shijinkouhai G.K Pereira

Marcelo é um brasileiro viciado em livros, não perde a oportunidade de garimpar um bom exemplar para sua coleção, assim toda quarta-feira enquanto Regina George está se vestindo de rosa, nosso querido protagonista enrola a esposa até conseguir sair escondido atrás de mais um livro.


Histórias da vida Impróprio para crianças menores de 13 anos.

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Eu escrevi isso para um desafio

Era um dia frio de primavera, fazia exatos 4 anos que estava casado com a sua doce Sophie, uma canadense amorosa e paciente, apesar de ter seus momentos irritadiços, o que era de se esperar já que ela estava entrando no 3° mês da gestação do seu primeiro filho, eles ainda não sabiam se optavam por um nome brasileiro ou por um nome canadense.


Marcelo e Sophie haviam se conhecido durante um intercâmbio que Marcelo fez para o Canadá há alguns anos atrás, ele havia ganhado uma bolsa de estudos em uma universidade local onde sua atual esposa estudava administração, seis meses de relacionamento e um pedido de casamento inesperado feito por ela e estavam se casando.


Eles não eram perfeitos, isso é fato, Marcelo tinha mania de sair andando distraído pelo shopping a procura de uma livraria com lançamentos recentes para sua prateleira, Sophie odiava atrasos e coisas mal alinhadas e isso Marcelo tinha a esbanjar, mas ela sempre foi paciente e ele tentava o seu máximo para não sair da tolerância de cinco minutos de atraso.


Naquela manhã fria de uma recente primavera, Sophie havia acordado desejosa, queria porque queria o bendito muffin vegano de chocolate de uma cafeteria, que eles só haviam achado uma vez em um shopping do outro lado da cidade.


— Você realmente precisa desse muffin? — Indagou Marcelo fechando seu exemplar de "Relatos de um Garoto Apaixonado".


— Sua mãe me disse que se eu não comesse o que eu tenho desejo, o bebê teria a cara da comida — Sophie dizia com os olhos lacrimejando.


Outro defeito de Sophie que Marcelo achava engraçado e fofo, ela era supersticiosa sempre batendo na madeira, nunca andava por debaixo de escada ou pisava em frestas na calçada, eles haviam se conhecido exatamente por isso, em um dia em que ela havia derrubado café, tropeçado na calçada e quase perdido seu sapato para um cachorro, ela resolveu jogar sal por cima do ombro, só que não verificou que havia um moreno atrás dela.


— Oh Está bem, vamos comprar um muffin vegano de chocolate pra ele não nascer com cara de comida — ele disse rindo e se levantando, então abraçou a esposa deixando um beijo na testa da loira de olhos castanhos.


Em pouco minutos Sophie estava alegremente vestida com um sobretudo e botas enquanto andava cantarolando até o carro, onde seu marido esperava pacientemente, vestindo um colete de lã bege e tênis que não combinavam com suas roupas; assim que ela entrou no carro Marcelo acariciou com carinho a barriga já um tanto protuberante.


— Largue esse livro se vai dirigir! — disse ela prendendo o cinto de segurança.


— Eu só preciso saber se o Samuel e o Theo vão se beijar — respondeu ele virando uma página do livro de capa azul.


— Depois, agora eu quero meu muffin — falou tirando o livro das mãos do marido e o fechando com um marca página avulso com carinho.


Ambos partilhavam de um amor por livros de todos os gêneros, então ela não jogaria o livro só para chamar a atenção do esposo, que era sem dúvidas um eterno distraído.


— Chata — disse ligando o carro e começando a viagem de meia hora até a cafeteria — o Theo finalmente havia deixado de fazer cu doce


— Você sabe que esse termo é estranho, não sabe? — Sophie falou franzindo as sobrancelhas — e eu não entendo português.


— Claro que faz sentido! — e então se pôs a defender seu idioma que detinha de um vasto vocabulário para xingamentos, e vários jeitos de se referir a algo cotidiano usando a palavra “cu”.


— Brasileiros são estranhos — Sophie diz por fim, decidindo ignorar o que o marido dizia lendo o livro dele.


— Sua mãe não entende o quão bom é falar "cu" — diz para a barriga levemente saliente.


— Não ouça seu pai, não estamos no Brasil — fala virando uma página.


E o assunto se perdurou até chegarem no bendito shopping e conseguirem achar a bendita cafeteria, essa que tinha banquinhos e mesas de madeira espalhadas pelo corredor do estabelecimento, o balcão detinha de porcelanatos e potes de vidro com doces que davam um ar Vintage ao local, que estava decorado com fotos em preto e branco de épocas distintas na antiga Itália e Viena, uma das paredes estava colorida em homenagem ao Pride Month, coisa que agradou o casal.


Eles se sentaram em uma mesa perto da bancada deixando suas coisas para fazer o pedido, tudo ficaria muito bem se Marcelo não tivesse se distraído com um sebo com uma fachada de madeira e vitrines de vidro com edições originais no final do corredor, mas ele havia prometido para a esposa que não compraria mais livros velhos, já que eles lhe davam coceira no nariz.


Porém quem resistiria a uma edição original de "O Morro dos Ventos Uivantes"? ou "Razão e Sensibilidade"? Se você resiste, meus queridos parabéns, agora como um bom leitor, Marcelo ainda tinha uma pequena montanha de livros comprados e não lidos em sua prateleira, mas que mal faria comprar mais alguns daquele sebo tão charmoso?


— Sophie, eu vou no banheiro e já volto — disse deixando a esposa na fila da cafeteria.


“Isso não vai demorar nem 5 minutos”, pensou indo na direção do banheiro, virando o corredor, dando a volta e entrando no sebo.


As paredes eram cobertas de prateleiras cheias de livros de capa dura, haviam algumas mesas redondas com livros empilhados ou em pé um ao lado do outro ocupando toda circunferência da mesa, bibelôs e porcelanatos faziam a decoração da loja que tinha um ar de conto de fadas, Marcelo deu um "Oi" para uma das atendentes do espaço e se empenhou em garimpar os livros das prateleiras, sentindo as texturas das lombadas, ficando encantado com alguns livros que estavam incrivelmente conservados ou restaurados.


Em pouco tempo ele estava com uma cesta pegando um exemplar de "O Exorcista", esse era tão antigo que as folhas estavam demasiadamente amareladas dando um aspecto ainda mais assustador ao livro. Pegou "O Banquete", "Romeu e Julieta", alguns livros diversos de C.S Lewis, além de uma edição de "Alice no País das Maravilhas" e com carinho se imaginou lendo para seu bebê, logo Marcelo estava distraído andando de um lado para o outro avaliando e garimpando livros e mais livros.


Foi quando pegou um exemplar de "O Senhor dos Anéis" que ouviu uma voz furiosa o chamando.


— Marcelo! — uma veia saltava no rosto cor-de-rosa, de sua esposa.


— Sophie! — disse assustado verificando as horas.


Tinha ficado quase uma hora dentro do sebo sem nem se dar conta. A mulher andou a passos rápidos até o marido apontando o dedo na cara do homem.


— Sabe quantos muffins eu comi te esperando?, seu sem vergonha! — ela estava esbravejando com o mais alto enquanto alguns funcionários pareciam se segurar para não rir — Eu comi 8 muffins sozinha, seu desgraçado!


— Pelo menos o bebê não vai nascer com cara de muffin — disse sorrindo espoleta.


Os funcionários do sebo estavam quase rolando no chão tentando não rir tão alto, já Sophie estava soltando fogo pelas ventas.


— A é? Então durma com seus livros no sofá, agora vamos embora! — ditou furiosa arrastando o marido que mal conseguiu pagar por toda cesta, mas conseguiu levar alguns exemplares consigo.


Antes que pudesse ir embora ainda conseguiu ouvir um funcionário com um sotaque, que parecia até mesmo um brasileiro ou algum latino como ele, dizer:


— Já vi mulher busca homem no boteco, mas na livraria é a primeira vez — logo veio uma pequena onda de risadas.


O caminho até em casa foi preenchido pelo som dos murmúrios de reclamações de Sophie que parecia pronta para escalpelar o esposo que havia decidido ficar quieto e ouvir as reclamações, ele sabia que tinha feito por onde.


— Você é muito mal — falou por fim fungando após derramar algumas lágrimas saindo do carro.


Sophie largou sua bolsa na entrada de casa, andou pisando firme até o quarto onde tirou as botas e o casaco para logo se enfiar em um pijama e abraçar seu travesseiro preferido e chorar, ela sabia que estava sendo dramática aquilo não era para tanto, seu hormônios a estava deixando louca, mas o que custava o tonto do seu marido ter ficado na droga da cafeteria e divido a porcaria do muffin? Era algo extremamente bobo, mas que a teria feito sorrir.


Por sua vez Marcelo estava guardando os livros em sua prateleira se sentindo o pior marido da história, não estava nem ao menos com vontade de encarar os livros que tanto havia babado no sebo por causa de suas letras em auto relevo e diagramação confortável. “Eu sou um péssimo marido”, pensou desgostoso se sentando no sofá de braços cruzados.


Enquanto ouvia o lamuriar triste da esposa, ele baixou os olhos para uma das várias revistas de Dona-de-Casa que Sophie comprava só para passar o tempo, porque ela não praticava nenhuma das dicas da revista; na capa havia uma idosa simpática segurando um bolo de cenoura com chocolate, uma ideia surgiu na mente do homem que se levantou feliz do sofá indo para a cozinha.


No scars to your beautiful, we're, stars and we're beautiful Oh-oh, oh-oh — cantarolou enquanto pegava os ingredientes no armário.


[…]


Após duas horas de puro esforço, Marcelo estava na porta do quarto segurando um pedaço de bolo de cenoura com cobertura de chocolate, ele havia deixado a cozinha limpa depois de derrubar farinha em tudo, ao ter o descuido de deixar o saco cair em cima da mesa, o importante é que ele estava com cara de arrependimento e encarando a porta do quarto.


— Deixa eu entrar Sophie! — disse pela 3° vez.


— Digo e repito seu idiota, durma com seus tão preciosos livros! — a voz estava entre embargada e raivosa e ele podia ouvir a dublagem em inglês do filme "Rei Leão" atrás da porta.


Marcelo suspirou colocando o prato em apenas uma mão, pegando seu celular e enviando um vídeo do YouTube para a televisão que estava pareada ao seu celular, logo o som de uma pequena Anna cantando "Do you want to build a snowman?", foi ouvida pela casa, a porta foi destrancada, Marcelo entrou sorrindo encontrando sua Sophie deitada entre cobertores.


— O Mufasa morreu, e você estragou o clima com essa criança fofa! — reclamou com os olhos vermelhos.


— Eu te fiz bolo, aquele bolo brasileiro que você gosta — diz mostrando seu feito.


Ela arqueia a sobrancelha, “Ele sabe cozinhar!?”, pensa de imediato imaginando a bagunça que sua cozinha deveria estar.


— Está comestível? — o bolo até que estava com uma cara boa, ela não podia negar.


— Sim — ele sorri vendo o olhar guloso da esposa.


— Você é um idiota, sabia? — fala se sentando na cama pegando o prato para comer o bolo.


— Eu sei — ele fala ao se sentar ao lado da esposa na cama a abraçando — me desculpa.


— Seja meu travesseiro enquanto eu termino o filme, e talvez eu te perdoe — diz mesmo que já o tivesse perdoado.


— Está bem — fala carinhoso fazendo um cafuné nos cabelos dela.


E assim foi o final daquela quarta-feira fria de primavera, e quanto ao nome do bebê? Eles ainda não decidiram.


F I M.

4 de Junho de 2021 às 19:44 0 Denunciar Insira Seguir história
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Fim

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G.K Pereira ★ Bem vinde ao meu perfil, eu escrevo de tudo então tem de tudo um pouco aqui, aproveite bastante. ★ Aceito recomendações e indicações de livros, principalmente BL e LGBTQIAP+ ★ Gosto dos gêneros: YAOI/BL, ABO/Omegaverse, Romance, aventura, Lobisomens. ★ Libra – ISFJ – Elu/Delu. ★ Genderfluid: Não se assuste se eu comentar na sua história usando um pronome e na outra semana eu usar outro pronome, é algo normal ^^ ★ Wattpad: Geekey_Loves_Ikyrinn

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