ukiye 永美

Yamaguchi contentou-se com a cozinha organizada e com a ideia de que ela ficaria assim até que Tsukishima decidisse voltar.


Drama Todo o público.

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Sobre bagunças inevitáveis e o amanhecer em Tóquio

Aquela havia sido a primeira vez que Tsukishima foi ao apartamento de Yamaguchi.

Também foi a primeira vez, em muito tempo, que se viam. Esbarraram-se por acaso no campus, um mais chocado que o outro com o ocorrido, mas foram embora juntos; já estava escurecendo.

Nenhum dos dois era bom com conversas cotidianas, principalmente quando um dia já foram tão íntimos do cotidiano um do outro. Tsukishima, sempre tão quieto, incomodava-se com o silêncio, e eles seguiram trocando eventuais perguntas que sempre tinham respostas simples, mas que nunca ousaram desenvolver para além de uma frase. “Ainda mora naquele apartamento?” Tsukishima tentou, e Yamaguchi se embolou com o simples “sim” que lhe devolveu.

“O que ‘tá ouvindo?” Yamaguchi perguntou numa das tentativas de puxar assunto, já no ponto de ônibus, mas, ao olhar para a figura que apenas tinha a visão focada no chão, entendeu que também não seria dessa vez; desistiram.

“O mesmo de sempre” E o ônibus chegou. Eles pegavam números diferentes e o de Tsukishima foi o primeiro a chegar, mas, antes que a porta se fechasse atrás dele, Tsuki virou-se com uma certa urgência, como de quem havia esquecido algo, e olhou para Yamaguchi uma última vez. “A gente se vê depois?” E Yamaguchi assentiu; olhar ainda um pouco surpreso, mas com um sorriso nos lábios.

As portas se fecharam e Tsuki foi embora.

Não achou que isso realmente chegaria a acontecer, nunca se haviam esbarrado antes na faculdade, aquela foi apenas uma exceção da rotina que obrigou Tsukishima ficar até mais tarde para ajudar com o congresso, além de que Tsuki não tinha o costume de cumprir esse tipo de promessa, então Yamaguchi não soube como se sentir quando, naquela sexta, realmente ouviu as batidas em sua porta.

Não havia porteiros naquele pequeno prédio — meio escondido pelas ruas ramificadas de Tóquio —, assim, esse foi o primeiro contato pessoal que Tadashi teve com Tsukishima desde o encontro naquele fim de tarde: meio despreparado, desastrado e desacreditado.

Yamaguchi estava com os cabelos compridos, cobrindo as orelhas, que tentavam alcançar seus ombros. Já Tsuki estava com a franja um pouco mais comprida, pareciam querer disputar lugar com seu óculos, e continuava alto como sempre. Curiosamente, porém, Kei não conseguiu evitar de notar que a diferença de alturas parecia menor.

Eles não eram mais os mesmos garotos de três períodos atrás. Não eram mais os mesmos garotos inseguros com o que o novo estilo de vida traria, mas com confiança de que teriam apoio um do outro para qualquer coisa.

O inseguro acabou tornando-se cotidiano e Yamaguchi só notou que Tsuki havia mudado de número na noite anterior.

Yamaguchi ofereceu chá, mas acabou servindo café no lugar; botou açúcar de menos, só que não quis adicionar mais. Contentou-se com o gosto amargo na boca.

Trocaram poucas palavras: não falaram sobre si, nem sobre a faculdade, muito menos como estava o apartamento novo de Kei. Na realidade, não falaram mais nada depois do “obrigado” que Tsukishima disse por ter recebido sua xícara cheia — tomou-a sem açúcar. Só que então Yamaguchi, no meio do silêncio entre eles, preenchido somente pela TV ligada na sala, na qual Tsukishima fingia prestar atenção, que notou os dedos de Tsuki enfaixados com uma bandagem meio gasta e solta, mas não notou quando seus dedos alcançaram os deles. Tsuki voltou sua atenção para onde sempre deveria ter estado, mas, apesar do movimento brusco, não impediu o toque quente por cima dos panos.

“Eu não sabia que você continuava jogando” Yamaguchi disse com o indicador e o médio por cima de seu anelar. “Mas acho que também não esperava que você parasse depois de tudo.”

“Você parou?” Tsuki perguntou logo em seguida, mas Tadashi apenas sorriu fraco, sempre olhando para as bandagens dos dedos alheios. Tsukishima entendeu.

Estava quase na hora de ir embora, na verdade. O Sol se punha, e o café, ao fundo da xícara, já estava frio, mas nenhum dos dois parecia ter muita coragem de encarar a porta de saída. Mais tarde, Tsuki reclamou do clima; Yamaguchi, exaltou-o, mas, com o silêncio que os acompanhava, entendeu que realmente estava desconfortável, por mais que, estranhamente, não quisesse chamá-lo de desagradável. Era apenas… diferente. Diferente de um jeito que eles não aprenderam a assimilar ainda.

Yamaguchi desviou o olhar para a janela e sucumbiu-se ao silêncio, queria aproveitar o pôr do Sol com a presença de Kei mais uma vez. De repente, sentiu-se com 11 anos, na mesma idade que Tsukishima havia-o confidenciado:

“Acho que o nascer do Sol é realmente mais interessante.” E Tsukishima levantou seu olhar para janela também, apenas para virar seu rosto e preferir acompanhar o efeito da passagem de tempo no rosto de Tadashi, por mais que ele fosse parcialmente coberto pelo cabelo que seguia o fluxo do vento. “Uma pena que Tóquio estraga um pouco.”

Até então, Tsukishima não havia reparado, mas era verdade: os prédios sempre crescentes para poucas pessoas que não se sentiam pertencentes à terra insistiam em ficar entre ele e o Leste.

“Apesar de que as cores aqui não são tão ruins” Tentou achar um lado bom meio impulsivamente, mas não deu continuidade ao próprio otimismo “Por mais que isso seja a poluição”

Yamaguchi riu.

Kei só percebeu que ambos se encontravam na penumbra da cozinha quando ouviu a água escorrer pela pia. Ofereceu-se para lavar a louça no lugar e assim o fez, mesmo com Tadashi reclamando de que não era necessário. Pegou o último pirex em cima da mesa, só que Tsuki não percebeu que ele estava inundado em café e derrubou-o no chão.

Yamaguchi apressou-se em pegar o pano na despensa e pediu desculpas:

“É que eu tenho essa mania de derramar o café quando vou misturar o açúcar”, explicou, e Tsukishima não soube como dizer que não era para ele pedir desculpas.

Limparam a bagunça na cozinha, sentiram-se um pouco mais bagunçados e se despediram. Tsuki fez questão de que não precisava acompanhá-lo até a portaria, mas Yamaguchi o acompanhou até a porta do apartamento ao menos e viu Tsukishima indo embora escadas abaixo em passos rápidos, sem olhar para trás nem uma vez.

A porta se fechou e Tsuki foi embora.

Tadashi sentiu a dor que imaginou que sentiria, voltou para a mesa da cozinha e passou algum tempo indagando se iria chorar. Não chorou. Não havia mais sinais daquele encontro esquisito e, se alguém dissesse que aquilo nunca aconteceu, talvez acreditaria, mas ficava a dorzinha de ver que não conhecia mais aquela parte da sua infância. Talvez só tivesse percebido isso naquele momento, que havia realmente deixado muita coisa no passado e que não saberia recuperá-los.

Na verdade, talvez, pensava, não tivesse que recuperar o que havia já tomado o seu rumo, por mais que se sentisse estranho em pensar no Tsuki como alguém distante. Contentou-se com a cozinha organizada e com a ideia de que ela ficaria assim até que Tsukishima decidisse voltar.

22 de Outubro de 2021 às 13:16 1 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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永美 𝘢𝘪𝘯𝘥𝘢 𝘧𝘢𝘭𝘢𝘳𝘦𝘪 𝘥𝘢𝘴 𝘧𝘭𝘰𝘳𝘦𝘴 | 20 𝑜𝑢𝑡𝑜𝑛𝑜𝑠.

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AY AscoX Y
Você já escreveu esta em algum lugar, não foi? Bem, continua prefeitura! Fiquei moh feliz de ver ela aqui.
February 08, 2022, 10:18
~