Se você está lendo essa carta é porque eu me joguei do vigésimo quarto andar do The Savoy essa noite e meu corpo foi encontrado no chão, destroçado, como uma panqueca fria e mole.
Eu não tenho muito o que falar, sendo completamente sincero. A verdade simples é que eu não queria morrer. De jeito nenhum. Mas conviver com a ideia de que meu bebê morreu por minha causa... Não era algo que eu estava suportando. Três anos definitivamente foram o máximo que minha mente tão perturbada com síndrome de abandono conseguiu suportar.
Se você está lendo isso, policial, pessoa estranha que invadiu meu quarto de hotel, ou até mesmo estranho que encontrou essa carta porque eu — talvez — tenha desistido no último segundo de pular e esqueci essa carta patética jogada no chão em algum lugar, por favor, diga à minha família que eu os amo e os perdoo pelo o que fizeram. Eles sabem o que fizeram.
Se você está lendo isso é porque eu me joguei do vigésimo quarto andar porque não conseguia suportar a dor. Eu ainda não o fiz mas eu tenho certeza que se eu fui bem sucedido... Bem, a liberdade é reconfortante.
Eu precisava de ajuda, continuava gritando e gritando. Silenciosamente mas era o mais alto que eu conseguia. Entretanto, essa foi a única resposta que eu consegui encontrar. A morte.
Não foi o ideal mas é tudo o que me restava. Eu não tinha ninguém a não ser meu bebê e era apenas eu e ele contra o mundo —mesmo ele não estando exatamente aqui —. Durante todos os nove meses ele estava lá comigo, minha única companhia. Chutando em momentos não oportunos, não me deixando dormir nas madrugadas mas me fazendo sentir sono quando o sol estava no ponto mais alto do céu e me fazendo sentir desejos estranhos que tive de dar um jeito de saciar sozinho nas madrugadas frias dessa cidade.
Eu só tinha ele e ele foi tirado de mim.
Por poucos segundos dentre três anos em que eu aguentei - não me pergunte como - eu acreditei que meu bebê estava vivo e só foi tomado de mim por algum médico ou enfermeiro doido que estava naquela sala tão fria mas isso parecia tão irreal que eu me recusei a acreditar após um tempo. Ele está morto... Mas eu nunca aceitei completamente e é por isso que eu preciso ter a minha paz. Eu preciso partir.
É estranho escrever como se eu estivesse morto mas aqui em meus pensamentos, essa carta é necessária porque além de um grande desabafo, ela é minha última chance de desistir disso tudo.
Esta é, oficialmente, a última carta que estou escrevendo já que as outras já estão no correio, à caminho de Doncaster onde minha — ex — família está.
Eu realmente espero que minha mãe não tenha mudado de endereço... Seria uma pena se minha família nunca tivesse notícias de mim... Bom, isso não seria exatamente uma novidade.
É difícil dizer adeus mesmo que essa não seja uma carta direcionada à alguém em específico. É difícil dizer adeus à um mundo tão belo mas com tanta dor, que me consome deixando tudo tão cinza e frio.
Se você está lendo essa carta, eu me joguei do vigésimo quarto andar e a liberdade e paz mais do que nunca são sensações tão boas e reconfortantes. Se você está lendo isso eu fui bem sucedido e se o destino, Deus, Alah ou ser responsável pelo controle da vida tem qualquer piedade e misericórdia eu estou com meu Abraham nos braços finalmente em paz.
— Louis William Tomlinson
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