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Crescer não era fácil, disso Jimin tinha plena certeza. Ele sabia que algumas coisas teriam que mudar caso ele quisesse seguir seus sonhos. Ele teria que largar a vida confortável que tinha em Busan, sua família e amigos, e enfrentar todas as adversidades sozinho. Foi quando a notícia de que teria que passar o Natal longe de sua família pela primeira vez na vida o abateu, que ele percebeu o quão ruim realmente seria. A tristeza e a solidão começavam a pesar, juntamente com a neve branca que caía sem trégua. Mas, quando menos esperava, Min Yoongi apareceu em sua vida, com sua fantasia de rena e café com leite quentinho, fazendo tudo melhorar. O colega de trabalho mais inesperado que já conhecera, seria o par perfeito para colocar um sorriso no belo rosto de Park Jimin no dia do Natal.


Fanfiction Bandas/Cantores Todo o público.

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Capítulo Único

Escrito por: @mindokyu


Notas iniciais:

Olá, amorecos da Mari! Cheguei com mais uma fanfic (YAY) e dessa vez com um tema que eu amo de paixão: Natal! Eu sempre gosto de ler coisas fofinhas nessa época, fico toda boba sentimental u.u Então espero que vocês curtam demais essa história.
Queria agradecer a @jupteryoon por betar a fanfic, muito obrigada de coração! Quero deixar também meu muito obrigado para @TMessi | @ThalieMessi pela capa maravilhosa que fez! Eu estou encantada com a perfeição!
E, claro, muito obrigada a toda a minha equipe linda e a vocês, leitores queridos!

Boa leitura!


~~~~

Jimin havia crescido e essa foi a primeira vez que sentiu toda a tristeza dessa realidade lhe invadir em cheio. Sua mãe estava tentando — inutilmente — fazer com que toda a situação não ficasse tão patética, mandando vários corações e emojis estranhos na mensagem, mas o fato era que Jimin passaria, pela primeira vez, o natal sozinho.

Desceu do ônibus no ponto mais próximo a sua residência, andando alguns passos que afundavam facilmente na neve. A cafeteria que sempre passava no caminho estava aberta, mas nem mesmo o cheiro inebriante que vinha do local o animava. Jimin só queria chegar em casa e chorar em sua cama em paz.

Entenda, Jimin era um amante do Natal, mas não apenas pela data em si. O que ele mais amava era ver sua família toda reunida, os presentes embaixo da árvore, seus primos correndo em volta da mesa farta de comida. Cada canto da casa dos Park tinha um adorno de natal e isso sim era a magia que o encantava e deixava seu coração quentinho.

Girou a chave para destrancar a porta, nem se dando o trabalho de acender as luzes quando adentrou o lugar pequeno onde morava. Apenas um cômodo mal iluminado, uma pequena cozinha, uma cama bem ruim de se dormir, sua escrivaninha para estudar e vários livros. Ele amava tudo aquilo, mas nada seria o suficiente para tirar a tristeza que carregava em seu peito naquele momento. Tirou seu celular do bolso, jogando-o de qualquer jeito na escrivaninha, largou-se na cama e fez o que mais queria fazer desde que lera aquela mensagem no ônibus: abraçou o travesseiro e chorou.

[...]

Ao abrir os olhos depois de mais uma noite mal dormida, Jimin percebeu que estava nevando mais do que nos outros dias. A metade de dezembro estava sendo muito mais invernal do que ele imaginava e isso não melhorou em nada sua situação. Jimin já tinha que ir andando para a faculdade para não gastar o mísero dinheiro que tinha guardado para sobreviver ao resto do ano, viver de comida congelada e alguns cafés aguados. É, definitivamente a neve não cooperava. Mas Jimin havia crescido, e isso era o que ele tinha sendo um adulto. As escolhas foram feitas, ele estava estudando na maior faculdade de seu país e o custo era caro, esse era o preço que ele pagava. Enfim, Jimin se arrumou o mais rápido que pôde, vestiu o casaco mais quente que tinha e saiu de casa.

O caminho foi rápido, porém, tortuoso. A neve caía sem dar uma trégua e, por melhor que seu casaco fosse, o frio ainda entrava por suas vestes. Os passos rápidos faziam com que o menino encapuzado não olhasse ao seu redor nem para admirar a bela paisagem. Chegou na faculdade com mais tempo de sobra do que imaginara e não conseguiu deixar de pegar um cafezinho bem quentinho para tentar melhorar seu dia. Seu corpo cansado clamava por algo que o animasse e, de quebra, o esquentasse.

As aulas passaram rápido e sem nenhum problema aparente, principalmente porque Jimin amava o que estudava; os livros sempre fizeram parte de sua vida e na hora de escolher sua profissão não seria diferente. Jimin sonhava em ser professor para crianças. O caminho mais simples seria cursar algo em Busan, ficar com sua família até que conseguisse um trabalho em alguma escola pequena e viver aquela vida pacata. Mas não para Jimin, ele queria se tornar um ótimo professor, dar aulas nas mais diversas e grandes escolas de Seul. Esse era o preço que estava pagando. Valeria a pena? Naquela altura, Jimin realmente não sabia.

A impressão que o menino loiro tinha era de que estando na Universidade ele conseguia focar em seus estudos e não nos seus sentimentos, mesmo que grande parte dos livros que lia falassem profundamente sobre as mais diversas emoções.

Nos momentos finais da última aula, Park sentiu seu braço ser cutucado. Era Taehyung, seu melhor amigo. Se é que alguém que conhecia há pouco mais de meses poderia ser considerado seu melhor amigo, mas era quase isso.

— Vamos comigo no shopping hoje depois da aula? — perguntou Taehyung, voltando a sentar-se ereto na cadeira.

— Precisa fazer compras?

— Não, Chim. Apareceu uma vaga temporária de emprego, quero ver sobre o que se trata.

— Vaga de emprego? — questionou, curioso.

— Sim, sabe daquelas vagas temporárias de final de ano? — Jimin concordou com a cabeça, começando a juntar suas coisas na mochila para ir embora. — Então, essas vagas. Só para juntar uma grana, sabe?

— Isso… é uma ótima ideia, Tae! — respondeu, ainda pensativo na informação recém recebida. Algumas ideias começaram a brotar na cabeça de Jimin.

— Eu não sei se vou aceitar, mas fiquei curioso.

— Eu te acompanho, com certeza.



Ao chegar no shopping os dois estudantes se depararam com a maior árvore de Natal já construída em uma área interna. Ela era gigante e cheia de adornos natalinos. Nem mesmo Jimin que estava com um humor horrível para a época do ano conseguiu deixar de abrir um pequeno sorriso.

— Meu Deus, como essa árvore é enorme! — comentou Jimin, apertando o braço do colega tão abismado quando si próprio.

Taehyung e Jimin andaram até o setor do RH do shopping para procurar alguém a fim de ajudá-los a encontrar quem era a pessoa responsável pela vaga.

— Olá, boa tarde. — Taehyung ofereceu o seu melhor sorriso para a moça atrás do balcão. — Estou procurando alguém sobre esta vaga… — Esticou o papel contendo a informação.

— Oh, a vaga do ajudante do Papai Noel. Claro, claro! Podem me seguir, por favor.

Ajudante de Papai Noel?

Taehyung e Jimin trocaram um olhar alarmado ao ouvirem “ajudante do Papai Noel”.



No fim das contas, Kim Taehyung desistiu de qualquer mínima possibilidade de trabalhar de collant verde, ajudando crianças remelentas a subir no colo de um velhinho qualquer. Porque “qual é a possibilidade de isso dar certo? Alguém da Uni vai passar por aqui e rir de mim até o ano que vem”. Essas foram as sábias palavras que Taehyung disse ao saírem do shopping, rindo de toda a situação.

Mas, ao contrário de seu melhor amigo, Jimin não abandonou a ideia. Ele estava desesperado por grana, querendo ocupar a mente e nada melhor do que um trabalho temporário para conseguir tudo isso junto. Quem sabe ele não conseguiria ainda juntar um dinheiro rápido e visitar seus pais?

Então, no dia seguinte, Jimin mordia o lábio enquanto assinava o contrato trabalhista, finalizando toda a burocracia e saindo do shopping com um collant verde de elfo nos braços. Seu segredo estaria guardado a sete chaves, ele não pensava em contar para Taehyung. Se caso o menino o visse no shopping, ele falaria. Se não, deixaria quieto como se isso nunca tivesse acontecido.

Qualquer coisa seria melhor do que passar o Natal todo sozinho.

[...]

O trocador era apertado até mesmo para Jimin, que era desprovido de altura. Ele era sim baixinho e isso não era da conta de ninguém, mas isso normalmente o ajudava em situações tipo essa, onde ele tinha que se trocar em um espaço minúsculo. E, para ajudar, aquela calça colada não entrava por nada. Depois de muita força e vários hematomas, conseguiu finalizar sua fantasia de elfo, libertando-se do provador mais do que apertado. Cansado de tanto esforço que fez, fechou a porta e, ainda olhando para a mesma, deu um chute bem forte nela.

— Provador idiota! — Sim, Jimin disse isso em voz alta, não tinha mais ninguém ao redor para ouvi-lo falando com uma porta, não é mesmo?

Pois é, neste caso, não.

— Você está bem? — perguntou uma voz do além.

Assustado, Jimin virou-se abruptamente, dando de cara com uma rena falante. Quer dizer… A voz era da rena falante, que… 'Pera! Uma rena falante?

— Er… Eu… estou? — Não foi exatamente uma resposta que deu para aquela rena que falava. Bem, Jimin sabia que era alguém vestido de rena, mais precisamente vestido de Rudolf, mas, mesmo assim, era uma cena perturbadora que o deixou mais desconcertado ainda.

— Tem certeza? Você estava falando com uma porta. — O homem que estava vestido de Rudolf tirou a grande cabeça de rena, segurando-a nos braços. E, boy oh boy, o garoto era lindo. Com cabelos escuros, pele branquinha como a neve que caía do lado de fora, olhos pequenos e escuros. Uau, uma rena e tanto!

— Eu… estava mais precisamente xingando a porta — respondeu Jimin, tentando não ficar mais vermelho do que já estava na frente da rena bonita… quer dizer, do menino rena bonito.

— Você é uma figura. — Riu divertido. — Aliás, muito prazer, me chamo Yoongi. — Esticou a mão para formalizar a apresentação. — E você é?

— Jimin. Park Jimin. Prazer. — Fez o mesmo gesto do outro e balançou as mãos juntas.

— Então, você é o novo elfo, contratado ontem? — perguntou, demonstrando espanto.

— Sim… Eu cheguei hoje e ainda estou me enturmando com…

— Com o collant verde e toda a fantasia de elfo, não é mesmo? — Riu debochado, mas nada que deixasse Jimin bravo, muito pelo contrário. Jimin sentia seu coração estremecer só de escutar a voz do outro. Se controle, menino!

— Também — respondeu rindo. — Ainda não sei muito bem o que fazer, para onde ir. Sei apenas o meu horário de trabalho e fim.

— Eu te ajudo! Provavelmente vamos trabalhar juntos.

— Sério?

— Sim, eu sou a rena e você o ajudante elfo. Somos basicamente uma equipe que ajuda o bom velhinho a falar com as crianças.

— Assustador! — Foi tudo o que Jimin conseguiu dizer ao término da explicação de Yoongi.

[...]

Park Jimin não sabia se o que mais gostara do seu trabalho era ajudar as crianças e distribuir doces para elas, ou observar Yoongi bizarramente interagindo com os pequenos seres humanos. Jimin se orgulhava do jeito que tinha com as crianças, ele amava trabalhar com isso cursava tal faculdade por um motivo. Cresceu rodeado de seus primos e desde sempre sabia que era isso que iria fazer da vida. Mas não podia dizer o mesmo de Yoongi. O jovem não tinha o menor jeito com as crianças e isso era muito, muito divertido. Os pequenos passavam a maior parte do tempo pulando em cima do pobre homem vestido de rena. Poderia não ser o melhor trabalho do mundo, mas pelo menos, Jimin estava se divertindo.

Uma semana havia se passado e sua vida estava indo um pouco melhor do que o esperado desde que recebeu a mensagem de sua mãe. Claro que isso ainda o atormentava, mas conseguiu se distrair em seu emprego e estudando para as provas finais.

— Você estuda o que? — perguntou Yoongi, naquela sexta-feira fria.

— Quero ser professor infantil. Faço faculdade na Universidade de Seul — respondeu, terminando de dobrar sua fantasia, deixando-a pronta para o dia seguinte. — Você estuda alguma coisa?

A sala dos funcionários era bem pequena, mas como estavam apenas os dois não era algo que o incomodava. O expediente já havia terminado, mas as músicas natalinas saíam animadamente pelos alto-falantes.

— Eu ainda não decidi o que fazer de faculdade, nem sei se eu quero realmente fazer alguma coisa. — A resposta foi vaga e dita sem muito entusiasmo. Yoongi terminava de se arrumar, quase pronto para voltar para casa.

— Está tudo bem se não quiser fazer algo, mas, a não ser que você venha de família rica, não ter uma profissão pode ser ruim — aconselhou Jimin, da forma menos invasiva que conseguiu.

— Eu não venho de família rica — esclareceu Yoongi, soando bravo. — Eu passo o meu dia com uma cabeça de Rudolf, aguentando crianças remelentas. Se eu fosse rico não estaria aqui.

Jimin segurou o riso porque, bem, Yoongi tinha razão. Ele mesmo estava naquele emprego pura e simplesmente pela grana, que nem era tão alta assim. Percebeu que deixou o outro menino desconcertado com o que disse.

— Desculpe se te ofendi, não estou aqui para obrigar ninguém a entrar para a faculdade, mas…

— Eu sei… desculpe se eu respondi um pouco grosso, eu… às vezes não consigo controlar. — Yoongi colocou as mãos nos bolsos do grosso casaco, olhando para o chão, sem graça. — Esse assunto me deixa um pouco… frustrado, talvez.

— Não, eu… eu que falei demais. — Jimin terminou de arrumar sua mochila, colocando-a nas costas e parando de frente para Yoongi. — Ok, estou pronto para ir embora.

No decorrer da semana, o companheirismo dos dois jovens cresceu até que consideravelmente. Yoongi estava o ajudando com algumas burocracias que o trabalho pedia, ele o fazia companhia para o almoço e, claro, por ser a rena do Papai Noel, eles passavam grande parte do dia trabalhando juntos.

Mas, naquela sexta-feira, foi a primeira vez que Yoongi esperou Jimin se arrumar para irem embora juntos.

— Então, vamos!



Ah, o Natal! As ruas ficam lindas, todas decoradas, todas acesas, as luzes piscando em sincronia com o som ambiente dos carros. Parece louco, mas é esse toque mágico que faz o Natal ser o que é.

Os passos dos dois meninos andando lado a lado ficavam marcados na neve fofinha bem debaixo dos pés de ambos. O manto branco cobria grande parte da calçada e porta de lojas. E tudo isso era mágico. A tristeza que antes assombrava Jimin, naquele momento era uma mera lembrança jogada no fundo de sua memória.

Yoongi apenas andava ao seu lado, algumas informações banais sendo trocadas em alguns raros momentos. Eles estavam apenas apreciando a presença um do outro. Até que, ao virar a esquina para uma rua mais movimentada, deram de cara com um Starbucks.

— Vamos parar para tomar um café? — Jimin não sabia ao certo onde Yoongi estava indo, onde ele morava ou o porquê de estar andando com Jimin, mas naquele momento, parar para tomar um café lhe pareceu a decisão certa a fazer.

— Isso só pode ser um sinal divino, pois eu estou congelando e amo café! — Riu Yoongi, começando a andar ao lado de Jimin em direção à cafeteria.

O tilintar da porta chamou a atenção de algumas pessoas que já estavam se aquecendo naquela noite gélida. O local não estava cheio — Jimin pensou que estaria pior — e logo depois de escolherem algo bem quentinho para tomar, acharam um lugar ótimo para sentar, bem ao lado da janela, onde a rua conseguia ser vista.

— Eu amo essa época do ano — comentou Yoongi, sentando-se de frente para Jimin. Ambos ficaram em silêncio enquanto faziam os pedidos, mas sabiam que não poderiam passar o tempo todo assim.

Desde que viu o menino vestido de rena pela primeira vez, achou-o lindo, encantador. Yoongi não era de falar muito, Jimin já havia percebido isso, mas nada que o tempo não ajudasse. Quanto mais passavam os dias juntos, mais o menino de cabelos pretos se abria e contava um pouco mais de sua vida.

— Eu também, mas esse ano não estou muito feliz — comentou Jimin, sem querer. Não era algo que Jimin queria deixar escapar, Yoongi não tinha nada a ver com os problemas familiares que estava tendo.

— Como assim? Não está feliz? — O olhar curioso de Yoongi pesou sobre Jimin, enquanto ele só rezava para que as bebidas chegassem logo.

— Eu… Eu não estou conseguindo ver a beleza toda do Natal esse ano — confessou meio que a contragosto. Não sabia se era o certo a se fazer, abrir-se assim com alguém que acabara de conhecer.

— Mas o Natal é sempre belo, Jimin-ah. Olhe só para fora, as luzes da cidade… — falou Yoongi, apontando para algumas luzes que realmente piscavam brilhantes do lado de fora. — Não tem como não se animar, né?

O olhar esperançoso de Yoongi pedia, quase clamava, para que Jimin contasse logo o que se passava dentro daquela cabecinha cheia de tristeza.

— Você me parece uma pessoa tão alegre — confessou Yoongi, com os dedos tamborilando em cima da pequena mesa. E antes que Jimin pudesse responder, o pedido de ambos chegou.

O Caramel Latte de Jimin estava perfeito. Fazia tanto tempo que ele não se deliciava com a sua bebida favorita, que passou alguns segundos a mais apreciando o gole, de olhinhos fechados e tudo. E Yoongi? Bem, Yoongi só conseguia apreciar toda a fofura que era Jimin se deleitando com a bebida quente.

— Eu sou — foi o que Jimin respondeu depois de alguns minutos, retomando a conversa de onde estava. — Eu sou uma pessoa feliz.

— Então por que não está? — Yoongi também tomava seu café preto forte, as duas mãos segurando o copo para esquentá-las.

— Porque…

— Olha, eu sei que a gente só se conhece há alguns dias, mas… Eu gosto de você, Jimin. — Os olhos do menino loiro se arregalaram, o copo parado nos lábios entreabertos.

— O quê…?

— Eu gosto de você, de passar tempo com você. — Pousou o copo em cima da mesa, sua atenção voltada inteiramente a Jimin. — Desde que vi você xingando aquela porta pensei: “esse carinha seria um ótimo amigo”.

Amigo.

Jimin respirou fundo, voltando a bebericar seu latte. Por um segundo, pensou que as palavras de Yoongi pudessem ter outro sentido. Bem, ele não acharia ruim.

— Obrigado, eu acho. — Riu sem graça, rezando para que suas bochechas não estivessem vermelhas. — É que… Eu recebi uma notícia não muito boa, e… não consigo ficar feliz, é só isso.

— Eu sou um ótimo ouvinte.

E foi literalmente o que bastou para Jimin começar a contar da mensagem que tinha recebido dias atrás e como ele estava desesperado e triste, por mais bobo que fosse. Confessou também que aceitou o trabalho temporário mais por ajudá-lo a evitar pensar nos problemas do que pelo dinheiro. Yoongi escutou tudo pacientemente, sem interromper a linha de pensamento do outro uma vez sequer.

Quase dez horas da noite era o que marcava o relógio de Jimin no exato momento que ele parou na frente de sua porta. A neve tinha dado uma trégua, mas o frio ainda deixava uma marca avermelhada em suas bochechas. E, por mais que nem ele mesmo acreditasse, Yoongi estava ao seu lado. Ele o levou até a porta de casa.

— Bonito o prédio onde você mora — comentou Yoongi, abraçando o próprio corpo por conta do frio.

— É bem pequeno, mas para mim, é o suficiente.

— Parece ser bem aconchegante, melhor tipo de casa para morar. — Jimin só conseguia pensar se isso seria um convite. Ou melhor, uma indireta para que Jimin pudesse convidá-lo para subir. Será? Mas, antes de qualquer ação ser tomada pelo loiro, Yoongi continua a falar:

— Eu vou indo, já está tarde. — Avançou alguns passos até chegar bem perto de Jimin. As alturas de ambos eram bem parecidas, os olhos não desgrudavam um do outro. — Foi ótimo passar esse tempo com você.

Jimin ficou sem reação por três segundos inteiros, onde os lábios gelados de Yoongi encontraram com sua bochecha igualmente geladas. Catatônico, era assim que Jimin se encontrava. Yoongi o encarou sério, com medo de ter feito alguma coisa que não devia.

— Nos vemos amanhã?

— C-claro. Claro! Nos vemos amanhã, sem falta.

Yoongi apenas sorriu, percebendo o quão desconcertado Jimin ficou com a situação, dando um tímido tchau com a mão e saindo em direção ao ponto de ônibus mais perto.

[...]

No dia seguinte, o sol brilhava no céu. A neve tinha realmente dado uma trégua, e por mais que o frio continuasse, o dia de céu azul deixava tudo melhor. Era exatamente essa a desculpa que Jimin dava para Taehyung a cada vez que ele perguntava o porquê do sorriso bobo no rosto. Obviamente era o sol brilhando no céu, e não as mensagens que chegavam em seu celular.



Yoongi hyung

Já que seu Natal ficou mais triste por conta de uma mensagem, vou tentar mudar isso por mensagem também.



Jimin

Eu não quero nem saber como você conseguiu meu celular *medo*



Yoongi hyung

No seu cadastro, oras. Eu tenho acesso *emoji sorrindo grandão*



Jimin

Mas isso não é contra a lei?



Yoongi hyung

Só se você não contar para ninguém rsrsrs Você não contaria, né?



Jimin

Vou pensar no seu caso *riso maléfico*



Yoongi hyung

Porque, na verdade, eu ia pedir seu número hoje mesmo, só quis adiantar



— Com quem o senhor está falando? — A voz de Taehyung o fez assustar e dar um mini pulinho na cadeira.

— Ai que susto, Tae! — reclamou, dando um leve tapa no ombro do amigo. — Não estou falando com ninguém não, aish!

— Sei, sei. Você está grudado nesse celular o break todo, nem está prestando atenção em mim. — Um bico se formou nos lábios de seu melhor amigo. — E pelo que eu saiba, você não tem muitos outros amigos além de mim.

— Ei! Como assim? Eu tenho outros amigos sim.

— O Namjoon da aula de Comunicação Integrada não vale. Ele é um antigo crush seu, e não seu amigo.

— Eu realmente não sei como eu te aguento. — Bateu mais uma vez de leve no braço do amigo, resolvendo deixar o celular de lado para dar a devida atenção a ele. — Mas sério, não é nada de importante, apenas algumas coisas que eu tenho que resolver.

— Coisas de família? — perguntou Taehyung, curioso.

— S-sim, algumas coisas de família — respondeu Jimin, querendo mudar de assunto o mais rápido possível. O que com Taehyung era muito fácil, já que o mais novo conseguia falar sobre tudo a todo momento. Logo estavam falando do menino bonito que Taehyung viu passar e queria saber o nome, dentre outras coisas mais que iam surgindo.

[...]

Assim que o período acabou naquele dia, Jimin tinha pouco tempo para passar em casa, trocar de roupa, pegar sua fantasia, comer alguma coisa e sair correndo para o trabalho. Ouviu Taehyung o chamando atrás de si, mas jogou qualquer desculpa esfarrapada no ar e apertou o passo. Não sabia ao certo porque não contou nada para seu melhor amigo, mas queria guardar esse segredo — e Yoongi — apenas para si, pelo menos por enquanto.

A grande sorte era que seu pequeno apartamento ficava relativamente próximo de tudo. Da Universidade, de seu trabalho, do seu Starbucks favorito. O dinheiro que pagava pelo aluguel valia a pena. Conseguiu chegar a tempo de tomar um bom banho, trocar de roupa e preparar a mochila com o que precisaria para o dia. Colocou o celular para carregar e só então percebeu que não tinha respondido Yoongi desde que visualizou a mensagem, que ficou lá, lida e abandonada durante toda a manhã. Seu coração, por algum motivo, deu um salto gigantesco.

— Meu Deus, eu o deixei no vácuo! Meu Deus, meu Deus, meu Deus... — Começou a dar passos de um lado para o outro, com o celular na mão, tendo um mini surto de desespero.

A verdade era que Jimin não sabia flertar. Ele era daquele tipo de pessoa que quando achava alguém realmente bonito, não sabia como agir ou que fazer. Será que ele não ter respondido demonstrava desinteresse? Mas, se pensar bem, Yoongi disse que queria ser amigo de Jimin. Amigo! Dando bastante ênfase nessa palavra. Será que…

O som estridente do interfone ecoou pelo apartamento, tirando Jimin do pequeno surto que tinha entrado. Andou rapidamente até o aparelho barulhento, atendendo-o.

— Pronto? — respondeu assim que tirou o aparelho do gancho.

— Vem logo, estou te esperando aqui em baixo, vamos nos atrasar para o trabalho. — Era Yoongi. O que diabos ele estava fazendo na porta do apartamento de Jimin?

O menino loiro desceu as escadas dois degraus por vez, quase tropeçando no caminho. Chegou até a calçada de seu apartamento em tempo recorde, dando de cara com Yoongi, todo encapuzado por conta do frio. E, poxa, como ele estava fofo. Em menos de segundos estava parado na frente do menino que tinha em seu pensamento minutos atrás, então desatou a falar.

— Mil desculpas por ter lido sua mensagem e não ter respondido, eu pensei que eu tinha respondido, mas…

— Sem problemas, Chim — cortou a fala desembestada do menino, levantando o dedo indicador. Jimin parou de falar no mesmo instante, sentindo as bochechas corarem levemente. Até que a próxima fala de Yoongi o fez esquentar por completo. — Eu só pensei que você tinha me dado um fora, só isso — brincou Yoongi.

— Um fora?

— Sim, um fora. Eu falei que ia pedir seu telefone e como a resposta não veio, pensei que você não me daria seu número se eu pedisse.

— Eu não te daria um fora, Yoongi hyung. — Assim que percebeu o que falou, levou as mãozinhas até a boca.

— Não? — perguntou o de cabelos escuros, abrindo um leve sorriso tímido. — Hmm, bom saber disso. — Yoongi virou as costas e saiu andando em direção à rua. — Vamos, Jimin, não podemos nos atrasar.

[...]

Jimin tinha decidido! A parte mais divertida de seu emprego era ver Min Yoongi vestido de Rudolf. Nada poderia bater essa cena hilária diante de seus olhos. Yoongi não tinha o menor jeito com crianças, o que só deixava tudo ainda mais divertido e engraçado. Muitas vezes Jimin caía no chão de tanto rir, quando uma criança saia chorando dos braços de Yoongi, falando que a rena era “do mal”.

— Eu não sei mais o que fazer, Jimin! — resmungou Yoongi, mais uma vez esperando o pequeno elfo terminar de se arrumar para ir embora. — As crianças me odeiam!

— Elas não te odeiam, Yoongz! Elas só…

— Não gostam de mim, é isso? — perguntou exasperado. Ele não tinha culpa se as crianças lhe davam um medo danado. Aqueles pequenos capetinhas!

— Pare de besteira! — falou Jimin, jogando a mochila por cima dos ombros, parando de frente para Yoongi que o esperava de braços cruzados na porta da loja. — Você só precisa sorrir mais.

— Sorrir mais? Mas eu já sorrio o suficiente, olha só! — Yoongi abriu o sorriso mais forçado de todos, fazendo Jimin chorar de rir. Min Yoongi era impossível mesmo.

— Até sorrindo assim você fica lindo, como pode? — O comentário foi tão sincero que Jimin nem percebeu o que falou. — Vamos, estou ficando com fome.

Yoongi estava estático, parado como uma estátua em seu lugar, apenas absorvendo a nova informação de que Jimin o achava lindo.

Talvez Yoongi devesse mesmo sorrir mais.

[...]

Os dias passavam rapidamente e, por mais que Jimin tentasse não pensar no dia que se aproximava, ele pensava. O Natal estava quase chegando e não tinha nada o que ele pudesse fazer. Taehyung iria passar as férias com a família e Yoongi não falou nada sobre o que iria fazer no dia. Jimin não conhecia mais ninguém além dos dois, e não queria passar o dia todo com alguém que não conhecesse. É, Jimin iria passar o fatídico dia 25 de dezembro sozinho, em seu pequeno apartamento, provavelmente chorando e largado no sofá.

Depois de conhecer Yoongi, Jimin deixou uma pequena fagulha de esperança nascer em seu coração de que talvez o Natal daquele ano não fosse tão solitário assim. Yoongi não chegou a comentar nada consigo, nem mesmo quando Jimin confessou o quão triste estava de ter que passar o dia do Natal sozinho. Não o culpava, eles tinham se conhecido há menos de um mês, não era obrigação dele ter que “cuidar” de Jimin.

Mas, a cada dia que Yoongi o deixava na porta de casa com um beijo estalado na bochecha, o coração de Jimin se alegrava. Nem mesmo o frio cortante, nem mesmo a neve espessa, nada tirava o sorriso bobo dos lábios de Park Jimin.

[...]

Muitos diriam que era sorte, outros diriam que nem tanto. Muitos sonhavam em ter o tão aguardado “White Christmas”, como nas famosas músicas norte-americanas de Natal. O dia 25 de Dezembro amanheceu exatamente assim, um pesado manto branco cobrindo toda a rua. Pela janela de seu pequeno apartamento, Jimin conseguia ver as famílias reunidas em torno de uma bela e farta mesa de café da manhã. Afastou-se lentamente de onde estava, parando no meio de sua pequena sala de poucos móveis. Os olhos marejados cada vez mais e a dor o consumindo por inteiro. Foi o estopim, a gota d'água que transbordou Jimin. Os joelhos cederam e ele chorou e chorou, as mãos cobriam os olhos vermelhos, as lágrimas desciam em abundância. Jimin nunca se sentiu tão sozinho na vida. Alguns poderiam achar bobo tudo o que ele estava sentindo, mas para ele não era. Essa data sempre foi especial, Jimin sempre foi apegado à sua família e não tê-los ao seu lado naquele momento frágil era a pior dor do mundo.

Porém, mais um surto de Jimin foi interrompido, mas dessa vez não foi pelo som estridente do interfone tocando, e sim por leves batidas na porta. Jimin assustou-se, já que não estava esperando ninguém. Tentou se recompor, parando de chorar e tentando secar as lágrimas — que não iriam parar de cair tão cedo. Levantou de onde estava no chão e andou até a porta, abrindo-a sem nem mesmo ver quem estava do outro lado. Estava atordoado demais para isso.

— Feliz Natal, Jimin-ssi! — disse a voz da pessoa parada na porta. A pessoa que Jimin mais queria ver naquele momento. — Você… estava chorando?

— Yoongi! — exclamou Jimin, jogando-se nos braços de Yoongi, fazendo com que a cesta de café da manhã que este carregava nos braços caísse no chão. Jimin não se importava muito, estava tão feliz e surpreso por vê-lo parado a sua porta.

Se tudo o que Jimin e Yoongi viveram nos últimos dias fosse real — e não uma fantasia da fértil imaginação de Park—, o outro não ligaria muito para o que Jimin faria no próximo segundo. Sem tirar Yoongi de seu abraço apertado, selou os lábios em um casto beijo cheio de felicidade, sentimento que Jimin jurou que não sentiria tão cedo, pelo menos não naquele momento.

— Feliz Natal, Yoongi — falou Jimin com a voz chorosa, os lábios ainda colados no do outro, onde um lindo sorriso podia ser visto.

— Eu não esperava que nosso primeiro beijo fosse tão… molhado, mas eu amei — zombou Yoongi, recebendo um leve tapa no braço esquerdo.

— Bobo! — Jimin deixou mais um beijo nos lábios de Yoongi, mas desta vez aprofundou um pouco mais seus toques, beijando-o com mais força até que as línguas se encontrassem. O beijo cheio de lágrimas e sentimentos durou alguns minutos, até Yoongi sentir a necessidade de respirar. Puxou Jimin para dentro do pequeno apartamento, fechando a porta atrás de si, tudo isso sem desgrudar os corpos que pareciam ser feitos de imã.

— Eu trouxe um café da manhã bem gostoso para nós. — A voz rouca de Yoongi demonstrava que ele tinha acabado de acordar e, se Jimin o conhecia minimamente, sabia que o esforço para o outro levantar cedo foi gigante. Aquilo tinha que significar algo. — Deve estar um pouco revirado, mas ainda assim gostoso.

Jimin soltou uma risada gostosa, as lágrimas parando de cair aos poucos, o sorriso tomando conta de seu rosto.

— Por que você não me contou que vinha? — questionou Jimin, forçando-se a desgrudar do outro e pegando a cesta de café da manhã do chão.

— Eu queria fazer surpresa. Percebi como você ficou chateado por ter que passar sozinho esse dia. — Yoongi olhava profundamente nos olhos de Jimin, provando para o loiro que ele falava com todo seu coração. — Eu não te deixaria sozinho, Chim.

Jimin segurou as lágrimas que queriam cair com toda a força em seu ser. Porém, as que rolariam dos seus olhos agora seriam de pura felicidade. Abraçou mais uma vez o menino parado à sua frente, encaixando o rosto no pescoço cheiroso de Yoongi. Respirando fundo, Jimin também segurou na ponta de sua língua o “eu te amo” que estava nela. Ao invés disso, falou:

— Obrigado por ser o melhor presente de Natal que eu poderia receber este ano.

— Quem diria que você ganharia um Rudolf, não é mesmo? — zombou Yoongi, retribuindo o abraço com todo o carinho e ternura.

— Quem diria que eu seria o elfo mais feliz de Seul, não é mesmo?

— Não existe Natal solitário quando os ajudantes do Papai Noel estão juntos.

E assim foi assim, cheio de risadas e beijos molhados, cafés quentinhos e biscoitos natalinos, que o Natal que tinha tudo para ser o mais solitário de todos, se tornou o melhor da vida de Park Jimin.

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Notas finais: Espero que tenham gostado de ler essa belezinha natalina e que ela tenha deixado vocês com aquele famoso quentinho no coração! <3
Até a próxima!

25 de Dezembro de 2021 às 22:33 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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