fazenda, e Tiffany O'brian, que traz para os habitantes da cidade uma salvação (?) Enquanto descobrem mais sobre a misteriosa cura da Fazenda, Melissa Parker, John Smith, Megan Walker, Jackson Hill, Anne Baskerville e Jessie Jones travam batalhas diárias contra os problemas da cidade, em busca não só de resolução, mas também de entendimento de sua própria natureza; pois em Riverwood, nada é o que parece. Lobotomia é o terceiro volume da saga de Riverwood. Para seu entendimento, é necessário ter em mente os eventos de "Riverwood: A Cidade Vital" e "O Ceifador de Riverwood"


Suspense/Mistério Para maiores de 18 apenas.

#Adolescente #Riverwood #crime #adolescente
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Cidadezinha Perversa


"Nossa história não para. Com a prisão preventiva de Howard Parker, ou seja meu pai, tudo, mais uma vez, mudou. Ninguém em Riverwood podia sequer imaginar que o homem quieto, calado, que sempre abaixava a cabeça para a mulher podia se tornar um assassino em série, e muito menos eu, é claro. Eu o olhei nos olhos, dividi o mesmo teto com ele. Estava jantando com um assassino o tempo todo... E eu nunca realmente parei para olhar. E isso, caro diário, não era a maior surpresa que teria..."
A manhã de Melissa, mesmo após o ocorrido, foi monótona. O sol batia na janela dela, os pássaros cantavam. Ela desceu, de pijamas, para a cozinha, onde o café estava sendo feito e a mesa já estava completa.
-Bom dia, querida- desejou Allice, terminando de por as últimas coisas sob a mesa -Dormiu bem?
-Eu nem dormi- alegou ela, mas nem precisava, pois suas olheiras demonstravam isso.
-Eu não dormia quando havia um assassino a solta e você demorava para voltar para casa- respondeu Allice -Agora que ele está preso, isso me faz dormir tranquila
-Mas, mãe... O papai?
-Eu sei, Mel. Para mim, era um homem santo- comentou ela, encarando o vazio -Sempre querendo fazer a coisa certa, sendo um grande homem para mim, para sua irmã...
-Mãe... Acha que... A maldade pode ser hereditária?
-Por... Por que está perguntando isso?- questionou Allice, olhando de um lado para o outro.
-Eu matei o Dylan, e... Quando soube quem de fato ele era, eu não senti... Culpa
-Mel...
-Eu gostei de ter dado o nome do professor Oxford ao papai, eu...
-Você não é má, querida- interrompeu Allice, tocando os ombros da filha -É a melhor pessoa que conheço
-Obrigada, mãe- suspirou Melissa, confortada.
-Ótimo. Agora- ela se levanta -Preciso ir trabalhar. Beijo- ela entregou a bochecha para que a filha a beijasse -Vai ficar bem?
-Vou- garantiu ela.
-Tudo bem, eu volto às cinco- ela saiu, batendo a porta, porém depois voltou e abriu -E nada de trazer o John aqui quando eu estiver fora!
-Mãe!
-Já disse!
Novamente, ela bateu a porta, removendo um pequeno e momentânea sorriso de Melissa. Ainda que tentasse não pensar em todo o ocorrido, ela não conseguia ignorar o que viveu. Pensativa, ela encarou o vazio e refletiu sobre a única coisa que ela ainda não havia solucionado nessa história. Mesmo que lutasse contra, não resistiu e foi correndo se arrumar. Tomou um rápido banho, vestiu uma roupa qualquer e saiu de sua casa.
-Howard Parker um assassino- disse Blath Smith, surpreso, com sua latinha de cerveja em mãos -Quem diria?
-Pois é- respondeu John, inqueito.
-Como elas estão?
-Eu não sei. A Melissa não tem um celular, eu não consigo falar com ela
-Por que não vai até a casa dela?
-Pra mãe dela dar um chute no meu traseiro?
-É, tem razão- riu Blath -Ainda assim, não entrar na minha cabeça que o Howard fez tudo isso. Estudei com ele... Eu fiquei tão bravo quando aquele nerdzinho começou a sair com a Allice
-Por favor, pai- implorou John -Não que eu não goste das suas aventuras juvenis, mas... A mãe da Mel?
-Ela era diferente, garoto, vai por mim
Ambos ouviram uma batida na porta. John logo levantou-se para abri-la, surpreendendo-se ao ver Melissa. De imediato, ele a abraçou, demonstrando toda a sua preocupação.
-Você está bem?- ele perguntou, sem soltá-la.
-Estou- respondeu ela ao término do abraço -Oi, senhor Smith
-E aí- respondeu Blath -Entra
-Não, eu só passei para saber se... John, quer ir ao hospital comigo?
-Por quê? O que você tem?- indagou ele, preocupado.
-Não, eu estou bem, eu só quero... Falar com meu pai...
-Tem certeza disso?
-Tenho- ela respirou fundo -Preciso saber de uma coisa
-Claro, eu vou com você- afirmou John -Pai...
-Tudo bem, vai lá-permitiu Blath.
John pegou uma jaqueta e a acompanhou pelas ruas da cidade. Por onde passavam, eram alvos de olhares e cochichos. Todos haviam ouvido falar da identidade do Ceifador, inclusive a Prefeita Blackwood, que teve que tomar alguns calmantes ao saber da notícia. Após enfrentarem os olhares atravessados de todos, finalmente chegaram ao hospital. O quarto de Howard possuía dois policiais na porta, sendo um deles Bullock. A entrada para visitas era terminantemente proibida para qualquer, mas Bullock resolveu abrir uma exceção para Melissa.
-Só esperem um pouco, está bem?- pediu Bullock -Vou dar uma enrolada naquele cara- ele falou sobre o outro policial.
-Certo- respondeu Melissa, indo para a sala de espera junto com John.
-Quer mesmo fazer isso?- perguntou John, vendo que ela estava devidamente ansiosa.
-Quero- respondeu ela, olhando de um lado para o outro.
-Não tem como te fazer mudar de ideia, não é?
-John, eu...- ela estava prestes a se explicar quando avistou algo que a deixou perplexa.
-Mel?- chamou ele, vendo-a congelada.
Ele se virou, dirigindo seu olhar para o final do corredor, onde viu duas enfermeiras empurrando uma mulher totalmente enfaixada em uma maca, sendo seguidas por Anne Baskerville. A ruiva, com seu vestido branco, jogou os cabelos ardentes ao passar pelo corredor, esbanjando o poder de sua presença.
-Aquela era... Hermione Baskerville?- indagou John, confuso.
-Eu... Acho que era- respondeu Melissa, pensativa.
-Ei- chamou Bullock -Bora!
-Vamos lá- disse John.
-John, espera- Melissa segurou em sua mão -Obrigada por me trazer aqui, mas... Acho que tenho que fazer isso sozinha
-Mel, ele é perigoso
-Ele é meu pai. E teve muitas oportunidades de me matar
-Sim, mas...
-Por favor- ela o interrompeu, olhando fundo me seus olhos -Vou precisar de você quando sair...
-Eu vou estar bem aqui- garantiu ele.
-Obrigada...
Melissa respirou fundo e entrou no quarto, preparando-se psicologicamente para o que viria a acontecer.
Megan Walker encontrava-se amarrada no centro de um armazém fora da cidade. Ainda havia um saco em sua cabeça, impedindo-a de ver o trajeto que foi feito para trazê-la ali. Ela tentou se soltar, rebatendo-se contra as cordas que a prendiam a uma cadeira desconfortável de madeira.
Com brutalidade, o saco foi puxado de sua cabeça, bagunçando totalmente seus cabelos. A luz branca do armazém machucou seus olhos quando revelada, fazendo-a piscar algumas vezes. Megan, ao recuperar sua perfeita visão, encarou o homem em sua frente. Ele era alto, pele branca, tinha cerca de quarenta e cinco anos. Usava um terno e chapéu totalmente brancos, o que a incomodava um pouco. Ela nunca o viu em sua vida, porém logo presumiu quem ele seria.
-Mm. Masque, eu suponho- disse ela, seriamente.
-Oh, não, minha querida- negou ele, divertindo-se -Eu não sou Mm. Masque, mas fico feliz que reconheça o nome, significa que sabe porquê está aqui
-Porque destruí seu laboratório de drogas- respondeu ela, sem demonstrar qualquer intimidação por sua situação.
-Ouvi falar da sagacidade dos Walkers- comentou ele -Bom, Megan, eu sou Stanley Lavigne, braço direito de Mm. Masque. A única pessoa que já o viu pessoalmente. Recebi ordens diretas de Mm Masque, afinal, você lhe deu um baita prejuízo. Vamos acertar a conta?
Ela encarou o sorriso dele tentando esconder sua preocupação. Megan não queria demonstrar medo, mas estava difícil manter o controle estando tão vulnerável.
Allice Parker sentou-se em uma cadeira de madeira diante a uma mesa que possuía uma boa quantidade de enfeites. Ela havia desviado o caminho do trabalho e entrado no que um dia fora a cede da Fazenda Wayne. Ela observou as paredes rochosas ao seu redor e a grandiosa cruz de vidro amarelado bem a sua frente. Allice analisou a mesa, notando uma estatueta de um cavalo dourado, um Pêndulo de Newton, que fazia um barulho repetitivo. Ela viu um pequeno quadro de um filhote de dálmatas e uma miniatura de uma máquina de costura retrô. Também havia um cinzeiro e uma caixa com algumas cigarrilhas.
-Parker- disse Tiffany O'Brian ao entrar na sala, surpresa pela visita. Ela pendurou seu imenso casaco de pele de urso polar no cabide a sua esquerda e, jogando seus volumosos cabelos prateados para trás. Ela sentou-se de frente para Allice, ajeitando seu vestido branco que estava colado ao seu corpo, valorizando ainda mais as suas curvas generosas. Tiffany sorriu, fazendo com que seus dentes brilhem como as jóias em seu colar -Embora esteja surpresa, lá no fundo, eu sabia que uma hora viria até mim
-Soube que... Oferece ajuda espiritual- disse Allice, esfregando as mãos em seus joelhos, que estavam cobertos por sua saia social azul-marinho.
-Isso- confirmou ela, atenciosa -E eu imagino como deve estar se sentindo. Tudo o que aconteceu com seu marido... Como... Como está sua filha?
-Ela tenta não demonstrar, mas ela esta abalada. Melissa foi psicológicamente tortura
-A Fazenda vai atuar como um elo entre você e sua filha. Mas tem que ser sincera com nós, está bem?
-Claro- concordou Allice.
-Então.... Por onde quer começar?
-Melissa... Não é minha primeira filha...- revelou Allice, surpreendendo Tiffany -Minha primogênita é... Molly. Ela está internada...
Tiffany O'Brian ouvia atentamente ao relato de Allice, que entregava sua vida como se fosse um livro aberto.
Quando Hermione Baskerville recobrou a consciência, pouco se lembrava do que ocorreu. Ela recordou-se do incêndio, mas um enorme branco surgia em sua mente quando tentava se lembrar como possuiu ferimentos tão graves. Ela estava totalmente enfaixada, seus braços, suas pernas, seu rosto, nenhuma parte de sua pele estava a mostra. Hermione recebia o oxigênio com o auxílio de um respirador hospitalar, sendo capaz de movimentar apenas seus olhos.
-Já estava na hora de acordar, mocreia!- xingou Anne, que lia uma revista ao lado da cama da mãe. Ela levantou-se, ajeitando seu vestido branco, que era tão odiado por Hermione -Muito bem, mamãe, um dos candelabros caiu em um dos reposteiros de Houseville e o incêndio começou. E você, como uma boa mãe, de arriscou para salvar sua amada filha... Essa é a história que vamos contar quando perguntarem sobre o que aconteceu- explicou Anne, seriamente -Afinal, você foi tão má comigo, mamãe...- ela agarrou o cano do aparelho respiratório, o apertando e interrompendo o fluxo do oxigênio de Hermione -As coisas vão mudar daqui para frente...- continuo ela, vendo os olhos desesperados de sua mãe por falta de ar -Agora, se você respirar, é porque eu te dou o ar... Se você bebe, é porque eu te servi. E se você se mexe, é rastejando ao meu chão, com a minha permissão e será silenciosamente...
Anne solta o solta, devolvendo o ar para Hermione, que estava a beira de asfixiar-se. Ofegante, enquanto recuperava o oxigênio em pânico, ela viu um sorriso vitorioso surgir nos lábios da filha.
-As coisas vão mudar, mamãe- comentou Anne, acariciando a cabeça enfaixada de Hermione, que havia perdido boa parte do cabelo nas chamas -E, acredite, vão mudar para melhor...
Ao mesmo tempo, Melissa encarava seu pai olho a olho. Seriamente, ela tentava desenrolar sua mente como uma bola de lã.
-Olá, Mel- ele disse, fraco perante a seus ferimentos graves -Eu não esperava que viesse aqui
-Ainda... Tem algo que não faz sentido para mim- alegou ela, negando-se a se aproximar dele.
-Pergunte. Eu não tenho mais o que esconder
-Por quê?- perguntou ela -Qual o motivo das ligações? Se queria punir os pecadores e não ser preso, por que sempre me ligava? Por que me avisar sobre os crimes?
-Por que eu queria despertar algo em você... Sua escuridão, como você mesma disse. Me contou que foi o Ceifador quem lhe ajudou a entendê-la, mas você não a reconhecer verdadeiramente. Sua origem... É obscura
-Então me conta- ela puxou uma cadeira e sentou-se.
-Minha mãe, sua avó, que por sinal você nunca conheceu, não era esposa do meu pai- começou ele -Minha mãe era, na realidade, sobrinha do meu pai. Ele era casado, mas engravidou a filha da sua própria irmã. E desse... Pecado, eu nasci. Quando descobri que meu pai tinha uma família, que eu tinha uma meia-irmã que, na verdade, podia ser minha prima de segundo grau, eu... Recusei o meu próprio nome. Eu... Me revoltei e neguei tudo o que vinha daqueles porcos nojentos. Sabe onde meu pai está hoje, Melissa? Pois eu lhe digo que nunca, nunca encontraram seu corpo... Acho que sou bom em ocultação de cadáveres. Agora pergunta
-O quê?- questionou ela, enjoada.
-Pergunta o que você quer perguntar. O que você está ansiando para saber
-Se... Você mudou de nome...- o coração de Melissa virou um tambor em seu peito, seus olhos começavam a transbordar e ela podia sentir seu corpo todo tremer.
-Sim?- ele a incentivou.
-Qual era... Qual seu verdadeiro sobrenome?- perguntou ela, temendo a resposta.

Howard, o Ceifador, estava esperando por aquilo. Ele molhou os lábios, havia um enorme prazer em lhe responder. Sabia que aquilo iria abalar o mundo de Melissa, e mudar a maneira como a filha via o mundo e sua própria natureza. Sendo filha dele, ela fazia parte disso, ela tinha o mesmo sangue impregnado correndo nas veias. E fora de uma satisfação imensa quando Howard finalmente lhe disse:
-É Blackwood!


11 de Julho de 2022 às 15:11 0 Denunciar Insira Seguir história
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