nurseophelia Ophelia mix

— Não é uma carta de amor. — Utonium riu um pouco e então limpou a garganta. — Mas Brick te mencionou diversas vezes. Por favor, leia. — Ele deve ter escrito isso durante vários intervalos de tempo. — Blossom soou antes de começar a ler.


Fanfiction Desenhos animados Impróprio para crianças menores de 13 anos.

#powerpuffgirls #ppg #brick #blossom #meninas-superpoderosas #drama
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Obrigado: Único.

Fazia uma semana desde que a vida de Blossom era feita de miséria. Fazia uma semana que seus dias transbordado de risadas eram revestidos de lamúrias sem fim. Fazia sete dias que estava deitada em sua cama; não se engane, mesmo com a sua saúde intacta, o problema realmente existia dentro de si. Seu coração havia sido destruído. Então sentia um vazio profundo no peito e nada poderia preenchê-lo.

Suas irmãs tentaram animá-la, contudo, tinham suas próprias vidas para continuar e seguir em frente. Faculdade e trabalho. Não podiam mesmo que desejassem lhe dar apoio e presença para a líder rosa durante 24 horas e 7 dias por semana, porém neste dia, aconteceu um evento inesperado. No sétimo dia de confinamento de Blossom, o seu pai apareceu em sua porta.

O professor Utonium parou por uns instantes antes de dizer algo:

— Oi, filha.

Seus olhos transmitiam tanta coisa, muita solidão e tristeza. Parecia que o homem travava uma luta interna para decidir se acabava com a briga familiar. Uma parte de Blossom queria que ela desistisse, a outra queria que ela lutasse e ainda gritasse em sua cara. Porém, o que adianta agora? No fundo do seu coração sabia que o pai tinha escolhido não falar com a filha por escolha e isso a magoou severamente.

— Pai — disse ela. — O que está fazendo aqui?

— Eu vim para conversar.

“Só agora você quer conversar?” Blossom quase gritou, no entanto, nem tinha forças para isso.

— Vai demorar muito? — Questionou sem paciência porque queria voltar para sua cama e sofrer em silêncio. Não havia outros motivos obscuros de não querer seu pai por perto. Em outro momento, ela estaria brava. Mas nem conseguia extrair forças para isso.

— Olha, querida — Ele tomou fôlego, em seguida retirando um pedaço de folha do seu paletó. — É algo muito importante para você.

— Um pedaço de papel? — perguntou sem humor. — De verdade?

— Na verdade, é uma carta. Não é para você, mas foi para mim. Hã… — Decidiu entregar sem mais delongas. — Mesmo assim, você precisa ler.

Quando seus dedos trêmulos tocaram a carta, tudo dentro dela desmoronou. Ela começou a chorar novamente e escutou o seu pai dizer que sentia muito, então acenou com a cabeça, depois caindo no chão.

Seu pai a abraçou, sentindo o terror que viria direcionado a ele algum dia quando perdesse alguém amado.

Era uma carta de Brick.



Butch amaldiçoou a vida e quando foi a vez de ligar para Boomer e dar a sofrida notícia, ele ficou em choque e dias sem falar nenhuma palavra. Foi então que Blossom se deu conta de que não havia ninguém para quem ligar além dos irmãos de Brick, o que era muito triste. E as pessoas com quem poderia falar sobre a morte de Brick eram seus irmãos, os únicos membros da família.

O namorado dela sacrificou sua vida para acabar com o diabo denominado Ele, de uma vez por todas. E nada restou de Brick. Nada.

— Como... Quando... Por quê? — Perguntas saíram de sua boca em um chiado estrangulado.

— É melhor você ler, querida.

A coisa toda foi insuportável. Cada segundo pior que o anterior. Ela só ficou pensando em encontrá-lo em seu quarto de casal, tentando imaginar o que falaria ele quando ela entrasse, se a chamaria para dormirem de conchinha.

O casal passava todo o tempo perto um do outro, todo o tempo que podiam já que ambos trabalhavam e estudavam. E em boa parte eles relembravam o passado sem nenhum arrependimento, no entanto, isso nem significou mais nada: o prazer de lembrar tinha sido tirado de Blossom, pois não havia Brick para compartilhar as lembranças. Parecia que a perda do seu namorado representava a perda das próprias memórias, como se as coisas que tinham feito juntos fossem menos reais e importantes do que eram semanas antes.

— Por que Brick te escreveria uma carta?

Quando virou o envelope, com a mão trêmula, ela viu o lacre que agora era um adesivo de um carro rasgado, porém, fora coberto recentemente por uma fita por cima.

— Não é uma carta de amor. — Utonium riu um pouco e então limpou a garganta. — Mas Brick te mencionou diversas vezes. Por favor, leia.

A letra de Brick estava estranha, descaída, aliás, a cor da caneta não era a mesma.

— Ele deve ter escrito isso durante vários intervalos de tempo. — Blossom soou antes de começar a ler.



Professor,

Primeiro, isso não é uma carta de amor, apenas uma carta de um cara que é namorado de sua filha, e só que está escrevendo isso porque sabe que as coisas não podem continuar do jeito que estão.

Então… se a carta continua intacta, quero começar dizendo: “Obrigado por não rasgar isso em milhares de pedacinhos e botar fogo”.

Sei que é uma situação delicada. E me importo com a felicidade de Blossom. Eu gosto muito dela, e você deve não acreditar, mas gostamos muito um do outro.

Escute. Não sou um homem de demonstrar sentimentos, ou falar sobre eles, ao contrário de minha namorada que gosta de deixar claro o que a está aborrecendo. Menos isso, há um ano atrás, quando vocês dois brigaram...

Nosso relacionamento nunca foi fácil. Teve o preconceito de todos da cidade, de amigos próximos e de meus “pais”, por assim dizendo, pois achavam nós dois uma abominação. De maneira única, o senhor também teve essa aversão contra nós.

Devo dizer que não fiquei surpreso, no entanto, sua filha, ela sim ficou espantada. Blossom tinha certeza que você iria escutar a voz da razão, como proclamou. Já aos seus olhos, eu nunca poderia consertar os erros do passado.

E eu sinto muito por isso. Nunca vou parar de pedir perdão, porque os erros me assombram até hoje.

A verdade é que, por muito tempo, eu estava perdido. Muito perdido, um garoto nas ruas sujas e fedidas de Townsville. Estava preso nesse lugar escuro e fundo. Aí, eu deixei uma garota cuidar de meus ferimentos, e Blossom entrou com um sorriso que nunca havia experimentado antes. Me mostrou compaixão pelo próximo. O que mais? Pela primeira vez na minha vida patética, comecei a sentir coisas boas. Comecei a sentir felicidade. E tudo foi possível graças a sua filha.

Ultimamente tenho visto Blossom infeliz. Como se alguém muito querido estivesse se afastado dela. Sim, estou falando do senhor. Você está afastado dela há quase um ano. É muito tempo, sabia? Aliás, Blossom me contou que vocês assistiam filmes de ficção científica até adormecerem no sofá, me contou que o senhor fazia o café da manhã preferido dela quando menos esperava, e o mais importante, ela me contou que deseja sua presença em sua formatura. Anseia pelo pai de volta.

Tudo bem, não disse diretamente para mim, mas nem precisou falar nada porque vi a verdade em seus olhos tristes na sua fotografia escondida no armário.

Por gentileza, não perca tempo e venha visitá-la, embora não nos obrigue a ficarmos separados. Não vejo um futuro sem Blossom Utonium. Estou sendo sincero, e isso me dá muito medo. E nunca senti isso antes, e nem sequer sentirei por mais alguém.

Você também deve sentir medo, não é? Que as coisas não sejam mais as mesmas. Então, acho que é por isso que se recusa a aceitar que Blossom está se formando e que um dia possamos nos casar.

Senhor, por favor, não invente uma máquina do tempo, não faça tudo voltar a ser como era antes. Embora seja o cientista mais brilhante de nossa época, e tenho a real noção de que poderia criar tais coisas, peço humildemente que nunca o faça, porque o mundo não gira assim. E isso não funciona. Às vezes reclamamos de que a vida não é fácil ou justa. Ora, essa é a verdade inevitável. E como sei que nem sempre conseguimos o que queremos. Eu cuidei de meus irmãos e fiz o melhor que podia, caramba, inúmeras vezes pensei em desistir porque as coisas iam mal, porém, não podia fazer isso com a minha família. E eu sei que você também fez o seu melhor, como pai das suas três filhas.

Senhor, sinto muito por tudo, porém não me desculpo por ter me apaixonado por Blossom. Goste você ou não. É isso. Considere as minhas palavras, ok?

Estamos felizes, mas falta algo para a minha garota. Está entendendo? Ela sente falta do pai e você tem que comparecer na formatura dela e dizer: “Estou orgulhoso de você”. E você tem que estar. Eu sei que está. Como não estar?

Tive minhas dúvidas, contudo não vou deixar nada me impedir. Cometi erros, mas decidi aprender com eles. A vida me machucou, e ela vai continuar me ferindo. Estou disposto a tudo por essa garota, a sua garota, e eu não vou desistir. E viver...

A vida é tanta coisa. Não sei o que dizer para o senhor. O que me aparece em mente é um nome: Blossom, Blossom, Blossom. Quando ela sorri, pelo bom Deus, sou um cara realmente agradecido.

Atrevo-me a dizer para o senhor, em ocasiões que ela segura a minha mão, vejo como é belo o contato humano, me faz perceber como uma pessoa pode fazer toda diferença e eu simplesmente quero congelar o tempo para que pudéssemos ficar infinitamente juntos. Mas, não posso congelar o tempo, e você também não devia, senhor cientista!

Ela é bonita. Sincera. Inteligente. Não me imagino ficar sem conversar com ela por longas horas. E não canso de admirar aquela beleza, não fico sem ouvir o som de sua voz, e não vou me enjoar desse sentimento, pelo contrário, pois aprendi que isso me deixa mais forte. E eu amo minha namorada. Minha melhor amiga. Minha pessoa favorita. Nossa, como a amo mais que tudo neste mundo. E isso me faz lembrar que devo dizer isso a ela mais vezes. Talvez a cada minuto seja um exagero? Sou um cara muito sortudo de Blossom ser minha amada.

Espero que um dia você possa me dar o privilégio de carregar essa mulher maravilhosa ao altar e me dar a chance de me casar. Não vou falhar com o senhor. Nem com Blossom. Sabe, eu não sou nada perfeito, e cometo erros, mas enquanto viver, juro dar tudo de mim.

Viver dói tanto, senhor Utonium. É capaz de assustar e ser imprevisível, e nunca sabemos o que de fato vai acontecer no dia seguinte. Mas, sabe, compensa. É um privilégio estar vivo. Sentimentos valem a pena e vale a pena sentir isso.

Obrigado por ler as minhas palavras.

Com todo respeito,

Brick.



Ele partiu com um sorriso no rosto. E agradeceu. Foram suas últimas palavras.

“Obrigada, Brick. Eu que digo muito obrigada.”

13 de Janeiro de 2022 às 22:13 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

Conheça o autor

Ophelia mix ela/dela~ Powerpuff Girls, Drαgon Bαll, Hαrry Potter, Mirαculous e Avαtαr. sonserina, chocólatra, tagarela, rickpita, gótica das trevas, pirata de aquário, esquentadinha e por aí vai. xoxo. Spirit: nurse-ophelia e Wattpad: opheliamix

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