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Funcionário dos Parks, há dois anos, Min Yoongi se vê confuso e sem saída quando o filho deles, Park Jimin, fica grávido de um desconhecido e o pede “carinhosamente” para que assuma a criança como sua.


Fanfiction Bandas/Cantores Para maiores de 21 anos apenas (adultos).

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Escrito por: @Baunie_Baunilha

Notas Iniciais: Oioi bolinhos! Como você estão?

Sim, mais uma historinha pra alegrar vocês, espero que gostem, tanto quanto eu amei (e sofri) escrevendo

Não se esqueçam do fav e comentário, isso deixa a autora de vocês muito feliz!

Desculpem se acharem qualquer erro

Boa leitura 💕


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Jimin roía a pelinha ao redor de seus dedos pequenos nervosamente enquanto esperava seu melhor amigo voltar da farmácia com sua encomenda.

Fazia algumas semanas que estava sentindo um mal-estar constante, tendo sempre que correr à procura de um banheiro ou um lugar para se apoiar por conta de alguma tontura. Além de, é claro, a falta de apetite.

Isso preocupava seu melhor amigo, que insistia sempre para Jimin ir até um hospital quando uma nova onda de enjoo surgia, mas Jimin era teimoso e se recusava a fazer exames para descobrir o que tinha de errado.

Foi quando se completaram seis semanas que a mente de Taehyung deu um estalo, fazendo-o ficar desconfiado dos sintomas que o amigo andava tendo. Jimin não conseguia comer muita coisa — já que se sentia enjoado apenas ao sentir parcialmente o cheiro dos alimentos —, além das tonturas e, às vezes, trocas bruscas de humor.

O fato de os sintomas terem se iniciado apenas uma semana desde a última festa que tinham ido só agravou suas desconfianças, principalmente por Jimin ter ficado extremamente bêbado no dia.

Quando Taehyung contou ao mais velho sobre suas suspeitas, o Park ficou estático e branco como papel, olhando para a parede de seu quarto sem nem mesmo piscar. O Kim imaginava o que passava pela cabeça do moreno, era uma situação complicada, ainda mais com os pais de Jimin sendo tão rígidos e conservadores.

Ser expulso de casa seria o mínimo.

Seus progenitores aceitaram muito mal o fato de não terem um filho hétero, tudo seria ainda pior se descobrissem que ele também estava grávido.

— Droga! — murmurou, passando as mãos por seus olhos de forma nervosa, controlando-se para não chorar outra vez.

Estava tão assustado, ainda mais por não ter a mínima ideia de quem poderia ser o pai de seu suposto filho.

Jimin não era um santo, adorava sair com os amigos para alguma festa nos fins de semana, da qual nunca voltava desacompanhado, fazendo com que a lista de suspeitos só aumentasse.

Ele levantou correndo quando outra onda de enjooo surgiu, fazendo-o ir direto para o banheiro e se ajoelhar em frente à privada.

Colocou o pouco que comeu para fora, o que fez seu corpo convulsionar algumas vezes pelo esforço.

Estava se sentindo um pouco fraco pela falta de nutrientes, talvez fosse por isso que, logo após vomitar, a tonteira surgiu, resultando em ter que apoiar a testa na privada assim que esta foi fechada por ele ao dar descarga.

Estava ofegante e suado, tentando recuperar o fôlego, quando ouviu a porta de seu quarto se abrir. Sentiu seu corpo relaxar quando escutou a voz do Kim:

— Bolinho?

Um pequeno sorriso surgiu nos lábios grossos. Taehyung insistia em chamá-lo por aquele apelido idiota, mesmo sendo óbvio a desaprovação do Park quanto a isso.

— ‘Tô no banheiro — informou com a voz fraca, mas alta o suficiente para seu amigo escutar.

Ouviu passos apressados, e logo depois a porta foi aberta.

— Vomitou de novo? — perguntou preocupado, pondo-se ao lado do Park e passando suas mãos grandes pelas costas do moreno.

Jimin apenas assentiu, fechando os olhos, quase ronronando como um gatinho manhoso pelo carinho que recebia.

— Vem, levanta. O chão está muito frio.

Aproveitando-se do apoio que o Kim lhe oferecia, Jimin se pôs de pé para logo depois se sentar na privada, encostando a testa um pouco suada na barriga fofinha de Taehyung, fechando os olhos quando sentiu os dedos dele em seus cabelos.

— ‘Tá melhor? — o mais novo questionou depois de um tempo, suspirando aliviado quando o amigo se afastou de si e balançou a cabeça lentamente em uma afirmativa.

— Só preciso escovar meus dentes.

O moreno levantou contra sua vontade e foi até a pia, onde escovou os dentes até ter certeza de que todo o gosto ruim tinha saído de sua boca. Quando se sentiu satisfeito, recebeu a ajuda do Kim para secar o rosto.

— Consegui comprar três testes de gravidez, acho que assim dá pra termos alguma certeza.

O Park nada disse, sentindo a vontade de chorar voltar com mais força.

— Vou estar ali no quarto enquanto você faz, tudo bem?

Jimin respirou fundo algumas vezes antes de assentir e pegar a sacola com o logo de alguma farmácia, olhando para o conteúdo dentro dela um pouco perdido.

Taehyung, notando o estado perdido do amigo, abraçou-o de novo, deixando vários beijinhos em sua testa, tentando consolá-lo de alguma forma.

Beijou a bochecha cheinha do mais baixo e se afastou, olhando nos olhos pequenos do amigo uma última vez antes de sair do cômodo, deixando-o sozinho momentaneamente.

Jimin ficou parado por um tempo antes de colocar as embalagens sobre o mármore da pia, não demorando para abrí-las e ler as instruções.

— Então... é só fazer xixi nesse potinho e esperar? — perguntou baixinho, segurando o potinho transparente em mãos, um pouco confuso com a explicação ilustrada no papel. — Pensei que seria mais complicado — resmungou, indo até à privada outra vez e abrindo suas calças.

Não ficou muito tempo esperando a vontade de urinar chegar, pois sempre sentia necessidade de ir ao banheiro e, quando não sentia, era só pensar, que ela surgia.

Quando achou que o potinho tinha uma quantidade considerável de urina, voltou a vestir suas roupas e foi novamente para a frente da pia. Pegou os testes e os colocou no líquido amarelado, sentando-se rapidamente no chão com medo de assistir o resultado aparecer.

Nas instruções, dizia que teria que esperar alguns minutos para ter a resposta, então tentou se distrair um pouco enquanto esperava.

Depois de quase dez minutos, Jimin ainda permanecia do mesmo jeito, medroso demais para levantar um pouco a cabeça e espiar para ver se o resultado tinha saído.

Notando a demora do amigo, Taehyung entrou no banheiro de novo, dando logo de cara com Jimin largado e todo encolhido no chão, fazendo-o quase soltar uma risada com o olhar pidão que recebeu.

Sem dizer nada, caminhou até lá e conferiu os testes, um por vez, olhando também nas instruções para ter certeza do que via. Pelo suspiro pesaroso que o amigo soltou, Jimin soube da resposta, e isso foi o suficiente para cair em um choro doloroso e angustiado.

O Kim continuou em silêncio, até mesmo quando se abaixou e acolheu o menor em seus braços, deixando que ele molhasse sua blusa com suas lágrimas grossas.

— Você sabe que eu estou do seu lado, não sabe? — perguntou quando o Park se acalmou um pouco. Esperou-o assentir para continuar: — Se acontecer qualquer coisa, eu vou te apoiar, nem que, pra isso, tenha que assumir essa criança.

A sentença de Kim arrancou um pequeno sorriso do moreno, que esfregou sua bochecha no peitoral do amigo, sentindo-se um pouco melhor com o cheiro familiar na roupa do mais novo.

— Obrigado, Tae — murmurou com a voz rouca e falha, sentindo Taehyung o abraçar com mais força.

— Não precisa agradecer, Bolinho. Sempre vou estar aqui pra você — falou, dando um beijo nos cabelos do amigo. — Você imagina quem possa ser o pai? — perguntou, mesmo com receio.

Jimin se afastou dele por um momento e refletiu, fazendo uma expressão pensativa, mas logo negou.

— Eu não fiquei com ninguém nesse tempo.

Taehyung assentiu.

— Então, pode ter sido naquela festa que a gente foi umas semanas atrás. Se lembra de alguma pessoa que você ficou lá?

Jimin negou outra vez.

— Eu bebi muito nesse dia, não lembro de quase nada.

Tae suspirou.

— Aish, Jimin! Quantas vezes eu te disse pra tomar cuidado? — murmurou, passando a mão no cabelo. — Podia ter acontecido uma coisa mais grave! Não que o bebê não seja uma coisa séria, mas poderia ser algo pior. Você poderia estar no hospital com uma doença agora!

Jimin abaixou a cabeça, sem ter o que responder. Sentia-se envergonhado.

O moreno tinha razão, afinal de contas, tinha sido imprudente — muito imprudente. Agora teria que lidar com suas ações e estava apavorado.

— Tae — chamou baixinho, sem levantar a cabeça. — Eu tô com medo — confessou, sentindo o coração bater com mais força outra vez.

O mais novo suspirou e se aproximou do mais velho, colocando as mãos nos ombros dele.

— Eu também tô, Ji, mas a gente vai conseguir passar por isso. Juntos, ok? — prometeu, recebendo um aceno de cabeça. — Vem cá.

Puxou o Park para seu colo e o ninou como se ele fosse um bebê, tentando fazê-lo relaxar ao menos um pouco antes de conversarem sobre a gravidez. Além, é claro, de pensarem em como dariam a notícia para os senhores Parks.

Seria complicado, mas pelo menos Jimin tinha Taehyung ao seu lado. E isso bastava.

O Kim ficou com ele até o finalzinho da tarde, consolando-o e enchendo-o de carinho. Também ficou acariciando sua barriga lisa, enquanto "conversava" com o bebê, mesmo com os resmungos de Jimin dizendo que ele ainda era muito novo para entender alguma coisa.

Talvez pelo cansaço das emoções que teve durante o dia, Jimin dormiu como uma pedra, só acordando na manhã seguinte com o despertador tocando, chamando-o para mais um dia de aulas longas e cansativas.

Ele tomou café normalmente com seus pais, tendo apenas o som dos talheres batendo contra o porcelanato dos pratos enquanto comiam. Jimin estava nervoso de ficar perto deles, e talvez essa tivesse sido a primeira vez que agradecera por seus pais não repararem tanto em si.

Na faculdade, ficou indo de uma sala para a outra na troca de turmas, correndo atrás de professores para tirar algumas dúvidas sobre os trabalhos que tinham sido passados e dos universitários que faziam parte de seu grupo.

Aproveitou também e passou na cafeteria que trabalhava por meio período. Pedir demissão foi uma decisão difícil, mas necessária; não podia se dar ao luxo de se cansar mais do que o recomendado, e passar várias horas de pé, andando de um lado para o outro com bandejas pesadas, não seria nada bom para seus pés, que, com certeza, inchariam pelo esforço.

Mesmo vindo de uma família rica, Jimin gostava de ser independente, mesmo tendo dois cartões de crédito com um limite considerável em sua carteira.

Nada disso superava a sensação de receber seu salário todo mês e saber que merecera ter aquela quantia, mesmo sendo pequena.

Ao longo de seus vinte anos, passou, ao todo, por uns dez pequenos empregos, sendo um deles passear com os cachorros dos moradores de seu condomínio, e outro, lavar carros.

O que tinha conseguido ficar mais tempo foi o da cafeteria do senhor Lee. Lá era confortável, todos eram simpáticos e tratavam-no bem melhor do que achava merecer, tanto que o prenderam lá até a loja fechar para fazerem uma pequena despedida seguida de uma comemoração quando descobriram o motivo da demissão. E tinha se distraído tanto com eles que, quando chegou à sua casa, já era quase noite.

Estava se sentindo tão esgotado que sua vontade era apenas de tomar um banho e depois se aconchegar em suas cobertas. Mas, ao atravessar os portões de sua casa, percebeu que tinha alguma coisa errada.

Os funcionários estavam o olhando de uma forma diferente; alguns com pena, outros com surpresa, e tinha aqueles que o olhavam com encantamento. Jimin pôde perceber que todos o olhavam de cima a baixo.

Caminhou para seu quarto com o cenho franzido, ficando um pouco surpreso quando um dos empregados o parou no meio do caminho dizendo que seus pais queriam falar com ele.

Seus progenitores não eram do tipo comunicativos e sempre evitavam ter alguma conversa com o filho. Antes era um pouco melhor, mas tudo foi se esfriando cada vez mais quando o Park mais novo contou sobre sua sexualidade.

Com o tempo, Jimin começou a se acostumar, e a falta de comunicação o afetava menos a cada dia.

Soltando um bocejo, entrou em seu quarto e já foi jogando sua bolsa pesada no chão, começando a se livrar das roupas que usava enquanto caminhava até o banheiro. Parou em frente ao espelho e se observou por uns instantes.

Seus cabelos escuros estavam bagunçados e um pouco desidratados nas pontas, e suas bochechas estavam um pouco mais cheinhas, o que lhe dava uma aparência fofa, que se acentuava ainda mais quando sorria.

Soltou um suspiro e coçou os olhos. Abriu uma das gavetas do armário embaixo da pia para pegar o demaquilante, removendo a pouca maquiagem que tinha colocado de manhã.

Só depois de já se sentir satisfeito foi que entrou no box, ajustando a temperatura para a mais quente que sua pele suportava.

Quase gemeu em satisfação, fechando os olhos e jogando a cabeça para trás, deixando a água quente acolher seus fios.

Jimin amava fazer o curso de Direito, mas esse exigia muito dele, e ultimamente — talvez pela gravidez — ele se sentia mais cansado do que o normal. Pegava-se, várias vezes durante o dia, quase cochilando em algumas aulas.

Isso não era bom, mas ele se esforçava para não dormir e perder alguma matéria. Faltavam apenas dois anos para completar o curso, e não iria reprovar de jeito nenhum.

Esticou o braço, pegando sua toalha quando terminou o banho e se secando, antes de enrolar o pano em sua cintura e voltar para a frente do espelho, onde parou alguns instantes para se admirar.

Seus olhos desceram um pouco e, quando deu por si, observava sua barriga plana com atenção.

Ainda não tinha nenhuma elevação e seus gominhos permaneciam intactos. Quase se sentiu triste por saber que, dentro de alguns meses, todos eles sairiam para dar lugar a uma bola enorme.

O pensamento o fez sorrir, também o dando coragem para levar suas mãos até lá e acariciar de leve.

Agora que o choque da descoberta tinha passado, Jimin estava se permitindo se alegrar um pouco.

Por mais que fosse mais fechado na maior parte do tempo e considerado esnobe por muitas pessoas, Jimin nutria secretamente o sonho de se tornar pai. Descobrir que podia engravidar foi uma surpresa agradável, pois, em seus pensamentos mais secretos, se perguntava como seria sentir um corpo crescer dentro de si.

Seu sorriso aumentou quando começou a acariciar sua pele um pouco úmida, prendendo um pouco a respiração ao se pôr de lado para observar sua imagem refletida no espelho.

Saiu do banheiro quando um pensamento atravessou sua mente. Foi até sua bolsa e pegou seu celular, abrindo na câmera enquanto voltava ao cômodo anterior. Posicionou-se de lado outra vez e deu um pequeno sorriso, capturando uma foto, sorrindo satisfeito ao ver que o resultado tinha sido bom.

Entrou em sua galeria e pressionou a foto que tinha acabado de tirar, clicando na opção "criar novo álbum" quando esta surgiu.

Mordeu o canto dos lábios enquanto colocava como título "nova parte de mim", sorrindo como bobo ao clicar em "concluir".

Voltou a se olhar no espelho soltando um suspiro mais leve, saindo em definitivo do banheiro para colocar uma roupa, já que ainda tinha que falar com seus pais.

Yoongi passou a manga de sua blusa pela testa, tentando secar um pouco do suor que descia.

Estava na cozinha da mansão dos Parks, ajudando Soojin a preparar uma nova massa quando os gritos começaram.

Quase deixou o rolo de massa cair no chão, dando um pequeno sobressalto, olhando assustado na direção do corredor.

— O que está acontecendo? — perguntou com as sobrancelhas franzidas, desviando os olhos para a cozinheira ao seu lado.

A mais velha soltou um suspiro pesaroso.

— Ao que parece, o filho dos senhores engravidou — disse, encolhendo os ombros.

Yoongi arregalou os olhos.

— Ele o quê?! — Sua boca se abriu pela surpresa, mas logo fez uma careta ao receber um tapa forte no ombro.

— Fala baixo, seu delinquente — Seo o repreendeu, falando quase em um sussurro.

— Desculpe — pediu, enquanto massageava o ombro atingido. — Mas como eles descobriram isso? Não acredito que Jimin tenha dado alguma pista.

— E ele não deu. Rosé achou três testes de gravidez no banheiro dele hoje de manhã quando foi tirar o lixo. Todos estavam positivos. Ela não pensou duas vezes antes de entregar para os senhores — contou, tomando cuidado para falar baixo.

O Min assentiu pensativo.

— Achei um pouco errado isso da Rosé ter contado.

— Eu também achei, mas fazer o quê? Você sabe como ela puxa o saco dos patrões.

— É, eu sei — falou, soltando uma risada baixa.

— Bom, tá faltando algumas coisas para completar o recheio para a massa, você pode pedir a um dos motoristas para ir ao mercado pra mim? — perguntou, secando as mãos no avental quando terminou de lavá-las, já pegando um bloquinho de notas e uma caneta para anotar o que precisava. — Vou fazer uma lista com as coisas que a gente precisa, e você entrega pra um deles, pode ser?

— Claro, noona. — Sorriu largo, mostrando suas gengivas, indo lavar as mãos também.

— Pronto — ela disse ao terminar de escrever. — Acho que tá tudo aqui. — Entregou a lista nas mãos do Min, junto com o cartão de crédito. — No final da lista, tá a senha do cartão.

Yoongi assentiu e retirou o avental branco que usava, arrumando seu cabelo e suas roupas enquanto saía da cozinha e seguia pelos corredores da casa.

Poderia ir pelos fundos, mas geralmente os motoristas ficavam na parte da frente da casa, onde a garagem também ficava, o que facilitava as coisas para eles. E, como dar a volta na casa demoraria muito, o jeito era ir por dentro mesmo.

Estava andando por uns dos corredores quando os gritos aumentaram um pouco mais. Sabia que estava perto do escritório do senhor Park, e tinha total certeza que era lá que os três discutiam.

Curioso como sempre, olhou em volta. Como não viu ninguém, resolveu se desviar um pouco de seu caminho para ir espiar um pouco mais de perto, mas não estava preparado para aparecer no corredor justamente quando a porta foi aberta com violência e o filho dos Parks passou por ela, não indo muito longe, pois seu pai o agarrou pelo braço, obrigando-o a parar.

— Anda, Jimin! Me diga quem é o pai!

A ordem veio em forma de grito, o que fez o baixinho que estava a alguns metros dele se encolher, olhando para o progenitor com um medo visível.

Jimin, parecendo notar que estava sendo observado pelo Min, virou o rosto em sua direção, fazendo seus olhares se conectarem por alguns instantes. Como um estalo, uma ideia lhe surgiu e Jimin engoliu em seco.

O moreno não sabia por que estava tão apavorado, já que tinha conversado com Taehyung e o Kim propôs a Jimin para que ele dissesse que o melhor amigo era o pai, caso seus pais perguntassem, mas Jimin não queria isso. Não que achasse que o Kim não fosse uma boa opção, pelo contrário, Taehyung tinha atributos que denunciavam que um dia se tornaria um pai incrível, mas ainda não era a hora, e também não seria o filho de Jimin a ser agraciado com um pai como Taehyung.

Além de que ele sabia que seus pais não acreditariam nisso, principalmente por Taehyung ser como um irmão para ele e os dois nunca terem demonstrado interesse romântico um pelo outro.

Não queria ser egoísta com ele também, preferia sofrer as consequências sozinho, tendo o outro apenas como um apoio amigo, e não como um pai em potencial. Estava preparado para passar por tudo sozinho, mas só foi ser questionado sobre isso por seus pais de uma forma mais dura que toda a sua coragem se foi.

Estava tão desesperado que não pensou duas vezes antes de pronunciar as palavras seguintes, ainda com os olhos cravados em Yoongi no fim do corredor.

Sentia tanto medo que esqueceu do egoísmo que queria evitar e acabou cometendo o pior erro de sua vida.

— É ele — murmurou com a voz trêmula, apontando para o outro, fazendo seus pais seguirem seu movimento, notando pela primeira vez o outro ali. — E-ele é o pai.

Yoongi arregalou tanto os olhos ao ouvir aquilo que seus orbes ficaram doloridos, enquanto seu coração batia desesperado.

Aquilo não podia estar acontecendo realmente, foi o que pensou, enquanto notava o olhar de seus patrões se endurecerem ainda mais, se possível.

Yoongi não era muito próximo ao filho de seus patrões, mas às vezes trombava com ele pelos corredores, trocava alguns comprimentos, que Jimin respondia por educação, e só. Não chegava a ser uma amizade, apenas boa convivência, mesmo ele imaginando que o rapaz nem mesmo sabia seu nome.

Com isso, já começou a pensar em como arrumaria dinheiro para pagar a mensalidade da faculdade, pois com certeza seria demitido. E por uma coisa que nem tinha feito.

Jimin se encolheu ainda mais, abraçando a si mesmo numa tentativa de se proteger, enquanto assistia seu pai ir até Yoongi, quase soltando fumaça pelas narinas.

O Park notou os olhos apavorados do Min se direcionarem a si, como se pedisse ajuda, mas o Park ainda estava assustado e seu rosto ainda estava dolorido pelo tapa que tinha recebido, e isso o fez ficar paralisado.

Mas ao notar seu pai agarrar a blusa do moreno e levantar o punho para acertar-lhe um soco certeiro no queixo, se sentiu motivado a correr até lá e segurar em seu braço, impedindo-o de bater no outro.

— Papai, por favor — pediu nervosamente, olhando nos olhos do mais velho, tentando não demonstrar todo o medo que sentia.

O senhor Park respirou fundo, irritado, soltando a roupa do Min e dando um passo para longe dos dois.

— Entrem naquela sala — mandou, apontando para seu escritório. — Eu vou conversar com a sua mãe, para tentar arrumar uma solução para essa vergonha.

Jimin se encolheu mais uma vez, segurando na roupa de Yoongi. Puxou-o em direção ao escritório do pai, respirando fundo assim que fechou a porta.

Caminhou até um dos sofás e se sentou, observando o Min fazer o mesmo em um à sua frente.

Ficaram uns bons minutos sozinhos no escritório do senhor Park, enquanto ele e sua esposa discutiam sobre o que fariam a partir dali. Jimin sabia que, quando eles voltassem, a conversa que teriam não seria nada agradável.

Para eles, ter um filho grávido em casa sem nem estar noivo era um escândalo, e, em suas cabeças, já imaginavam o que seus amigos e vizinhos diriam se descobrissem. Com certeza, não seria nada bom para a imagem de família perfeita que tentavam passar.

Jimin estava com seu coração batendo a mil no peito enquanto ele tentava pensar em todas as ideias possíveis que passavam pela cabeça de seus pais para tentar dar um jeito na situação.

Um possível aborto era a que mais assustava o moreno, e também era a que ele tinha mais certeza de que seus progenitores iriam propor.

O aborto ainda era considerado ilegal, mas, no caso dos homens, era um pouco mais fácil de conseguir um passe, já que, como o corpo masculino não era totalmente desenvolvido para gerar uma criança, a gravidez era um pouco complicada em alguns casos. Por causa disso, era comum homens abortarem e não serem julgados por isso. E, como se a possível ameaça de perder seu filho fosse um combustível, tentou colocar em seus olhos um brilho mais sério e ameaçador quando abriu a boca para falar com o Min.

Mas Yoongi foi mais rápido ao se pronunciar:

— Esse filho não é meu — disse baixo, analisando o Park.

— Eu sei — Jimin respondeu, não se importando com seu tom quase grosseiro.

— Então por que disse aos seus pais que ele é?

— Eles estavam me pressionando para dizer, e você apareceu na minha frente. — Encolheu os ombros, cruzando seus dedos sob seu colo para esconder o quanto sua mão tremia.

— Você sabe muito bem que eu posso dizer a eles que isso é uma mentira, certo?

Jimin engoliu em seco.

Ele sabia, e esse era seu medo, mas não disse nada.

A sala caiu em silêncio outra vez, porém logo foi quebrado pela voz séria, mas suave, de Jimin.

— Nós podemos fazer um acordo — propôs, tentando não soar desesperado.

— Que tipo de acordo?

— Nós dois sabemos que eu tenho mais a perder do que você se meus pais descobrirem que é mentira — começou, tentando não demonstrar o quanto estava amedrontado — Podemos fazer um contrato entre nós, com alguns termos favoráveis para ambos.

Yoongi ergueu a sobrancelha.

— Quais termos?

— Você se casa comigo e, em troca, eu te ajudo com a faculdade, ou qualquer coisa que você quiser.

O mais velho pensou por um momento, considerando que poderia ganhar bem mais do que o outro com tudo aquilo.

— E se eu não aceitar?

— Com certeza você vai ser demitido, e eu vou ter meu filho tirado de mim.

Colocar seu filho no meio da negociação era jogo baixo, Jimin sabia, mas ele não estava pensando direito e, por mais que odiasse a ideia, precisava mesmo do Min.

— Seus pais não teriam coragem…

— Eles teriam, sim — Jimin o interrompeu. — Você não os conhece como eu conheço, Yoongi. Eles não pensariam duas vezes antes de me mandar para uma clínica para abortar.

Yoongi ficou calado por um tempo, tentando pensar em alguma solução que não precisasse levá-los a um altar.

— Não quero que você aceite isso por mim, Yoongi, mas pelo meu filho — continuou, sentindo seu coração bater mais rápido a cada novo minuto que o Min ficava em silêncio. — Não quero ficar pensando em como ele ou ela seria daqui uns meses, eu quero poder pegar ele no colo e acompanhar cada progresso. Sei que estou te pedindo muito e também não sei se você gosta de homens, ou está em um relacionamento, mas eu preciso muito da sua ajuda agora. — Sua voz era baixa e se embargava cada vez mais, assim como sua visão, que se embaçava pelas lágrimas que ele nem notou quando surgiram, mas que já desciam desenfreadas por seu rosto.

Contudo, Yoongi continuava em silêncio, olhando para ele sem esboçar emoção alguma, e Jimin já se sentia desesperado pela negativa que nem tinha recebido ainda.

Até o Min fazer uma pergunta que o surpreendeu um pouco.

— E se o verdadeiro pai aparecer? — questionou, mordendo o canto dos lábios.

— Não precisa se preocupar com isso. Eu não sei quem é o pai — Jimin revelou, secando as lágrimas, sabendo que era inútil, pois novas logo rolaram pelas bochechas roliças. Ele, no entanto, não demonstrou a vergonha que sentia por revelar aquilo. — Quem quer que seja, tenho certeza que não se importa.

— Certo — Yoongi murmurou depois de vários minutos em silêncio, tentando disfarçar sua surpresa com a revelação. — Eu aceito — disse, arrancando um suspiro do Park. — Mas tem mais uma coisa, a questão do casamento...

Jimin não o esperou terminar, começando logo a dizer:

— Com isso não precisa se preocupar, podemos nos divorciar um ano depois do nascimento do bebê. Todos vão achar que foi só mais um relacionamento que não deu certo.

Yoongi anuiu, pensando em como Jimin um dia se tornaria um advogado incrível. Ele era bom em ter soluções rápidas e em convencer qualquer um com seu jeito sério e, ao mesmo tempo, adorável de falar. E sem que percebesse, uma pontinha de admiração brotou em seu coração.

Não lhe custaria nada ajudar o Park. Não tinha nada contra ele, pois o mesmo não o tratava mal. E também, seu coração era bom demais para negar o pedido de ajuda de um pai desesperado.

— Parece bom pra mim. — Sorriu de lado, levantando-se e caminhando para perto do mais novo, estendendo-lhe a mão. — Pelo visto temos um acordo, Park Jimin.

Jimin sorriu satisfeito, levantando-se também para encaixar a sua mão na de Yoongi em um aperto amigável.

— Temos sim, Min Yoongi.

Assim que os dois se afastaram, os pais de Jimin entraram no escritório. Depois de uma longa conversa com os mais velhos — que atiraram mais alguns insultos em Jimin, coisa que não agradou Yoongi —, ficou estabelecido que eles ficariam noivos em pelo menos um mês, para não correrem o risco da barriga de Jimin ficar muito aparente.

Jimin também precisaria ir ao hospital marcar o pré-natal com o médico que o acompanharia durante toda a gravidez, até o dia que daria à luz. E Yoongi teria que estar em todas as consultas.

Também foi estabelecido que Yoongi se mudaria para a casa dos Park. Continuaria trabalhando para eles, mas agora ficando no quarto de Jimin.

O Min percebeu logo de cara que Jimin não gostou da ideia, mas não se opôs à vontade de seus pais. Isso irritou um pouco Yoongi, que ficou se perguntando quantas vezes Jimin teve que abdicar de sua própria vontade para seguir as ordens de seus pais.

Tudo bem que o mais novo era um mimadinho de merda e extremamente hostil com algumas pessoas, mas Yoongi acreditava que ele não merecia ser tratado assim, ainda mais pelos próprios pais.

Quando, enfim, foram "liberados" pelos mais velhos, já estava um pouco tarde e Yoongi teve que se apressar para ir à cozinha, para ajudar Soojin a fazer o jantar, já que acabou não indo comprar as coisas que ela pediu e precisava dar uma explicação — mesmo acreditando que ela já sabia de tudo pelos outros empregados da casa —, ao passo que Jimin foi para seu quarto descansar um pouco e aproveitar enquanto podia ficar sozinho lá, já que em alguns dias, teria que dividir sua privacidade com o Min.

Assim que Yoongi terminou de ajudar a cozinheira, pegou suas coisas e saiu pela porta dos fundos, que era como uma saída para os funcionários da casa. Foi caminhando até o ponto de ônibus mais próximo.

Como não teria aula na faculdade naquele dia, foi direto para casa.

Chegou ao prédio, onde dividia um apartamento com Namjoon, meia hora depois, encontrando o amigo lavando alguns pratos na cozinha.

— Boa noite, Nam — desejou, como uma forma de avisar que já tinha chegado.

O Kim secou as mãos no avental que usava e virou para o mais velho com um sorriso, expondo suas covinhas fofas.

— Boa noite, Yoon. Chegou cedo hoje — comentou, observando o Min se jogar no sofá.

— Aconteceram umas coisas na mansão hoje e eu fui liberado mais cedo.

— Hum — Namjoon murmurou, retirando seu avental para ir se sentar ao lado do amigo, não disfarçando o olhar de curiosidade sobre ele. — Que coisas, hein?

Yoongi riu baixinho, empurrando de leve o ombro do outro.

— Fofoqueiro — resmungou, deitando a cabeça no encosto do sofá e fechando os olhos. Soltou um suspiro antes de dizer: — Os patrões descobriram que o filho deles está esperando um bebê — disse calmamente, fazendo o Kim arregalar os olhos.

— O Jimin?! — perguntou impressionado. — Mas ele não era todo certinho?

— Nunca ouviu dizer que os certinhos são os piores? — Levantou a cabeça, olhando para o amigo com as sobrancelhas arqueadas, tentando não rir com a expressão chocada que ele fazia. — Mas não acabou por aí.

— Ah, não?

Yoongi negou, soltando um suspiro, já se preparando pro sermão que viria.

— O Jimin falou que o filho é meu.

Namjoon arregalou ainda mais os olhos, dando um tapa na nuca do amigo sem nem pensar duas vezes.

— Ai! Por que você me bateu?! — reclamou, passando a mão no local atingido, com uma careta nada boa no rosto.

— Quantas vezes eu já não te disse pra se proteger, seu irresponsável?! — indagou, controlando-se para não gritar. — Eu coloco sempre uma camisinha na sua carteira pra você não esquecer!

Yoongi arregalou os olhos ao entender o motivo de Namjoon estar tão nervoso, tratando logo de balançar as mãos em frente ao corpo.

— Não, Joon, você não entendeu! — falou apressado, tentando fazer o amigo se acalmar. — O filho não é meu.

— Então por que ele disse que é? — perguntou desconfiado.

— Ele estava desesperado, sabia o que os pais poderiam fazer se ele dissesse que não sabia quem era.

O Kim olhou para o mais velho por um instante, assentindo ao entender a situação.

— E os pais dele acreditaram nisso?

— Sim. — Suspirou, bufando baixinho ao pensar na confusão em que se meteu. — Nós vamos nos casar, e eu vou assumir o bebê.

Namjoon arregalou os olhos de novo.

— Casar? Tipo, no cartório e tudo?!

Yoongi assentiu.

— Yoon... — murmurou em um tom cuidadoso. — Você sabe que as coisas podem ficar complicadas se eles descobrirem a verdade, né?

— Claro que sei. — Revirou os olhos. — Mas eu prometi ao Jimin que ia ajudar ele, além de que nós fizemos um acordo, e ele vai me ajudar com a faculdade. Os dois vão sair ganhando. — Deu de ombros.

Namjoon assentiu, mas a preocupação em seus olhos era perceptível.

— Espero que você não se arrependa disso um dia — murmurou, colocando a mão sobre a coxa do mais velho.

— Também espero. — Suspirou, voltando a deitar no encosto do sofá. — Aliás, os senhores Parks falaram para eu me mudar para a casa deles, não vou poder ajudar mais no aluguel — disse, fazendo uma expressão culpada.

— Tudo bem, Yoon. — Sorriu de leve, bagunçando os cabelos do amigo. — Eu posso arrumar outra pessoa para dividir o apartamento comigo. Onde você vai ficar lá?

— Junto com o Jimin, no quarto dele.

Namjoon assoviou, soltando uma risada logo depois.

— Boa sorte com isso. Não esqueça a camisinha, sim? — falou, levantando-se, ao passo que Yoongi se engasgava.

— Tá ficando maluco, Namjoon? Não vai acontecer nada entre a gente!

Namjoon encolheu os ombros, indo pegar seu celular em cima da ilha na cozinha.

— Se você diz — falou, distraído enquanto deslizava os dedos pela tela do celular. — Vou pedir uma pizza, vai querer também?

— Uhum, pede uma com bastante queijo.

Namjoon assentiu, selecionando uma das opções no cardápio online. E enquanto isso, Yoongi permanecia pensativo no sofá, soltando um riso mudo e sem humor ao pensar no quanto sua vida mudaria a partir dali.

Uma semana depois, Yoongi se sentia acabado e completamente dolorido.

Desde que aceitara a proposta de Jimin e se tornara seu "noivo", as coisas ficaram difíceis em seu trabalho. Antes de toda a confusão, sua tarefa era apenas na cozinha, onde lavava e secava as louças; às vezes varria o chão ou organizava a despensa, e o resto de seu tempo livre era preenchido em frente ao fogão, onde ajudava Soojin a preparar as refeições para a família Park. Mas, assim que chegara ao trabalho no dia seguinte à proposta, percebeu que as coisas tinham mudado.

Agora, além de ajudar na cozinha, também auxiliava a transportar as entregas do mercado para dentro da casa, ajudava na limpeza de toda a casa e também dos jardins, que não eram nada pequenos.

Não tinha visto o pequeno Park para questioná-lo sobre tais coisas, mas no fundo sabia que não tinha dedo dele naquilo tudo.

Tinha também reconsiderado a proposta de viver na casa dos Parks — depois de muita luta, deve-se ressaltar. Teve que usar a artimanha de dizer que os vizinhos achariam vergonhoso o genro morando com os sogros, principalmente por ele e Jimin ainda não estarem casados, o que com certeza causaria desconfiança em todos e logo a gravidez seria descoberta.

Portanto, recebeu a permissão de continuar no apartamento de Namjoon, já que não queria tirar o conforto de Jimin — ainda mais com ele grávido, sabia que o estresse de ter que dividir seu espaço pessoal com outra pessoa que mal conhecia não o faria bem. Mesmo que soubesse que o filho não era seu, não queria prejudicar a gestação de alguma forma.

O Min soltou um suspiro cansado e logo se esticou para dar algum alívio para suas costas, gemendo ao ouvi-la estalar. Olhou as horas em um relógio que tinha na parede da despensa e se permitiu sorrir satisfeito.

Tinha chegado o fim de seu expediente na casa e agora precisaria ir para a faculdade.

Secou o suor que escorria por sua testa e se virou para sair. Estava tão distraído na tarefa que nem percebeu quando um ser baixinho e moreno apareceu à sua frente, parecendo estar tão distraído quanto ele. Acabaram por se trombarem na porta, quase caindo.

— O senhor está bem? — perguntou, segurando em seus braços um pouco encolhidos, olhando atentamente para ele.

— Oh, não — Jimin disse, soltando uma risada um pouco nervosa, deixando Yoongi um pouco intrigado ao ver suas bochechas cheinhas adotarem um tom pouco avermelhado. — Eu estou bem.

— Certeza?

O mais novo apenas assentiu.

— Bem, o senhor não costuma vir até aqui — comentou, liberando-o de suas mãos, recolhendo-as dentro dos bolsos de sua calça em um tom cinza claro, traje típico dos funcionários da família Park. — Deseja alguma coisa?

— Lembro de ter dito para não me tratar com tanta formalidade — o moreno resmungou, fazendo um sorriso ladino se formar nos lábios do Min. — E sim, eu quero uma coisa.

— Dependendo do que for, acho que posso atender, Jimin.

O Park sorriu minimamente ao ouvir seu nome, mas logo voltou a ficar sério.

— Bem, acho que pode me atender sim. — Respirou fundo, passando a mão pelos cabelos. — Queria comer algumas frutas frescas, as que ficam na sala de jantar não me parecem estar com uma cara muito boa — explicou, fazendo uma careta no final.

Yoongi soltou uma risada baixa.

— Isso deve ser porque aquelas frutas não são comestíveis, Jimin, são plastificadas. Apenas para decoração. — Jimin soltou um murmúrio de entendimento, agora sabendo por que elas lhe pareceram tão duras quando as segurou. — Mas felizmente aqui na despensa o que mais tem são frutas, pode pegar quantas quiser — disse, apontando para uma parte da despensa que parecia uma quitanda, onde mantinha as frutas refrigeradas para sempre permanecerem com a aparência boa.

Jimin deu um sorriso largo, sentindo sua boca salivar ao ver algumas maçãs e morangos brilharem, quase como se o chamasse. Sem perder tempo, caminhou até lá para escolher as que iria pegar, mordendo o canto dos lábios ao ver o tanto de variedade que tinha ali e que o estava deixando indeciso.

Yoongi apareceu atrás dele, oferecendo-lhe um pratinho para colocar as frutas que queria, para que não precisasse segurá-las.

— Obrigado — o mais novo agradeceu, já pegando alguns dos morangos dispostos ali.

— Não há de quê. — Yoongi deu um pequeno sorriso, mantendo-se por perto para segurar o prato. — Como se sente hoje? Teve algum mal-estar? — questionou, genuinamente curioso e preocupado, enquanto observava as mãos pequenas de Jimin passeando por cima de algumas frutas.

Como se viam com alguma frequência, passaram a ter pequenas conversas, onde Yoongi sempre o perguntava como se sentia, ou se estava precisando de alguma coisa.

Jimin estava lutando contra, mas cada dia era mais difícil esconder a culpa que sentia por estar fazendo o Min passar por tudo aquilo. Mesmo que ele não tivesse feito reclamações, o Park sabia o que o outro estava passando nas mãos de seus pais, também via as coisas a mais que ele precisava fazer.

Tinha tentado conversar com seus progenitores sobre amenizar as "punições" que o mais velho estava recebendo, mas foi em vão. Segundo seus pais, Yoongi procurou por aquilo no momento em que seduziu Jimin e o fez engravidar. Claro que essa não era a realidade, mas o moreno não podia, em hipótese alguma, contar a verdade para eles. Isso não era uma opção.

Então, só o que lhe restava era observar pela janela de seu quarto o Min fazendo seu trabalho um pouco mais pesado. O que lhe aliviava era saber que dali a poucos meses eles sairiam daquela casa, e Yoongi não precisaria passar por tudo aquilo mais.

— Fiquei um pouco enjoado hoje pela manhã, mas já estou melhor — respondeu, virando-se para o Min com um pequeno cacho de uvas verdes na mão. Pegou uma delas antes de colocá-las dentro do prato que o outro segurava.

— Fico mais aliviado por saber disso. — Sorriu, notando que o Park já parecia estar satisfeito com as frutas que tinha escolhido e já se virava para sair dali. Então, esticou-se e pegou uma das ameixas roxinhas, adicionando-a ao prato também, sabendo como o mais novo gostava desta fruta, e recebendo um sorriso do mesmo. — Pelas minhas pesquisas, esses enjoos vão terminar depois do primeiro trimestre.

Jimin assentiu.

— E também podem permanecer durante toda a gravidez — o grávido falou com pesar, fazendo uma pequena careta. — Espero não ser esse o meu caso. — Soltou uma pequena risada, pegando o pratinho com as frutas da mão do mais velho. — E, ah! Antes que eu me esqueça, a minha consulta foi marcada pra daqui umas duas semanas, se não me engano. Caso queira ir...

Yoongi sorriu mais largo, mostrando suas gengivas clarinhas e adoráveis.

— Eu vou querer, sim — respondeu, animado.

Por mais que o filho não fosse seu realmente, Yoongi o tinha assumido e estava ansioso para viver todas aquelas fases com o Park.

Jimin sorriu satisfeito, inclinando a cabeça como um agradecimento antes de sair da cozinha e voltar para seu quarto.

Assim como Yoongi tinha recebido sua punição, Jimin também tinha a sua, que talvez fosse um pouco pior do que a dele.

Seus pais tinham o confinado a ficar dentro de casa, sem poder sair nem mesmo para andar pelo bairro. Também não podia receber visitas, o que o deixava mal-humorado quase sempre. Além de, é claro, as ofensas disfarçadas que recebia diariamente.

Estava sendo difícil, mas pelo menos tinha seu filho, que tinha se transformado na sua motivação para passar por tudo aquilo. E agora também tinha Yoongi, que sempre arrancava sorrisos dele, mesmo em seus piores momentos.

No dia seguinte, Jimin torceu para o dia ser mais tranquilo, mesmo que tivesse passado a maioria dele fazendo alguns trabalhos da faculdade, mas só foi à tarde ir se findando que seus enjoos voltaram. E com força total.

Acabou colocando tudo o que tinha comido no decorrer do dia para fora, o que o fez se sentir fraco e preso sobre a cama, tentando fazer a sensação de que tudo estava girando passar.

Por isso, não desceu para o jantar, e seus pais não foram ver se tinha algo de errado, muito menos mandaram algum empregado checar se estava tudo bem.

Jimin suspirou ao olhar pela janela e notar que estava bem escuro lá fora, o que o fez deduzir que estava bem tarde e sua fome tinha voltado, mas ele ainda não queria se levantar da cama.

Foi quando pequenas batidas soaram na porta.

Jimin soltou suspiro, dando um sorriso logo depois ao imaginar o que poderia ser.

Uns poucos meses antes de descobrir sobre a gravidez, alguém passara a deixar alguns lanches na porta de seu quarto no meio da noite quando não descia para jantar.

O Park não fazia a mínima ideia de quem poderia ser. Sempre que abria a porta, por mais rápido que fosse até ela, nunca via ninguém, apenas a bandeja no chão, em frente à porta.

Sentia curiosidade em saber quem era, é claro, mas gostava da sensação quentinha em seu peito que aparecia com todo aquele mistério.

Olhou para os dois lados do corredor e se abaixou para pegar a comida. Não tinha nada de muito pesado ali, apenas alguns pães, queijo, as frutas que mais gostava e uma fatia de torta de maçã.

Mas, daquela vez, Jimin notou que tinha um bilhete em meio às frutas, então o pegou, lendo-o enquanto levava a bandeja para dentro do quarto.

Não deixe de se alimentar, o bebê precisa ficar forte.

Y.

Jimin franziu as sobrancelhas. O único que conhecia da casa que tinha o nome iniciado com a letra "Y" era Yoongi.

Seus olhos se arregalaram.

Será mesmo que tinha sido o Min? Se bem que era a cara do moreno fazer isso, principalmente por ele se mostrar tão preocupado consigo.

O Park soltou um suspiro, colocando a bandeja sobre a cama e se sentando de frente para ela, deixando o bilhete de lado por um momento para poder comer.

Ele tentaria lembrar de perguntar a Yoongi depois, mesmo tendo quase certeza de que acabaria se esquecendo.

Alguns dias se passaram. Yoongi se sentia um pouco estranho, sentado ali ao lado de Jimin na sala de espera da clínica, aguardando o nome do moreno ser chamado.

Os pais do Park não tinham ido junto aos dois, mostrando mais uma vez seu desinteresse pelos assuntos do filho, por mais que aquele assunto em particular pudesse fazer o nome de toda a família ser malfalado.

Jimin não conseguia se incomodar tanto, já tinha se acostumado, mas para Yoongi aquilo era um absurdo.

Tudo bem que o mais novo tinha errado — um erro bem grande, por assim dizer —, mas não havia necessidade de tratá-lo daquela forma. E, mais uma vez, o pensamento e vontade de querer cuidar de Jimin surgiu em sua mente naquela semana.

O Min se sentia quase como se fosse responsável pelo Park, tendo a necessidade de sempre se manter perto para ajudar, saciar suas vontades e dar-lhe o que bem queria. Mas isso seria estranho, então acabava deixando para lá.

O mais velho ouviu um suspiro ao seu lado e virou sua cabeça rapidamente na direção do som suave, notando a expressão incomodada de Jimin.

— Está sentindo alguma coisa? — perguntou, olhando logo para a barriga ainda não aparente do outro, temendo que fosse algo com o bebê.

— Não — respondeu baixinho, fazendo um pequeno bico. — Eu estou bem. Só um pouco cansado de esperar e com um pouco de fome.

Yoongi riu baixinho ao notar o tom um pouco envergonhado do mais novo.

— Tem uma cafeteria do outro lado da rua — informou, voltando a olhar pra frente. — Posso comprar alguns bolinhos, se você quiser.

Jimin ficou quieto por um instante, pensativo. Pegou o celular em seu bolso e viu as horas, logo o guardando para olhar para Yoongi.

— Acho que a gente pode ir lá depois, eles não vão demorar para me chamar.

Yoongi deu um pequeno aceno com a cabeça, passando as palmas das mãos contra o tecido da calça que vestia, tentando secar o suor que estava ali devido ao nervosismo.

E realmente não demoraram a chamar Jimin, que se levantou rápido e entrou na sala, acompanhado do Min.

— Olá, futuros papais, boa tarde — o médico comprimentou, sorrindo para os dois assim que ambos se sentaram nas poltronas em frente à sua mesa.

— Boa tarde — os dois responderam juntos, com sorrisos tímidos.

— Sou o Doutor Seokjin e vou acompanhá-los durante toda a gestação até o dia do parto — explicou, arrumando os óculos em seu rosto, sem desmanchar o sorriso bonito. — Qual dos dois é o gestante?

— Sou eu — Jimin respondeu, com as bochechas um pouco avermelhadas, fazendo o sorriso do Kim aumentar.

— Você é o Jimin, então. — O Park assentiu. — Bem, vou pedir alguns exames para você, para termos uma ideia exata de quantas semanas está — Seokjin falou, já pegando uma das inúmeras folhas em sua mesa para anotar as coisas que falava. — E também um ultrassom, para checar se está tudo bem.

O médico sorriu e se levantou, chamando Jimin com um pequeno gesto com a mão, enquanto caminhava até um canto da sala, onde o aparelho estava.

— Se deite na maca e levante um pouco da blusa. Isso, assim já está bom — informou, assim que o Park já tinha sua barriga à mostra e a blusa embolada em seu peitoral. Colocou as luvas descartáveis e pegou o frasco com o gel, colocando um pouco no abdômen do moreno e o espalhando.

Yoongi se aproximou, ficando ao lado de Jimin, observando tudo atentamente.

— Bom… — Seokjin murmurou, com os olhos fixados na tela com a imagem do útero do Park, enquanto passava o transdutor pelo local onde estava o gel.

— Está tudo bem com ele? — Jimin perguntou, um pouco receoso, apertando com um pouco mais o tecido de sua blusa, que permanecia embolada próxima ao seu peitoral.

— Está sim — o Kim respondeu, dando um sorriso terno. Começou a apontar para a imagem na tela, tentando mostrar o que via. — Aqui está o seu bebê. Ele está muito bem. — Jimin não conseguiu evitar um suspiro aliviado. — Querem ouvir o coraçãozinho?

Os olhos do moreno brilharam.

— Podemos? — Jimin estava tão esperançoso que nem notou quando incluiu o Min em sua pergunta.

Mas Yoongi, sim. E isso aumentou um pouco mais seu sorriso.

— Claro que podem.

Seokjin mexeu em alguns dos botões no aparelho de ultrassom e logo a sala foi preenchida pelo som forte de um coração batendo.

Os olhos de Jimin se encheram de lágrimas. Ele nem percebeu quando buscou pela mão de Yoongi, segurando-a forte, sem se importar por estar chorando na frente dele.

Já Yoongi, sentiu seu coração dar uma guinada e logo ser invadido por um sentimento que nunca havia sentido antes. E, então, se deu conta que ali, naquela pequena sala, ouvindo o coração do bebê, algo tinha mudado parcialmente entre os dois.

~~~~


Notas Finais: Eu sempre me derreto lendo esse final🥺

O jimin é um pouco difícil, então por favor tenham paciência com ele!

Queria agradecer a @mimi2320ls/@bebeh1320alsey pela betagem e por tanta paciência com as minhas perguntas KAKAAKAKAK

E também a @trancyz por essa capa e banners que me deixaram apaixonada!

Meu twitter é jiglouwp caso vocês queiram falar diretamente comigo, e meu ccat tá na minha bio pra vocês fazerem perguntas!

Espero que tenham gostado, até a próxima

Amo vocês💜

2 de Fevereiro de 2022 às 03:21 0 Denunciar Insira Seguir história
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