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Jimin sempre amara os livros. Ele era apaixonado pelas diversas histórias que se escondiam por entre as páginas. Ao finalmente encontrar um dos livros que mais queria ler na biblioteca de sua cidade, sente-se feliz como nunca. Mas, quando descobre que mais alguém havia o levado antes que pudesse terminar, o Park sente seu mundo ruir. E se o livro nunca mais for devolvido? Como ele vai saber o final? Como vai descobrir o que aconteceu com os personagens? O que Jimin não imaginava era que aquela situação tensa fosse, na verdade, se tornar uma boa oportunidade de conhecer alguém especial.


Fanfiction Bandas/Cantores Impróprio para crianças menores de 13 anos.

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Divida um livro comigo

Escrito por: bbmoonie / @bbmoonie

Notas Iniciais: Oi! Trouxe esse fluffyzinho bem leve para comemorar a Yoonmin Week! ^^ Espero que vocês estejam curtindo todo o conteúdo desses dias e aproveitando bastante <3

Muito obrigada @ChIsHiKiZi pela capa e banner maravilhosos TuT e @2minym por betar a fanfic!

Boa leitura!


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Eu sempre amei os livros. As inúmeras histórias que se escondiam por entre as páginas, a aspereza das folhas contra meus dedos, o cheiro do papel... Tudo sobre eles tornava a experiência de ler algo inovador e especial, não importava quantas vezes eu já tivesse feito aquilo.

Um livro nunca era igual ao outro, cada um era especial de um jeito próprio, e descobrir o quão únicas as histórias deles podiam ser era uma das coisas que eu mais gostava de fazer.

Infelizmente, na cidade pequena e distante em que eu vivia, não havia nenhuma livraria com lançamentos atuais e o frete para compras online era absurdamente caro, então eu tinha poucos livros próprios para ler, segurar e folhear — os poucos que eu tinha, já havia lido e relido algumas dezenas de vezes —, então, desde pequeno havia criado o costume de frequentar a única biblioteca que existia ali.

As bibliotecárias, já senhorinhas, me conheciam tanto quanto minha família após as horas e mais horas que eu passava lá conversando, procurando livros novos, descobrindo livros velhos e, obviamente, lendo.

Eu amava aquele ambiente, amava as histórias, amava ler, mas se tinha uma coisa — e talvez a única — que eu não gostava sobre a biblioteca, eram seus prazos.

Eu tinha apenas uma semana para ler os livros antes de ter que devolvê-los, e isso me irritava um pouco. Eu gostava de levar dois ou três deles para casa toda vez, sem saber de fato se ia conseguir terminar. Algumas vezes dava certo e eu conseguia, mesmo que fosse no caminho para levá-los de volta, outras vezes, eu tinha que deixá-los por lá para buscar no dia seguinte.

Eu entendia que aquela regra servia para manter um certo controle sobre as obras e para garantir que ninguém ficasse com os livros por tempo demais, mas a ansiedade de não saber se eu ia conseguir pegá-los novamente após ter que devolvê-los por um dia inteiro era um pouco assustadora.

E se alguém os levasse antes que eu pudesse pegá-los de volta após a aula no dia seguinte? E se essa pessoa não devolvesse nunca? Como eu ia saber o final da história?

Toda vez que eu precisava devolver um livro era o mesmo sentimento, o mesmo desespero. Mas, dessa vez em especial, eu não estava tão preocupado. Eu duvidava que alguém mais daquele pequeno lugar pudesse se interessar naquela obra.

— Cuidado, Jimin! Se você for até a biblioteca na volta, não traga muitos livros e lembre-se de passar no mercadinho para mim, sim? — falou minha mãe, bagunçando meus cabelos quando passei por ela na sala.

— Tudo bem, não vou esquecer — respondi, ajeitando as alças da mochila sobre os ombros enquanto colocava os sapatos com pressa. — Estou indo!

— Boa aula, querido.

A parte que eu mais gostava em ir para a escola era, na verdade, o caminho de volta. Eu passava a manhã inteira torcendo para que minhas aulas acabassem logo e eu pudesse ir para a biblioteca. E, naquela semana em especial, esse sentimento era ainda mais intenso.

Semanas de prova eram o meu terror. Elas significavam passar tardes e mais tardes estudando, sem tempo para deitar na cama e ler até que o céu escurecesse. Eu não podia esperar para que acabasse e eu pudesse voltar a passar meu tempo unicamente lendo.

E, após uma manhã cheia de aulas cansativas e provas longas, eu finalmente estava livre da escola.

Assim que o sinal soou, corri pelos portões da saída, mal me despedindo dos meus amigos e segui meu caminho pelas pequenas calçadas até chegar na biblioteca, ofegante pela correria.

— Jimin! Bem-vindo, garoto! — cumprimentou a senhora com quem eu mais conversava. Ela era uma figura divertida, com suas roupas coloridas, óculos grandes e colares de cristais, sempre com algum livro aberto ao seu lado, sendo segurado por uma caneta, uma presilha, ou qualquer coisa que ela achasse por perto. Eu a adorava.

— Veio devolver os livros da semana passada?

— Sim — murmurei, tirando-os da bolsa com cuidado. — Não consegui terminar o terceiro.

— Eu não sei por que você pega tantos de uma vez. Eles sempre vão estar aqui, você sabe. Não precisa ler com pressa.

— É que eu gosto de saber que mesmo que eu termine os outros, sempre vou ter mais alguma coisa para ler.

— E depois fica reclamando que tem que devolver — resmungou ela, revirando os olhos e pegando os livros que eu colocava sobre o balcão. — Céus, esse garoto...

— Eu gosto de desafios, okay? — brinquei, já esperando aquela reação. Nós éramos como amigos e era divertido vê-la reclamando sobre as mesmas coisas toda vez.

— Eu imagino. Então, vai voltar para buscar o livro amanhã?

— Vou, sim, e não estou tão preocupado dessa vez — gabei-me, sorrindo divertido para ela.

— Tem certeza? É um lançamento, não é? Mais alguém pode querer levar.

— Não acho que tenham muitas pessoas interessadas em romances assim por aqui.

Eu nunca havia encontrado alguém que se interessasse por histórias de romance entre homens naquela cidadezinha. Eu tinha certeza que era o único. Afinal, aquela era a primeira vez que um livro atual com aquele tema chegava ali e ninguém mais parecia ter se interessado em pegá-lo para ler antes de mim.

Normalmente, eu me contentava em ler histórias com personagens da comunidade LGBT na internet, sem muita esperança em conseguir encontrar algum livro físico com um relacionamento gay na biblioteca — eu já havia passado horas e mais horas procurando —, então, quando o vi entre as prateleiras, senti meu coração disparar como nunca antes.

Ser o primeiro a colocar meu nome na lista de retirada dele me fez sorrir como se tivesse acabado de descobrir que havia tirado uma boa nota em uma prova de literatura, ou quase tanto quanto quando minha mãe fazia meu bolo favorito. Era um sentimento muito bom.

— Tudo bem, então. Park Jimin, o único interessado por este livro na cidade toda.

Eu apenas ri e revirei os olhos, indo dar uma última olhada nas prateleiras antes de voltar para casa, mas, como sempre, acabei me perdendo por entre as diversas histórias e mal vi o tempo passar.

— Ei, Jimin, apresse-se aí — chamou a bibliotecária, erguendo-se de trás do balcão para arrumar suas coisas. — Nós já vamos fechar.

— Ah, merda — murmurei, ajeitando a bolsa e correndo para a saída.

— Não vai levar nenhum hoje?

— Não vai dar para escolher, estou atrasado! Ainda preciso passar no mercado para a minha mãe — respondi rapidamente, acenando em despedida. — Volto amanhã!

Era ruim a sensação de voltar para casa sem nenhum livro, mas eu preferia não levar nenhum a escolher algum na correria e não gostar depois. Eu não gostava de abandonar livros pela metade, então sabia que teria que ler até o final, mesmo que não me agradasse, e com tão pouco tempo livre naquelas tardes, aquele era um risco que eu não queria correr.

De qualquer forma, assim que saísse da escola no dia seguinte, passaria ali e pegaria o livro que eu tanto queria ler, para finalmente mergulhar ainda mais na história de um dos casais que estava se tornando um de meus preferidos.

[...]

— Como assim levaram o livro?!

— Eu te avisei, garoto. As pessoas se interessam por lançamentos.

— Mas, mas...

— “Mas”, nada. Acontece. É normal as pessoas levarem livros novos. Ainda mais jovens como você, que estão sempre atrás de coisas atuais.

— Jovens? A pessoa que levou era da minha idade?

— Provavelmente. Tinha cara de criança, como você.

— Eu não tenho cara de criança! — briguei, bufando irritado. — Eu já vou fazer dezoito anos, okay? E eu só estou surpreso. Não conheço muitas pessoas da minha idade que vêm aqui. E as que eu conheço não acho que se interessariam por aquele livro.

Não era como se eu conhecesse cada pessoa da minha cidade para saber se eram héteros ou não, ou se gostavam de romances como aquele ou não, mas em todas as fichas de livros com qualquer sinal de um romance que não parecesse ser hétero, meu nome era um dos únicos que apareciam. Então, era uma surpresa imaginar que alguém “jovem” também se interessasse por temas como aquele por ali.

— Bom, se você quiser dar uma olhada na ficha para saber se o conhece, fique à vontade. E não se estresse, Jimin. Você pode vir pegar o livro na semana que vem, sim?

Eu só resmunguei enquanto folheava a pasta de fichas. Não estava contente com a ideia de não poder descobrir o final da história tão cedo, mas definitivamente não estava tão triste ou irritado quanto achei que pudesse ficar. Eu me sentia mais curioso do que qualquer outra coisa.

Quando finalmente achei a ficha do livro, olhei para a linha ocupada abaixo da qual eu havia anotado meu registro. Escrito com letras apertadinhas, pude ler o nome “Min Yoongi”.

— Ele parecia ser legal? — perguntei, sem conseguir conter minha curiosidade.

— Parecia, sim. Talvez vocês até fossem gostar de conversar. Não sei, pessoas da sua idade se entendem.

— É, talvez — sussurrei, passando os dedos pela página uma vez antes de fechar a pasta.

Seria legal conhecer alguém da minha idade que tivesse a mente aberta sobre aquilo. Eu não podia negar que estava surpreso, mas ao mesmo tempo um pouco esperançoso.

Talvez eu não estivesse sozinho ali.

— Você pode pegar ele de novo depois — falou a senhora Choi, com um tom mais doce, tentando me reconfortar. — Por que não vai dar uma olhada nas outras coisas que chegaram? Talvez tenha algo interessante.

— Tudo bem. E eu vou vir todo dia para saber se ele já devolveu o livro. Então, se acontecer, esconda ele para mim, por favor.

— Jimin! — A senhora riu alto, fazendo-me sorrir inevitavelmente. — Você sabe que eu não posso fazer isso.

— Por favorzinho?

— Não — bradou ela, ainda sorrindo, antes de me espantar com uma das pontas de sua echarpe. — Agora vá dar uma olhada nos livros, vá.

Naquele dia, voltei com mais um livro para casa, mesmo que não estivesse tão interessado em lê-lo.

Eu só queria saber sobre o final do romance que tanto queria estar lendo e, talvez, conhecer a pessoa que também havia se interessado por ele.

[...]

Fui à biblioteca todos os dias daquela semana, esperando conseguir pegar o livro de volta, mas em nenhuma delas ele havia sido devolvido.

Não posso negar toda a paranoia que me atingiu naqueles dias. Eu temia que o livro não fosse mais devolvido, temia que não pudesse saber o final ou ter a experiência de pegá-lo novamente em minhas mãos. A senhora Choi tentava me acalmar nestes momentos, lembrando-me de que ainda haviam alguns dias de prazo e que, logo, não devia me preocupar, mas mesmo sabendo que ela estava certa, eu não conseguia deixar de me sentir nervoso.

Foi só no começo da semana seguinte, enquanto eu tentava me convencer a não ter mais esperanças, que tive a boa notícia:

— Oi, Jimin! Adivinha o que foi devolvido ontem?

Corri até o balcão com o coração disparado no peito.

— Por favor, diz que é o que eu estou imaginando que seja.

— Bom, eu ainda não aprendi a ler mentes — brincou a bibliotecária —, mas se você está imaginando que é aquele livro que você queria pegar...

Eu não pude conter uma exclamação animada enquanto me debruçava no balcão.

— Você guardou para mim?

— Eu não posso fazer essas coisas, Jimin, é contra as regras da biblioteca — resmungou, empurrando-me para longe do balcão. — Mas...

— Ah, senhora Choi, você é incrível!

— Eu nem completei, garoto. Enfim, como eu estava dizendo... Mas o jovenzinho que havia o levado acabou de devolver, para a sua sorte — explicou ela, pegando o livro da mesa e o entregando para mim.

Animado, abracei o livro contra o peito e não pude deixar de olhar para os lados, curioso sobre o garoto de quem ela estava falando.

— Ele já foi.

— Como você sabe que eu estava procurando ele?

— Jimin, você tem me perguntado sobre ele a semana toda. Acho que estava mais interessado nele do que no livro.

— O quê?! Nunca! Livros são mil vezes mais interessantes do que as pessoas. Isso é um ultraje — brinquei, tentando desconversar.

A verdade é que eu realmente queria saber quem ele era. Min Yoongi. Aquele nome não saía da minha cabeça de jeito nenhum desde a semana passada. Eu queria saber se ele gostava de ler, se estudava na mesma escola que eu, se havia gostado do livro, se... Se ele era como eu.

Eu me sentia sozinho naquele lugar. Sabia que, provavelmente, não estava de fato só. Eu não conhecia todo mundo na minha cidade, afinal. Mas não havia ninguém além de amigos virtuais que fossem da comunidade ou que me entendessem tão bem. A ideia de ter alguém tão próximo era confortável, agradável.

— Ele sempre passa bem cedinho, se você quiser encontrá-lo alguma hora — murmurou ela, como quem não quer nada.

Apenas balancei a cabeça, tentando afastar a ideia.

— Eu só queria pegar o livro de volta, não quero nada com Min Yoongi.

— Você até sabe o nome dele!

Encarei-a com os olhos arregalados, sem saber o que falar. Eu não tinha como me defender daquela vez.

— Eu vou indo. Tenho que voltar cedo para casa hoje — falei, anotando novamente meu nome na ficha do livro.

Eu não teria outra escapatória para aquela conversa a não ser ir embora.

— Tudo bem. E espero que você termine ele dessa vez, se não, o garoto vai acabar levando de novo.

— Como assim?

— Ele perguntou se muitas pessoas estavam interessadas nesse livro e se ele saía muito. Acho que assim como você, ele não conseguiu terminá-lo.

— Ah... tudo bem — murmurei, acenando para a senhorinha. — Vou terminar de ler hoje mesmo.

Ela apenas riu e acenou de volta, sabendo que aquilo provavelmente era verdade.

E poderia ter sido. Se uma ideia não tivesse surgido em minha mente no caminho de volta para casa.

[...]

Uma semana havia se passado desde que eu pegara o romance na biblioteca. E mais uma vez não havia conseguido terminá-lo.

Provas, trabalhos da escola e o fato de que eu não queria terminar de ler haviam me impedido.

Passei a semana inteira pensando se a ideia que havia tido era muito boa ou muito estranha. Se alguém que não fosse Min Yoongi pegasse aquele livro, tudo estaria perdido. E seria, de fato, muito estranho.

Mas não consegui conter minha curiosidade. Eu nunca teria coragem de falar com ele pessoalmente — eu nem o conhecia! —, então deixei que os livros fizessem isso por mim.

“Olá. Espero que a pessoa que esteja lendo esse bilhete seja Min Yoongi e se não for, jogue fora, por favor. Seria muito vergonhoso ter mais alguém lendo isso.

Eu sei que isso soa meio estranho, mas eu juro que não sou um stalker, ou um maluco, ou qualquer coisa do tipo. Meu nome é Jimin e eu vi o seu nome na ficha de leituras desse livro. É por isso que eu sei como se chama.

Eu não sabia que haviam mais pessoas interessadas em temas como esse nessa cidade e a senhora Choi (não sei se a conhece, ela é a senhorinha que está sempre vestida com roupas coloridas e tem óculos grandes) me disse que você parecia ter a minha idade. Então queria te conhecer.

Mas eu sou tímido e essa situação já é estranha o suficiente assim, então preferi fazer isso por meio do livro.

Enfim, você também está no terceiro ano? Gosta de romances? Qual é o seu livro favorito?

P.S: Não precisa responder se não quiser.

P.P.S: Ainda não terminei de ler o livro, então vou pegá-lo na outra semana de novo. Não fique bravo comigo.

P.P.P.S: Se quiser conferir, meu nome também está na ficha. Eu juro que não sou um stalker.

Com curiosidade, Jimin.”

Minhas mãos tremiam enquanto eu ajeitava o bilhete na primeira folha do livro. Eu esperava que Yoongi não achasse aquilo tão bizarro enquanto eu estava temendo.

Aquele bilhete poderia não resultar em nada, mas ainda assim, era uma tentativa. Eu realmente queria fazer um amigo que me entendesse naquela cidade e aquela parecia ser minha única oportunidade.

Durante todo o caminho até a biblioteca me perguntei se aquela era realmente uma boa ideia, mas minha curiosidade não me deixou tirar o bilhete do meio do livro e logo eu havia o devolvido.

— Você é mesmo o Jimin? — perguntou a senhora, abanando sua echarpe do dia na frente de meu rosto. — Eu acho que não.

— É claro que sou eu.

— Jimin? Levando um livro só para casa e devolvendo sem terminar? Impossível.

— Eu tive que estudar muito para as provas. Mas, e aí? Chegou algo novo? — perguntei, tentando mudar o rumo da conversa. Se eu falasse demais, ia acabar contando sobre o que havia feito.

A bibliotecária apenas me olhou com os olhos semicerrados, mas para o meu alívio, decidiu parar com as provocações.

— Nada. É difícil chegar coisas novas por aqui, mas devolveram vários livros essa semana, talvez tenha algo legal para você.

— Provavelmente — respondi, animado. Se eu ia esperar mais uma semana para pegar o romance de volta, então ia tentar me ocupar com alguma outra história legal, o que não faltava ali. — Vou dar uma olhada, okay?

Ela apenas assentiu, voltando a catalogar livros enquanto eu ia em direção às horas e mais horas que passaria entre as prateleiras, pensando se Yoongi leria meu bilhete.

[...]

Eu havia passado o dia inteiro ansioso e inquieto, sem conseguir prestar atenção em nenhuma aula. Não via a hora de chegar na biblioteca e descobrir se Yoongi havia devolvido o livro — e se não havia me achado maluco.

Tentei parecer calmo o suficiente para a senhora Choi, esperando que ela não desconfiasse de nada. Se ela descobrisse que estava usando um dos livros como pombo correio, ia ficar irritada ou, muito pior, ia me provocar por isso pelo resto da minha vida.

— Você está mesmo animado para terminar esse livro, não é? Mal falou comigo hoje e já foi buscá-lo.

Senti minhas bochechas esquentarem e rapidamente desviei o olhar, pigarreando para tentar disfarçar meu embaraço.

— Estou sim. Tive que esperar uma semana inteira para poder ler ele de novo.

— Ah, sim... — murmurou, arqueando as sobrancelhas e sorrindo. — Você e aquele outro garoto estão intercalando semanas com ele?

— Pois é, acho que sim — desconversei enquanto esperava ela me entregar a ficha dos outros livros que eu estava levando.

Sem mais provas ou trabalhos, eu estava livre para ler como antes, então minhas idas até a biblioteca haviam novamente se tornado horas e mais horas de busca por títulos interessantes e histórias diversas. Mas, naquele dia em especial, eu havia escolhido rápido demais, sem conseguir parar de pensar em chegar em casa e abrir o romance para descobrir se havia recebido alguma resposta.

— Ah, o outro menino não terminou de ler, então se você não quiser passar mais uma semana esperando, recomendo que dê prioridade para esse livro que você tanto gostou — falou ela.

Eu tentava ignorar seu olhar afiado enquanto terminava de anotar o meu nome, assentindo e engolindo em seco para me impedir de falar qualquer coisa.

— Obrigado por avisar. Eu vou tentar terminar ele logo.

— Sabe que pode pegá-lo quantas vezes quiser, Jimin. Só estou avisando porque sei que você não gosta de esperar muito para saber o final das histórias. Sempre impaciente, como todos os jovens. Apressados, não sabem apreciar o ritmo calmo das coisas.

Eu não consegui conter um sorriso. Mesmo nos meus dias mais tensos — como aquele, em que a ansiedade me corroía —, a bibliotecária conseguia me animar.

— Não se esqueça de devolvê-los na semana que vem! — bradou ela antes que eu saísse pela porta. — Todos eles.

— Pode deixar!

Assim que coloquei os pés para fora da biblioteca, corri em direção à minha casa, mal sentindo a mochila pesada sobre os ombros.

— Oi, filho. Voltou rápido hoje — disse minha mãe quando me viu entrando apressado.

— Acabei escolhendo rápido os livros. — Parei no caminho para abraçá-la, logo sendo espantado com tapinhas leves por estar tampando sua visão da televisão. — Vou para o meu quarto.

— Logo a janta estará pronta! Não durma antes de comer!

Eu não respondi enquanto corria para meu quarto, sem nem me dar ao trabalho de trocar as roupas antes de fechar a porta e conferir o romance.

Minhas mãos tremiam enquanto eu segurava o papel dobrado entre os dedos. Aquele não era o mesmo bilhete que eu havia deixado entre as páginas uma semana antes.

Abrindo com cuidado, quase deixei o livro cair no chão. Eu havia recebido uma resposta!

Eu tinha vontade de gritar de animação, mas se minha mãe me ouvisse provavelmente ficaria preocupada e eu levaria uma bronca, então apenas coloquei o livro na mesa de cabeceira e me joguei na cama, abraçando um travesseiro enquanto rolava pelo colchão.

Eu nem sabia se a resposta dada era boa ou só um aviso para parar de importuná-lo, mas o alívio de não ter sido ignorado ou de o livro não ter parado nas mãos de outra pessoa era absurdamente grande.

Respirei fundo, tentando juntar todo o restinho de calma que ainda havia em mim, e peguei o bilhete, abrindo-o lentamente.

“Oi, Jimin. Por sorte, fui eu mesmo quem li o seu bilhete (acho que realmente seria estranho se mais alguém o pegasse haha).

Não vou negar que me assustei um pouco no começo, mas a senhora Choi me disse que você era meio doidinho, mesmo. Achei fofo.

Eu também não sabia que tinha mais alguém interessado em romances gays, então fiquei bem surpreso em ver seu nome na ficha. Não tem muitos livros sobre isso aqui, não é? É uma pena, tem tantas histórias boas que podiam estar na biblioteca também.

Não vou negar que é uma situação meio estranha, mesmo, mas eu também quero te conhecer. Então, vou responder suas perguntas.

Não, eu não estou mais no terceiro ano. Me formei ano passado, agora estou tirando um ano para decidir o que vou fazer da minha vida. E boa sorte com esse último ano de colégio!

Eu não tenho um livro favorito. Realmente não consigo escolher um. Todo livro que eu leio parece ser um dos meus favoritos no final.

Sobre romances, eu amo! É o meu gênero favorito. Eu amo como as coisas sempre parecem funcionar bem nos romances perfeitos e como os relacionamentos são bonitos neles. Fico me perguntando quando vai acontecer comigo sempre que termino de ler um.

Inclusive, tenho muitos romances para indicar! Eu não conheço muitas pessoas que curtem esse estilo, então adoraria falar mais com você sobre eles se você quiser.

Mas e você, Jimin? Como você é? De que tipo de livros gosta? Você parece ser bem legal.

Igualmente com curiosidade, Yoongi.”

Eu não conseguia parar de ler e reler o bilhete em minhas mãos. Eu não conseguia acreditar que realmente havia recebido uma resposta e que ela havia sido tão boa.

Meu coração estava disparado no peito. Eu nunca poderia esperar uma resposta tão leve e divertida ao mesmo tempo. Min Yoongi era tão legal. Eu nem mesmo fiquei irritado com a senhora Choi por ter falado para ele que eu era “doidinho” — ele tinha achado fofo e isso era tudo o que importava.

Mais do que nunca, eu queria conhecê-lo. Mesmo tendo contato com ele apenas por meio de algumas poucas palavras, tinha a sensação de que ele era uma pessoa muito agradável. E fofa. E divertida. E simpática. E...

Sem conseguir parar de sorrir, corri para minha mesa, pegando um papel e uma caneta, pronto para respondê-lo.

[...]

— Você nunca vai terminar esse livro, Jimin? Isso está ficando estranho — murmurou a bibliotecária, me encarando com um olhar desconfiado.

— Eu vou! É que as coisas têm sido meio corridas.

— Uhum, entendi. Por isso você termina todos os outros que leva para casa, menos esse? — provocou, arqueando uma sobrancelha.

— Não! Eu só... — Engoli em seco, sem saber o que falar.

— Você e aquele outro garoto que também está lendo e não terminam nunca andam muito estranhos. Parece até que estão aprontando alguma coisa.

— Oras, aprontando por quê? Eu nem sequer o conheço.

A senhora Choi apenas assentiu, revirando os olhos. Nem eu acreditaria naquela mentira mal contada.

A verdade é que fazia mais de um mês que eu falava com Yoongi. Nós vivíamos trocando bilhetes, nos conhecendo mais, falando sobre a vida, sobre como éramos e sobre o livro, é claro.

Com o tempo, descobri que Yoongi também era tímido e que havia adorado a ideia de conversar por meio do livro, e que ele também havia ficado curioso sobre mim — eu juro que minha pressão caiu quando li essas palavras.

Eu também havia descoberto que ele, assim como eu, fazia parte da comunidade LGBT. Isso me deixou feliz de um jeito que eu mal sabia como explicar. Eu não me sentia mais tão sozinho ali tendo um amigo que vivia tão perto e que me entendia tão bem. Nós conversávamos sobre nossas descobertas, aventuras, preocupações. Sobre tudo.

Era muito bom tê-lo ali para me ouvir e era igualmente bom estar ali para ouvi-lo.

Yoongi era uma pessoa realmente encantadora. Eu estava amando falar com ele, mesmo que por meio de pequenos pedaços do papel, e não podia esperar para conhecê-lo mais e mais.

Mas, estranhamente, quando a oportunidade apareceu, eu simplesmente travei.

Havia quase uma semana desde que eu havia lido o novo bilhete do Min e eu não conseguia responder de jeito nenhum.

“E se a gente se encontrasse algum dia? Para falar do livro, de outras histórias, da vida... Mas só se você puder e quiser, é claro”.

Aquelas palavras haviam me perseguido por dias a fio. É claro que eu podia. É claro que eu queria. Mas era Min Yoongi. Uma das pessoas mais legais com quem eu já falara. A pessoa que estava, aos poucos, se tornando muito especial para mim.

Eu tinha medo de aceitar o convite e acabar causando uma má impressão. Não queria desapontá-lo por qualquer motivo absurdo que minha mente criasse.

Eu sabia que aquilo era apenas fruto de minhas paranoias e pensamento excessivo, mas não consegui parar para escrever uma resposta durante toda a semana, por mais rápido que meu coração batesse só de pensar em vê-lo. Então, sentado em umas das mesas de madeira da biblioteca, eu me obrigava a escrever o bilhete.

Não havia mais tempo para procrastinar e me impedir. Se eu quisesse continuar falando com Yoongi, teria que respondê-lo de uma forma ou de outra.

Enquanto mordiscava a caneta, pensando nas palavras certas, ouvi a voz da senhora Choi soar:

— Ei, garoto, você está adiantado hoje.

— Oi, senhora Choi. Como assim, adiantado? — A voz que soara era rouca, agradável.

— Tecnicamente o livro só seria devolvido amanhã.

— Ah, merda — reclamou o garoto. — Acho que acabei me perdendo nos dias.

Sua risada doce foi o que me fez deixar a timidez de lado para encará-lo.

Era jovem, baixo, com cabelos castanhos e, definitivamente, lindo. Sem contar com seu sorriso fofo.

Eu nunca havia o visto por ali, então rapidamente desviei o olhar, temendo ser pego observando um desconhecido. Aquilo seria estranho.

— Mas, para sua sorte, o Jimin acabou de vir devolver o livro. — Ao ouvir aquelas palavras senti todos os meus pelos se arrepiarem. O livro? Aquele livro? — Ei, Park! Venha aqui!

Com o corpo todo tremendo, andei até o balcão com os olhos fixos no chão.

— Oi, algum problema? — perguntei, sem saber como começar aquela conversa.

— Esse é o Yoongi. Ele veio buscar o livro. Que sorte que você estava aqui! Finalmente vão poder se conhecer.

Sem conseguir responder nada, virei minha cabeça em direção a do garoto ao meu lado. Ele era ainda mais bonito de perto, com seus olhos afiados e seu sorriso tímido.

— Jimin?

— Oi, Yoongi — respondi, sentindo minhas bochechas se esquentarem. — É um prazer te conhecer.

— É um prazer, também.

Eu estava enlouquecendo, debatendo sobre como poderia aceitar seu convite sem parecer desesperado, quando nem mesmo precisaria fazer aquilo. Porque agora Min Yoongi estava na minha frente.

— Por que vocês não vão conversar um pouco no jardim? — perguntou a bibliotecária, lançando uma piscadinha em nossa direção.

Meu queixo caiu ao vê-la fazendo aquilo, mas mal tive tempo de processar o que havia visto quando a voz de Yoongi soou:

— Acho que seria legal. Quer ir, Jimin?

Assenti, sorrindo para ele.

— Ei, leve sua bolsa! — brigou a senhora Choi. — Na verdade, está calor hoje. Por que não aproveitam para passar na sorveteria?

Antes que eu pudesse respondê-la, desviei o olhar para o Min, que me encarava com expectativa.

— Você quer?

— Tudo bem. Quero sim. — Não consegui conter o sorriso largo que se abrira em meu rosto ao lhe responder. Aquilo havia sido muito mais simples do que eu esperava.

Peguei minhas coisas correndo e andei até o seu lado, acenando para a senhora que se despedira com um sorriso brincalhão nos lábios.

A brisa do fim de tarde do fim de tarde era agradável. O sol se punha lentamente no horizonte, deixando o céu alaranjado. Poucas pessoas caminhavam pelas calçadas, entre elas, algumas crianças que voltavam da escola e riam alto, conversando e brincando pelo caminho.

Era um momento agradável, que se tornara ainda mais intenso com a presença da pessoa ao meu lado.

— Eu sabia que éramos os dois meio tímidos, mas, céus, isso é engraçado.

Eu ri, empurrando-o de leve.

— Eu não sei como reagir, okay? Estou feliz e surpreso e...

— Eu também estou — falou ele, fazendo-me arregalar os olhos. — Também estou feliz em ter te encontrado, Jimin. Não via a hora disso acontecer. Você é uma pessoa muito... Legal.

— Você também é muito legal.

Nós andávamos lado a lado em direção à única sorveteria da cidade, que não era muito longe da biblioteca.

— E fofo. E divertido — completei, sem conseguir me conter.

Olhei de canto de olho para Yoongi, vendo suas orelhas avermelhadas. Ele era impossivelmente adorável na vida real.

— Vem — chamei sua atenção quando chegamos na porta da pequena lojinha. — De que sabor de sorvete você gosta?

— Chocolate, e você?

— Ah, não, Yoongi. Chocolate é o pior de todos!

Ele fez uma expressão exagerada de indignação, balançando a cabeça.

— Realmente, eu quase caí por alguns minutos.

— Caiu?

— Na mentira.

— Que mentira? — perguntei, confuso.

— De que você era uma pessoa perfeita, mas acho que pessoas perfeitas realmente não existem — murmurou com um biquinho nos lábios. — Chegou perto, Jimin. Mas quem fala mal de sorvete de chocolate não tem bom gosto.

Foi a minha vez de forçar uma expressão surpresa para disfarçar o sorriso que teimava em se abrir em meu rosto, empurrando-o de leve para desviar sua atenção.

— Eu não acredito nisso, Yoongi. Só falta me falar que você não gosta de sorvete de morango, que é o melhor de todos, é claro.

Diante de seu silêncio fingi surpresa, desatando a rir logo em seguida.

O clima com ele era leve e agradável. Era como se já fôssemos próximos. E eu amava aquilo.

Após fazermos nossos pedidos, Yoongi sorriu tímido e disse:

— Vamos sentar.

Assim que se virou em direção às mesas, segurou em minha mão, fazendo com que todos os pelos do meu braço se arrepiassem.

Céus, sua mão era quentinha. Eu não queria soltá-la nunca.

Quando sentamos em uma das mesas no fundo do pequeno salão, nossas mãos se soltaram, fazendo com que eu franzisse o cenho em irritação. Eu realmente queria ficar segurando a sua mão o tempo todo.

Comecei a tomar meu sorvete calmamente, observando-o aproveitando o seu. E então, percebi sua palma virada para cima sobre a mesa, como um convite mudo.

Engolindo a vergonha, estendi a minha mão com calma até a sua e descansei minha palma sobre ela, logo sentindo-o acariciar meus dedos com seu polegar.

Desviei o olhar para o meu doce sem conseguir parar de sorrir.

— Você é ainda mais bonito do que eu imaginei — sussurrou. — Que sorte tive em passar mais tarde na biblioteca hoje.

Meu coração batia rápido no peito. Eu não sabia como reagir, porque aquelas palavras poderiam ter facilmente saído da minha boca.

— Sabe, eu não posso negar que fiquei um pouco bravo quando você pegou o livro naquela primeira vez — falei, revirando os olhos. — Mas fiquei curioso também. E, de verdade, fico feliz em ter esperado aquela semana. Foi bom te conhecer. Por vários motivos.

— E eu fico feliz que você tenha escrito aquele bilhete. Foi incrível falar com você e ter tido a chance de te conhecer.

Olhei em seus olhos, sorrindo bobo ao vê-los fechadinhos por causa do sorriso fofo que estampava seu rosto.

— Eu achei que você ia me achar meio estranho.

— No começo eu achei, sim — disse ele, fazendo-me chutar sua canela de leve sobre a mesa. — Ei, não me chute! Mas, não sei, você pareceu ser tão único desde o começo.

— Você também é único. Você é a única pessoa que me entende, que toparia conversar por bilhetes comigo. — Respirei fundo, juntando coragem para dizer as próximas palavras. — Você é o único que faz meu coração bater rápido assim.

Aquela era uma confissão meio rápida, eu sabia, mas, ao mesmo tempo, tinha certeza do que eu sentia. Após bilhetes e mais bilhetes e um final de tarde tão gostoso em sua companhia, não podia nem sequer tentar negar a mim mesmo.

Eu gostava de Yoongi.

— Que bom, então.

— O quê? — questionei, confuso.

— Que bom que eu não sou o único que sente isso.

Apertei sua mão sobre a mesa, trocando um sorriso contente com ele. E, naquela sorveteria antiga e pequena — como todo o resto da cidade —, eu tive certeza que estava segurando a mão de alguém especial.

Alguém que me entendia, que compartilhava os mesmos sentimentos que eu. Alguém que fazia meu coração disparar.

Alguém com quem eu topara dividir um livro por semanas.

Min Yoongi era o garoto que havia se tornado o meu primeiro romance. O meu mais lindo e doce romance, que nenhum livro jamais conseguiria superar.

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Notas Finais: Foi isso :D espero que tenham gostado ksdjsk essa fanfic foi pura fofurinha.
Muito obrigada por ler e boa Yoonmin Week! <3

19 de Dezembro de 2021 às 23:07 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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