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Yoongi ama o Natal. Quando era criança sempre o comemorava na casa de seus avós, nos Estados Unidos. Lá a família toda se reunia para matar as saudades e aproveitar um tempo juntos, e para ele, aquele era o melhor dia do ano todinho. Desde que se dá por gente, Yoongi lembra de passar a data com seus pais, avós, tios, primos e com Park Jimin, o filho da vizinha coreana com quem sua avó havia feito amizade. De ano em ano, os dois meninos se tornaram grandes amigos, e sempre que dezembro se aproximava, mal podiam conter a ansiedade em se encontrarem de novo. Até que o avô de Yoongi ficasse doente e tivesse que se mudar para a Coréia, para prosseguir com o tratamento ao lado de sua família. Assim, o garoto perdeu duas coisas de uma só vez: seu amigo e a magia do Natal. Dez anos depois, o destino dos dois viria a se cruzar novamente, quando Jimin se mudou para a Coréia, trazendo consigo muitas dúvidas, saudades e, quem sabe, toda a magia natalina dos dias de criança.


Fanfiction Bandas/Cantores Impróprio para crianças menores de 13 anos.

#fluffly #drama #reencontro #amigos-de-infância #comemoração #natal #yoonmin #bts #jimin #yoongi #minimini #minmin #sugamin #suji #2min #2minpjct #Amigos-De-Infancia #Bangtan-Boys-BTS #boyslove #boyxboy #btsfanfic #btsfic #fluffy #gay #hopekook #romance-gay #sujim #yaoi
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Um Beijinho para Dar Sorte

Escrito por: bbmoonie/@bbmoonie

Notas Iniciais: Oi :)

Essa história é bem levinha e cheia de momentos natalinos kkk.

Espero que vocês tenham ótimas festas de fim de ano <3

Se você gosta de ler ouvindo música, recomendo essas para entrar no clima:

Rockin' Around the Christmas Tree - Mel & Kim

Have Yourself A Merry Little Christmas - Sam Smith

Last Christmas - Wham

Jingle Bell Rock - Bobby Helms

Mistletoe (Christmas Day) - Jungkook & Jimin Cover

Queria agradecer a sweetjimin por betar essa fanfic e a @tmessi/ThalieMessi por fazer essa capa maravilhosa. Obrigada de coração, vocês são incríveis!

Boa leitura!


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4 anos


— Venham para mesa! A ceia está posta! — exclamou a senhora enquanto ajustava a última travessa que faltava, recém-tirada do forno.

— Mãe! Eu ajudo a senhora. — A mulher mais nova correu para liberar um espaço na mesa já cheia, sendo acompanhada pela senhora Park.

As duas haviam se tornado amigas dois anos antes, quando a família Min foi fazer uma típica visita de Natal aos avós de Yoongi nos Estados Unidos.

A senhora Park havia acabado de se mudar com o filho pequeno para a casa ao lado e os mais velhos não perderam a chance de convidá-la para comemorar a data com eles.

O avô de Yoongi sempre amou o Natal e todo o sentimento de comunidade e família reunida que o feriado trazia, por isso, desde que ele e a mulher se mudaram para os Estados Unidos, sempre enfeitava a casa da forma mais bonita que conseguia, cheia de luzes, estrelas, mini Papais Noéis e até mesmo uma grande árvore. E movido por todo esse sentimento, ele rapidamente teve a ideia de chamar os recém-chegados para comemorar junto.

Desde aquele dia, a família Min e a família Park passavam os Natais juntos, se divertindo e compartilhando bons sentimentos.

E assim como as duas mães, as crianças rapidamente se tornaram amigas.

Yoongi e Jimin se gostaram no primeiro minuto. Sendo as únicas crianças da casa, viram um no outro a possibilidade de brincadeiras a noite toda, cumplicidade e diversão, se tornando grandes amigos que esperavam ansiosamente o Natal para se verem novamente.

Quando a avó chamou, os dois estavam sentados no chão, brincando com os bichinhos de pelúcia temáticos que o avô havia espalhado pela casa.

— Vamos, crianças? — chamou o mais velho, levantando-se do sofá.

— Uhum! Vamos, Minnie? — perguntou Yoongi, levantando-se e estendendo a mão para o amiguinho.

O mais novo se levantou e segurou em sua mão sem falar uma palavra, rapidamente o arrastando até a mesa.

Na sala de jantar, todos comiam as mais diversas comidas — americanas e coreanas — e conversavam animadamente sobre os mais diversos assuntos, colocando as novidades em dia e compartilhando histórias divertidas que ocorreram durante o ano.

Os dois pequenos se concentravam em comer, fazendo a maior bagunça na mesa, sujando não apenas a toalha decorada, como também as mãos e os rostos, rindo da sujeira um do outro enquanto as perninhas balançavam nas cadeiras altas demais para seu pouco tamanho.

— Mãe! Terminei! Tava gostoso! — avisou Jimin se levantando rapidamente para voltar a brincar com Yoongi.

— Eu também! — Yoongi engoliu a última colherada na correria e pulou da cadeira.

— Nada disso, nada disso. — A senhora Park se levantou, logo levando os dois para o banheiro. — Vamos lavar essas mãos e esses rostinhos antes de vocês sujarem tudo, sim?

Logo depois de limpá-los, a mulher liberou os dois para brincarem na sala e voltou para a mesa, sabendo que se os fizessem ficar lá, acabariam ficando entediados e rabugentos.

Algumas horas depois todos estavam de barriga cheia, felizes e confortáveis nos sofás da sala.

— Sabe o que eu acho? Está na hora de abrir os presentes — comentou o avô inocentemente, ouvindo os gritinhos animados das crianças e as risadas dos pais, que se divertiam com a animação exagerada.

— Presente! Presente!


7 anos


— Boom! Meu carrinho virou o seu! — exclamou Yoongi, rindo da expressão brava de Jimin.

— Não! O meu que virou! Olha, olha! — O garotinho jogou o carrinho contra o do amigo, vendo os dois saírem girando pela sala.

Os dois gargalhavam alto com a brincadeira e corriam atrás dos carrinhos de novo.

— Boom!

— Boom!

— Vocês estão se divertindo, não estão, garotos? — O pai de Yoongi se aproximou, bagunçando os cabelos do filho.

— Sim!

— E tem espaço para um velhinho aí? — perguntou o avô, sentando-se o chão, perto dos mais novos.

— Eba!

— Você vai brincar com a gente, vô?

— Se vocês tiverem um carrinho sobrando...

Os amigos gritaram e correram para trazer carrinhos para o avô, mas nem dez minutos de brincadeira haviam se passado quando os Min os chamaram:

— Estamos colocando as coisas na mesa! Venham se sentando!

— Ahh, mãe! — reclamou Yoongi.

— Só mais um pouquinho, senhora Min!

— Vamos, vamos, garotos. Nós podemos continuar brincando depois! — O avô se levantou com calma segurando as mãos dos meninos e os levando para a mesa.

Lá, todos se juntavam de novo, pegando um pouco de cada prato variado que haviam feito.

— Uau! Este purê está divino! Que incrível! — comentou a mãe de Yoongi.

— Fui em quem trouxe. — Riu a senhora Park, contente pela receita ter agradado.

— Experimente um pouco, querida. Está muito bom, mesmo. — O avô se virou para a cadeira ao lado, ocupada por sua esposa, e lhe ofereceu uma colher da comida, que logo foi aceita e colocada em seu prato.

Os dois estavam a costumados com esse tipo de intimidade após tantos anos juntos, então ela o agradeceu com um leve toque nas mãos.

— Eca... — murmurou Jimin, estranhando o fato do mais velho ter colocado comida de seu prato no da senhora.

— Jimin! — repreendeu sua mãe.

O avô apenas riu e explicou para o mais novo:

— Jimin, querido. O Natal é um dia para compartilharmos carinho, cuidado. Não tem nada de errado em compartilhar o que gosta com os outros. Eu ofereci um pouco do purê para ela porque estava muito bom e queria que ela experimentasse, e ela aceitou porque queria provar. Esse é o espírito do Natal, garoto. Dar um pouco de amor, mesmo que seja em forma de purê. Pequenas ações podem demonstrar muito carinho.

O pequeno Jimin o ouvia com os olhinhos arregalados.

— Carinho...?

— Isso. É uma demonstração de carinho. Entendeu?

Ao invés de responder, o menino olhou para o próprio prato e pegou um pedaço de seu frango. Reclinou-se sobre a mesa e o colocou no prato de Yoongi.

— Carinho, né?

Yoongi o olhava com os olhinhos brilhando. Seu amigo estava demonstrando carinho... ele queria fazer também!

Pegou um pedaço de sua carne e colocou no prato do amigo.

— Carinho pra você também.

Assim os dois começaram a colocar pedaços de suas comidas um no prato do outro e tiveram que se sentar bem afastados até o final da ceia. Um de cada lado da mesa.

O jantar terminou com os dois pequenos irritados por terem sido atrapalhados em sua demonstração de carinho e com um avô rindo da interpretação fofa dos dois.


8 anos


— Vocês querem ouvir mais uma história? — perguntou o idoso sentado na poltrona e olhando os dois meninos que o encaravam do chão onde estavam sentados.

— Sim! Sim! Por favor!

O mais velho se divertia contando as mais diversas histórias de Natal para as crianças, que ouviam atentas e interessadas.

— Vocês já ouviram a história do visgo?

— Visgo? — perguntou Yoongi confuso. — O que é isso?

— Ora, Yoongi. Você o vê todo Natal, aqui. Está vendo aquela plantinha? — Apontou para as folhinhas com as bolinhas vermelhas, pendurada em cima da janela. — Aquilo é um visgo.

— Ah! Eu não pensei que tivesse um nome só pra ele — murmurou Jimin com um biquinho, também surpreso com a nova informação.

— Pois bem, esse é o visgo.

— Mas o que tem ele, vô?

— Vocês sabiam que existe uma lenda sobre ele, garotos?

— Uma lenda sobre uma plantinha?

— Isso mesmo, uma lenda sobre uma plantinha.

— Eu nunca ouvi falar!

— O visgo é uma das plantas que sobrevive até mesmo nos dias mais frios do inverno, então os povos antigos a reconheciam como uma planta mágica. Existem muitas lendas sobre ele. Algumas dizem que foi tornada uma planta do amor pela deusa Frigga, deusa do amor. Outras, dizem que é uma planta ajudada por um pássaro, que a tirou do chão para que os animais não mais pisassem em suas raízes, e por isso ela sempre nasce no alto.

— Por isso você pendura ela em cima da lareira! Pra ficar no alto!

— Isso mesmo, garotos... — O homem sorriu com ternura, vendo os dois tão animados ouvindo sua história. — Mas tem uma lenda que ficou muito popular e muitas pessoas acreditam nela até hoje.

— Qual? Qual? — Os olhinhos de Yoongi brilhavam em expectativa.

— Dizem que quando duas pessoas se beijam debaixo do visgo, elas têm muita sorte. E é por isso que nos filmes é muito comum ver pessoas fazendo isso.

— Eu já vi, eu já vi! — exclamou o garotinho mais velho, lembrando-se de uma cena.

— Já viu um filme assim, hyung? — perguntou Jimin, curioso.

— Não, Minnie. Eu vi meus pais fazendo isso, já!

— Sério? Eu nunca vi minha mãe fazendo isso com ninguém!

— Vô. — Yoongi virou para o mais velho, um pouco confuso. — Eu também quero ter sorte. O beijinho tem que ser na... na...

— Na boca? — perguntou Jimin, envergonhado, com as bochechinhas vermelhas. — Se for eu não vou ter sorte nunca, porque eu nunca vou beijar na boca.

— Eu também não! É nojento, eca. — Yoongi franziu o nariz, enojado com a ideia de beijar alguém.

O idoso gargalhou, achando graça da inocência dos pequenos.

— Hum... Vejamos... Eu acho que não. Um beijinho é um beijinho, mesmo que seja na bochecha, certo? Ou na testa, ou no nariz, ou no cabelo... continua sendo um beijinho.

— E beijo na bochecha é muito mais legal — falou Jimin, feliz com a resposta do avô.

— E menos nojento — completou Yoongi.

— Só é nojento quando são aqueles beijos babados, hyung.

Os dois caíram num coro de “ecas” seguido de risadas do avô.

— Estão se divertindo com as histórias, meninos? — A senhora Park se aproximou por trás, apoiando-se no encosto da poltrona.

— Sim, mãe!

— Então eu fico triste em acabar com a diversão, mas a comida está na mesa, vamos lá?

Os dois garotos saíram correndo na frente para se sentarem perto um do outro, enquanto a senhora Park ajudava o mais velho a se levantar.

— Obrigada, senhor Min. Você cuida muito bem desses garotos. Eu nunca vejo o Jimin tão feliz quanto nas noites de Natal aqui.

— Deixe disso, querida. — Ele abraçou a mulher pelos ombros, resmungando um pouco pela intensa dor nas costas ao se levantar. — Vocês são família, são queridos. Eu também nunca fico tão feliz durante o ano quanto fico com vocês aqui, na noite de Natal.

Os dois foram juntos para a cozinha, felizes por estarem em um ambiente tão bom, tão aconchegante.

No final da noite, quando todos já tinham comido e aberto os presentes, Jimin e Yoongi brincavam perto da janela.

Os adultos haviam se levantado para ir arrumar a mesa e recolherem as coisas para irem dormir, enquanto os dois tentavam aproveitar o tempo que restava do dia, já sonolentos.

— Hyung... — chamou Jimin. — A gente tá debaixo do visgo.

— Hum? — Yoongi olhou para cima, deparando-se com a plantinha em cima da janela. — É... Você... você quer ter sorte, Jimin?

O mais novo o olhou, hesitante, mas com os olhinhos brilhando, e assentiu, tímido.

Yoongi limpou os lábios na manga da blusa, para garantir que não estavam molhados, e fechou os olhinhos bem apertados. Aproximou-se devagar e selou a bochecha do amigo levemente.

Afastou-se logo em seguida e desviou o olhar para o chão. Os dois muito envergonhados para se encararem.

— Agora a gente vai ter sorte, né? — perguntou.

— Eu acho que sim... E, hyung... — chamou Jimin, encontrando os olhos do mais velho com os seus. — Não foi nojento, tá?

O rosto de Yoongi ficou vermelho e ele rapidamente desviou o olhar.

— Tá.


10 anos


— Ele está muito doente, querida. Não tem condições de continuar sem tratamento... — A voz de sua avó era baixa e sofrida.

— Nós concordamos, mãe. Mas ele não para de jeito nenhum! — A voz de sua mãe era cansada. — Olhe só como essa casa está!

A mais velha passou a mão no rosto e suspirou.

— O que eu posso fazer? Você sabe que ele ama isso. Não tem como o proibir de enfeitar a casa, de decorar tudo. Isso é praticamente o que o mantém aqui. Ele passa o ano bolando coisas novas, pensando nos dias que vocês passam aqui!

— Escuta, mãe... Nós tivemos uma ideia. — A filha parecia temerosa em comentar. — Nós gostaríamos que vocês se mudassem para a Coreia.

— De jeito nenhum.

— Escuta, senhora Min. Se estar perto da família faz tão bem para ele, por que não fazer o tratamento perto, também? Nós achamos que iria dar uma força para ele, que o faria se sentir melhor.

A idosa respirou fundo e passou alguns segundos avaliando a ideia.

— Eu não sei como faria para convencer ele, entende? Como nós vamos largar nossa vida aqui? Ele não vai se permitir fazer isso por causa de uma doença.

— Ah, mãe... — resmungou a mais nova, entendo a situação. — Se você acha que vale a pena, nós te ajudamos a convencer ele, sim?

— Tudo bem...

Yoongi não quis ouvir mais da conversa e saiu correndo da porta da cozinha, de onde escutava escondido.

Como assim seu avô estava doente? Como assim ir para a Coreia?

Ele se sentia perdido entre tanta informação nova, era muita coisa para sua cabeça e ele precisava compartilhar com alguém. Por isso, assim que a noite caiu e a família Park se juntou para a comemoração, ele puxou Jimin para um canto da sala afastado dos adultos.

— Minnie, preciso te contar uma coisa que eu ouvi hoje.

— O que é, hyung? É sobre os presentes?

— Não, não. É... outra coisa... — Ele estava cabisbaixo, brincando com os dedos.

— Você tá me assustando... Aconteceu alguma coisa ruim?

— Eu acho que o vovô tá doente, Minnie...

— O vovô? — perguntou com os olhinhos arregalados.

Jimin se sentia surpreso. Ele nunca imaginaria que o velhinho tão animado estaria doente.

— Mas é muito ruim?

— Eu não sei, mas acho que é... Mamãe queria que ele fosse para a Coreia.

— Ir para a Coreia? — perguntou alto, assustado com a possibilidade.

— Eu não sei, eu não sei o que tá acontecendo. Mas eu tô com medo...

— A gente podia perguntar pra sua mãe!

— Não, não — cortou o mais novo rapidamente. — Ninguém pode saber que a gente sabe, ok?

— Por que, hyung?

— Eu ouvi escondido...

— Ah... — Os ombros do mais novo caíram, seu rostinho desanimado.

— Me promete que não vai falar nada.

— Prometo.

Os dois ficaram sentados lado a lado, sem saber bem o que fazer. Estavam desanimados, assustados com as novas informações que nem sequer deveriam saber.

A noite parecia muito mais pesada, agora.

— Vem aqui... — Jimin se levantou, puxando o mais velho pela mão.

Esse ano, o visgo estava em cima da porta, enfeitando a entrada, e foi exatamente embaixo dele que o menino parou.

— O que você...?

Jimin se inclinou e deu um beijinho rápido na bochecha do outro.

Seu rostinho ficou vermelho e ele desviou o olhar para o chão, sem coragem de ver a reação do amigo.

— O quê...?

— É para dar sorte. Pra gente ter sorte. Vai ficar tudo bem.

Yoongi segurou a mão do amigo e apertou forte antes de soltar.

— Obrigado, Minnie.


12 anos


Desde o último Natal, as coisas têm sido difíceis para a família Min.

O estado do avô de Yoongi piorou a ponto de ele mal conseguir se levantar da cama, apesar de se recusar a sair dos Estados Unidos. Os pais o visitaram durante o ano todo, e Yoongi ficou sozinho em casa muitas vezes, querendo ter ido junto para poder vê-lo.

O ano foi complicado, cheio de medos, sensações novas e solidão.

Mas ele não sabia quão séria estava a situação até o dia em que seus pais o chamaram para conversar na sala.

— Yoongi, querido. Sente aqui com a gente, por favor. Precisamos conversar sobre algo sério — chamou sua mãe.

O garoto se sentou no sofá entre os pais e os esperou com expectativa.

— Você sabe que o vovô está muito mal, não sabe? — O garoto assentiu. — E nós não podemos mais ficar indo pra lá sempre, Yoon. É muito cansativo e você tem ficado muito tempo sozinho. Isso não está sendo bom para ninguém.

— Mas eu posso ficar sozinho, pai. Eu já sou grande, e o vovô deve gostar de vocês ficarem lá. Ele gosta de companhia. Não tem problema.

— Ah, querido. Você e esse seu coração... tão compreensivo... — Sua mãe afagou seus cabelos, o olhar cheio de ternura.

— Yoongi, o que nós estamos querendo te dizer é que o vovô e a vovó vão se mudar para cá.

— Eles vão vir para a Coreia? — perguntou em tom surpreso.

— Sim, querido.

Os dois adultos esperaram enquanto a cabecinha do garoto processava as informações e formava as perguntas que precisava esclarecer.

— Isso quer dizer que a gente não vai mais pra lá no Natal, né?

— Isso mesmo. Agora nós vamos passar o Natal aqui.

— Todos juntos?

— Sim. Todos juntos. A casa não vai ser mais tão enfeitada, porque não tem como o vovô fazer todas aquelas coisas que ele fazia... mas nós podemos tentar enfeitá-la — sugeriu o pai.

— Até... até o Jimin?

Os dois mais velhos se entreolharam, nenhum dos dois querendo falar sobre aquilo.

— Não, querido... O Jimin vai continuar nos Estados Unidos.

— O quê? Mas como a gente vai comemorar o Natal sem ele? — Seu tom era bravo, assustado.

Nunca em sua vida ele havia comemorado o Natal sem Jimin. Ele era seu amigo. Eles comiam juntos, brincavam juntos, abriam presentes juntos...

— Nós vamos ter que fazer assim daqui para frente, Yoongi. Eu sinto muito.

Vendo as lágrimas nos olhos do filho, seu pai logo completou:

— Mas a vovó está dando nosso endereço para ele. Ele vai poder te mandar cartas e você pode mandar de volta!

— Não é a mesma coisa!

— Yoongi, por favor.

O garoto se levantou do sofá e saiu da sala batendo o pé.

— Yoongi!

— Não é a mesma coisa! — berrou e fechou a porta do quarto com força.

Ele não conseguiu conter as lágrimas de frustração. Como tudo em sua vida tinha mudado tão rápido?

Seu avô estava doente e agora não ia mais ver Jimin.

Céus, que tipo de sorte era aquela?

Dormiu cansado de chorar e sofrer pelo o que não podia mudar.

Alguns dias depois seus avós se mudaram, mas não pareciam ser as mesmas pessoas. A mais velha parecia tão cansada que o assustava. Isso quando ela não estava ao lado de seu avô, ou estava dormindo, ou chorando.

Yoongi preferia quando ela dormia.

E seu avô, mal sorria, mal brincava, mal falava. Ele parecia nem mesmo estar lá a maior parte do tempo.

Yoongi se sentia perdido, tentando se adaptar à nova rotina de visitas ao hospital, saídas de casa no meio da noite e correria no dia-a-dia.

Mas ele não teve muito tempo para se adaptar até acontecer o que estavam tentando tanto evitar.

Uma semana depois do Natal, seu avô morreu.


13 anos


Pela primeira vez em todos os 13 anos de vida, Yoongi não comemorou o Natal.

Não havia um enfeite sequer na casa toda.

Nenhum presente fora trocado.

Ninguém jantou junto.

Ele estava sozinho.

Não parecia Natal.

Cada um estava em seu canto, fazendo algo para se distrair e esquecer de que dia era.

A dor era grande demais para ser ignorada aquela noite, e Yoongi não faria nenhum deles escondê-la por ele.

Ele também se escondeu em seu quarto e passou o resto da noite triste, cansado, perguntando-se para onde fora toda aquela magia de Natal, todo aquele sentimento de família.

Será que Jimin estava tendo um Natal legal? Ele esperava que sim.

Será que sentia sua falta? Ele duvidava, afinal, não havia recebido sequer uma carta do amigo.

Seu coração se remoía em saudades. Saudades de Jimin, do seu avô... até mesmo dos seus pais e da sua avó, que o ano inteiro pareciam tão longe, como se nem estivessem ali.

Passou um tempo deitado, ouvindo músicas no fone e lembrando dos momentos bons que passava nos anos anteriores na mesma época e, no final da noite, havia chegado a uma conclusão: os beijinhos de Jimin não davam tanta sorte assim, afinal.

A lenda do visgo era uma mentira.


18 anos


— Hey, Yoongi! Que escala você vai pegar esse final de ano? — perguntou Jungkook do outro lado do balcão.

— Eu vou ficar de manhã e de tarde na véspera, Kook.

— Ah, não, hyung!

— Eu fico dia 25 todinho, se precisar. Você nem comemora na véspera!

— É que eu queria ir em uma festa. — O mais novo fez um biquinho e o olhou com os olhinhos pidões.

— Nem prensar. A noite da véspera é minha folga. Vai numa festa no dia seguinte. Eu cubro o turno.

Jungkook bufou, sem ficar bravo de fato. Ele sabia o quão importante era pra Yoongi comemorar o Natal na véspera com sua família, mesmo que só jantassem juntos e depois cada um fosse para seu canto, então só fez um biquinho que rendeu algumas risadinhas do mais velho e foi atender os outros clientes.

Desde que Yoongi passara a trabalhar ali no café, um ano antes, os dois haviam se tornado amigos.

Jungkook era todo animado e birrentinho, ajudava Yoongi a ignorar os problemas da vida e a chatice dos dias parados. Yoongi era quieto no começo, mas, depois que se conheceram, se soltou bastante, e logo eles aproveitavam todos os intervalos para falar de jogos e músicas.

Desde então haviam se aproximado bastante, e compartilhado muitos momentos durante os dias de trabalho.

— Hyung! O Hoseok pediu pra te avisar e eu esqueci! — Jungkook se aproximou enquanto o mais velho ajeitava os pedidos na bandeja.

— Hum? O quê?

— Ele vai comemorar o Natal lá em casa esse ano! Se você quiser vir, está super-hiper-convidado.

— Acho que não vai dar, Kook.

Tentou desviar o assunto levando os pedidos para a mesa dos clientes, mas assim que voltou o mais novo continuou a falar:

— A gente ia gostar muito, muito, muito, hyung. Vai ser uma coisa só entre amigos. Vai ser legal, eu prometo.

— Ah, Jungkook! Você sabe que eu não me dou bem com gente nova e eu provavelmente vou ficar igual um pesinho morto lá.

— Nem vem! Você sabe que o meu namorado te adora! E os outros meninos também! Vão ser só eu, você, ele, o Nam, o Tae e o Jin. Eu já os trouxe aqui! Vocês sempre ficam batendo papo um tempão.

— Hum... então você e seu namorado querem que eu vá comemorar o Natal com vocês e os amigos de vocês?

— Isso!

Ele riu, leve, achando fofo as tentativas do garoto.

— Nem pensar, Kook.

— Ah, Yoongi-hyung! Qual é o problema? Vai ser legal, eu juro!

O Min só bufou e voltou ao trabalho, ignorando o olhar irritado do amigo.

— Nós também somos família, Yoon. Nós nos cuidamos como uma, nos gostamos como uma. Somos uma família de amigos, mas ainda assim, uma família. E você faz parte dela. Ou, se acha que ainda não faz, está muito convidado a fazer.

Jungkook o deixou pensando e foi atender os novos clientes que acabavam de entrar.

Naquele ano, Yoongi saiu mais cedo do trabalho no dia 25 e foi comemorar com sua outra família.

Naquele Natal, a magia parecia ter acontecido de novo.


21 anos


— Tchau, hyung! Tem certeza que consegue fechar sozinho? — perguntou Jungkook enquanto juntava suas coisas.

— Claro que sim, Jungkook. Relaxa. Vai logo.

O mais novo sorriu e abraçou o Min.

— Até amanhã! Não esquece de apagar as luzes da cozinha.

Yoongi revirou os olhos e acenou para o amigo.

Era tarde da noite de uma quinta-feira no final de outubro. O movimento no café havia parado logo após a janta, então o mais velho não viu dificuldades em encerrar o funcionamento sozinho e liberar o amigo para ir ver um filme com o namorado.

Olhou o café vazio e se preparou para limpar as últimas mesas. Como estava sozinho, não viu mal em colocar música para tocar enquanto o fazia, e logo conectou na sua playlist favorita para este fim de ano.

Novembro nem havia começado, mas ele já estava entrando no clima de Natal. O frio do inverno já havia chegado, as lojas do centro já estavam começando a arrumar as decorações e as novas coleções de roupas estavam voltando a ser temáticas.

A melhor época do ano estava começando.

Enquanto sua playlist de “Melhores do Natal” tocava pelo café, ele limpava as mesas e checava se todas as máquinas estavam devidamente desligadas.

— Last Christmas I gave you my heart… Mas que…? — A música havia parado para o som de notificação.

Suspirou e foi ver se era alguma mensagem importante da sua mãe ou de algum de seus amigos, mas acabou se surpreendendo. Era, na verdade, um pedido de amizade do Facebook.

Curioso, entrou para ver, e quase soltou o celular ao ver o nome e a foto que apareciam na telinha.

Um homem de cabelos castanhos, sorrindo grande e com os olhinhos apertadinhos. Ele se lembrava daquele rosto.

Park Jimin.

Park Jimin, seu amigo de infância, estava lhe mandando uma solicitação de amizade.

Passou alguns segundos encarando a tela, tentando entender se era real ou não, mas acabou clicando em “aceitar” com o polegar tremendo e largou o celular rapidinho.

As músicas ainda tocavam, mas ele não conseguia mais se concentrar. Por que Jimin estava o procurando? Ele queria entrar em contato? Era mesmo Jimin?

O som de notificação atrapalhou a música de novo e ele não pensou duas vezes antes de correr para o balcão e checar o celular.

Uma nova mensagem de Park Jimin” brilhava na tela.

Céus, era possível um coração bater tão rápido assim?

Com os dedos tremendo, clicou na notificação.

Oi, Yoongi! É o Jimin... Você lembra de mim?

Se ele se lembrava dele? Mas é claro! Sua cabeça entrou em pane, e ele tentou organizar as palavras antes de mandar:

Oi, Jimin. Eu lembro sim... Quanto tempo, né?

Largou o celular, ansioso pela resposta e determinado a terminar de arrumar o café logo, o que acabou fazendo em alguns minutos.

Checou o celular mais uma vez antes de sair, mas não tinha mais nada. Guardou-o no bolso e seguiu para casa.

Já na cama, antes de dormir e depois de tomar um banho quentinho para acabar com o frio da noite, checou mais uma vez e percebeu que havia mais três mensagens.

É verdade... faz muito tempo. Senti saudades, que legal que consegui te encontrar por aqui.”

Como você está?

Hey, eu estou na Coreia agora... em Busan. É meio longe daí de Seul, mas mesmo assim, estamos mais perto do que antes!”.

Jimin estava na Coreia! Seu coração disparou em ansiedade.

Coçou os olhos cansados do dia corrido no trabalho e decidiu que só responderia no dia seguinte. Assim, ele teria tempo de pensar no que diria exatamente.

Desligou o celular e colocou na mesa de cabeceira, mas mesmo estando cansado, não conseguia parar de rolar na cama e pensar em responder.

Ele tinha tantas perguntas.

Depois de dez anos, ele havia o procurado. Depois de dez anos eles estavam conversando de novo. E céus, ele queria que nada tivesse mudado.

Como Jimin estaria? Por que voltou para a Coreia? Será que ele queria vê-lo?

Não aguentou mais a própria curiosidade e pegou o celular de novo.

Eu estou bem! E você? Como anda?”.

Uau! E o que você tem achado daqui? Muito diferente dos Estados Unidos, não é?.

Esperou mais alguns minutos e percebeu que não receberia mais nenhuma resposta naquela noite. E só então conseguiu dormir.

Alguns dias haviam se passado desde que os dois voltaram a conversar. A troca de mensagens se tornou constante e intensa. Todos os momentos em que Yoongi tinha uma pausa no café, mandava alguma mensagem para Jimin, que sempre respondia o mais rápido que conseguia.

Eles já haviam conversado sobre tudo. Gostos atuais, mudanças, vida, trabalho, as dificuldades da cultura coreana — a qual Jimin estava apenas um pouco acostumado —, música e memórias.

Yoongi chegou à conclusão de que, por mais que Jimin tivesse mudado, crescido, ele continuava o mesmo garoto amável e simpático de antes. Era fácil conversar com ele, mesmo depois de tanto tempo separados.

Em alguns dias, parecia que já haviam se tornado grandes amigos de novo.

— Hyung... Quem é esse cara que você vive conversando? — resmungava Jungkook com um biquinho irritado. — Por acaso tá namorando e não me contou? Eu sou seu amigo, seu parceiro pra escapar daqui nos dias mais chatos, eu te levo pra jantar na casa do Hoseok! Eu mereço saber...

O mais velho já estava acostumado com as manhas do garoto, que não suportava se sentir excluído das novidades das vidas dos amigos, então só riu e afagou seus cabelos.

— Não, eu não tô namorando, garoto. Eu estava falando com o Jimin... Ele é... um amigo de infância. A gente voltou a conversar esses dias pela internet.

Jungkook se apoiou no balcão, os olhos arregalados com interesse.

— É mesmo? Isso é muito legal! É aquele garoto que era seu amiguinho, não é? Ele é gente boa, hyung?

— Hum? É sim... Ele é bem simpático!

— Ele deve ser um amor mesmo, pra conseguir amolecer esse seu coração de pedra horrível... — O garoto bufou irritado e se virou para ir atender uma mesa.

— Ei, ei, ei... Por que disso, tá doido, Kook? Eu não tenho coração de pedra, não — reclamou. — Por que é que você tá tão irritado?

— Porque eu não quero que você me corte mais da sua vida! Por que você não me fala sobre seus amigos? Sobre as coisas legais que acontecem?

— Ah, Jungkook... — Yoongi se divertia com a situação.

Jungkook era uma peça rara mesmo. Ele não gostava de viver colado consigo, mas ao mesmo tempo se mordia de ciúmes por qualquer coisa.

— Olha só, eu comecei a falar com ele esses dias... Se tudo der certo e a conversa render, eu te apresento, ok?

— Ok. — Abaixou a cabeça, envergonhado. — Desculpa... É que você falava dele como se ele fosse incrível... Queria conhecer um pouco mais de você, e dele também. Foi mal por isso.

— Relaxa, Kook. — Riu, divertido. — Você prece uma criança de cinco anos.

Jungkook apenas revirou os olhos e foi cumprimentar os clientes.

Yoongi suspirou e voltou a preparar os pedidos.

Ele realmente falava de Jimin como se ele fosse incrível? Ele ainda falava do mais novo com tanto carinho?

Ele nem sequer percebia que fazia essas coisas, e isso só o deixou mais preocupado. Imaginava se estava projetando a imagem e a personalidade do Jimin criança que conhecia no adulto Jimin, com quem conversava agora.

Pelos dias conversando, ele conseguiu perceber claramente que ele continuava uma pessoa simpática e receptiva, mas ainda assim, queria conhecer as características, as manias, a personalidade do Jimin de agora. Estava decidido a se policiar a não ficar lembrando dos momentos passados e focar no agora.

Mas, afinal, será que Jimin também queria conhecer seu atual “eu”? Ou será que ainda o via como o mesmo menino de 11 anos?

As dúvidas continuaram durante o dia todo, enquanto atendia os clientes, preparava cafés, conversava com Jungkook. Yoongi não aguentava mais os mesmos pensamentos martelando em sua cabeça, então decidiu apenas deixar rolar.

Ele conversaria com Jimin e, quem sabe, se ainda se gostassem como antes, poderiam se tornar amigos de novo.

A amizade entre eles parecia inevitável.

Era começo de dezembro e desde a primeira mensagem, Jimin e Yoongi não passavam um dia sem se falar. Podia ser só uma mensagem, ou uma conversa de horas durante a madrugada.

Os assuntos estavam em dia, e não paravam de criar novos. Séries, músicas, coisas que aconteciam no café ou na escola de música onde Jimin dava aula de canto. A conversa entre eles sempre fluía, independente do assunto.

E Yoongi ficava cada vez mais nervoso com cada mensagem que chegava. Suas mãos tremiam antes de responder. Quando ouvia a voz de Jimin nas ligações, seu coração disparava.

Ele sabia o que isso significava, mas tentava ignorar. Eles eram amigos. Amigos de infância que se reencontraram depois de anos. Só isso.

Nas noites em que Yoongi ficava para fechar o café, Jimin sempre ligava e eles ficavam o tempo todo conversando. Eram nesses momentos que eles conheciam cada vez mais um sobre o outro.

“Eu não acredito que você escuta músicas de Natal novembro inteiro.”

— Jimin, eu escuto músicas de Natal o ano todo. Elas são as melhores de todas.

Os dois riam enquanto o Min ajeitava as prateleiras.

“Você gosta mesmo de trabalhar aí, né?”

— Eu amo esse lugar, Minnie... — Suspirou, olhando a sua volta. — Aqui é confortável, é legal. O pessoal que trabalha aqui é incrível. Toca música o dia todo...

Jimin riu divertido. Yoongi era uma fofurinha falando sobre as coisas que gostava.

“Quero conhecer aí algum dia. O café e o Jungkook, também! Pelo o que você me conta, ele parece ser bem divertido!”

— Ele também queria te conhecer, Jimin! Sério, encheu o meu saco uma semana todinha pra isso.

As noites dos dois eram assim. Conversas sérias ou bobas, o tempo passando rápido. Era confortável, aconchegante.

“Quem sabe eu não conheça ele logo...”

Yoongi parou o que estava fazendo, travado, segurando um copo no ar.

— Como é?

“Pois é... Quem sabe um dia eu não vá te visitar aí em Seul! Seria divertido, acho...”

— Sim! — exclamou sem pensar duas vezes.

Jimin indo visita-lo em Seul? Isso só podia ser um sonho.

Seu coração não parava de bater acelerado, e ele sentia o sorriso no rosto.

Imaginava como seria se realmente visse o amigo de novo, de verdade. Como seria abraçá-lo, ouvir sua voz sem o som estranho do celular.

Céus, como ele queria. Como ele queria ver Jimin mais uma vez.

— Eu... — Respirou fundo, tentando tomar coragem para o que ia falar. — Eu quero muito que você venha, Jimin. Queria te abraçar de novo.

Sentiu as bochechas esquentarem e se sentiu feliz por Jimin não poder vê-lo no momento.

“Eu também, Yoon. Eu também queria te abraçar de novo”.

Talvez ter falado aquilo não tenha sido a melhor decisão de todas.

Desde a conversa pelo telefone, dois dias atrás, Jimin não dava sinal de vida.

Não respondia as mensagens e nem ficava online nas redes sociais. Yoongi não conseguia parar de se culpar. Será que ele havia sido direto demais? Será que deveria ter ficado quieto?

Agora, Jimin estava o ignorando. Ele com certeza daria tudo para não ter falado nada.

— Por que está tristinho, Yoongi-hyung? — perguntou Jungkook, apoiando-se no balcão.

— Ah, Kook... — O Min suspirou e se apoiou do outro lado. — Acho que fiz besteira.

— Besteira? — perguntou se ajeitando, curioso.

— É... Eu acho que falei demais e agora faz dois dias que o Jimin não fala comigo.

— Ahá! Eu sabia! Você tá gostando dele! Tá sofrendo de paixão! — exclamou.

— Fica quieto! Fica quieto! — repreendeu pelo barulho. — É, sei lá, eu acho que sim. Mas fazer o quê? Faz uns dias que ele nem me responde... Eu acho que tô preocupado.

— Hyung. — O mais novo colocou uma mão em seu ombro. — Não é porque ele não te respondeu que está bravo com você. Eu sei que vocês se falam todo dia, mas pensa que ele pode estar ocupado com coisas do trabalho, ou o celular pode ter dado problema. Pode ser qualquer coisa. Tenta não pensar demais nisso, senão você vai enlouquecer.

Yoongi suspirou e apertou a mão do amigo em agradecimento.

— Valeu, Kookie... Eu estou meio pilhado com isso, mas pode mesmo ter sido qualquer coisa. Vou tentar me distrair.

— Isso aí, hyung! Aliás, a mesa três tá precisando de atendimento.

Assim se passou o resto do dia. Yoongi tentando se concentrar no trabalho e Jungkook tentando distrai-lo.

Ele sabia que era bobeira ficar mal por causa daquilo. Jimin tinha a própria vida. Claro que ele ficava preocupado com a falta de resposta. Preocupado de alguma coisa ter acontecido, se ele tinha feito o mais novo se sentir mal, ou qualquer outro problema. Mas ainda assim, não era como se Jimin fosse colado no celular 24 horas por dia.

Ele tinha que entender que nem sempre receberia respostas rápidas, e estava tudo bem. Ele devia estar grato em estar tão mais perto de Jimin agora do que antes.

O que seriam alguns dias comparados aos anos que passaram separados?

— Vou te ajudar a fechar hoje! — falou Jungkook, virando a plaquinha na porta para indicar o fim do expediente. — Se a gente se ajudar, dá pra terminar rapidinho.

— Obrigado, Kook.

Os dois terminaram de limpar as mesas e organizar as máquinas em poucos minutos, e logo estavam saindo, enrolando-se em blusas e cachecóis para se protegerem do frio intenso.

— Eu tô congelando! Hyung, me dá abraço!

— Sai pra lá, garoto. — Riu. — Logo você chega em casa e seu namorado te dá quantos abraços você quiser.

— O do Jimin você aceitaria! Por que o meu não?

— Ora, porque...

— Então você queria mesmo um abraço meu?

Yoongi e Jungkook se viraram para encarar o homem baixinho que os olhava sorrindo.

— Jimin?

— Oi, Yoon... Eu falei que ia vir logo...

Ele não teve tempo de falar mais nada antes de ser apertado pelos bracinhos do mais velho, que o abraçava o mais apertado que conseguia.

— Olha só! Eu falei! O meu você não queria, né? — reclamou Jungkook.

— Senti sua falta — falou, ignorando o comentário do mais novo.

— Eu também senti sua falta, Yoongi. Muita.

Separaram-se relutantes e sem conseguir parar de sorrir. Jimin virou-se para Jungkook e abriu os braços, ganhando um abraço do mais novo logo em seguida.

— Então você é o famoso Jungkook?

— E você é o famoso Jimin? Queria te conhecer logo pra ver se você é tão legal quanto o Yoongi-hyung fala.

— É mesmo? Ele disse isso? — Riu. — Também queria te conhecer. Ele também fala muito de você.

— Jura? — Jungkook virou-se para Yoongi, que revirava os olhos. — Que fofinho!

Jimin riu, contente por estar reencontrando o amigo e conhecendo Jungkook.

— Você é mais novo do que eu? Ainda não estou acostumado com essas coisas de honoríficos e tal... mas você pode me chamar de hyung, se quiser.

Jungkook sorriu e o abraçou de novo.

— Ele é um amorzinho mesmo, Yoongi.

Assim que o soltou, Jimin seguiu para o lado de Yoongi e segurou sua mão.

— Eu vou indo, hyungs. Coloquem o papo em dia! — O mais novo do grupo acenou e seguiu caminho na noite fria.

Jimin e Yoongi se encararam sem saber o que falar e começaram a rir.

— Eu não acredito que você veio mesmo.

— É claro que vim... Eu estava doidinho pra te ver de novo. Demorou um pouco para chegar e eu fiquei sem internet, mas estou aqui, finalmente. Eu sei que está no começo do mês, mas queria que fosse uma surpresa de Natal.

— De Natal?

— É... Eu vou passar o Natal aqui em Seul, hyung. Vim pra gente comemorar juntos de novo.

Yoongi não pôde conter as lágrimas e abraçou o mais novo.

— Eu não acredito, Minnie...

— Eu também não. Acredite. Não parece real. Não depois de tanto tempo.

— Eu senti sua falta — repetiu.

— Eu também. Muita.

Os dois se afastaram apenas para olhar nos rostos um do outro.

— Quando a gente voltou a conversar eu me perguntava se você continuava tão fofo e legal quando antes — falou Yoongi. — Mas com o tempo eu percebi que você mudou...

— Mudei? — perguntou em um tom preocupado.

— Você é tão carinhoso e simpático quanto antes... Um amorzinho mesmo... — Corou e olhou para o narizinho vermelho do mais novo. — Mas você tá um milhão de vezes mais fofo.

Jimin riu alto, fechando os olhinhos.

— Que alívio! Achei que você estava falando sério! — Respirou fundo e analisou o rosto do mais velho. — E você também mudou... Está mil vezes mais bonito.

Os dois coraram, as bochechas esquentando em um vermelho forte.

— Jimin... — murmurou.

Os olhares não se desconectavam, os rostos se aproximando lentamente, até que os narizes geladinhos se encostaram.

— Tudo bem?

— Tudo. Tudo bem

Então se beijaram.

As mãos segurando as cinturas, os braços, os cabelos. Os lábios tão colados, as respirações misturadas.

Eles não queriam se separar nunca mais.

Depois de alguns segundos, se afastaram apenas o suficiente para olharem novamente nos olhos um do outro.

— Você... você tem onde ficar, Minnie?

— Tenho, Yoon. Vou ficar na casa de uma tia por aqui... mas vou vir todo dia no café te ver. Tudo bem?

— Tudo ótimo — sorriu.

Os dois deram as mãos e foram juntinhos para o ponto de ônibus, esperar o ônibus de Jimin, não conseguindo se conter em trocar alguns beijinhos enquanto este não passava.

— Ele é o hyung mais legal! — exclamou Jungkook.

— Seu interesseiro! Você não pode dizer isso só porque ele te dá abraço! — reclamou Yoongi, emburrado.

— Posso sim, né, Jimin? — fez manha. — Agora, se você me der um abraço, Yoongi-hyung... talvez eu volte atrás.

— Nem pensar!

— Então está decidido!

Jimin se divertia com a briguinha dos dois sabendo que era pura brincadeira.

— Quer saber? Vamos, Jimin. Meu horário já deu. Hoje o Jungkook vai fechar sozinho.

— Ah, não! Vai demorar um século, hyung!

— Chama o Hoseok. Ele te faz companhia.

— Hoseok? — perguntou Jimin.

— Meu namorado! Vou te apresentar algum dia.

Yoongi só revirou os olhos e acenou para o amigo, saindo do café acompanhado de Jimin.

— Não acredito que vou rever seus pais depois de tantos anos! Eu estou morrendo de nervoso!

— Por quê? Eles vão te adorar. Minha mãe sempre te achou uma fofura.

Os dois foram conversando sobre filmes e músicas que curtiam até chegarem na frente da casa de Yoongi, que não era muito longe do café.

— Eu não acredito! — Jimin começou a rir. — Foi por isso que você nunca respondeu nenhuma carta minha!

— Espera aí. O quê? Como assim eu nunca respondi nenhuma carta sua? Eu nunca nem recebi nenhuma carta sua!

— É claro que não! — Apontou para o número na entrada da casa. — É porque a sua casa é 721, e não 712, como a sua avó me passou. Foi por isso que você nunca recebeu nada e eu nunca recebi nada de volta.

O alívio que passou pelos corpos os dois foi imenso. A resposta para tantos anos separados finalmente tinha vindo à tona.

— Que alívio, eu... — Yoongi foi interrompido pela porta da frente abrindo.

— Yoongi? Está conversando com quem aí fora a essa hora? — Sua mãe perguntou.

— Mãe! Esse é...

— Oi, senhora Min. Acho que você não se lembra de mim... Eu sou o Jimin, que passava o Natal com vocês nos Estados Unidos.

— Jimin? Aquele Jimin pequenininho e fofinho? Quanto tempo! Entrem, entrem!

Os dois entraram na casa, seguindo a mais velha, que gritou:

— Querido! Venha aqui! Temos visita!

E a noite foi regada de conversas, risadas, lembranças e pizza, que haviam pedido para passar o tempo conversando.

Quando Jimin decidiu que era hora de voltar e se despediu de todos, a mãe de Yoongi o chamou para conversar enquanto enxugavam as louças.

— Querido, eu sei que nesses últimos anos você tem passado o Natal com seus amigos, mas... sabe... esse ano vocês podiam passar aqui.

Yoongi franziu o cenho e virou-se para a mais velha.

— Como assim?

— Eu sei que a gente não comemora faz muito tempo, mas podíamos tentar esse ano. Nós podemos decorar a sala juntos e você os chama... O que acha? — A mais velha parecia insegura em falar, mas seus olhos brilhavam em esperança.

Yoongi sentiu a garganta apertar e abraçou a mãe, sem conseguir responder.

Os dois terminaram a noite chorando abraçados e determinados a trazer a magia do Natal de volta naquele ano.

— Yoongi! — chamou sua mãe. — Eles estão para chegar! Vem para a sala!

O Min terminou de arrumar os últimos detalhes em seu quarto e foi para a sala esperar os amigos com seus pais.

Esse ano, Jungkook estaria levando Hoseok, Seokjin, Namjoon e Taehyung para comemorar junto a eles, e Jimin e sua mãe iriam vir também.

Ele estava muito animado. A sala estava decorada com uma árvore pequena, laços, estrelas e luzinhas. Ele e seus pais haviam feito comidas coreanas e americanas para lembrar o tempo em que comemoravam juntos, e cada um dos amigos ia trazer algum prato diferente. E é claro, a sua família — de sangue e de amigos — estaria junta de novo.

Depois de tantos anos, finalmente ele sentia a magia do Natal na casa.

Seu avô estaria orgulhoso.

— Chegaram! — A senhora Min se levantou do sofá e correu para atender a porta. — Queridos! Entrem, entrem.

Jungkook, o namorado e os amigos se curvaram e cumprimentaram a senhora e o senhor Min antes de tirarem os sapatos e levarem as comidas para a cozinha.

— Finalmente estou conhecendo vocês! O Yoongi sempre comenta, mas eu nunca tive a chance de conhecer vocês de verdade!

— Muito prazer, garotos — cumprimentou o senhor Min.

Logo, todos estavam espalhados pela cozinha e pela sala.

Hoseok, Taehyung e a senhora Min terminavam os últimos detalhes da mesa de jantar enquanto conversavam e se conheciam.

Jungkook, Namjoon e Seokjin conversavam com o senhor Min e Yoongi, que se remexia em ansiedade, esperando os convidados que faltavam.

— A sala está muito bonita, hyung! As luzes ficaram lindas demais! — comentou Namjoon.

— Você por acaso vai colocar aquela playlist de Natal que te faz dançar toda vez, hyung? — provocou Jungkook, ganhando um beliscão na perna, do amigo.

— Fica quieto, garoto — resmungou. — Eu não danço nadinha.

— Ah, é? E esse vídeo que eu tenho aqui?

Antes que ele pudesse mostrar qualquer coisa a campainha tocou e Yoongi rapidamente levantou para atender, metade ansioso pela chegada de Jimin e sua mãe, metade aliviado por ter cortado a conversa de Jungkook.

— Bem-vindos!

— Yoongi! — Jimin o abraçou e entrou, sendo seguido por sua mãe.

— Senhora Park. — Curvou-se. — É um prazer te ver de novo!

— Eu digo o mesmo, Yoongi! — Ela sorriu, afagando seus ombros. — Você cresceu tanto!

Eles riram, divertindo-se com o momento de reencontro.

— Minha mãe está arrumando a mesa, quer ir cumprimentá-la?

— É claro, é claro! Faz tanto tempo! Estou morrendo de saudades.

A mais velha entrou apressada, cumprimentou as pessoas na sala com carinho e foi rever a amiga, de quem sentia tanta falta quanto Yoongi e Jimin sentiam.

— Vem, Minnie. A casa não está tão enfeitada quanto ficava a casa do vovô, mas acho que ficou bem legal.

Os olhinhos de Jimin brilhavam enquanto ele olhava a sala decorada.

— Ficou perfeito. — Segurou a mão de Yoongi. — Eu senti falta disso. Não era a mesma coisa sem vocês.

Yoongi sentiu os olhos marejarem e um sorriso crescer no rosto.

— Não era mesmo. Mas agora estamos aqui. Juntos de novo.

— Juntos de novo.

— Jimin! — exclamou Jungkook quando viu o mais velho. — Vem aqui! Preciso te mostrar uma coisa!

— Nem vem, Jungkook!

E a noite continuou no mesmo clima leve e confortável. Estavam entre pessoas queridas, numa data querida que trazia muitas lembranças boas.

Todos se divertiram com as conversas, se aproximaram mais depois de se conhecerem — principalmente Jimin e Jungkook, que haviam se tornado parceiros no crime de roubar comidas da mesa antes da ceia —, se deliciaram com as mais diversas receitas de família e tiveram muitos momentos bons.

O sentimento de nostalgia e conforto se espalhava pela sala, onde todos compartilhavam história e momentos bons, riam de piadas ruins e discutiam sobre coisas bobas.

Era realmente como estar em família.

Era como funcionava a magia do Natal.

Um pouco depois da meia-noite, Yoongi disse que queria mostrar algo para Jimin e os dois foram para seu quarto.

Ao abrir a porta, foi como se um novo mini-universo tivesse sido gerado para os dois.

Havia uma árvore pequenininha em cima da cômoda, decorada com brilhinhos, luzes de natal espalhadas pelo quarto todo e, principalmente, um visgo em cima da janela.

— Yoongi...

— A gente não podia esquecer do visgo, né?

Jimin o olhava com os olhos marejados.

— Obrigado. Fazia muito, muito tempo que eu não sentia isso. Não sentia como era estar em família assim. Eu fiquei muito feliz, e minha mãe também. Obrigado por trazer a magia do Natal pra gente de novo.

— Jimin. — O mais velho se aproximou e o abraçou — Foi você quem trouxe a magia para cá.

— Espero que a gente possa comemorar assim de novo ano que vem.

— Eu também, de verdade.

— Sabe o que eu acho? — O mais novo o olhou, divertido.

— O que?

— Acho que a gente devia dar um beijinho para dar sorte.

Yoongi riu, puxando Jimin pela mão até os dois estarem de baixo do visgo.

— Na bochecha?

— Acho que não... Seus beijinhos nem são tão nojentos assim quanto eu achei que fossem.

Os dois sorriram, os olhinhos de Jimin se tornando apertadinhos e os dentinhos de Yoongi aparecendo.

Logo, Jimin segurou o seu rosto com as duas mãos e encostou as bocas levemente. Os lábios apenas se sentiram por alguns segundos, até aprofundarem o beijo.

Separaram-se após alguns segundos, abraçando-se um contra o outro, apertado.

— Acho que dessa vez vamos ter sorte — comentou o Min.

— Eu acho que a gente devia fazer só mais uma vez, só para garantir, sabe?

E se beijaram de novo.

Depois de tanto tempo, Yoongi e Jimin estavam determinados a passar todos o próximos Natais juntos. Afinal, nos braços um do outro haviam encontrado de novo a magia natalina.

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Notas Finais: Espero que tenham gostado!

Boas festas 💜

25 de Dezembro de 2021 às 01:46 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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