Sertão Seguir história

Deslumbrei quando criança o sorriso no rosto daquele homem que em meio ao seu mau agouro, no calor seco do sertão capinou em troca de migalhas, com braços finos e sorriso forte, ele queimava o rosto ao sol de meio dia esbravejando que enquanto houver terra, sua enxada não deixará que a miséria enterre seus filhos.

Lembro – me que mesmo à mercê de terra inóspita, ele plantava

mesmo que as migalhas fossem o suficiente apenas para manter seus filhos longe dos túmulos, ele capinava

Ainda que em seus braços faltassem força, ainda que em seu rosto faltasse pele, ainda que a enxada em plena ingratidão sangrasse suas mãos calejadas, ele cavava.

Será que as preces o faziam forte, ou será que era a sua força que o fazia ainda ter fé?

Num lugar onde se reza até para que não falte velas para as preces de amanhã, eu ouvia seus sussurros baixinhos toda noite...

- Senhor, perdoa se a miséria devorou nossa esperança e a mágoa deformou nossa fé, mas não deixe nosso ânimo secar junto ao gado, e que o sol tenha misericórdia e queime só ao meu corpo, mas nunca meu coração, mantenha – me de pé por amor aos meus filhos, pois enfrento a escassez todos os dias com apenas uma enxada.

w.H