limagisa30 Giselle Lima

Baseada no universo da Série Marvel's inhumans. Quatro meses após a transferência de Attilan para o planeta Terra, o cenário, agora, é a romântica e alegre Londres. Uma divertida situação envolvendo um livro famoso gera muita confusão e acaba sobrando para a Morte e o Cupido resolverem as coisas. Durante o desenrolar dos eventos, muitas situações engraçadas, que resultaram na vinda do futuro herdeiro do trono de Attilan, que agora está a caminho. Contudo, muitos eventos aleatórios ocorrem durante os acontecimentos que precedem essa chegada, principalmente entre o rei-líder dos inumanos e a jovem Lúcia Fairchild, cuja animosidade só faz aumentar com o passar do tempo. Além disso, a futura mamãe ainda está indecisa em relação a muitos aspectos, sua vida amorosa sendo um deles, e cabe aos novos amigos ajudar no sentido de que ela possa tomar a melhor decisão, não apenas por si mesma, já que há outra pessoa por quem precisa pensar agora. Dividida em seis episódios, a chegada desse pequeno herdeiro promete ser muito divertida, ao mesmo tempo que mudará a vida desse novo grupo para sempre.


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#MarvelInhumans #Inumanos #Oprincipedeattilan #inkspiredstory #258 #romance #comediaromantica #fanficromantico
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A ceifadora de histórias

Por limagisnha.


Nota: Esta songfic foi criada tendo por base a música “Far away”, da banda Nickelback. À exceção dos personagens destacados de forma indireta, apenas descrições, Todos os personagens fictícios são originais.


Caro (a) leitor (a), Você ainda não me conhece.

Se você for jovem demais, talvez me encontre, talvez não. Se ainda tiver planos, tempo e maturidade, talvez não queira me conhecer ainda. Provavelmente vai pensar que ainda não é chegada a hora, ainda que não tenha razão a esse respeito. Sou uma balança, que tem por função equilibrar as coisas . Eu nunca me engano !

Mas ... Se você já for alguém com bastante experiência ... Tiver vivido tudo que podia, mesmo acumulando algumas hipóteses de ruínas ao longo de sua jornada, permita-me piscar de forma zombeteira e compartilhar uma pequena faceta de mim. Sou uma poetisa. Sim, posso dizer que sou isso, afinal, me reservo o luxo de poder observar o desenrolar da vida ... Seus mistérios ... Como eu seria menos ocupada se ela apenas seguisse seu curso ... E, por raríssimas vezes (já disse isso uma vez ...), me dou ao luxo de me importar. E, especialmente hoje, foi um desses momentos raros. Eu me importei.

No momento mais feliz da vida de uma mulher, preciso vir buscá-la. Você pode me questionar, perguntar por que. Contudo, não sou injusta. Como eu disse antes, apenas busco o equilíbrio. Quando ela olhou para trás, vendo o que estava deixando (eles sempre fazem isso ao partir), eu já estava pronta para uma pergunta famosa, que todos sempre fazem ... Por quê?

Essa pergunta simples tem vários tons e significados.

Pode ir de um mais comum “mas agora? Ainda não posso ir! Tenho muito a fazer! “, Ou, depende do quanto já está suportou, vem acompanhada de um olhar de desdém e um bastante mordaz“ só agora ?! Chamei tanto! ”.

Essa jovem alma, no entanto, só me encarava, desnorteada, o tempo todo olhando para o homem que ressonava na cama e sorria. Aquilo realmente me fez questionar meu trabalho ... Mas não a ponto de perder o bom senso. Havia um equilíbrio que era necessário ser mantido, e estava armada e pronta para explicar isso para a jovem. No entanto (para minha frustração), ela apenas olhou o homem adormecido mais vez e perguntou “mas e ele?”.

“O motivo está a duas portas de distância,” - eu disse - “e ganhou dois novos dentinhos na fileira de baixo” (eu acrescentei um sorriso irônico à resposta. Esperava, sinceramente, não ter que explicar esse delicado equilíbrio de novo. gosto muito de repetir a mesma coisa, mas sou obrigada a fazê-lo sempre que se faz necessário).

E, de novo, para minha frustração, não houve protestos ou as reclamações típicas de quem está sendo levado (a). Apenas fez mais uma pergunta. Uma pergunta coerente até, porém, desnecessária, na minha humilde opinião.

“Quanto tempo eu ainda tinha?”

Não seria justo mentir e dizer que décadas antes, quando não era verdade. Uma decisão precipitada, ainda que necessária, colocada todo um grupo em pé de guerra. Seria só uma questão de tempo. Para ser mais exata, cinco anos. Contudo, morrer assim, pacificamente, era bem melhor que a opção que a esperava. Ela rapidamente entendeu o que quis eu dizer ... Novamente, fiquei frustrada ... Esperava que ela argumentasse mais. Foi quando percebi que devia ter mais cuidado com meus desejos próprios. Ela argumentou…

“A mãe pode ter outros bebês!”

Qualquer traço de bom humor fugiu de mim na mesma hora.

“Engraçado, talvez eu devesse levar um de seus irmãos, ou ambos” - rosnei - “Eles entendreiam!”.

A mocinha arregalou os olhos, espantada, um ar de 'que foi que eu disse?'

Só suspirei, agora frustrada com minha abissal burrice em achar que uma alma prestes a seguir seu caminho sentido o propósito do equilíbrio.

“Você dá um pacote de biscoitos, e agora quer tirá-lo?”

Essa analogia, a meu ver, encerrava a questão. Apenas conselho que, de agora em diante, caro (a) leitor (a), quando você para retribuir um enorme favor (isso nada mais é que o reconhecimento de que não somos elegíveis e, sim, interdependentes), acrescente, juntamente com uma boa dose de bom senso, a

frase “o que estiver ao meu alcance”. Frases em suspenso ficam abertos à interpretação, e, no fim, me dão mais trabalho de que realmente preciso.

Ao menos agora, ela não protestava mais. Só aguardava, enquanto íamos embora, ela provavelmente imaginando uma reação da família ao acordarem de manhã e se depararem com os gritos do noivo, que não entendam por que ela não acordava, até os médicos finalmente decretarem o óbito natural.

“Parada cardíaca” vão dizer, “não se preocupem, ao contrário, do que se pensa, muitos jovens morrem dessa forma. Simplesmente não acordam mais ”.

A família dela vai ficar bem ... Ou tão bem quanto for possível. Eles vão realmente precisar da irmã, de fato, mas, considerando o que os espera daqui a alguns anos, o resultado ainda será o mesmo. Ainda colherei seis almas. Apenas a manutenção do equilíbrio me fez antecipar a coleta desta em particular. Apenas mais um dia de trabalho.

Para que você entenda o que quero dizer ... Vou precisar compartilhar com você outro segredinho.

Vou contar com detalhes algo que aconteceu ... Dezenove meses antes.


********

Londres, Inglaterra. Janeiro de 2017.


LÚCIA


O pálido sol matutino que entrava pela arquitetura em catedral que abrigava a maior biblioteca pública de Londres constantemente me lembrava de que o meu turno só acabaria às 15h. Sim, meu dia acabaria na hora nona, e tudo porque tinha que colocar meus compromissos pessoais na frente do estágio! Eu sabia que ia me dar mal, mas, até então, não fazia ideia do quanto as coisas poderiam ficar ruins, até sentir aquele livro pesado vindo em direção à minha testa. Até esse momento minha vida estava ótima (meu termo gênero genérico para razoável ou passável), meu estágio havia sido renovado e, com isso, consequentemente, minha bolsa de estudos também. Agora meus dois maiores objetivos eram terminar a faculdade e pegar aquela vaga que com a qual eu vinha sonhando. Talvez se não estivesse tão aérea pensando no futuro que ainda nem havia chegado, então eu teria visto aquela – desculpe a expressão! – porrada de sabe lá quantas toneladas na minha cara! Fiquei chocada a principio, pra depois ficar furiosa. Que é isso?! Não era uma agressão gratuita contra mim apenas, era uma agressão contra um livro!

E, só pra piorar, não era qualquer livro. Era A menina que roubava livros! O meu favorito!

Quando levantei para ver quem tinha me agredido, foi que percebi, já passando do meio-dia, que biblioteca já estava quase vazia e a bibliotecária do setor de atendimento ao público já arrumava a própria bancada, se preparando para sair. Corri até ela com o livro na mão. Se fosse acervo, ela daria baixa e na segunda eu o recolocaria nas estantes. Não farei aquele percurso todo de novo, só pra ficar trancada como da última vez. Nem morta!

Com o livro já entregue, ela o examinou, dando aquelas risadinhas nojentas de sempre. Com certeza ela percebeu minha reação ao ver a biblioteca quase vazia e ficava falando pra prestar mais atenção nos avisos quando os recebesse por email, blá, blá, blá. Nunca fiz as regras, mas uma bastante coerente dizia que avisos internos vinham em formato circular. Foi quando meio que blefei, dizendo que a culpa era dela se a circular com o aviso da abreviação do expediente não havia chegado ainda. Bingo! A vaca ficou branca feito papel, e no mesmo instante resolveu cooperar para que eu pudesse ir embora também. Só que eu não contava com aquele livro voltando pra minha mão... Acompanhado daquela cara risonha nojenta.

Já chega! Aquela era a gota d’água!

- Olha só, eu me recuso a...!

- Querida, - ela começou, ainda dando risadinhas – adoraria poder ajudar você... Só que esse livro não pertence ao acervo. Olhe você mesma. Ele tem, inclusive, um dono e um número de telefone, provavelmente para o caso de ser extraviado.

É, ele foi extraviado, sim. Na minha cara!

Ela levantou a aba onde as informações sobre autor e obra costumam vir, a orelha, na qual o nome do dono estava escrito.

A raiva havia passado, dando lugar a uma risada. Nossa, esse era o nome do dono?! Não sabia se ficava com pena da criatura ou fazia eu mesma uma nota mental para nunca cometer o mesmo erro. Que mãe em sua sã consciência daria um nome desses para um filho?

O número de telefone estava na folha de rosto, com um código de área que, eu tinha certeza, não era de Londres, nem lugar algum da Inglaterra que eu conhecesse, afinal, nunca havia visto aqueles prefixos mais gordos. E, pra piorar, tinha vírgulas onde deveriam ficar só números. Era só o que faltava mesmo!

- Quer saber?! Sem estresse, - decidi, pondo o cachecol e a boina na cabeça – vou achar o dono desse troço, bater com ele na cara dele, também. Aí ficamos quites e todo mundo fica feliz. Obrigada!

O tempo lá fora deveria estar limpo, com o sol brilhando, mas estávamos no meado de janeiro, e era comum uma pequena neblina pairar sobre a cidade. Só que essa neblina era nojenta e úmida, grudava no cabelo e ficava pegajosa na pele. Como eu já esperava essa mudança no clima, sai de casa equipada com tudo que eu ia precisar, e isso incluía uma boina vermelha linda que comprei no ano passado.

Pedalei com calma, até o meu próximo destino, o pub Vitória da Rainha, onde venho trabalhando nas últimas três semanas, a fim de juntar um dinheiro pra formatura. E lá estavam meus amigos, entre eles meu namorado, Kelly (que não é o Severide – Quem me dera!) e Henry, um colega de trabalho muito querido, com quem passo bastante tempo. Eles estavam arrumando as mesas, de forma a deixar tudo pronto para a tarde de hoje, quando iria ter o jogo do Manchester United.

Fui direto até Henry e Kelly pra mostrar o livro.

- Olha só, pessoal! – chamei a atenção deles, o livro na minha mão – Acreditem se quiser, apanhei desse livro... Mais especificamente do dono dele.

Os dois começaram a rir.

- Cuidado, - Henry começou, aquela cara zombeteira de sempre – os livros de hoje podem ser tão agressivos quanto as pessoas, não é à toa que, na época, Hitler começou a mandar queimá-los. – ele olhava a capa do exemplar quando falou isso.

Dessa vez, eu fiquei surpresa.

- Você já leu esse aqui?

Ele sorriu.

- Já. É bonzinho, dá pra passar uma chuva.

Eu bati com o guardanapo no ombro dele, rindo. Ele apenas ria, enquanto tirava o violoncelo da sacola onde ele transportava aquele monstrengo. Eu peguei o telefone e cheguei mais perto, enquanto ele se arrumava pra tocar.

- Olha só, eu liguei antes de chegar aqui para a pessoa que tascou esse livro na minha cara, pensando que falaria com ele, e adivinha só? Ele, por acaso, é ela! – abri a foto do contato no aplicativo de mensagens enquanto falava.

Ele rapidinho levantou a cabeça, interessado.

- Eu conversei com ela sobre o livro e como ele foi parar na biblioteca municipal, e ela meio que gritou, tipo ‘peraí, Londres?!’ – Eu precisei parar um pouco pra rir – mas ela afirmou que, seguramente, vem buscar assim que sair do trabalho. Adivinha?! Ela é americana! Deve estar a trabalho aqui na cidade e por isso falou tão tranquilamente que vinha aqui buscar. – Henry não parava de olhar a foto, um pouco estranha, na minha opinião, tirada muito provavelmente sem permissão, já que a moça e a outra mulher com quem estava ficaram de perfil, os rostos risonhos. Talvez fosse isso que o fotógrafo quis registrar, as expressões naturais (Aqui eu jurava que o Henry tinha se apaixonado a primeira vista). – E, antes que pergunte, a dona do livro é a loira. Eu perguntei.

- E você com certeza perguntou por que é uma boa samaritana!

- Não, - voltei a bater nele com o guardanapo, ainda rindo – fiz porque queria te ver rir hoje. Missão cumprida. Agora vai lá tocar seu violoncelo, que eu seguro as pontas aqui embaixo.

Os olhos verdes deles não podiam estar mais radiantes de alegria.

- Isso é sério? Não tem problema, mesmo?

- Relaxa, nada que eu já não tenha feito. Agora, vai, se manda!

Mandei ele ir para o canto junto com a banda dele, ainda rindo e fiquei observando, enquanto ele colocava o próprio telefone pra gravar uma live, o grupo dele rindo do gesto. Eu vou ter uma conversinha com a criatura depois.

Antes de começar a servir as pessoas que chegavam, puxei Kelly para um canto, mostrando o livro para ele.

- Amor... Valendo um beijo... Tenho uma missão pra você! – eu fazia de tudo pra não pular de ansiedade – O nosso clube do livro depende disso!

E dito isso, posamos juntos para uma fotinho básica, (o livro no meu colo, é claro!) e postei no Instagram com a tag ‘#Adivinhemqualdessesgostososvaicomparecernoclubedolivroamanhã?’.

Por quase uma eternidade ele ficou dividido, ora olhando para mim, ora olhando para a porta, até que decidi motivá-lo, tascando nele o maior beijo de cinema que consegui lembrar. Ele riu.

- Bebê, considere feito! Fui! – só consegui ver, depois da porta do pub fechada, a bicicleta dele descendo a viela até o centro, onde ele pegaria um atalho.

Depois disso, me virei para ver o Henry mandando ver com a banda, tendo como público um telefone conectado à Internet do pub. Foi aí que comecei a achar que não foi uma boa ideia mostrar a foto daquela garota. Não sei o que deu na minha cabeça de mostrar a foto da dona do A menina que roubava livros para Henry. Ela até que era bonitinha (para os padrões britânicos, pelo menos). O carisma dela pelo telefone que acabou influenciando a minha decisão de mostrar a foto pra ele. E as muitas risadas ao saber o que aconteceu com o livro dela. Eu teria ficado fula da vida se fosse comigo, até que ela me explicou o que aconteceu. Daí fui eu quem riu muito, não passando despercebida dos rapazes.

Nesse momento eu fiquei muito feliz. Henry se interessou por ela. E, bom... Antes o Henry ao babaca do livro... E eu iria me certificar de que ele conheceria aquela loirinha!

Ou não me chamo Lúcia!


HENRY

Depois da conversa que tivemos, Lúcia se voltou para o bar para poder arranjar as canecas de cerveja para atender as pessoas que vinham se refugiar da chuva, além do povo que vinha assistir o jogo. Eu sabia que só tinha uma chance de impressionar a loirinha do livro da encrenca, então fiz uma coisa que nunca fiz na vida, com medo de não dar certo: conectei meu próprio telefone a Wi-Fi do bar e fiz uma transmissão ao vivo para que a loirinha pudesse acompanhar tudo, até o fim da apresentação. Hannah, que sempre me acompanha no piano, e Keith, nosso baixista, estranharam um pouco, mas aquela cara dela de quem entende tudo me motivou, e não pude me conter. Preparei o violoncelo, pronto para fazê-la se apaixonar por mim. Hannah sorria. Só consegui retribuir o sorriso de tão nervoso que eu estava.

- Amigos, - eu tremia de ansiedade – vamos dar nosso melhor. – Eles sorriam em resposta.

Quando comecei as primeiras notas no pizicatto, já nem lembrava de mais nada, só da garota pra quem eu tocava.


KELLY


Tava torcendo para a minha namorada estar realmente brincando e tudo que ela disse ser só fruto da minha imaginação. A Lúcia queria um livro? E para ontem? Sério?!

O que eu não faço por essa garota?

Só queria poder fazer mágica, pois eu acredito que só assim eu acho o livro que ela quer a tempo de ser exibido no clube do livro amanhã.

Só tem uma coisa: ela me prometeu o beijo mais gostoso desse mundo! Além do que ela já me deu como incentivo básico. Com isso, já ganhei meu dia!

Foi pensando nessa promessa que peguei minha bicicleta e sai em disparada pelas ruas de Londres, torcendo para achar uma livraria ainda aberta, que tivesse um exemplar do livro da minha namorada. Me desejem sorte!


********************

A ceifadora de histórias…


Permita-me que eu conte como está a odisseia do jovem Kelly em busca do livro desejado:

Ele percorreu, em quatro horas, embaixo de uma senhora chuva, uma cidade inteira, buscando livrarias que pudessem atender esse cliente em particular. A maioria nem sequer tinha esse livro no seu estoque. Apenas uma, perto da Estação King’s Cross, tinha exemplares para vender. Ele não parava de beijar a atendente, tamanha a gratidão por poder levar esse exemplar para a namorada. Kelly saiu correndo, a bicicleta em disparada, tentando voltar para o centro da cidade, enquanto a atendente da livraria, ainda em choque, pegou um exemplar do mesmo livro, e começou a ler, e, logo depois, viu-se a enviar arquivos PDF para as amigas, e um exemplar a mais estava sendo embrulhado e pago do próprio bolso para a irmã. A odisseia de Kelly, aparentemente, terminou. A de Liesel Meminger, no entanto… só estava começando…


*********************


LÚCIA


Eu sorria quando atendia a clientela, que cada vez mais enchia o pub, o jogo do Manchester United ainda rolando, todos ficando mais perto do bar, onde a tela plana estava posicionada, na direção do público, 55 polegadas de pura imagem, quando eu vi aquele rosto. Até as brincadeiras com o nome do dono do livro foram esquecidas. Tudo que eu queria era dar com o livro na cara do babaca. E que babaca! Estava olhando a chuva pela janela da mesa dele, a cara de paisagem não podia ser mais cínica. Pensa uma vontade de bater naquele idiota! Com certeza minha raiva era visível, pois um dos meus colegas que não estava tocando na banda segurou meu braço, rindo.

- Se for matá-lo, lembre-se, meu porão é seu porão. – ele ainda ria quando pegou a bandeja cheia de pedidos para as mesas, foi quando me vi no reflexo da tela do celular.

- É tão óbvio assim?

Ele apenas ria.

- Acredite, estou com muita pena dele. – ele piscou – Minha oferta está de pé, se bem que, conhecendo você, é provável que ele mereça isso! – e ainda rindo, ele se afastou pra levar os pedidos de bebida e petiscos para as mesas mais próximas. Sim, ele merecia isso! E marchei para a mesa do babaca, uma bandeja com o livro dele em cima. O Peter estava todo feliz pensando que eu ia servir aquela mesa, já que fiz o possível para evitá-la a tarde toda. Já passavam das quatro horas, quando aquele número de telefone esquisito apareceu na tela do celular. Droga, esqueci que emprestei meu telefone para o Henry ligar para mãe dele. Mas, agora que via aquele número, só olhei na direção dele junto com a banda, brigando comigo mesma mentalmente por tê-lo deixado usar o meu telefone. Atendi, pedindo mil desculpas, mas falando que não podia demorar, pois ainda estava no pub, no meu turno. Ela desligou, marcando comigo para as oito horas da noite. Por mim, tudo bem, respondi e ficou tudo acertado. Menos um problema. Agora, tenho que resolver outro. E foi com esse pensamento que marchei na direção do babaca, o famigerado livro em cima da bandeja que eu carregava. Ele levantou os olhos pra mim, curioso. Depositei a bandeja na mesa, encarando o cara. Confuso, ele piscava.

- Lembra de mim?

Ele voltou a piscar, mas, dessa vez, ele falou. Em Língua de sinais...

‘Desculpe?’

- Você lembra de mim? – eu insisti – Você tentou fazer uma doação compulsória hoje! – ele encarou o livro que eu segurava, a cara vermelha de vergonha.

Não resisti!

Pus o livro na mesa e usei a bandeja pra acertar a cara dele! Nem acreditei no que fiz. Me senti tão empoderada!

Ele me encarou, surpreso, uma gotinha de sangue escapando do nariz.

‘Você enlouqueceu?!’

Eu apenas sorria, empurrando o livro na direção dele.

- Aproveite, - eu o encarei nos olhos – é por conta da casa. – e marchei de volta para o bar. Foi quando vi a rachadura na bandeja.

Que droga! O que foi que eu fiz?

Rapidamente escondi a bandeja embaixo do meu avental, tentando – e falhando miseravelmente! – esconder o prejuízo que causei. Se eu lamentava? Sim,... Pela bandeja. Era uma vez uma bandeja! Arrependimento? Nenhum! O filho da mãe merecia aquilo (e suspeito que ele também reconheça isso, já que não esperneou muito), e com isso, apenas me resignei a lembrar de pagar o prejuízo da bandeja e voltar a servir o pessoal no bar, quando um dos nossos clientes mais antigos, no mesmo idioma do nosso babaca, me abordou, perguntando pelo pedido dele. Como eu pude esquecer-me dessa fofura de ser humano?

- Desculpe, Miguel, grosseria minha! – respondi, caprichando no português – Deixe-me adivinhar? Sua cerveja amanteigada, a La Hogwarts?

Ele fez que sim, sinalizando com as mãos e a cabeça, um sorriso alegre de uma orelha a outra.

- Volto já! – marchei de volta para o bar, a fim de preparar a cerveja personalizada do Miguel, enquanto que o nosso babaca favorito ainda estava amargando a bandejada que levou. Bom, até onde eu vi. Quando levantei os olhos pra ver como estava o Miguel, lá estavam ele e o babaca, conversando, bem animados, “aos risos”, um problema sendo rapidamente debatido, e Miguel “ouvindo” pacientemente o que ele “dizia”. Miguel era um respeitado terapeuta de casais em Lisboa, que se afastava do trabalho duas vezes por ano para recarregar as baterias em Londres, atrás da melhor cerveja personalizada que ele já

bebeu na vida. Quando estava na mesa mais próxima, trazendo uma bandeja de tira-gosto para um casal, eu o vi puxar conversa.

“Oh, gajo, que fizestes para deixar a moça tão irritada?”

O cara olhava meio murcho para Miguel.

“Nem te conto”.

É... Pelo andar desse ‘nem te conto’, parece que as férias do Miguel foram para as cucúias, mesmo. Ele resolveu pedir duas cervejas e a conversa depois dali rolou solta. Nunca vi duas pessoas “rirem” tanto na vida.


*************************

A ceifadora de histórias…


Antes de voltarmos ao pub, para ver como as coisas estão, um pequeno informe sobre Kelly:

Ele teve a mochila roubada (o livro recém-comprado estava dentro), e a bicicleta quase teve o mesmo fim, se ele não tivesse lutado com o ladrão. Ficam-se as bicicletas... Perdem-se os livros...

Ele ainda estava tomando um banho de chuva torrencial e quase teve um encontro pessoal comigo duas vezes (Cupido atrapalhou as duas vezes!), uma, envolvendo uma viatura policial, e outra, desembarcando do ônibus de dois andares no qual viajara, tentando rastrear ambos, mochila e bicicleta. Gostaria de poder dizer que o ladrão que figura aqui é um sentimental, que gostaria de preservar o livro consigo. Só que não! Ao ver que, além disso, não havia mais nada de valor na mochila, descartou-a em uma lixeira, acertando um mendigo que a remexia, a procura de algo que pudesse aquecê-lo na chuva. O livro também fez uma vítima,... Uma vítima da pobreza que, apesar disso, não tinha perdido a sensibilidade. Este acabou reservando alguns minutos para folhear aquelas páginas... Mas só até conhecer o calor de uma viatura policial. Aquela foi a primeira de muitas mãos que conheceriam aquela história tão bela antes de Lúcia e seu clube do livro tão seleto.

Agora, sim... Voltemos ao pub.


*****


Um som horrível de uma unha arranhando a lousa me fez virar na direção de uma mesa em particular daquele bar, na forma de uma bandeja rachando após ser usada para cometer uma lesão corporal dolosa.

Apesar de levemente machucado no ego, – a única coisa realmente ferida em nosso querido agredido – ele ainda teve a presença de espírito de relevar a irritação da moça. E o gajo que agora sentava na mesma mesa que ele também teve sua parcela na aceitação deste relevante fato! Ele merecia a bandejada...

Após essa agressão – com uma boa motivação! – esses dois interlocutores começaram a, literalmente, me ajudar a entender o porquê de minha ordem natural ter sido perturbada dessa maneira tão cínica.

“Então... por que é que vieste parar aqui, afinal?”

Em poucas “palavras”, foi explanada para nosso lusitano toda uma situação, envolvendo uma decisão que ele estava evitando há tempos, envolvendo uma mulher. Enquanto a conversa fluía, ele ponderava ouvindo os prós e contras, tentando aconselhá-lo da melhor maneira possível. E ele ia para Londres para relaxar do trabalho, pensou. Nunca imaginou que o trabalho o seguiria até ali.

Apesar de o nosso agredido – ainda! – achar que claramente havia um mal-entendido aqui, depois das bandejadas da garçonete, aquele livro, de repente, pareceu bem mais atraente do que realmente seria. A mensagem na folha de rosto foi solenemente ignorada, algo que não passou despercebido à nossa jovem garçonete. Nem a Miguel, que o aconselhou muito, no sentido de não mais adiar o problema. Já Lúcia ria, enquanto o relutante cliente, em papas de aranha, fazia o possível para ignorar aquela mensagem. Como ela sabia do que se tratava (ligara para o número da dona daquele exemplar de A menina que roubava livros bem mais cedo e ouvira em primeira mão o conteúdo daquela mensagem oculta), tentava, em vão, é claro, segurar o riso como podia. Enquanto servia as mesas dos clientes, que torciam, apaixonados, vibrando a cada gol do Manchester United, ela atualizava a dona do livro em intervalos regulares, que arrancavam risos. Alguma coisa precisava ser feita. Nesse meio tempo, nosso

jovem músico tocava alegremente, junto com os amigos, de vez em quando fazendo a clientela dentro do pub dançar, batendo palmas e assobiar junto com os músicos.

E Kelly, nosso intrépido aventureiro, ainda sofria nas ruas de Londres, tentando achar o exemplar que comprara para a namorada, já desesperado, tentando imaginar onde poderia estar agora, sem fazer a menor ideia das várias mãos que, nesse meio tempo, o conheciam, se alegrariam e chorariam junto com a nossa querida roubadora de livros.

E Cupido ainda reclama do trabalho dele...

E falando nessa criatura nefasta!

Antes de tudo, esqueçam a imagem tradicional que vocês, apaixonados, fazem dele. Ele não passa de um adolescente birrento, com roupas da moda.

Um garoto, totalmente trajado até os pés de Homem-Aranha, sentou-se ao meu lado no bar, o rosto abatido de quem, aparentemente, trabalhava muito. E parecia bastante frustrado!

- Droga! Um errinho de cálculo! Um errinho numérico! – ele berrava a plenos pulmões – Esse burro nunca estudou cartografia na vida dele?

Decidi morder a isca, já que envolvia meu trabalho também.

- Por que a revolta?

Ele bufava, enfurecido. Ele tinha visto um de seus alvos no bar. E, ao que parece, aquele não era o lugar que ele deveria estar...

- Por que eu não faço o seu trabalho? É tão mais lindo! Muito fácil! Poético! Faria menos bagunça pelo caminho! As pessoas só vão embora quando chega a hora, só isso, simples!

Eu não pude deixar de sorrir.

- Isso, meu caro, requer paciência, algo de que, claramente, você é desprovido.

Ele bufou.

- Puxa, eu tinha só tinha uma tarefa simples: criar o feriado prolongado perfeito, pra assim esses dois ficarem juntos. Uma noite romântica, um pouquinho de vinho, uma lareira a gás, tudo perfeito! Só que não, né? O burro não é só burro! Tinha que ser um burro em cartografia!

Eu ainda tinha esperança de que o felizardo fosse o cara do violoncelo. Cupido lia mente, ainda bufando.

- Não ia rolar. – ele olhava para os próprios joelhos agora. – Quais as probabilidades de um músico e uma cientista ficarem juntos por mais que dois anos?

- E quais as desses dois ficarem juntos?

- Só digo uma coisa... – ele ainda olhava para os joelhos – do seu jeito, daqui a cinco anos, seria só um meio para um fim, como você vive falando. Não seria romântico... Nem mesmo legal! Enfim... Do meu jeito é mais divertido!

Por que eu ainda mordo a isca?

******

Voltemos ao tempo presente...


Senti necessidade de voltar para agora, já que uma boca demasiado suja me tirou das minhas conjecturas. Pensou que era só com você que eu falava, caro (a) leitor (a)?

Nossa jovem alma viu apenas uma vantagem em estar morta: a irmã nunca mais a puniria por usar um vocabulário tão extenso! Mas meus pobres ouvidos poderiam ser poupados dessa exibição de tamanha eloquência...

- Espera, deixa ver se eu entendi direito... Quer dizer que eu estar morta agora é culpa dele?!

Cupido apenas levantou os braços, sorrindo.

- Cuidado, estou desarmado!

Agora o olhar fulminante era pra mim.

- Se nada disso tivesse acontecido, eu ainda estaria viva?

- Sim, - tive que admitir. - mas, em cinco anos, esse bebê nasceria do mesmo jeito. O resultado, como pode ver, ainda seria o mesmo.

A fúria dela era palpável agora.

- Se as coisas iam terminar do mesmo jeito... Por que você simplesmente não deixou ele trabalhar?

Quando os outros pisam na bola, você fica felicíssimo em apontar dedos... Mas, quando você é o culpado...

- É por esse motivo que você está morta. - admiti, outra vez.

- Qual?

Um suspiro prolongado realmente é um indício de culpa... Vamos acabar com isso de uma vez!

- Porque deixei ele trabalhar!

Aquele olhar assassino me fez desejar como nunca que arrependimento também matasse.


*****************************

A trajetória de Liesel Meminger era realmente incrível. Uma menina que, apesar da pungente pobreza e sofrimento, conseguiu superar muitas adversidades e se tornar uma célebre escritora era belo. A Chegada à Rua Himmel, Rudy, a acolhida a Max Vanderburg, os vários momentos que ela não fora apenas ladra de livros (as frutas também foram seus alvos, mais por Rudy, do que por si mesma) e o belo desfecho, quando Max voltaria para ela, foram descritos em cores majestosas pelo autor. Para alguém que deixou bem claro ter detestado o presente, a leitura fora muito prazerosa. O jogo já havia acabado há muito, já passava das 20h, e nem mesmo a música tocada por Henry e os amigos, ou a algazarra dos torcedores do Manchester, não tiravam seu foco. Descobrir como seria a partida da Ladra de livros era a missão agora.


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HENRY


Enquanto o pub, decidamente cheio, ainda festejava a vitória do Manchester, eu dava o meu melhor para que gostassem do que eu e a turma estávamos tocando, o ambiente bem animado, todo mundo batendo palmas, até que a loirinha abriu a porta do pub e foi direto para o bar atrás da Lúcia, acompanhada de uma amiga com uns olhinhos de águia, com certeza procurando alguém. Só que eu não tava nem aí, o meu foco era a loirinha... e a Lúcia agora trazia ela pra perto da gente! A gente ia ser formalmente apresentados?

Meu coração quase teve um troço agora!

Lúcia, eu te amo, você é minha irmãzinha de outra mãe!

Ainda bem que a Hannah foi quem assumiu, ou eu não teria dado conta do recado.


KELLY


Bom, eu estou levando um livro para a minha namorada. E era o livro prometido. Só não vai ser no formato que ela esperava...

Depois que eu consegui comprar o exemplar da Lúcia, fui assaltado, quase atropelado duas vezes e, pra fechar minha tarde com chave de ouro (o cúmulo da ironia!), adivinhem? Fui preso!

É, fui preso. Por ter batido no ladrão que tentou roubar minha bicicleta. A coisa não podia ficar pior. Tenho certeza que a Lúcia ligou diversas vezes pra mim (o número gigantesco de chamadas perdidas já foi um pequeno indício...). A única coisa que ainda me animou foi descobrir que o livro que comprei foi devolvido, depois de muito tempo procurando – a nota do cartão de crédito ajudou um pouquinho na busca. Além, é claro, de uma boa samaritana que levou o cachorro dela pra passear e encontrou o meu livro e levou para a delegacia. Justamente onde eu estava preso!

Bom, sobre o livro? Só posso dizer que era uma vez um livro. Estava tão sujo e esfrangalhado que parecia ter sido comprado num Sebo e não em uma livraria chique perto da King’s Cross. As muitas marcas de dedos, muitas de gordura, significavam que aquele livro provavelmente rodou a cidade toda. Ele já estava em uma lixeira em Regent Park quando foi encontrado pela moça do cachorro.

Eu já estava de saída quando ela me procurou na delegacia, perguntando se eu estava bem, se o livro perdido era aquele mesmo. Bom, confesso que foi muito fofo ela se preocupar, afinal, as pessoas estão perdendo mesmo a empatia. Eu agradeci de novo pela devolução do livro, mas falei que estava indo embora, já que seriam pelo menos vinte minutos até o pub onde a minha namorada trabalhava e já passavam das seis e meia, ela podia ficar preocupada. Ela apenas sorriu (Lúcia, amor, me desculpe, foi a única vez em que eu considerei te trair, mil desculpas) e disse que podia me dar uma carona, assim eu podia ver minha namorada mais rápido. A carona não seria de todo ruim, já que a polícia foi tão diligente em tomar conta da minha bicicleta que a mesma acabou sendo roubada outra vez. Era uma vez um meio de transporte... Pelo menos, eu pensei, recuperei a mochila. Lúcia teria que se contentar com um livro esfrangalhado. Eu poderia dizer que o livro era de um Sebo, mas ela sempre sabe quando minto, e duvido muito que ela acredite na história verdadeira. A moça insistiu um pouquinho mais, usando justamente a Lúcia como argumento final. Geralmente, é assim que me ganham nas discussões, quando tocam no nome da Lúcia. A única pergunta que a moça fez foi se eu tinha algum problema com cachorros, no que respondi que não, que eu tinha uma Yorkshire Terrier em casa, presente da minha namorada pra mim, e que eu podia encarar outro cão numa boa.

Quando saímos da delegacia (eu esperando ver um Mustang ou um Maserati estacionado em algum lugar por ali – a cara de riqueza da garota era quase indisfarçável), eu pude ver O cachorro em primeira mão...

Eu acho – só acho! – que estava mais seguro com os policiais!

A porta do pub da minha namorada na minha frente provou que não.

Admito... Eu meio que fiquei chocado. Isso aconteceu mesmo?

Foi quando vi Lúcia conversando com algumas pessoas no bar que eu tive a ideia mais brilhante da minha vida. Provavelmente a mais doida. Mas era brilhante, com certeza. E me virei para a minha carona de novo.

- Quer mesmo ajudar? – a cabeça dela sacudindo em resposta era tudo o que eu precisava – me leva até a biblioteca municipal. Eu sei onde é.

Com certeza, depois de hoje... Eu vou parar no hospício...


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A ceifadora de histórias…


Já falamos bastante do Kelly, agora sabemos como foi a odisseia dele. Que tal sabermos como terminou a conversa com o nosso terapeuta, que na verdade não estava tão a fim assim de trabalhar?


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MIGUEL


Nunca pensei que diria isso, mas, por um momento (bem curto!), senti uma vontade imensa de estar na pele desse gajo... E, pelo jeito (e a cara dele quando me viu olhando muito!), vou levar essa admissão de culpa para o túmulo.

A porta daquele bar simplesmente se abriu para duas beldades, uma que me fez, por um instante, compreender as papas de aranha do meu paciente compulsório (ele não tentou fazer uma doação compulsória? A ideia é quase a mesma...). Minha nossa, aquela ali é a rapariga dos meus sonhos! Um pão de mel não seria uma descrição fiel dela. Também vou levar isso para o túmulo.

Aquilo ali em Lisboa teria feito meus colegas de trabalho ficarem com inveja “ah, pois é, sou o Dr. Miguel, como vai? E essa a estar sentada ao meu lado aqui é a minha esposa, a Dona...”

Vou levar essa para o túmulo, também.

Adoraria saber qual o problema desse gajo. Ele literalmente está com a faca e o queijo na mão. Muitos pacientes que vão ao meu consultório não tem problema em admitir que desejam pular a cerca. E essa é uma situação típica, ele quer pular a cerca! E a oportunidade está bem aí, na frente dele.

Nada de por ‘palavras’ na minha boca! Apenas estou constatando um fato. O cara recebeu uma proposta, que ele está considerando por outro viés. Quem nunca?

Adotei a única postura possível naquele momento. Fui O terapeuta.

“Olha, gajo, estar na tua pele não é uma tarefa muito fácil,” ele só sacudiu a cabeça “já tentou falar sobre isso com ela?”

“Ficou louco?”, ele perguntou.

“Não, estou sendo lógico.” Eu falei, “Você não pediu um conselho? Estou dando um. Seja honesto consigo mesmo! Converse com ela, honestamente, e diga como se sente, que isso pode não ser uma boa ideia”.

Ele olhava na direção da rapariga enquanto falava.

“Você não faz idéia do quão maravilhosa ela foi para a minha família...”

“Então isso é uma dívida a ser quitada?”, agora foi eu quem não entendeu.

“Mais ou menos isso”.

Ele ainda não está sendo honesto! Vamos forçar a barra, então...

“Só vejo dois caminhos para você, um, a honestidade. Ela mesma vai perceber que não é uma boa idéia, apesar que temos outra coisa a considerar.”

“O quê?”

“Pelo menos quatro décadas de avanço científico nesse ramo. E, se a tua amiga não for alguém desprovida de recursos, já deve ter pensado nisso, também”.

Ele só assentiu em ‘silêncio’. A gente já está chegando lá... Era o que eu pensava, até ele empurrar aquele famigerado livro na minha direção. Eu podia morder a isca, mas o encrencado era ele mesmo...

“Que eu faço com isso?”, como eu disse, o encrencado era ele...

O gajo fez uma careta zangada pra mim.

“Folha de rosto, dá uma olhada!”

Dei uma olhada na dita mensagem, algumas coordenadas (latitude e longitude), que me remeteu a um site de viagens que eu gosto muito, por mostrar os melhores hotéis três estrelas e vi-me diante do anúncio de uma charmosa pousada no coração do Alasca, os novos Alpes suíços dos quebrados de grana. Uma das vantagens de já ter sido mochileiro: decifrei a mensagem que ele ficou a ignorar a tarde toda (a Lúcia também teve a sua parcela de culpa nisso... Antes da bandeja, ela considerou seriamente bater nele com o próprio livro...). Quem diria, o gajo aqui na minha frente não é só burro. Aparentemente, ele não sabia cartografia, também...

Como dizem os gajos no Brasil, mesmo? Perco o amigo, mas não perco a piada!

“Bom,...” comecei, tentando por tudo segurar o riso, “Eu disse que tua amiga tinha recursos? Só que não, Ela, na verdade, deve ser quebrada, a conta bancária a estar zerada e uma solução mais barata foi encontrada pra resolver o problema.”

Pra onde foi o senso de humor dele?

“Você sugeria...!”

Hum... Melhor voltar para a terapia já que senso de humor não funciona com o nosso gajo.

“É verdade, o outro, né?”, dessa vez, eu segurei o riso, “O outro seria fazer o que foi sugerido antes.”

Por que essa cara confusa? Ele entendeu...

“Dessa forma, vocês dois ganham, você tem o que quer, ela também, todo mundo sai ganhando. E, como você falou mesmo? A dívida fica quites, com juros e correção.”

Ele sacudiu a cabeça de novo.

“Você é quem não está sendo sincero, mas tudo bem, a vida é sua, só aconselho isso a fim de evitar mal-entendidos futuros”, agora, sim, ele entendeu. “e aproveita que a Lúcia está trazendo as duas... Que foi aquilo na testa dela?”, aquele galo vermelho estava realmente bem precisado de uma compressa, “aquilo, com certeza, foi sem intenção, certo?”, “ele baixou a cabeça, envergonhado. Eu não pude deixar de sorrir.

“Quer outro conselho? Capriche no pedido de desculpas.”

Aquela “risada” nunca mais vai sair da minha cabeça.

Mas... Vamos combinar? As papas de aranha nunca existiriam se algo dessa natureza nunca tivesse sido cogitado.


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A ceifadora de histórias…


Um pequeno aparte:

Lúcia realmente recebeu duas visitas – três, na verdade – no mesmo dia, uma não passou da porta, e ainda deu carona para o namorado, que ainda tentava cumprir a promessa feita a ela. Infelizmente... Ele ia conseguir...

Quanto a ela, assim que viu (pelas costas das visitantes!), que certa pessoa ainda era assunto de conversa, ela tentou – mais por Miguel que pelo outro interlocutor – impedi-las de ver o conteúdo da conversa (a outra entenderia... e de forma errônea, com certeza...).

- Olha, não, não, não olhem agora! – ela pediu, ainda estabanada. – é que... Bem... Seu amigo ainda está amargando a bandejada que eu dei nele. – as faces vermelhas agora realmente a fizeram refletir se aquela fora mesmo uma atitude sábia.

Uma das mulheres apenas fulminou Lúcia com os olhos – felizmente ainda não era a hora dessa jovem... Tive que garantir isso...

- Você enlouqueceu? – a outra apenas ria.

- Engraçado você perguntar, - Lúcia bufava, já irritada. Ela puxou uma parte da franja, que escondia um machucado já bem avermelhado e inchado na testa, perto de uma das têmporas. – Isso responde a sua pergunta?

As duas realmente ficaram apavoradas depois disso. Eu, no entanto, penso dessa forma...

A srta. Fairchild não tem ideia da sorte que teve. Um golpe um pouco mais forte na cabeça e a conversa já não seria com essas duas mulheres... Seria comigo...

- Não se preocupe, ele vai pedir desculpas.

Lúcia olhava de uma interlocutora para a outra, desconfiada.

- Sério? Sem surpresas, sem surra de livros? – a jovem olhava para a mesa mais distante, os olhos castanhos apertados de desconfiança. – Sério?

A outra apenas suspirou, exasperada, mas, entendia o receio de Lúcia.

- Sim, ele vai!

Lúcia olhou mais uma vez para a outra mesa antes de voltar a falar.

- Façamos assim, ele pede desculpas, paga o prejuízo da bandeja, – As duas encaravam Lúcia, surpresas. - O que é? Ele me bateu, do contrário, isso não ia acontecer.

Desculpem, minhas caras, fico com Lúcia nessa!

- Então? É pegar ou largar! Ele me pede desculpas, eu peço, também, e vocês pagam o prejuízo da bandeja. Todos ganham! O que acham?

No fim, Lúcia acabou ganhando mais essa, também.


*****

Outro aparte:

Miguel estava ali para, propositadamente, solucionar um problema. NÃO CRIAR OUTRO AINDA MAIOR!

Só que, para minha ironia – e colossal frustração! – Eu viria a descobrir (na mesma noite, ainda) que o benefício da charmosa pousada não era para proveito da futura mamãe – todas as ações dela teriam o mesmo resultado – mas para que o casal amigo dela tivesse uma pequena chance de se reconciliar, já que brigavam muito, devido aos muitos problemas de confiança, descobertos recentemente. O clima de animosidade já a sufocava e essa jovem surpreendente resolveu tomar a iniciativa de solucionar o problema. Bonito até, da parte dela, em relação aos amigos. Bancar o Cupido ainda em vida nem sempre costuma dar certo. Só que, sem querer, ela acabou causando um enorme problema. Pra mim!

Os dois se reconciliaram e não poderiam estar mais gratos. Tanto que resolveram retribuir. E é aí que mora o problema da gratidão. E das frases em suspenso! E, vamos combinar, Oh, gratidãozinha, hein!

Mas não é que o Dr. Miguel não tinha mesmo razão?

Nossa jovem rapariga era uma caixinha de surpresas. Só uma vez gostaria que esse fosse meu único problema...


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A ceifadora de histórias…


Voltemos ao tempo presente... De novo...

- Posso matar ele?

A pergunta era justa.

- Ei! Você devia me ajudar!

Tirar Cupido de uma enrascada que ele mesmo se meteu? Não, ele pode se virar sozinho.

- Eu só junto casais, tipo, pássaros e flores, sabe como é. O que acontecer depois, já não é culpa minha!

- O que aconteceu antes, também não?

Aquele olhar assassino pra mim de novo? Eu mereço...

- Se tivéssemos esperado cinco anos, o resultado ainda seria o mesmo... O pai... Bom, nem tanto.

- Não entendi.

- O pai ainda seria um de dois irmãos... Mas... Não seria o amigo charmoso lá dentro.

Ela entendeu agora...

- E tudo porque eu devolvi um livro? E ainda...?

- Deu carona para um cara que já estava preso. Eu providenciei isso, já que não pude matá-lo.

Ela desabou no chão, derrotada. Pela primeira vez em toda minha existência, fico com pena de uma alma. Ela se deparou com o contexto maior em que estava envolvida. Uma única ação não calculada resultou na própria morte e agora ela se deu conta disso. De verdade, senti pena por ela, manter a balança equilibrada é um fardo complicado, pois tenho que lidar com emoções conflitantes, que podem ir da tristeza ao asco em poucos segundos.

Agora que ela conseguiu processar o porquê de estar morta, ela processou outro fato, também dentro de outro contexto maior. Agora que estava morta e não mais no plano físico, eu podia ver as engrenagens do cérebro dela, processando tudo que contei, acontecido, não acontecido e impedido pela criatura nefasta ainda entre nós, e, de repente, uma expressão de completo nojo se formou em seu belo rosto, os olhos azuis, outrora divertidos no plano físico, brilhavam, uma mescla de raiva e o mais puro asco. Ela não poderia estar mais enojada.

- Ela não merecia isso! Quer dizer... Ele é tão... Nojento! Ele é só...

Eu girei um dedo, mostrando todo o cenário que a cercava.

- Considerando sua atual conjuntura... Você ainda quer terminar essa frase?

Que bom que agora ela entende o que digo.

- Além do mais, a culpa não é de todo apenas sua, todos contribuíram para isso, inclusive seu cunhado. - Eu disse. - Não se culpe, eu tinha planos para todos vocês.

Cupido, pela primeira vez, ficou calado (talvez soubesse a extensão do que fez), e já comemorava a novidade, quando ele voltou a falar. Preciso parar de subestimá-lo.

- Por favor, entendam, tudo que eu faço também tem o objetivo de manter o equilíbrio! - eu revirei os olhos. - Qual é, você sabe que é verdade, cada morte precisa ser equilibrada com um novo nascimento, e vocês não estão nascendo na mesma proporção de mortes, tudo que fiz foi garantir que uma em oito milhões de felizardos fosse sortuda o bastante para ajudar nessa empreitada de tornar vocês um grupo igualmente numeroso, uma senhora vantagem, né? Manter o equilíbrio!

Nós duas ficamos confusas. E eu ficar confusa é uma tremenda façanha!

- Conta pra ela! - ele pulava de alegria. - Conta logo!

Lembra quando eu falei sobre a culpa e do quanto ela é engraçada?

- Vou explicar dessa forma: sabe quando uma pessoa quer se proteger e você dá a ela uma arma para essa finalidade? Ela está descarregada! Você sabe disso, a pessoa que é proprietária da arma sabe, mas o ladrão que pode invadir a sua casa não sabe, é assim tipo ‘ele só vai saber se você contar’. Entende?

- Acho que sim... - ela respondeu, ainda confusa.

- Só que eu fiz o contrário do que eu mesma me propus fazer.

Ela me encarou, ainda confusa. Eu compreendo isso... Só vim entender a burrice colossal que fiz dois meses depois do pequeno Thomas nascer...

- Pois é, ao invés de aparar as arestas, como normalmente faço, eu fiz diferente do cara com a arma.

Ela me encarou, agora bastante atenta.

- O que você fez?

Eu não acredito que vou admitir a maior burrice da minha existência...

- Eu coloquei balas no tambor da arma!

Nossa jovem alma se contorcia no chão, às gargalhadas. Cupido também fez coro com ela.

- É, no fim das contas, você fez tudo como eu queria, ou seja, provamos por A+B que do meu jeito é bem melhor!

Vamos admitir... O nascimento de Thomas, nesse contexto, era mesmo bem melhor... Vamos voltar ao pub e ver como vai terminar a história?


**************************

LÚCIA


Depois de muito esperar, a dona do exemplar finalmente havia aparecido. Já estava em papas de aranha, preocupada. Até me desculpei com o cara do livro, meio preocupada de ter batido muito forte nele (bom, lamento informar que a bandeja sofreu bem mais avarias – não deu mesmo pra salvar, nem com supercola!), algo que a amiga da dona do livro – a verdadeira dona! – me tranquilizou. Eu não precisava me preocupar com nada, além da bandeja. E pior que ela não poderia estar mais certa! Aquela bandeja ia sair do meu pagamento. Só que eu fui bem mais esperta. Eu que apanhei, certo? Consegui que pagassem meu prejuízo. Não houve muita festa, só reconhecimento (de uma delas, já vermelha feito um pimentão – Desculpe aí, você que provocou isso, só fiz um sinal com os olhos... beeeeeem discreto) de como um erro de percurso pode acabar com o dia de uma pessoa. Finalmente entenderam...

Só que agora tinha algo que realmente estava me preocupando. Já passava das oito da noite e nada do Kelly. Nem o celular, ele atendia. Já estava pra ligar para a mãe dele, quando ele entrou no pub, a mochila com o zíper parcialmente aberto e olhando para todos os lados, nervoso. Eu comecei a ficar preocupada, quando finalmente entendi o motivo da preocupação. Era o livro que eu havia pedido. Ou o que havido sido, algum dia, um livro recém-saído da livraria, e uma encadernação da mesma obra, com o selo da biblioteca municipal. Uma xérox!

Bom, mesmo Liesel não teria sido tão inteligente... Ou seria?

Para mim, xérox na íntegra, definitivamente, era roubo.

E eu não poderia ficar mais feliz!

Tasquei o melhor beijo do mundo na boca do Kelly. E eu não sei quem ficou mais zonzo.

Só sei que depois dessa, meu clube do livro promete ser o melhor de todos! Muito obrigada, Kelly!

E fui para o meio da multidão, dançar com o meu namorado! A noite não podia ficar melhor!

E ganhei o meu dia, também. Dei uma bandejada no cara do livro, a mulher dele fez ele me pedir desculpas – ele, literalmente, me pediu desculpas! – o Miguel pediu mais duas cervejas, a noite era uma criança, ele disse, o livro estava devolvido, e o Henry me olhou com aquela cara de presente de Natal porque eu levei a garota que ele estava doido pra conhecer para mais perto da banda. Também te amo, Henry, queria ter um irmão como você!

Dr. Miguel tinha razão. A noite era mesmo uma criança!


**************************

A ceifadora de histórias…


E a história, meu querido leitor, termina exatamente assim...

Lúcia e o namorado ainda festejavam o livro ‘roubado’ que seria levado para o clube do livro no dia seguinte. Já passava da meia-noite, quando os clientes finalmente começaram a deixar o pub. O casal que estava sentado ao fundo ainda não havia percebido que estava na hora de ir embora. Foi preciso Henry se levantar e ir até eles e explicar que, diferentemente de outros países, os bares ingleses tinham um certo horário pra fechar. Eles lamentaram um pouco, mas acabaram cedendo, e partiram tão logo Henry os dispensara. Não antes de um deles falar algo ao ouvido da nova amiga de Henry. Os olhos claros radiantes significavam que vinha uma boa notícia por aí. E foi com esse olhar de boas novas que a feliz ex-proprietária de A menina que roubava livros veio até Henry, os dois deixando o bar juntos, Hannah se dispondo a dar carona para o casal. Enquanto isso, uma certa roubadora de livros circulava as estantes, celulares e pastas de arquivos PDF não apenas de Londres, mas do globo todo. Agradeçamos isso à nova era virtual, que permite a uma pessoa, mesmo sem ter muita condição financeira, poder adquirir um livro que deseje ou tenha curiosidade de ler. Graças a Internet, Liesel Meminger não era apenas um personagem de um livro piegas, pessoas do mundo inteiro acabaram de ter as vidas modificadas pela odisseia de Kelly em tentar achar um exemplar para a própria namorada… e, curiosamente, nessa mesma noite, um bebezinho adorável já estava sendo providenciado. Gostaria de poder dizer que nosso encantador violoncelista teria algum dedinho nessa empreitada (aí eu poderia dizer, palmas para o Cupido, de novo), mas, feliz ou infelizmente, o dedinho seria o de alguém que viu nisso algo de muito conveniente. Pena, só me fizeram antecipar uma tarefa de cinco anos.


Mas... Fazer o que? A vida não era perfeita… apenas deveria seguir seu curso.


Cupido tinha razão.


É necessário um pouco de caos para que a beleza possa ser vista.




Fim.



* Notas finais:

A songfic acima foi imaginada como um clip musical cover, que acabou virando uma songfic. Aqui, mais do que criatividade, é necessário uma boa dose de sensibilidade para poder criar. Os dois universos, quando houver fusão, precisam estar bem integrados;
Obs: A banda Boyce Avenue, aqui na história, é que faz o acompanhamento musical junto com as vozes de Amy Lee e Jensen Ackles. Não morro de amores pelo Jensen (mentira, só um pouquinho – risos – mas a voz dele, aqui, pareceu muito apropriada, além da ideia de vê-lo tocando lindamente um violoncelo).

Foi, confesso, uma das experiências mais divertidas da minha vida escrever essa songfic. Não só pela escrita em si, mas, porque desde 2009 eu não escrevia e sentia muita falta. Eu assisti a série Inumanos da marvel e acabei me apaixonando por ela, apesar das muitas críticas (injustas, na minha opinião), e a assisti simultaneamente lendo o livro a Menina que roubava livros, então simplesmente me veio a idéia de casar essas duas obras, uma cheia de ação e outra maravilhosa, mas não sabia como. Aí, um belo dia, no meio da copa do mundo, durante jogo entre a Inglaterra e uma outra seleção (nem lembro mais), a história simplesmente nasceu. Assim, surge a ceifadora de histórias. Os personagens principais dela são Black Bolt (uma versão bem mais Light dele), a Medusa, e Crystal, a irmã caçula dela (não se preocupem, as descrições dirão quem é quem) e Louise, criada pela Marvel exclusivamente para a série, interagindo aqui com os personagens fictícios aqui, que são 100% originais, de minha autoria, e a ambição de transformar meu livro favorito em personagem dessa narrativa finalmente foi completada com êxito. Ele foi transformado em prova de crime, motivação para um crime e arma de crime, e tudo na mesma história!
Espero, de coração, que você realmente goste, pois essa fanfic foi escrita com muito amor e dedicação. Então, deixa seu like, seus comentários (toda crítica, se construtiva, é muito bem-vinda) e divirta-se bastante com essa história.
P.S: se isso fosse um clip musical ou longa-metragem, escolheria a Alice Braga para ser a ceifadora, a voz dela narrando é muito legal!

Segue o link da música inspiradora desse fanfic, para quem quiser ler ouvindo... ouvir lendo, 😉


https://youtu.be/j4y-RzVGrHg



2 de Janeiro de 2022 às 23:18 0 Denunciar Insira Seguir história
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